AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NA DEPRESSÃO INFANTIL
Tipo de documento:Artigo acadêmico
Área de estudo:Psicologia
Além disso, utiliza técnicas tais como reestruturação cognitiva, treino de habilidades sociais, automonitoramento, programa de atividades prazerosas e ludoterapia para o tratamento deste transtorno. Foi possível concluir que a TCC é eficiente para o tratamento da depressão infantil, uma vez que possibilita a alteração das crenças e emoções relacionadas aos sintomas deste transtorno. Palavras-chave: Depressão infantil, terapia cognitivo comportamental, transtorno depressivo. ABSTRACT This study aimed to analyze the effectiveness of cognitive behavioral therapy in the treatment of childhood depression. The methodology used consisted of a bibliographic search carried out in the Scielo and PepSIC databases in Portuguese, as well as the use of books to compose the work. Schwan e Ramires (2011) salientam que a depressão abrange fatores fisiológicos, econômicos, sociais, comportamentais e cognitivos e por isto a psicoterapia é amplamente indicada na depressão infantil, sendo que as abordagens mais indicadas são a psicoterapia psicodinâmica, psicoterapia interpessoal e a terapia cognitivo comportamental.
Estudos apontam a importância da psicoterapia cognitivo comportamental (TCC) no tratamento da depressão infantil, alcançando resultados satisfatórios. Neste âmbito, ela tem como objetivo produzir um padrão de comportamento adequado, focalizando a modificação de pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados aos fatores geradores do transtorno (SCHWAN & RAMIRES, 2011). Considerando os aspectos psicológicos relacionados à depressão, buscou-se, neste estudo, explorar pesquisas empíricas publicadas sobre a TCC da depressão e suas estratégias de intervenção, visando analisar a sua eficiência no processo de tratamento destes indivíduos. RESULTADOS 2. Assim, uma criança pré escolar tende a chorar com frequência, a apresentar dificuldades de expressar seus desejos, aparenta estar melancólica, ausência de vivacidade, faz uma autoavaliação negativa e é frequentemente autoagressiva. Por outro lado, as crianças em idade escolar apresentam dificuldades em socializar, irritabilidade, agressão, prejuízo escolar e ameaças de suicídio.
Avanci, Assis e Pesce (2008) concordam com os autores acima e ainda acrescentam que em crianças muito pequenas os principais sintomas se relacionam aos distúrbios do sono e da alimentação, ao balanço de cabeça, cólica e choro. As crianças um pouco maiores tendem a se isolar, apresentar comportamento de regressão e apatia. Por outro lado as crianças mais velhas costumam apresentar raiva, fuga de casa, desobediência, agressividade, tendência a acidentes, comportamento autopunitivo e provocativo. Este modelo de terapia postula a ideia de que durante a vida de um indivíduo são construídas e adquiridas cognições sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre o futuro, no entanto, é comum que façam interpretações incorretas sobre determinadas situações.
Neste sentido, essas distorções cognitivas acabam favorecendo o desenvolvimento de sofrimento físico, emocional e psicológico, e estas interpretações inadequadas podem ativar o funcionamento dessas crenças distorcidas e disfuncionais (BECK, 2005). Para entender como funciona a TCC no tratamento da depressão, é necessário conhecer alguns conceitos que explicam esta teoria. Desta forma, Beck (2005) explicam que a TCC é uma abordagem psicológica que se baseia em dois princípios, quais sejam: nossas cognições influenciam nossos comportamentos e emoções, e a forma como agimos afeta nossos pensamentos e emoções, ou seja, eventos internos e externos determinam as respostas comportamentais e emocionais. Segundo Pertersen, Wainer e colaboradores (2011), os principais erros cognitivos encontrados em indivíduos com depressão são: 1- Catastrofização: tendência a acreditar que o pior de uma situação irá ocorrer, sem considerar a possibilidade de outras resoluções.
