ENGAJAMENTO ACADÊMICO E PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Pedagogia

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Reflete-se sobre as instituições de ensino superior, que têm buscado estratégias para favorecer não apenas o acesso, mas também a permanência dos estudantes nos cursos universitários de maneira a reduzir a apatia estudantil em face do mundo acadêmico e minimizar os altos índices de evasão. Este estudo é dotado de uma revisão bibliográfica ampla e profunda, de sorte que será possível vislumbrar as características do engajamento acadêmico, bem como os desafios para a permanência do estudante na Educação Superior. Desenvolvimento Para descortinar os conceitos da essência do termo engajamento, Vitória et al (2018, p. afirmam que: O vocábulo engagement revela-se, portador de uma multiplicidade de significados cuja abrangência e complexidade impossibilitam as tentativas de estabelecimento de um conceito único capaz de congregar, em uma simples definição, os inúmeros aspectos que o compõem.

Dessa forma, em face dessa polissemia que caracteriza a palavra em foco, percebe-se a existência de diferentes tipos de engagement (pessoal, moral, social, profissional, identitário, acadêmico, relacional, etc. lecionam que: O direito à educação teria pouca ou nenhuma valia se não houvesse, por parte do legislador, a sensibilidade de cercá-lo de efetividade. Daí ter-se garantido, ou assegurado, o acesso e a permanência na escola, que podem ser perfeitamente identificados como expressões do direito constitucional à educação. Consoante com esse entendimento, Morais (2020, p. assenta que o engajamento acadêmico é um processo composto por dois elementos-chave assim definidos: a) a quantidade de tempo e esforço que os estudantes colocam em seus estudos e em outras atividades e que levam a experiências e resultados que constituem seu sucesso; b) as formas através das quais a instituição de ensino aloca recursos e organiza oportunidades de aprendizagem e serviço para induzir os alunos a participar e se beneficiar de tais atividades.

Sobre esta perspectiva, o engajamento acadêmico e a permanência no ensino superior se mostram como processos dualísticos que envolvem não apenas o esforço (físico e psicológico) dos estudantes nas suas dimensões afetiva, comportamental e cognitiva, mas, também, congregam as atividades que as instituições de ensino promovem com o intuito de alavancar os estudantes nos processos de ensino e aprendizagem. De acordo com o Inep, em 2010, 11,4% dos alunos abandonaram o curso para o qual foram admitidos, porém, em 2014, esse número chegou a 49%. Nesse contexto, toma-se por alicerce a sapiência de Melo (2018), de que o engajamento acadêmico e a permanência no ensino superior podem ser analisados através de duas perspectivas distintas, porém complementares, sendo a primeira com foco nos estudantes e a segunda com foco nas instituições de ensino.

Destarte, Firpo (2018, p. diz que: “O engajamento e permanência, em nível institucional, envolve políticas e práticas que visam a potencializar a qualidade dos serviços prestados pelas instituições de educação superior”. Entende-se, assim, que o engajamento acadêmico não compreende apenas aspectos que dizem respeito aos estudantes, mas, também, aos que se referem às instituições de educação superior. Esta, por seu turno, dá-se através de atividades acadêmicas que superam as tradicionais práticas didático-pedagógicas centradas na transmissão de conteúdos e envolvem a aprendizagem centrada na resolução de problemas, a aprendizagem colaborativa e a pesquisa científica na graduação. Assim, para a promoção do engajamento acadêmico e da permanência no ensino superior, além de estarem motivados, os estudantes precisam estar envolvidos em atividades que os mobilizem intelectualmente, que façam sentido, que envolvam o protagonismo, a interação entre pares, o trabalho colaborativo em redes de cooperação nacional e internacional, a pesquisa e a inovação – elementos cruciais na formação e atuação profissional dos sujeitos na contemporaneidade (HERINGER, 2022).

Porém, Morais (2020, p. indaga: O que as instituições de educação superior têm realizado, de fato, com relação a estas e a outras questões que envolvem o engajamento acadêmico? Há ou não a preocupação em se promover, além da motivação estudantil, situações e espaços para o desenvolvimento da aprendizagem ativa? Como as instituições têm avaliado o nível de engajamento acadêmico de seus estudantes? Ainda refletindo sobre a dimensão institucional do engajamento acadêmico e permanência no ensino, cabe destacar as contribuições de Assis (2019), que sublinham a importância de se considerar o engajamento e a permanência como variáveis não apenas relevantes, mas imprescindíveis para a avaliação da qualidade da educação superior.

