Lombalgia
Tipo de documento:Redação
Área de estudo:Sociologia
Ao examinar os fatores envolvidos na determinação da lombalgia, outros aspectos, tanto do indivíduo quando do ambiente em que ele vive e trabalha, devem ser objetos de exame no sentido de verificar a existência de possíveis graus de determinação sobre a ocorrência dessa patologia. Ao se observar, por exemplo, algumas situações de trabalho como postura, sentado ou em pé, por períodos prolongados, movimentos repetitivos, exagerados e forçados, levantamento de pesos, trabalho físico leve e pesado agridem as estruturas musculoesqueléticas da coluna lombar e, consequentemente, podem ser consideradas como fatores determinantes da lombalgia. A correlação entre as atividades ocupacionais e a lombalgia é encontrada em vários estudos. A lombalgia é, de acordo com Barros et al (2011), um sintoma de etiologia multifatorial, que acomete tanto homens e mulheres tendo alta incidência na população economicamente ativa.
De acordo com os autores acima citados, isso acarreta na incapacitando temporária ou definitivamente dessa população para execução das atividades profissionais, portanto. Segundo a autora, são vários os fatores existentes no trabalho que podem estar relacionados à sua gênese: repetitividade de movimentos, manutenção de posturas inadequadas por tempo prolongado, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão mecânica sobre determinadas partes do corpo, mais precisamente os membros superiores, trabalho estático, frio, fatores organizacionais e psicossociais, etc. conforme o próprio documento ministerial se refere (BRASIL, 2000, p. Assim, as Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho que, neste estudo serão chamadas somente como LER/DORT, podem se manifestar em diferentes quadros clínicos, com diferentes sinais e sintomas apresentados pelas pessoas, conforme a atividade desempenhada.
Algumas manifestações mais comuns citadas são, de acordo com Oliveira (2001): • Tenossinovite: inflamações dos tecidos sinoviais, que recobrem os tendões, em sua passagem pelos túneis fibrosos dos ossos. Pode ser subdividida em: • Tenossinovite de De Quervain: decorrente do espessamento do ligamento anular do carpo6, na parte em que passam os tendões que flexionam e esticam o polegar. Observam-se principalmente alterações nos vasos sanguíneos, iniciando-se com vasodilatação-pele quente e seca- para chegar a uma vasoconstrição- edema e pele fria. Quando não tratada pode ocasionar atrofia muscular, restrição articular, porosidade óssea e impotência de funcionamento. Em relação ao diagnóstico, conforme observa as Normas e Manuais Técnicos do Ministério da Saúde, (BRASIL, 2001b, p. a investigação da doença deve obedecer a seguinte sequencia: a) História clínica detalhada: De acordo com Codo et al (1997) as queixas sinais e sintomas mais comuns entre os trabalhadores com LER/DORT, são a dor localizada, irradiada ou generalizada, desconforto, fadiga e sensação de peso, formigamento, parestesia, sensação de diminuição de força, edema e enrijecimento articular, choque, falta de firmeza nas mãos, sudorese excessiva, alodínea (sensação de dor como resposta a estímulos não nocivos em pele normal).
As queixas geralmente se apresentam em diferentes graus de severidade, podendo ser caracterizadas em relação ao tempo de duração, localização, intensidade, entre outros aspectos (CODO et al, 1997, p. Não existem evidências na literatura da relevância das tarefas domésticas como desencadeantes de quadros de LER/DORT. Porém existem muitos estudos que associam a ocorrência de doenças musculoesqueléticas com a exposição de fatores de risco no trabalho. d) Antecedentes pessoais Refere-se à história de traumas, fraturas e outros quadros mórbidos que possam ter provocado ou acentuado os processos de dor crônica. e) Antecedentes familiares Na elaboração da hipótese diagnóstica, o profissional deve investigar a existência de familiares co-sanguíneos com história de diabetes e outros distúrbios hormonais e reumatismos.
f) Anamnese Ocupacional Tanto quanto elaborar uma boa história clínica é saber onde e como o trabalhador desenvolve seu trabalho, observando no relato a rotina da atividade: duração da jornada de trabalho, existência de pausa, execução e frequência de movimentos de repetição, existência de sobrecarga estática, formas de pressão de chefias, mudanças no ritmo, insatisfação, enfim, vários fatores predisponentes para o surgimento das LER/DORT. Do ponto de vista médico, a gravidade destas doenças, segundo Borges (2001) Decorre de serem afecções que inicialmente se manifestam através de sintomas – geralmente sensação de desconforto, pontadas e dores localizadas, perda de força muscular – que não se acompanham de sinais físicos e não são passíveis de detecção por exames complementares, dificultando seu diagnóstico (BORGES, 2001, p.