Argumentação emocional: tendência a pensar que um fato é verdadeiro devido ao sentimento que corrobora com isto, sem, contudo, ignorar evidências contrárias. Rotulação: propensão a colocar rótulos fixos e globais nos outros e em si mesmo, sem considerar outras evidências. Filtro mental: quando o indivíduo focaliza sua atenção de forma indevida em um detalhe negativo sem avaliar a situação em geral. Leitura mental: pressupor, sem qualquer evidência, que sabe o que a outra pessoa está sentindo ou pensando, sem considerar outras hipóteses. Raciocínio emocional: considerar que os sentimentos são fatos. Arrependimento das opções feitas: fixação na ideia de que poderia ter se desempenhado melhor no passado em vez de tentar melhorar no presente. Conforme Wright, Basco e Thase (2018), o modelo cognitivo comportamental é alicerçado por uma hierarquia que explica como ocorre a disfunção no processamento de informações e, por consequência disso, o desenvolvimento de transtornos psicológicos.
Esta hierarquia diz respeito a: Crenças centrais: são desenvolvidas no decorrer da vida por meio das interações com pessoas importantes e por situações que fortalecem essas ideias. Estas crenças podem estar associadas à própria pessoa, ao mundo e a outras pessoas. Freqüentemente, são demasiadamente generalizáveis, absolutistas, globais e rígidas. Desta forma, este esquema negativo dispara pensamentos automáticos negativos que interpretam os fatos erroneamente, e, como consequência disto, as crenças disfuncionais do indivíduo são validadas de forma equivocada. Conforme Saffi, Savoia e Neto (2008), a depressão está diretamente associada ao modo como o indivíduo pensa, sente e reage aos seus pensamentos. Por isto, uma das metas para lidar de maneira mais assertiva ou prevenir este transtorno é alterar a relação do indivíduo com seus sentimentos que são provenientes de seus pensamentos.
Neste sentido, segundo os autores supracitados, a TCC para a depressão é uma possibilidade de intervenção terapêutica que demonstra resultados satisfatórios a curto e longo prazos em sintomas nucleares e residuais, modificando o curso da depressão e, sobretudo, prevenindo recaídas. Contribuições da TCC no tratamento da depressão infantil Segundo Mercês, Moura e Oliveira (2018), a principal característica da TCC é a utilização da abordagem colaborativa, auxiliando a criança a testar as hipóteses que validam ou não seus pensamentos disfuncionais, com o objetivo de substituí-los por pensamentos mais adaptativos. Além da habilidade para se comunicar de forma compreensível para a criança, o profissional deve utilizar como recurso a ludoterapia. Segundo Silva e Rocha (2016), a ludoterapia é amplamente utilizada nos atendimentos em TCC com crianças.
Para tanto, o psicólogo deve ter a fala e a escuta mediadas pelo brincar, que têm como foco auxiliar a criança a lidar com o sofrimento. Neste sentido, as brincadeiras e os brinquedos viabilizam a exploração do self da criança que expressa com mais facilidade os seus pensamentos, sentimentos, comportamentos e experiências. No entanto, as autoras supracitadas salientam que toda brincadeira deve ter um propósito, ou seja, deve procurar pelas vivências conflitantes da criança que ainda não consegue se expressar através da fala, sendo o brincar um caminho para a expressão daquilo que não é falado. Assim, por meio de um ensaio comportamental e de posse das situações listadas, o terapeuta pode avaliar como o cliente se comportaria diante de determinada situação e, juntos, têm a possibilidade de treinar uma resposta mais adaptativa.
Desta forma, cabe ao profissional ensinar ao paciente aplicar as respostas mais adaptativas em situações reais que o paciente considera difícil de resolver. Segundo Friedberg e Mcclure (2007), outra técnica bastante utilizada com crianças diagnosticadas com depressão é a resolução de problemas. Esta técnica consiste na estratégia utilizada para identificar e avaliar como e o que o paciente está priorizando. É neste momento que o terapeuta procura melhorar a habilidade de solucionar problemas, ampliando cognições e comportamentos funcionais e reduzindo a complexidade destes. Contudo, na TCC para crianças, a psicoeducação pode ir além, tendo em vista que o terapeuta deverá realizar uma educação afetiva com a criança em questão. Diante disto, a educação afetiva tem como objetivo esclarecer à criança sobre os diferentes sentimentos e emoções que poderão ser experimentados por elas, além de explicar que as emoções negativas fazem parte das experiências humanas.