Assim, Andrade (2015, p. De acordo com Veras e Silva (2020), essa estrutura avaliativa corrobora, pois, para que se pense o engajamento acadêmico e a permanência no ensino superior como um problema pertencente unicamente ao aluno que tem seus conhecimentos avaliados através de uma prova (o Enade), ou, pelo contrário, como pertencente à instituição de ensino, mas com demasiada ênfase nos aspectos de infraestrutura, didática e corpo docente. Sabe-se, porém, que essas variáveis, por si só, atuando de forma isolada, não garantem o desenvolvimento dos estudantes. Isso porque uma infraestrutura de qualidade e referência, por exemplo, apesar de desejável e fundamental, não implica, automaticamente, a criação de ambientes de aprendizagem (dimensão cognitiva) nem a identificação dos estudantes com a instituição (dimensão afetiva), elementos fundamentais para o engajamento e permanência.

Uma didática inovadora, pautada na pesquisa e na utilização de novas tecnologias educacionais, por sua vez, também não garante o engajamento acadêmico e permanência dos estudantes se a instituição de educação superior não possuir uma infraestrutura adequada que possibilite a criação de espaços e situações de aprendizagem. As instituições de educação superior devem, portanto, estar atentas às responsabilidades que possuem no processo de engajamento de seus estudantes, observando a concepção de permanência que vem sendo trabalhada em nível institucional. Um professor de sapiência notável, ao ignorar as dificuldades e potencialidades dos estudantes, pode apresentar uma visão equivocada sobre os processos de ensino e aprendizagem e criar situações que, ao invés de promover o engajamento acadêmico, resulte em não engajamento (apatia, desmotivação, evasão) e até mesmo a desistência do ensino.

A partir das discussões conduzidas neste trabalho, sustenta-se, pois, que o engajamento acadêmico permanência no nível institucional são questões de suma relevância a serem consideradas na elaboração de políticas e ações institucionais, articulando-se com as variáveis que contemplam os aspectos relacionados à infraestrutura, ao corpo docente e ao projeto político pedagógico dos cursos de graduação. Além de envolver e mobilizar os diferentes atores da comunidade acadêmica. Acredita-se, porém, que as discussões que envolvem o engajamento acadêmico e permanência no ensino superior não se esgotam neste trabalho. Espera-se que as reflexões suscitadas possam, em última instância, servir para clarificar o conceito de engajamento e permanência no ensino superior, bem como para problematizar suas implicações para a educação superior brasileira.

CASTELO BRANCO, Uyguaciara Veloso. Formação acadêmica na educação superior: análise da produção de conhecimento nos periódicos Qualis A1 e A2 (2010-2018). Revista Teias. CÔRTE VITÓRIA, Maria Inês; CASARTELLI, Alam; RIGO, Rosa Maria; COSTA, Priscila Trarbach. Engajamento acadêmico: desafios para a permanência do estudante na Educação Superior. Educação superior pública em movimento: compromisso, afeto e luta na Baixada Fluminense. MORELO, Bruna. Leitura e escrita na universidade para estudantes indígenas: princípios e práticas pedagógicas para uma ação de permanência no campo das linguagens. NARDI, Liciê Helena Ribeiro. Inclusão dos estudantes com renda inferior na UFRGS: prácas mobilizadas por uma equipe muldisciplinar. Equidade no acesso e permanência no ensino superior: o papel da Educação Matemáca frente às polícas de ações afirmavas para grupos sub-representados.

SILVA, Jeane de Lima et al. Evasão e ações de permanência e êxito na educação profissional técnica de nível médio na modalidade subsequente: o caso do Instituto Federal do Amazonas-Campus Avançado Manacapuru. VERAS, Renata Meira; SILVA, Daiane Da Luz. A democratização do acesso ao ensino superior no Brasil é um instrumento de justiça social? Possibilidades e desafios na formação de professores.

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