É necessário ressalvar, que essa dificuldade de percepção dos sinais manifestos nas fases iniciais das LER/DORT, acarreta consequências para o trabalhador que repercutem na sua vida pessoal e profissional, tendo em vista todo um contexto que se forma de descrédito e de marginalização em relação à existência da doença. Estas situações implicam muitas vezes no trabalhador adiar o tratamento, somente retornando aos Serviços de Saúde, quando os sinais e sintomas já se apresentam visivelmente e a incapacidade se torna um fato concreto, de difícil reversão, decorrente de diagnóstico tardio. Percebe-se então que, de acordo com o desenvolvimento das LER/DORT, uma das possibilidades de evolução da doença é a incapacidade física do trabalhador, para desempenhar suas funções profissionais e diárias.
Neste sentido, é fundamental que as LER/DORT sejam diagnosticadas no início da apresentação dos sinais e sintomas e que o trabalhador receba o tratamento adequado, para que assim possa estagnar a evolução da doença. Portanto, a atuação de fatores nocivos, como estímulos térmicos, mecânicos ou químicos intensos sobre essa estrutura, ativa a sensação de dor (ALENCAR, 2001, p. Segundo Viel (2010), a dor pode ser decorrente de forças excessivas, sejam elas de origem externas ou internas. De acordo com o autor, pode-se considerar forças excessivas as atividades repetidas como extensão, flexão, e/ou rotação excessivas de um segmento corporal. As forças internas podem ser chamadas de “perturbadoras” uma vez que enfraquecem a função neuromusculoesquelética, portanto consideradas excessivas ou inadequadas, entre elas, cita Alencar (2001) estão: a fadiga, o ódio, a depressão, a falta de atenção, a ansiedade, falta de treinamento e a distração, que, de acordo com a autora, podem ser oriundas de fatores psicogênicos e psicossociais como estress e falta de motivação.
Alencar (2001), Ricard (2011), Roca (2013) e Viel (2010), consideram que a lombalgia é uma patologia que apresenta alto grau de complexidade etiológica, sendo necessária uma devida classificação para sua melhor compreensão. Infecciosa: tuberculose, osteomielite. Viroses: herpes. Tumoral: primitivo, metástico. Outras osteopatias: paget, osteopatias descalcificantes. Endócrina. é um adjunto psicológico a um reflexo protetor, tendo como finalidade fazer com que o tecido afetado se afaste de estímulos potencialmente nocivos e lesivos. Já Caillet (apud Alencar, 2001, p. afirma que a dor é um sinal de alerta que ajuda a proteger o corpo de danos nos tecidos. Assim, pode-se observar que ambas definições acabam por se completar. Fisiologicamente, a sensação de dor origina-se na ativação dos aferentes nociceptivos primários por estímulos térmicos, mecânicos ou químicos intensos.
Os nociceptores respondendo aos estímulos nociceptivos enviam impulsos por vias ascendentes ao córtex cerebral, especificadamente pelas fibras A-delta (que são mielinizadas, ou seja, com maior velocidade de condução deste estímulo, com velocidade de condução média de 12 a 30 m/s), ou através de fibras do tipo C (não mielinizadas, de menor velocidade de condução do estímulo, de velocidade média de 2 m/s) (ALENCAR, 2001, p. Desse modo, o estímulo então ascende e se distribui através de regiões específicas da medula e do tronco cerebral, até alcançar o tálamo e as áreas somatosensoriais do córtex cerebral. De acordo com Alencar (2001), as áreas receptoras corticais estão envolvidas na percepção discriminativa, exata e significativa da dor e alguns dos seus componentes emocionais.
A dor, segundo a autora, é a única entre as sensações, pois traz consigo uma sensação de afeto desagradável. Segundo Borges et al (2014), atualmente, sabe-se que diversos outros fatores, principalmente afetivos influem na (causa da) dor, como a motivação e a experiência humana, seja ela na vida pessoal quanto profissional. Esta é uma questão individual. Alencar (2001), deixa claro que ao se analisar uma postura, um conceito básico deve ser levado em consideração: a adaptação. A adaptação é um termo definido como o ajustamento de um organismo, particularmente do ser humano, às condições do meio ambiente. Portanto, trata-se de um conceito indispensável para discutir-se qualquer aspecto do corpo humano (ALENCAR, 2001, p. Ao observar estudos antropológicos é possível perceber que a postura ereta do ser humano é, segundo Pantaleão (2013), o resultado de milhões de anos de adaptação e constitui junto à expansão encefálica, um dos aspectos mais recentes do processo evolutivo corporal.
