A ELITE IMPERIAL BRASILEIRA: no bojo do processo de independência do Brasil em relação à Portugal

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Religião

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GUILHERME N. M. MUZULON A ELITE IMPERIAL BRASILEIRA: No bojo do processo de independência do Brasil em relação à Portugal Dourados – MS 2016 RESUMO O objetivo deste trabalho é caracterizar politicamente a elite imperial brasileira e comparar suas atitudes com as atitudes tomadas pelos portugueses colonizadores (até o ano de 1808). O método utilizado é o narrativo com base no contexto estudado, que é apurado conforme leitura de produções historiográficas consagradas e relativamente atuais. Palavras-chave: escravidão; política; conservadorismo; atraso; liberalismo; antigo regime. Menciono isto apenas para indicar o quanto vossa visão sobre a independência e a descolonização pode ser subjetiva. Raramente, por exemplo, consideramos um movimento de independência como uma coisa ruim, como uma regressão, um triunfo do despotismo sobre a liberdade, da escravidão sobre a liberdade, de um regime imposto sobre um regime representativo, da oligarquia sobre a democracia, da reação sobre o liberalismo.

Apesar disso, no caso da independência do Brasil, todas essas acusações podem ser imputadas ao novo regime, assim como de fato foram feitas na época (Maxwel, 2000, p. – negrito meu). Segundo o trecho, percebe-se que no Brasil foi certa elite que provocou o processo de independência. Em 1808 o Brasil já era independente? Mas, qual o valor significativo então do grito de D. Pedro I “independência ou morte” dado à beira do rio Ipiranga a de 7 de setembro de 1822? Trata-se de uma representação que abordarei mais adiante. Agora, contudo, vale mencionar, ainda citando Maxwell, que o Brasil já se tornou independente de Portugal, de fato, no ano de 1808, com a mudança da família real e de sua corte para este país. Em 1808 o Brasil já era um reino independente, mas unido ainda a Portugal.

Todavia, a sede, isto é, a metrópole do império português não mais se localizava em Lisboa. Mas, qual elite? Quais eram as pessoas que compunham a denominada elite brasileira no século XIX? Quais eram seus interesses econômicos e suas fontes de renda? Como agiam? Como relacionavam-se com toda a sociedade brasileira e com a comunidade global? Para responder a essas perguntas, de modo que caminhos sejam sugeridos para formular uma compreensão da composição da elite brasileira do século XIX, este trabalho define seu objetivo: caracterizar politicamente a elite imperial brasileira e comparar suas atitudes com as atitudes tomadas pelos portugueses colonizadores (até o ano de 1808). Ao estipular tal objetivo é preciso elucidar alguns indicativos. Primeiro, a elite imperial brasileira detinha o poder político junto ao imperador.

Tal elite, após 1821, que era brasileira de fato, por direito, nem sempre o fora. Antes da independência que o Brasil obtivera de Portugal, a elite fora outra, não brasileira, mas portuguesa. E, depois da independência, embora o Brasil já fosse um país só, ou melhor, um império apoderado de si, traços da antiga elite portuguesa ainda podiam ser encontradas. COMO SE CONFIGURAVA A ELITE PORTUGUESA NO SÉCULO XIX? Na introdução deste trabalho eu fiz referência a alegação de que Emília Viotti da Costa teria sustentado seus estudos sobre a independência do Brasil na teoria da dominação (Maxwel, 2000). Maria Odília Silva Leite parece ter se aproximado da visão de Costa. De certa maneira, essa autora se propôs a enquadrar-se na visão global dos processos de independências das ex-colônias latino-americanas no século XIX.

Ela pretendeu encaixar em paralelismo tais processos com o processo especificamente brasileiro. Assim como Maxwell, Odília Dias afirma que: “O fato da separação do reino em 1822 não teria tanta importância na evolução da colônia para Império. Já era fato consumado desde 1808 com a vinda da Corte e a abertura dos portos e por motivos alheios à vontade da colônia ou da metrópole” (DIAS, 2005, p. Nos setores políticos do velho reino, Portugal na Europa, já havia acontecido uma ruptura interna após a revolução francesa. Ficavam claras as divergências entre elites portuguesas do velho reino e elites de portugueses do Brasil após 1808. Para reforçar o entendimento feito até aqui, ressalto que: “A história da emancipação política do Brasil tem a ver, no que se refere estritamente a separação política da Mãe Pátria, com os conflitos internos e domésticos do reino, provocados pelo impacto da revolução Francesa, tendo mesmo ficado associado à luta civil que se trava então entre as novas tendências liberais e a resistência de uma estrutura arcaica e feudal contra as inovações que a nova Corte do Rio tentaria impor ao reino” (DIAS, 2005, p.

