Mulheres jornalistas em campos de guerra

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Economia

Documento 1

Através de uma busca histórica encontramos relatos que revelam como é a participação dessas mulheres em zonas de conflito, quais são as relações, perspectivas e interesses que atravessam este espaço. Segundo Moretti (2004, p. foi na guerra civil norte-americana de 1861-1865 que o uso de correspondentes de guerra se disseminou pela imprensa. Assim, pela primeira vez um fotógrafo foi enviado e foi usado o telégrafo para dar cobertura jornalística à guerra. O resultado foi imediato e o público podia ler as notícias de algo que havia acontecido muito distante de casa, com essa repercussão os corajosos jornalistas que enfrentavam esses espaços começaram a serem vistos como celebridades, entretanto, o que não foi pensado é na ética e autenticidade dessas notícias.

” (p. Com esse trecho é possível perceber que os correspondentes estavam pressionados a publicar aquilo que era de interesse de quem estava no poder. Somente nos anos 1970 que começaram a surgir estratégias envolvendo mulheres jornalistas em conflitos armados, até então só era possível encontrar jornalistas homens fazendo essa cobertura, mas então quando as mulheres foram inseridas nos espaços de guerra? 2. Objetivo Geral Identificar e analisar as razões que levam mulheres a escolher e vivenciar a experiência de cobertura jornalística de guerra/conflito armado. Objetivos Específicos • Entender os desafios e oportunidades para mulheres jornalistas que cobrem questões relacionadas a conflitos • Detectar o que é feito para garantir a segurança das jornalistas femininas ao cobrir conflitos. Nem havia banheiro feminino. No Estadão, à noite, quando fervia o trabalho jornalístico, as mulheres não eram aceitas nem na mesa telefônica.

Havia mulheres como telefonistas, mas só durante o dia. À noite, um homem é que operava. Mulher podia ser telefonista, faxineira ou servia para fazer o café: circulava na área de serviço (RIBEIRO 1998, p. E eram ligadas à literatura. Então, na origem, a literatura feminina no Brasil esteve ligada sempre a um feminismo incipiente. Segundo Casadei (2001, p. a primeira revista periódica no Brasil, teve origem em 1855, sendo escrita somente por mulheres e se chamava Jornal das Senhoras, que foi criado por Joana Paula Manso de Noronha. Esse foi um marco importante, visto que, a partir dai as ideias feministas foram sendo propagadas e ao chegar aos olhos de novas leitoras, estavam proporcionando um pensamento crítico que as mulheres ainda não haviam tido a possibilidade de ter. A conquista do mercado de trabalho remunerado é um processo lento que vem sem intensificando a partir dos anos 60, sendo essa uma construção elementar na estrutura de funcionamento da sociedade, pois é determinante nas hierarquias sociais, conforme Maruani (2009, p.

ter um emprego significa ter trabalho e salário, mas significa também ter espaço na sociedade. Portanto, as segmentações de gênero e falta de equidade salarial e a imposição do trabalho doméstico à mulher estratificam concepções de mercado de trabalho desigual. Assim, inicia-se o processo de feminização no mercado de trabalho, que por sua vez teve maior impacto em algumas profissões, como o jornalismo por exemplo. Conforme Rocha (2004) em todo país houve um aumento da participação feminina no ingresso de cursos superiores e a profissionalização do jornalismo. Para Rêgo e Moura (2015, p. A imprensa política tradicional, a imprensa operária e até mesmo as revistas culturais e literárias chegaram a abordar os eventos europeus sob algum prisma [.

os jornais, em sua maioria eram a favor da Tríplice Entente, enquanto que outros completamente contrários à guerra e poucos aos simpáticos alemães. Contudo, com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) as consequências atingiram o mundo inteiro, trazendo impactos sociais, culturais e econômicos além de trazer destaque para a imprensa. Alianças foram feitas, exércitos convocados, mortos e feridos espalhados pela Europa e com o fim da Primeira Guerra algumas imposições foram feitas aqueles que perderam, sendo o possível estopim para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que veio a estourar alguns anos depois. sobre a guerra no Iraque (2003-2011) Polícia e o exército impedem a passagem a todos os jornalistas que não estejam autorizados pelos americanos. Só passam os chamados embedded que vão seguir na linha da frente, uma vez que assinaram um documento com dezenas de limitações à normal cobertura de qualquer guerra ou situação de conflito.