Assim, o reconhecimento das próprias emoções é fator essencial para que o terapeuta auxilie a criança a controla-las e regulá-las. Ribeiro, Macuglia e Dutra (2013) salientam que além da psicoeducação,é necessário realizar a reestruturação cognitiva da criança, tendo em vista que é esta técnica que garante a alteração das cognições disfuncionais. Os autores afirmam que a reestruturação cognitiva consiste no processo em que paciente e terapeuta identificam pensamentos catastróficos e irracionais e examinam as evidências favoráveis e desfavoráveis aos pensamentos distorcidos, com o objetivo de substituí-los por pensamentos adaptativos. afirmam que o psicólogo poderá introduzir alguns conceitos básicos ao longo do tratamento, quais sejam: desenvolvimento das habilidades necessárias de enfrentamento dos sintomas e instruções eficientes para o enfrentamento de diversas situações através da reestruturação cognitiva, com o objetivo de que os pensamentos deixem de ser gatilhos para a depressão e controle e modificação das emoções.
Os mesmos autores supracitados disponibilizam uma técnica adaptada do Coping Cat de Kendall (2006) que auxilia o terapeuta a ensinar a criança a reconhecer suas emoções. Trata-se de um formulário que poderá ser respondido na sessão ou como tarefa de casa que contêm as seguintes questões: “Que sentimentos as pessoas têm?”, “Como você sabe quando alguém está bravo?”, “Alguém está triste?”, “Alguém está feliz?”, “Alguém está surpreso?” e “Observe estas figuras e escreva como você imagina como cada uma delas está se sentindo. ” De acordo com Petersen et al. algumas crianças apresentam dificuldades de diferenciar ou relatar suas experiências e emoções. Como resultado disto, a depressão infantil pode ser subdiagnosticada, culminando em um tratamento ineficiente, viabilizando o agravamento do quadro depressivo.
Com este estudo foi possível compreender que a TCC é uma abordagem apropriada para a depressão infantil. Este modelo de terapia entende que as crenças de um indivíduo direcionam seus pensamentos, suas emoções e suas ações. Diante disso, seu objetivo é modificar estas crenças para que o paciente altere seus pensamentos e comportamentos, promovendo alterações em sua vida. Para tanto, o profissional deverá utilizar técnicas apropriadas, tais como a reestruturação cognitiva, treinamento de habilidades sociais, automonitoramento, o programa de atividades prazerosas, resolução de problemas e psicoeducação, valendo-se sempre de uma comunicação eficiente, tendo em vista que o profissional deve adequar seu vocabulário de acordo com a idade do cliente. G. Depressão em crianças - Uma reflexão sobre crescer em meio à violência.
Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPq, 2008. BECK, J. S. DOBSON, K. Tratamento cognitivo-comportamental para depressão maior: uma revisão narrativa. Rev. bras. ter. FRIEDBERG, R. D. MCCLURE, J. M. A prática clínica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes. et al. A depressão infantil e suas formas de manifestação. Psicol. Argum. Curitiba, v. MARBACK, R. F. Depressão infantil e impactos no desenvolvimento do indivíduo. XV SEPA - Seminário Estudantil de Produção Acadêmica, UNIFACS, 2016. Disponível em: http://www. Monografia. Universidade São Marcos. São Paulo. Disponível em: http://www. alquimyart. S. Terapia cognitivo comportamental aplicada à depressão: uma breve revisão bibliográfica. Revista Amazônia Science & Health. Jan/Mar, Disponível em: http://ojs. unirg. Terapias Cognitivo - Comportamentais para crianças e adolescentes.
Porto Alegre: Artmed, 2011. RIBEIRO, M. V. MACUGLIA, G. ROLIM NETO, M. L. et al. Depressão infantil e desenvolvimento psicocognitivo: descrição das relações de causalidade. Rev. Acesso em 15 fev. SAFFI, F. SAVOIA, M. NETO, F. L. Argum. Curitiba, v. n. p. out. Revista UNINGÁ Review, Vol. n. pp. out-dez, 2016. Disponível em: http://revista. Tradução de Mônica Gilglio Armando. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
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