Pela primeira vez o Brasil passava a ser administrado como uma colônia de povoamento e não de exploração. Mas, quem o povoava, isto é, às suas imensas regiões de um sertão ainda a ser explorado, era o Rio de Janeiro, sede do império português. Durante esse processo de interiorização da metrópole, em que articulações de poder econômico e político passavam a ser feitas no próprio “Brasil”, é que os grupos de independência foram se desenvolvendo. Esses grupos eram formados pelas elites ilustradas, burocratizadas, aristocráticas do Brasil que, pouco a pouco, mas em ritmo galopante, distanciavam-se das elites de Portugal e passavam a interessar-se por assumir as rédeas da administração do império. Tal articulação conforme um típico modelo de monarquia absolutista de Portugal.

Por isso ele compreende que eleições e violência andavam juntas, por exemplo. Se, por um lado, havia a pretensão de se aplicar um princípio liberal, que era a democracia, por outro lado, esse princípio funcionava sob as diretrizes do esquema do clientelismo. Ele ainda nos diz: “O chefe via-se enredado em um sistema que o tornava cliente de alguém que dependia de outros, numa série de elos que alcançava a corte imperial” (Graham, 1999, p. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para Graham, o clientelismo era uma continuação da política portuguesa que governava a sociedade brasileira desde antes de 1808. Essa tese pode servir para complementar a noção de Maxwel de que a própria elite brasileira tomou o poder para si, distanciando-se de uma outra elite, a elite portuguesa.

Os primeiros passos para forjar uma identidade nacional eram dados. O clientelismo no período regencial orientava as relações de poder das elites no interior na capital e no interior do Brasil. Sobre isso, ainda recupero um trecho, para que fique bem claro o papel fundamental deste conceito na sociedade brasileira do século XIX: “A medida de um homem era o tamanho de sua clientela. A posse de vastas terras - e quando apropriado, de escravos – demonstrava sucesso e ajudava muito no trabalho de aumentar o número de partidários. Mas o recurso crucial era a lealdade dos outros. Já em 1810 e durante a década que se estendeu até a independência, em 1821, os portugueses de Portugal, da Europa, tinham uma sensação de que eles eram os colonos e não os súditos do Brasil.

Isso pode ser percebido por vários fatores. Um deles é o caso de produtos ingleses serem taxados com menos valor do que produtos portugueses. Tal taxação indicava que Brasil não dependia mais de uma relação de pacto de colônia com metrópole ou exclusivo comercial com Portugal, por exemplo. Além disso, os abastados senhores de latifúndios brasileiros passaram a influenciar com grande empenho a administração central devido a uma poderosa rede de dependência à qual podemos chamar de clientelismo. Novamente citando Keneth Maxwel, encontramos o seguinte: “Em outras palavras, a base social predisposta a enfrentar mudanças radicais era mais forte em Portugal, na década de 1820, do que no Brasil, e o motivo disso é que o movimento a favor da continuidade era mais forte no Brasil do que em Portugal que, em 1808, havia perdido não só a monarquia, como também se sujeitara a invasões, à guerra e a um protetorado britânico de fato” (Maxwel, 2000, p.

Ou seja, a elite política brasileira foi conservadora e tradicional no século XIX, após 1808, portanto antes da independência, e depois de 1821, seguindo ao processo de independência a implantação de um liberalismo especificamente brasileiro, articulado com as tradicionais relações de trabalho do país e com o esforço em forjar uma “identidade nacional” elitista para garantir a unidade territorial, seguindo essa linha de raciocínio e análise. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: ed. Clientelismo na cultura política brasileira – Toma lá dá cá. São Paulo: Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, 1999. GUIMARÃES, Manoel Luís Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional.

Estudo Históricos, Rio de Janeiro: n.

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