Algumas até são compreensíveis, tal como a proibição de fazerem referência ao local onde se encontram. Outras, como a de só poderem dizer o que os americanos deixarem, já são mais difíceis de engolir. …) Desta vez, Bush percebeu como amaciar os grandes canais de televisão americanos, britânicos e as agências de informação. Depoimento [27 julho] JM: Segurança no hotel é a coisa mais crucial para evitar um estupro -- a maioria das mulheres é atacada nos seus quartos ou a caminho de seus quartos. Fique na beirada das multidões durante distúrbios civis e mantenha seu olho em marcos da cidade. Sempre tenha alguém para ficar de olho e te proteger. Não seja conspícuo, memorize as placas e os rostos se você acha que está sendo seguido.

Entrevista concedida a Lindsay Kalter. Mas em última instância, eu era apenas uma ferramenta. Isso era sobre algo maior do que todos nós – era sobre o que nós fazemos como jornalistas. Uma antiga tática de aterrorizar as pessoas e submetê-las ou silenciá-las. Eu não acredito que isso deveria impedir mulheres de fazer esse tipo de trabalho. Ou de viajar para esses lugares. o corpo é um fenômeno social: ele está exposto aos outros, é vulnerável por definição. Sua sobrevivência depende de condições e instituições sociais, o que significa, o corpo tem de contar com o que está fora dele. Portanto, ao estarmos em situação de risco a primeira ameaça que sofremos é pelo corpo, quando mulher, pela violência sexual.

A violência sexual também é arma de guerra, em toda a história são encontrados relatos acerca do estupro. Esse tipo de violência é sentido como um ato de poder, sendo muitas vezes mais eficiente que armas de fogo, isso porque traz danos irreparáveis, é um ato desumanitário. As que sobreviveram tinham um sentimento tão grande de vergonha que não falavam do assunto. Portanto violentar mulheres em zonas de conflito é algo comum, não somente mulheres que vivem naquela sociedade, mas também mulheres que estão a trabalho, como mencionado na entrevista anterior com a repórter Lara Logan. Para Rita Segado (2010, p. o estupro é uma identidade relacionada a um status que envolve e confunde o poder sexual, poder social e o poder de morte, sendo que os homens, a partir da sua cultura, aprendem desde crianças a se definirem com a necessidade de controlar.

O estupro sempre esteve presente ao longo da história da humanidade, na Bíblia há relato de violência sexual, em Deuteronômio 22, 25-27 “E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então morrerá só o homem que se deitou com ela; Porém à moça não farás nada”. dizem que o conceito de “estupro como crime de guerra” só entrou foi significativo na década de 90, após a guerra da Bósnia. De acordo com a teoria feminista de Brownmiller (1975, p. todo estupro é um exercício de poder. Relatos - Entrevistas com Patrícia Campos Mello e Cristiana Mesquita Carlos Fino (2003, p. questiona, o que move o jornalista? Há uma espécie de imperativo categórico da profissão ao qual não podemos nos eximir.

Neste relato podemos observar a realidade das mulheres sírias, que por sua vez estão inseridas na política, mas ainda vivem em um modelo arcaico de casamento arranjado. Em outra pergunta da entrevista ele pergunta o que levou a jornalista a se tornar uma correspondente internacional e questiona ainda qual o motivo de preferir zonas de guerra, que responde: MELLO, Patrícia Campos. Entrevista [14 de março, 2018] PM: Eu nunca pensei que faria esse tipo de cobertura. Eu comecei como jornalista cobrindo Cidades, fazendo matéria de buraco de rua, polícia, hospital. Depois, eu morei fora muitos anos, fui correspondente em Washington do Estadão e acabei tendo experiência internacional. Em alguns lugares, a mobilidade é mais reduzida, você não pode andar sozinha, sem um homem. Esse é o lado ruim da história.

