PROMOVENDO A EXCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: O CASO DO BULLYING
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Gestão ambiental
Até pouco tempo, o que hoje reconhece-se com tal nomenclatura, era visto como fatos isolados, pontuais e, geralmente a família e a escola não tomavam atitude nenhuma a respeito. Nota-se que a presença de casos de bullying, aumentou nos últimos anos, apontando que essa manifestação está, intrinsecamente, vinculada a conjuntura social. Em outros termos, a violência é tida como um fenômeno social, produzida e reproduzida, no contexto escolar. Dentro dessa ótica, faz-se necessária uma articulação entre os profissionais presentes nesse espaço, de forma contextualizada e acertada para enfrentamento da questão. Segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) a presença de casos de bullying nas escolas brasileiras aumentou em 7% (sete por cento) nos últimos anos, apontando que essa manifestação foi a forma de violência que mais prevaleceu nas escolas, em que aproximadamente 47% (quarenta e sete por cento) dos alunos relataram ter sofrido essa forma de agressão.
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Segundo Gil (2008) a pesquisa bibliográfica coloca o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi impresso, dito ou filmado, inclusive conferências seguidas de debates. A escolha da pesquisa qualitativa justifica-se para a construção desse artigo, visto que não se preocupa com representatividade numérica, mas sim, com o aprofundamento e compreensão do tema. Segundo Minayo (1996) a pesquisa qualitativa é predominantemente descritiva. Os dados coletados são mais uma forma de palavras ou figuras, do que números. STARR, 2005) Nesse trabalho, o psicólogo sueco desenvolveu uma pesquisa nacional, diagnosticando o bullying e estabelecendo critérios para diferenciá-lo das brincadeiras próprias da faixa etária.
A expressão bully é derivada do inglês e sem tradução no Brasil, é empregado para expressar comportamentos agressivos no ambiente escolar, praticados por alunos ou grupos de alunos. Os atos de violência ocorrem de maneira intencional e repetitiva contra um ou mais indivíduos, que se encontram impossibilitados de reagir às agressões sofridas. Esses comportamentos que podem ser agressões verbais ou morais repetitivas e sem justa causa não apresentam motivações justificáveis, os mais fortes utilizam os mais frágeis como objetos de diversão, prazer e poder, com a intenção de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas. SILVA, 2006) Assim, o bullying não é um fenômeno moderno, mas vem sendo reconhecido como causador de danos e merecedor de medidas especiais para a sua prevenção e enfrentamento.
De acordo com Abramovay (2003) Embora os estudos sobre o bullying escolar no Brasil sejam recentes, o fenômeno é antigo e preocupante, sobretudo em função de seus efeitos nocivos. O que há de novo é a perspectiva de estudo adotada com um desejo imenso de identificá-lo, preveni-lo e combatê-lo. ABRAMOVAY, p. É consenso entre os autores que o bullying sempre esteve presente no contexto escolar, promovendo a exclusão, mas a diferença esta nos novos estudos e métodos seguidos pelos profissionais na busca da identificação, prevenção e combate dessa quimera que se alastrou nas escolas. A escola é o ponto de referência, um espaço de reprodução do social e o lugar de fazer amigos de crescer juntos, além dos estudos eles conversam, jogam, brincam, em cenas assim parecem apenas num intervalo entre aulas, mas muitas vezes não é o que parece.
De fato, o caráter multifacetado da violência no ambiente escolar, impõe uma série de desafios, no que tange à definição do fenômeno do bullying. Um desses é distinguir o fenômeno para que se possa estabelecer com clareza o papel dos profissionais da educação, enquanto instituição voltada a prevenção da violência. ABRAMOVAY, 2003) A escola, ainda, é um ambiente pouco explorado como local perpetuador da violência, da exclusão. LOPES NETO, 2005) A violência é multidimensional e possui um caráter complexo. Isso gera uma dificuldade de delimitação conceitual, evidenciando controvérsias quanto ao objeto, à natureza e às causas desse fenômeno. No Brasil (FANTE, 2005) explica que as salas de aula são os locais preferenciais para o bullying. Entretanto, alguns estudiosos do tema assinalam que o recreio é preferido pelos agressores por ser um local, em que podem praticar o fenômeno sem que sejam identificados com facilidade, evitando assim, prováveis punições.
Já na sala de aula, sob a vigilância do professor, é mais difícil passar despercebido e ficar impune. Segundo Laterman (2000), a escola deve ser um lugar seguro, no qual os alunos aprendam a ser sujeitos melhores, mais humanos, no sentido amplo do termo; um lugar em que as condutas de humilhação, constrangimento, ridicularização não devem ter espaço. Segundo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1992) a criança precisa ser assegurado o direito de conviver no ambiente seguro, em que a liberdade, o respeito e a dignidade sejam suas premissas, contudo, o bullying e todas as conseqüências imbricadas nesse fenômeno vão contra esse direito. Ainda, pode-se definir o bullying como um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais, no qual os mais fortes transformam os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, por meio de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar (FANTE, 2005).
As brincadeiras que acontecem naturalmente entre crianças, adolescentes no espaço escolar são saudáveis. Inclusive, integra a turma e todos participam, se divertem e são incluídas. As brincadeiras passam a ser bullying quando há exclusão, sentimentos negativos, quando uma ou mais pessoas são suprimidas, afastados. De acordo com Fante (2005), alguns pesquisadores consideram no mínimo três ataques contra a mesma vítima durante o ano para ser classificado como bullying. Conforme afirma Chalita (2008), os autores do bullying, comumente são alunos populares que precisam de platéia para agir. Reconhecidos como valentões, oprimem e ameaçam suas vítimas por motivos triviais, apenas para impor autoridade. Com isso, se sente reconhecido e realizado, sempre mantendo um grupo em torno de si, para se permanecer apoiado, sentindo prazer e satisfação em dominar e causar danos às vítimas.
