MUDANÇA DE SENTIDO QUANTO AO EMPREGO DA PREPOSIÇÃO NA REGÊNCIA DE VERBOS

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Percebe-se, de acordo com o exposto, que os resultados demonstram que é fundamental que haja, por parte dos falantes do idioma, a consciência e o domínio das formas ideais de utilização da gramática, a fim de que o processo de comunicação ocorre sem restrições ou intercorrências. Palavras-chave: Preposição. Verbo. Sentido. INTRODUÇÃO Desde os primórdios, o homem sente necessidade de preservar registros de suas atividades e de deixar uma marca para a posteridade, a língua surge, então, quando os diversos grupos humanos resolvem desenvolver mecanismos para suprir essas carências. PEREIRA, 2014) Para Oliveira (2014), em relação ao assunto em questão, um dos equívocos acerca da gramática ocorre antes mesmo do ato de ensinar, quando se assume que língua e gramática são a mesma coisa, o que não é correto.

Bechara (2009) define língua como “qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência”. Antunes (2007, p. complementa, ao afirmar que “uma língua é mais que um sistema em potencial, em disponibilidade. Supõe um uso, supõe uma atualização concreta – datada e situada – em interações complexas”. Se não passarem de exercícios eventuais, apenas para avaliação, certamente sua contribuição para o domínio da escrita será praticamente nula”. Por outro lado, a Professora Doutora Maria do Socorro Pessoa, em uma entrevista para a Revista Giz (2012), ressalta que se devem reconhecer e valorizar as diferenças dialetais regionais do nosso país, que consequentemente refletem uma língua muito rica e diversa; portanto, é preciso deixar de lado o ensino da gramática baseada no Português Europeu, para que haja um avanço positivo no ensino da gramática no âmbito nacional: “o Português Europeu é apenas a nossa fonte histórica, de tradição, mas, precisamos considerar nossa multiculturalidade, nossas imensas variações dialetais, nossa expressividade e sonoridade tão particularizadoras e tão nossas”.

PESSOA, 2012, apud BUENO, 2012, sem paginação) Já para Avelar (2017), a causa do fracasso da escola ao trabalhar com o ensino da gramática encontra-se na insistência em usar uma abordagem gramatical baseada em conservadorismo normativo. O que ocorre é que, conforme Antunes (2007), as instituições de ensino falham em perceber que as crianças, embora alheias às regras gramaticais, já chegam à escola sabendo-as (de forma interiorizada), e vão desenvolvendo um entendimento mais profundo durante a vida. Seguindo essa linha de pensamento, Possenti (1996, p. Ou seja, de acordo com o autor, para obter o acesso facilitado ao conhecimento acumulado no decorrer da história humana é preciso conhecer a variante linguística dita culta. Dessa forma, ainda segundo Bechara (2009), quando a instituição escolar ensina e, sobretudo, valoriza a utilização correta das normas de nossa língua, os discentes conseguem desenvolver ideias de maior complexidade e apresentar os seus argumentos de forma mais lúcida, com objetividade e com o emprego correto das palavras, tanto ao falar quanto no ato da escrita.

Tais fatos também são apreciados pelos empregadores e também úteis aos trabalhadores empreendedores, já que as competências linguísticas são essenciais para conseguir trabalhar em equipe, atender com qualidade as exigências e as demandas do mercado de trabalho, além de facilitar a compreensão na comunicação entre as partes envolvidas no contexto profissional. O autor Travaglia (2005), corrobora esses conceitos explicitados acima, ao afirmar que quando as regras gramaticais são bem observadas nos mais variados contextos de nossa sociedade, há mais probabilidade de sucesso profissional. Além disso, também enfatiza que as vivências e as experiências de vida são elaboradas de forma a atender um crescimento intelectual e a rede de apoio pode ser ampliada para grupos variados de convivência, fortalecendo, assim, as relações inerentes ao desenvolvimento humano.

Assim como é entendido que a realidade linguística de todo e qualquer idioma é mutável e heterogêneo, tanto de modo sincrônico como diacrônico. A regência, a grosso modo pode ser exemplificada como a relação entre o termo regente e o termo regido, sendo a palavra determinante regida pelo termo a que ela se subordina e assim, como tudo dentro de uma língua, pode sofrer mutações, a depender da forma como é empregado. Para Perini (2005, p. o fenômeno denominado como regência se manifesta principalmente sob três formas: concordância (verbal ou nominal), transitividade e ocorrência de pronomes oblíquos. Segundo ainda o mesmo autor, a regência então estaria diretamente ligada à transitividade dos verbos, podendo sofrer alteração de sentido quando transformadas de transitivas diretas para indiretas e vice-versa.