A jornalista se mostra muito confiante, visto que, na entrevista citada anteriormente a jornalista revela a violência sexual que já sofreu e orienta ainda quais são os cuidados imprescindíveis para evitar esse tipo de violação, entretanto, a correspondente Patrícia mostra de um ponto de vista positivo as vantagens de uma mulher fazer a cobertura jornalística em zonas de conflito. Conforme o andamento da entrevista, o repórter pergunta como se preparar para ser uma correspondente, ela responde que MELLO, Patrícia Campos. Entrevista [14 de março, 2018] PM: Sendo um bom repórter. É da maior importância que exista esta cobertura para as pessoas saberem o que está acontecendo. Mais uma vez nos deparamos com a necessidade do correspondente de guerra em querer expor ao mundo o que está acontecendo em determinada zona de conflito.

Assim, ao descrever a realidade o jornalista está capturando no tempo fatos históricos de momentos presentes, que servirá ao futuro para saber o que estamos vivendo atualmente. Pereira e Adghirni (2012) dizem que os correspondentes enviados a zonas de guerra muitas vezes têm a convicção de que tem a missão de contar ao mundo através de uma visão singular o que acontece, dialogando com os artigos presentes no Código de ética dos jornalistas brasileiros, que destacam a integridade das informações passadas ao público, bem como do jornalista. A importância e oportunidades das correspondentes Ser convidado para cobrir conflitos de guerra pode ser uma oportunidade de ascensão na carreira de jornalista, porém com essa oportunidade muitos riscos vêm junto com a decisão de se tornar um correspondente de guerra.

A máxima conservadora do marketing jornalístico – a busca imparcial da verdade – cai por terra nessa consciência profissional. Ao agente da cultura chamado jornalista cabe produzir narrativas atravessadas por contradições, embates de visão do mundo, incertezas, interrogações O discurso do correspondente de guerra está intrinsecamente transpassado por diversas peculiaridades que o profissional encontra no caminho, portanto, vai além de um simples registro da verdade. Quando posto nas palavras, o relato passa a ser um texto repleto de contribuições históricas. Como coloca Hanners (2004, p. correspondentes internacionais são um tipo de antropólogo ou antropólogos são um tipo de correspondente internacional na medida em que ambos empenham-se para reportar sobre uma parte do mundo para outra. Considerações Finais A proposta desse trabalho é entender, abordar e observar as experiências das mulheres correspondentes de guerra, para isso expandimos nosso leque temporal a fim de entender como foi sendo a inserção dessas mulheres em campos de batalha.

Ao analisarmos as entrevistas e alinharmos com o respaldo teórico, percebemos que ambos competem esse trabalho a pessoa que acredita no seu trabalho como jornalista enquanto dever de comunicar ao mundo o que acontece em lugares tão remotos. Os desafios e oportunidades surgem conforme a cobertura das guerras, que por sua vez estão relacionadas a conflitos culturais, econômicos, religiosos e éticos. Assim, fomos entendendo a participação das mulheres nestes espaços, bem como suas dificuldades fora da sua zona de conforto, a luta constante por igualdade de gênero em um ambiente predominante masculino é algo que está presente nas entrevistas. O estupro é uma arma muito corriqueira nesses lugares e para isso há cartilhas, leis e artigos que protegem essas pessoas, entretanto, sabemos que é um dano psicológico irreparável que causa na mulher e na sociedade.

Marxismo e filosofia da linguagem. ed. São P aulo: Hucitec, 1995. BROWNMILLER, Susan. Against Our Will: Men, Women and Rape. Repórter de guerra. Oficina do Livro. CONVENÇÃO DE GENEBRA, Relativa a proteção civil das pessoas em tempo de guerra, 1950. Disponível em < https://www. icrc. Porto Alegre: Tchê, 1987. HANNERS, Ulf. Foreign news: exploring the world of foreign correspondents. Chicago: Chicago University Press, 2004. JUDITH MATLOFF. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. MEDINA, Cremilda. O signo da relação: comunicação e pedagogia dos afetos. PEREIRA, Haula Hamad Timeni Freire Pascoal; CAVALCANTI, Sabrinna Correia Medeiros. A prática do estupro de mulheres como estratégia de guerra sob o viés do direito internacional. Revista Tema, v. n. p. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1998.

ROCHA, Paula. A mulher jornalista no estado de São Paulo: o processo de profissionalização e feminização da carreira. São Carlos: UFSCar, 2004. p. Sur, Rev. int. direitos human. São Paulo, v. n. Buenos Aires: Prometo Libros, 2010. SILVA, E. M. A. da.

3002 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download