Para Fante (2005) os agressores que contribuem, juntamente, com o agressor para a prática da violência, também são considerados bullies. A conduta do agressor caracteriza-se pela dominação e imposição, mediante o poder e a ameaça para conseguir aquilo que almeja. Quando as testemunhas interferem e tentam cessar o bullying, essas ações, na maioria dos casos, são efetivas. Portanto, é importante incentivar o uso desse poder advindo do grupo, fazendo com que os autores se sintam sem o apoio social necessário. Considerando que uma das características de maior relevância da conduta bullying é a violência velada, faz-se necessário, tanto por parte da escola quanto da família estarem atentos a qualquer modificação, por menor que seja, em relação ao comportamento da criança ou jovem.
Em nível psicológico a vítima passiva é a mais prejudicada, pois os efeitos desse sofrimento, em silêncio, poderá se arrastar durante boa parte de sua vida. Sendo assim, poderá desenvolver ou reforçar a insegurança e a dificuldade de se relacionar, tornando-se uma pessoa retraída, com baixa autoestima e com sérios problemas de comportamento na vida adulta. A forma direta é utilizada com maior frequência entre agressores. E as atitudes mais usadas pelos bullies são os insultos, apelidos afrontosos por um período prolongado, comentários racistas, agressões físicas, extorsão de dinheiro, estragar objetos das vítimas e obrigar a realização de atividades servis e, por vezes constragedoras. A indireta, por sua vez, é mais comum entre o sexo feminino, tendo como características atitudes que levam a vítima ao isolamento social, podendo acarretar maiores prejuízos de ordem psicológica, visto que, pode gerar traumas mais irreversíveis.
O bullying indireto compreende atitudes de difamações, realização de fofocas, intrigas, rumores degradantes sobre a vítima e seus familiares, bem como atitudes de indiferença. O comportamento do bullying pode ser identificado em qualquer etapa escolar. Daí a criação de ressentimentos e possíveis práticas do bullying, pois estas exigências recebem uma ênfase especial e levam a pressões para que os comportamentos dos alunos se adéquem a tal cultura competitiva e individualista. PALÁCIO; REGO, 2006 p. Outra justificativa é a apresentada por Pereira (2009) em que a violência na escola, pode ser encarada como fruto de profunda desigualdade social, imposição de regras coletivas e reprodução de ações com os quais os alunos convivem em casa. É importante ressaltar que muitos comportamentos agressivos, baseiam-se nas condições sócio-históricas das crianças.
Além disso, estas reações agressivas e violentas refletem sua base familiar e quais relações interpessoais são estabelecidas fora da escola Para o psicólogo canadense Albert Bandura et al (2008), que produziu estudos acerca de antecedentes familiares na agressão, o estilo de vida que as famílias vivem é fundamental para o reforço do comportamento agressivo ou não. É importante argumentar que, apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural, as escolas também produzem sua própria violência e sua própria indisciplina (LATERMAN, 2000). Nesse sentido, o clima social da escola também influencia significativamente, o engajamento dos alunos em comportamentos agressivos. O que os profissionais da educação devem ter em mente, no dizer de Estrela (2002), é que os comportamentos tidos como “problemáticos” e seus efeitos negativos, na verdade, nunca refletem os verdadeiros valores de uma pessoa.
Segundo Pereira (2009), a presença desse tipo de comportamento violento torna o contexto escolar um lugar hostil, propiciando um clima tenso, perpetuando a exclusão. Vale ressaltar que quando não há intervenções eficazes contra o bullying, o espaço escolar torna-se totalmente corrompido. – CONCLUSÃO No contexto escolar, o bullying é uma realidade que vem tomando grandes proporções. Como a escola tem o dever de resguardar a integridade física e psicológica de seus alunos, a partir do desenvolvimento do artigo pode-se perceber que o bullying vem crescendo de forma desenfreada em nossa sociedade, causando dor e sofrimento, logo, não permitindo que essa integridade seja plenamente assegurada por esse espaço. Notou-se que esse fenômeno cresceu de tal forma que passou a ser destaque em jornais e matérias de revistas de grande circulação.
Casos extremos causam indignação, consternação e medo, mas de acordo com a pesquisa bibliográfica, no contexto escolar pouco se faz de concreto, no que tange ao estudo das variáveis que a geram e controlam esse fenômeno. Pouco se sabe o que está sendo feito em termos de educação, para sanar essa realidade, seja na formação dos profissionais da educação, seja na orientação dos alunos e famílias. Brasília: Unesco, 2003. Org. Violência nas escolas: situação e perspectiva. Boletim 21, Unesco, v. BEAUDOIN, M. Orgs. Teoria social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Acesso em: 08 abril 2018. CALHAU, L. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. Niterói, RJ: Impetus, 2009.
CHALITA, G. FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. ª edição. Campinas. Editora Versus, 2005. LATERMAN, I. Violência e incivilidades na escola. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2000. LONGO, M. Violência e medo rondam as escolas. In: __________,IROS, R. Org. A escola no singular e no plural: um estudo sobre violência e drogas nas escolas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. KRISTENSEN, C. Acesso em 24 fev. PALACIOS, M. REGO, S. Bullying: mais uma epidemia invisível? Revista Brasileira Educ. Med. shl. Acesso em: 12 abril 2018. SCHILLING, F. Violência nas escolas: explicitações, conexões. Série cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, v,4.
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