Pode-se afirmar, baseando-se em Alencar (2001) que o sistema sensorial é o principal determinante da postura. Vale ressaltar que a postura ereta, de acordo com Ricard (2011), é mantida sob tensão muscular havendo maior desgaste energético. A posição sentada, segundo o mesmo autor, exige a musculatura do tronco para manter esta posição, e a postura ligeiramente inclinada à frente é mais natural e menos fatigante que a ereta. Assim, é fácil perceber que o utilizado por uma pessoa deve permitir mudanças frequentes de postura, para evitar a fadiga ou, ainda, a pressão nos discos intervertebrais. A pressão nos discos intervertebrais, segundo Viel (2010), irá variar conforme a posição do corpo, a carga externa, ou angulação das movimentações tanto do tronco, como dos membros superiores. Desse modo, fica fácil perceber que atividades que irão exigir que o indivíduo assuma de maneira mais frequente as mesmas posições corporais, ou esforços significativos irão criar hábitos posturais que podem vir a promover modificações posturais permanentes e, inclusive, refletir em alterações significativas do alinhamento corporal, detectáveis em avaliações posturais.
LOMBALGIA OCUPACIONAL Segundo Oliveira (2001), a fisiologia do trabalho distingue duas formas de esforço muscular: o trabalho muscular dinâmico, aquele que tem ritmo imprimido e o trabalho muscular estático, que implica numa sobrecarga postural. O trabalho estático, segundo a autora, caracteriza-se por um estado de contração prolongada da musculatura, o que geralmente implica em um trabalho de manutenção de postura o que pode levar à dor. A fadiga muscular pode ser definida, de acordo com Borges et al (2014), como a redução da capacidade do sistema neuromuscular de regenerar a força ou performance de trabalho do corpo humano. Segundo as autoras acima citadas, mudanças na excitação muscular, metabolismo e propriedades contráteis contribuem para a fadiga. O aumento paralelo de glicose intracelular e depósitos lipídicos são juntamente com a recuperação do glicogênio hepático um importante requisito para uma maior capacidade de resistência das células musculares.
ATIVIDADE LABORAL ESTÁTICA Conforme já dito neste estudo, a postura é um conceito dinâmico, não estático. O corpo, segundo Oliveira (2001), em geral, não fica parado mais do que alguns momentos, pois é com frequência que ele realiza alguns movimentos. O termo estático é em geral utilizado de forma acadêmica, para esclarecer e explicar os mecanismos posturais. Assim, vale colocar que, segundo a mesma autora, o trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para manter uma determinada posição. Um fator importante para que as lombalgias posturais relacionadas ao trabalho estático possam ser evitadas ou aliviadas seriam as pausas, de curta duração, mas frequentes, tendo como objetivo o relaxamento muscular e alívio da fadiga. Se a velocidade das contrações musculares aumentar durante uma determinada atividade, chega-se em um limite que resultará em fadiga muscular (metabolismo anaeróbico).
Há um ponto ótimo de esforço e velocidade, onde é máximo o rendimento do trabalho e mínima a fadiga. VERDUSSEN, 1978). Este ponto ótimo só pode ser obtido através de uma análise individualizada. Desse modo, de acordo com Oliveira (2001), a força muscular do trabalhador, parece ter um significado preventivo, pois as distribuições das forças na musculatura da região lombar, se torna mais efetiva quando um indivíduo apresenta força muscular nesta região, do que em sua ausência, pois afeta ou sobrecarrega as estruturas internas (compressão discal). Para Ricard (2011), ao se realizar grandes esforços é necessário utilizar a musculatura dos membros inferiores, que são mais resistentes, principalmente se a atividade requerer que se erga algum tipo de carga. Além de usar, sempre que possível a gravidade, quantidade de movimento (massa x velocidade) ao seu favor.
Ao se analisar os movimentos dinâmicos e a força muscular é necessário se levar em consideração a utilização dos membros superiores, visto que a mobilização dos mesmos, conforme o ângulo utilizado pode promover interferência das articulações escápulo-torácica, acrômio-clavicular e esterno-costo-clavicular; pela divisão de KAPANDJI (1990); interferindo no sistema de alavancas (biomecânica), em determinados movimentos (ALENCAR, 2001, p. Segundo Alencar (2001), a relação estabelecida entre a dor lombar e a força muscular, tem a ver com a capacidade de regeneração das fibras musculares, conforme sua “treinabilidade”. Em relação a posturas ortostáticas, quando o tronco é fletido de 30 a 60 graus, a coluna lombar, segundo Alencar (2001), proporciona o movimento de flexão, especialmente das vértebras L1, L2, e L3; e depois de 60 graus existe participação dominante do quadril, tendo sua contribuição maior no final da flexão.