A preposição que serve a dois termos coordenados pode vir repetida ou calada junto ao segundo (e aos mais termos), conforme haja ou não desejo de enfatizar o valor semântico ao da preposição. Ex: As alegrias de infância e de juventude. As alegrias de infância e juventude. BECHARA, 2009, p. Ainda seguindo a linha de raciocínio de Bechara (2009), há como explorar as mais diversas possibilidades em relação às preposições, haja vista que essa diversidade teria a finalidade de afastar a artificialidade dentro da frase em consequência de uma rigorosidade gramatical; assim, a frase ficaria mais natural e agradável ao ouvinte. Já no que se refere à semântica, discorre que o sentido básico das preposições se dá por sua localização no espaço ou no tempo dos termos que elas têm a função de unir.

Existem casos especiais onde podem ser encontradas maiores ocorrências de mutações em relação aos verbos. Em alguns deles, é possível ilustrar de forma mais clara como essa mudança é significativa e se não aplicada da forma correta pode alterar drasticamente o significado da frase. Estes verbos são os que mais chamam atenção e despertam interesse dos autores e linguistas em suas discussões. Em sua obra Dicionário Prático de Regência Verbal, Luft (1998) apresenta as diferenciações de sentido de alguns deles. Este verbo também sendo descrito por ele como transitivo direto no sentido de se desculpar, se redimir e como transitivo indireto tendo significado como perdoar, desculpar alguém. Unindo as explicações dos dois autores nos é demonstrado novamente que a língua está em constante mudança.

Muitos teóricos defendem que a prática de decorar tudo o que é dito nessas dissertações não seria viável por estarem sempre sofrendo mutações ao acompanhar as evoluções linguísticas, sendo necessário aprender a analisar e compreender o uso e significado correto do verbo em concordância com sua transitividade. Sendo então essencial, antes de mais nada, entender o que são as preposições, para que elas possam ser identificadas dentro da frase e assim uma análise mais detalhada possa ser feita em relação a regência verbal ali aplicada. Vale lembrar também que com o decorrer do tempo, os linguistas tornaram-se mais abertos em relação às variações linguísticas, podendo considerá-las também no momento de análise.

A poesia apresentada acima é do autor Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. No poema que apresenta a forma de vida simples de um homem do campo, é possível fazer uma observação em relação ao verbo e como ele sofre alteração de sentido ao ser acompanhado de uma preposição. No momento em que cita a frase “penso com os olhos e com os ouvidos” é possível identificar a preposição “com”, assim a frase é classificada como transitiva indireta. É passível de percepção seu sentido, que seu pensamento é formado através de imagens e sons que são adquiridos mediante experiências e que assim formam um conceito em sua mente, sendo este denominado como pensamento. A preposição “com” dá então um posicionamento à frase, de que o ato de pensar necessita de um complemento para alcançar sua totalidade (quem pensa, pensa em algo, em alguém, com alguma coisa), e isso constitui o sentido demonstrado acima.

Já na frase seguinte, ele passa a ser transitivo direto, havendo uma mudança repentina de transitividade e sentido. O que torna a construção tão interessante é esta clara demonstração da mudança de sentido que o verbo pode sofrer sem o uso da preposição. Em “Fui assistir ao filme” ele está empregado com seu significado inclinado ao ver, ouvir, presenciar um espetáculo, portanto, ele é transitivo indireto por exigir a preposição “a”. Na linguagem coloquial é possível encontrar a formação frasal “assistir o filme”, mas a mesma é classificada como incorreta gramaticalmente, sendo obrigatório o uso da preposição junto ao verbo. Em relação aos outros versos, há uma mudança radical na regência do verbo, em que o mesmo passa de transitivo indireto para direto, e seu sentido passa ser de auxiliar, dar assistência.

Lima (2014) traz uma classificação em relação ao mesmo quando empregado da seguinte maneira: Parece certo que a forma pessoal, acompanhada de preposição (Custo a crer nisso; custamos a resolver o problema. vulgarizada a partir do Romantismo, é contribuição brasileira à sintaxe e semântica desse verbo. LIMA, 2014, p. Quando o significado de custar se refere a preço ou valor, não é necessário o uso da preposição, como por exemplo, “O carro custou caro”. Já quando se trata do verbo empregado com o mesmo sentido apresentado no poema de Drummond (2012), que faz referência a demora ou por uma coisa ser considerada difícil, sendo assim custosa, ele quase sempre estará acompanhado de uma preposição, como em “custou ao professor entender o problema do aluno”. REFERÊNCIAS ANDRADE, C.

D. de. A Morte do Leiteiro. In: A Rosa do Povo. de. Ensino de Gramática na Escola. out. Disponível em: https://www. parabolablog. BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. BUENO, G. ed. São Paulo: Globus, 2011. CASTILHO, A. T. de. ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014. LUFT, C. P. Dicionário Prático de Regência Verbal. htm. Acesso em: 13 jan. PEREIRA, E. C. Grammatica Expositiva. Gramática Descritiva do Português. ª ed. São Paulo: Ática, 2005. POSSENTI, S. Por Que (Não) Ensinar Gramática na Escola. Língua Falada e Língua Escrita. Jan. Disponível em: https://www. ernaniterra. com. TORRES, A. de A. Regência Verbal. ed. Rio de Janeiro: Dias Vasconcelos, 1934. reimp. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2013.

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