A RELAÇÃO INDÚSTRIA-SOCIEDADE ABORDADA NO DESENHO O INCRÍVEL MUNDO DE GUMBALL
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Sociologia
Contudo, Rocky ao participar de uma entrevista para trabalhar na empresa “Chanax International”, não percebe que está sendo manipulado pelo entrevistador que requer alguém ingênuo, jovem e imaturo para que possa submetê-lo a exploração no trabalho, exigindo esforços além de seu limite, impondo regras proibitivas de saída da empresa, carga de trabalho excessiva e tratamento desumano. T4: E6 – A Conta: O episódio retrata a relação do avô com seus netos, o qual tem interesse em ajudá-los dispondo de um cheque que, a princípio, aparentava ser $5000, logo, as crianças bem-intencionadas, acreditam que será possível mudar o mundo com o valor imaginário, esperando que poderiam fazer caridade, ajudar pessoas carentes, fazer campanhas para doação de dinheiro em parceria com empresas, publicando campanhas, induzindo a doação e arrecadação de fundos para a caridade.
Deste modo, começam a verificar as possibilidades, dentro da imaginação e, notam um grande obstáculo causado pelas empresas participantes, as quais, em verdade, tinham propósitos opostos, se beneficiando sem qualquer intenção benevolente de caridade, mas sim, com objetivo de dinheiro investido seria usado para pagamento de funcionários e até para comprar rosquinhas aos funcionários da empresa, restando, tão somente, uma quantia ínfima de $5,00 (cinco dólares) o que inviabilizaria a manutenção da campanha caridosa. Outra empresa propôs que investissem em gerenciamento de lixo tóxico, realizando a campanha para arrecadar fundos e assinar contratos, evidenciando o favorecimento próprio, bem como o empresarial. Por fim, restou clara a má intenção das empresas em estar diante de uma promessa de campanha de caridade, não para benefício da sociedade, mas, para benefícios inoportunos, mostrando a individualidade, imoralidade e a frieza social e humana.
A propósito, não se sabe, se a ideologia produziu o movimento operário ou se o movimento operário produziu a ideologia, mas é certo que a partir da conjugação dos fatores, como exemplo, mostrados no desenho “O incrível mundo de Gumball” o mundo trabalhista nunca será o mesmo. Um elemento muito mostrado nos episódios da série aqui comentada é o direito social a adquirir a respeitabilidade num contexto que, até então, era dominado por interesses individuais, especialmente os das empresas e empresários. Se mostra o desdém ao trabalhador e a forma rudimentar que a empresa o enxerga, tendo em vista a opressão da sociedade e estabelecer regras do que é ser um bom trabalhador “aquele que veste o terno e a gravata e vai para o escritório”, sabendo não passar de uma mera formalidade que não se conecta com o caráter, personalidade, formação, educação e princípios, atingindo ainda mais as classes menos favorecidas, sem acesso à educação e, não raras vezes, a dignidade humana.
Diante de tanta afronta social e empresarial que o trabalhador sofria, nosso ordenamento jurídico não hesitou em criar os “Direitos Sociais”, que, para sua efetivação, invocaram a intervenção direta do Estado. Diz-se isto porque os direitos sociais, ao contrário dos direitos individuais não existiam por si mesmos; eles clamaram pela ação distributiva (e política) estatal para que pudessem acontecer. O individualismo impera em todos os episódios analisados. É sabido que desde a revolução industrial o perfil das empresas e, consequentemente, do trabalhador sofreu transformações, assim como as relações sociais, a sociedade e a globalização com as novas tecnologias, assim como, se modificou a relação entre empregado e empregador. As empresas têm enfrentado mudanças para se adequar ao atual modelo de relacionamento com o funcionário, dedicando a projetos e implementação de campanhas motivacionais, focada em aumento da produtividade e qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Não obstante, o fator relevante para uma organização não é apenas a qualificação acadêmica, mas, também, as qualidades e habilidades pessoais, uma vez que o trabalhador moderno deve ser uma pessoa bem resolvida, com motivação e potencial para chegar onde deseja, este é o novo modelo de trabalho. Para que a motivação do trabalhador aconteça, a organização deve atentar-se sempre em melhorias, qualidade de ambiente de trabalho, tanto na visão material, como na visão moral, porquanto, o que vimos nos episódios foram modelos de trabalho opressores, ilegais, imorais e põe em risco a empresa e a vida do trabalhador. Noutro aspecto, também vimos a submissão familiar, propondo que o pai Sr. Robinson se mostra um profissional que deve ser respeitado no seu território, ora pela sua esposa, ora por seu filho e que sua vontade sempre deve ser atendida, o que diverge de muitos conceitos de família atualmente vivenciados pela sociedade.
Além do aspecto social, não se pode deixar de ponderar o aspecto profissional, especificamente, a “moral” do trabalhador. É evidente que o personagem Rocky sofreu violência psicológica no momento em que foi contratado pela “Chanax International”, vez que, foi exposto a situações humilhantes, carga excessiva de trabalho e com xingamentos de “escravos”, exigência de metas inatingíveis, sem folgas e o rigor excessivo. Comparando com a nossa legislação trabalhista vigente, um tratamento no ambiente de trabalho igual ao que Rocky sofreu, renderia processo judicial trabalhista com pedido de indenização por “Assédio Moral”, e, até uma possível penalidade de fechamento definitivo da organização infratora, ressalvada a reforma trabalhista de 2017. Outro aspecto relacionado ao empregado e a empresa é a atual reforma trabalhista em vigência este ano, 2017, a qual aparentemente, contribui para a geração de empregos no país e flexibiliza direitos, todavia, nota-se que houve a redução de direitos adquiridos pelos trabalhadores, a facilitação da pejotização, o que prejudica o trabalhador possibilitando fraudes a legislação trabalhista conquistada.
Assim, a lei atua no campo do dever ser. A lei tem o objetivo de civilizar o Brasil, especialmente a relação entre empregado e empregador. Infelizmente, há organizações exploradoras, valendo a força da reforma legislativa trabalhistas para ganhar força de sociabilidade, força econômica e até força na sua vingança contra o trabalhador. Impondo suas regras “ou trabalha segunda as minhas regras ou estará fora”. Promover o Emprego, proteger as pessoas. Disponível em: http://www. ilo. org. acessado em 22 de set.
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