Em movimentos de puxar e empurrar, Oliveira (2001), percebeu que, puxar com a coluna produz um estresse mecânico maior que puxar mantendo a coluna inclinada à frente; na verdade interferindo conforme os picos de torques, executados nos movimentos. De acordo com a mesma autora, há estudos que relatam maiores sobrecargas nos movimentos de levantar do que de que puxar, porém ambas contribuem para as dores lombares. Alencar (2001), faz outras considerações quanto aos fatores de risco das lombalgias relacionadas ao trabalho, principalmente durante análise de força dos membros superiores em posturas. Mesmo o fato de a postura axial do tronco não influenciar na força dos membros superiores, na adução, isto não significa que as mesmas cargas podem ser seguradas quando o tronco estiver em rotação.
Alencar (2001) aponta que em relação à intensidade: ações repetidas em “alta frequência” como 38 a 40 movimentos por minuto, são vistas como fator de risco; bem como ausência de pausas durante as atividades. As sobrecargas articulares devem ser também evitadas. Segundo Antonalia (2008), os grupos de fatores de risco das DORT’s podem ser enquadrados quanto: ao grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão; à dimensão do posto de trabalho, que pode forçar os indivíduos a adotarem posturas ou métodos de trabalho que causam ou agravam as lesões osteomusculares; ao frio, vibrações e pressões locais sobre os tecidos; à pressão mecânica localizada é provocada pelo contato físico de cantos retos ou pontiagudos de um objeto ou ferramentas com tecidos moles do corpo e trajetos nervosos; às posturas inadequadas.
Em relação à postura, O’Neill (2013) menciona três mecanismos que podem causar as DORT’s: 1) os limites da amplitude articular; 2) a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as articulações e músculos; 3) as lesões mecânicas sobre os diferentes tecidos; Entre os fatores que influenciam a carga osteomuscular encontramos: a força, a repetitividade, a duração da carga, a postura e o método de trabalho. Nakata (2008), lembra que as exigências cognitivas podem ter um papel no surgimento das DORT’s, seja causando um aumento de tensão muscular, seja causando uma reação mais generalizada de stress. O que se observou, portanto, é que as doenças ocupacionais não possuem causa única e, conforme visto no presente estudo, são vários os fatores existentes no trabalho que podem estar relacionados à sua gênese.
Ao se focar na lombalgia observou-se que esta pode ser considerada como uma dor localizada na região lombar podendo ocorrer sem motivo aparente, mas em geral, de acordo com o autor, é relacionada a algum trauma com ou sem esforço. Esta patologia pode ter origem em várias regiões: em estruturas da própria coluna, em estruturas viscerais como, ainda, pode ter origem vascular ou origem psicogênica. As lombalgias dos trabalhadores, segundo visto neste estudo, podem ser ocasionadas de forma genérica, como uma incorreta utilização do corpo humano para um determinada função e isso ocorre, pois, na maioria das vezes por desconhecer-se os limites da coluna vertebral. Vale salientar que além das tomadas de decisão sobre mudanças na dinâmica de trabalho, vindas direto do empregador, faz-se necessária a melhoria da educação dos trabalhadores com condutas de orientação/recomendação e de comunicação das experiências dos profissionais de saúde, para que, no futuro, possam saber se aquele movimento ou postura podem atingir negativamente seu corpo.
LER/DORT: prejuízos sociais. São Paulo: LTR, 2008. BORGES, T. et al. Lombalgia ocupacional em trabalhadores de enfermagem: massagem versus dor. NAKATA, S. O fator decisivo da lombalgia. São Paulo: Icone, 2008. OLIVEIRA, R. A abordagem das lesões por esforços repetitivos/ DORT no centro de referência em saúde do trabalhador do Espírito Santo. com. br/ORBI/public/uploadCatalago/08593902092013Evolucao_Aula_7. pdf. Acesso em: 23/03/2017. RICARD, F. TEIXEIRA, E. Lombalgia relacionada ao trabalho. São Paulo: Juruá, 2011. VIEL, E. Lombalgias e cervicalgias da posição sentada.
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