DETECÇÃO DO TRAÇO FALCIFORME ENTRE DOADORES BRASILEIROS DE SANGUE

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Geografia

Documento 1

Os estudos mostraram que há uma prevalência em média de 2,17% de traço falcêmico entre doadores Brasileiros, sendo em sua maioria pardo ou negro e do sexo masculino, e com maior frequência na região nordestina. Conclui-se que há necessidade de mais estudos acerca do tema que leve em consideração uma análise geral de todos os estados brasileiros para melhor desenvolver medidas de saúde. Palavras-chave: Anemia falciforme. Doadores. Hemoglobina S. Introdução As primeiras pesquisas sobre a anemia falciforme ocorreu em 1910 quando o cientista James Herrick conseguiu descrever a presença de células alongadas e em forma de foice em uma amostra de sangue de um paciente negro em Chicago (EUA), o qual apresentava os seguintes sintomas, dor óssea, anemia grave, palpitações, dispneia e icterícia (CAMPOS, 2016).

A anemia falciforme é uma condição crônica com as seguintes características, hemolítica, recessiva, autossômica e hereditária, na qual os glóbulos vermelhos que normalmente possuem um formato de disco bicôncavo se transformam em drepanócitos ou “foice” dificultando o transporte de oxigênio, essa condição é causada pela mutação na cadeia beta-globina, onde uma adenina é substituída por uma timina na base 6, em consequência disso, o ácido glutâmico (GAG) é substítuido pela valina (GTG) (REIS et al, 2018; LEITE et al, 2020; ROSENFELD et al, 2019; SOARES et al, 2017; SOUSA, SILVA, 2017). O diagnóstico da anemia falciforme pode ser feito logo após o nascimento por meio do teste do pezinho e com exames laboratoriais complementares após o sexto mês de vida para confirmação, no entanto, quando não ocorre o diagnóstico precoce para profilaxia com antibióticos e imunização, o paciente infelizmente irá passar por transtornos como vasoclusão, infecções, sequestro esplênico, hemólise e dor aguda, a vasoclusão é o principal sintoma observado, o qual é desencadeado pela agregração das células deformadas, podendo levar a morte de tecidos e órgãos (SOUSA, SILVA, 2017; BRASIL, 2015).

“A fisiopatologia da oclusão das artérias cerebrais começa com o aumento da adesão de reticulócitos, leucócitos e plaquetas ao endotélio vascular devido à deformação da membrana eritrocitária, que expressa receptores das moléculas de adesão, secundárias à hipóxia, o que contribui para a Polimerização da hemoglobina S.  Como resultado, a isquemia ocorre devido à reperfusão e danos às células endoteliais, levando a inflamação crônica, liberação de citocinas pró-inflamatórias, atração de granulócitos, macrófagos, linfócitos T e células T killer naturais, resultando em áreas de ataque cardíaco e inflamação. No Brasil a anemia falciforme ocorre com maior frequência na região Nordeste, onde há maior número de descendentes africanos, em consequência da imigração forçada de aproximadamente 4 milhões de Africanos durante a escravidão, em seguida vêm três estados da região Sudeste – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (LEITE et al, 2020; SOARES et al, 2017).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretária de Vigilância em Saúde (SVS/MS) as pessoas com maior índice de traço falciforme e anemia falcêmica, ou seja, pardos e negros, estão mais vulneráveis socialmente, de forma a possuir menores condições financeiras, reduzida escolaridade e dificuldades de acesso aos serviços de saúde, portanto, é um problema não apenas de saúde, mas também social, pois com menor grau de informação e assistência social, mais difícil se torna o controle da deficiência falcêmica no Brasil (BRASIL, 2015). Levando em consideração a necessidade de desenvolver novas políticas públicas que atendam a necessidade não só daqueles que possuem a doença em si, mas também aos que são portadores assintomáticos da hemoglobina S, com a finalidade de orientar e desenvolver novos estudos epidemiológicos; o presente artigo possui como objetivo analisar numa esfera geral a incidência do traço falciforme entre doadores brasileiros de sangue.

Metodologia O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, na qual 16 artigos nas línguas inglês, português e espanhol, publicados entre 2015 a 2020 foram analisados, entre eles 8 foram escolhidos para os resultados e discussões, os artigos selecionados foram retirados dos bancos de dados da Scielo, Capes periódicos e Lilacs. Como critérios de inclusão foi considerada a abordagem geral da anemia falciforme e o traço falciforme em doadores de sangue. Não foi possível, porém, determinar o tipo de hemoglobina alterada nos doadores estudados. PEREIRA, 2019 FAEMA – Faculdade de educação e meio ambiente Prevalência de traço falciforme em doadores de sangue no estado de Rondônia entre os anos de 2017 e 2018 A percentagem de portadores Hb S positivo, entre os anos de 2017 e 2018, foi de 0,9% (559) em relação ao total de 63.

doadores de sangue, sendo que o hemocentro de Porto Velho também apresentou 0,9% (266). Nos hemocentros regionais, no mesmo período, Ji-Paraná apresentou 0,65% (59) de portadores Hb S, Ariquemes 1,2% (60), Cacoal 1,3% (100), Vilhena 0,55% (41) e Rolim de Moura 0,55% (33). Em sua maioria os portadores de Hb S eram do sexo masculino com faixa etária entre 18 a 29 anos e tipo sanguíneo “O” positivo seguido de “A” positivo PEREIRA, PORCY, MENEZES, 2020 Acervo científico Prevalência de traço falciforme em doadores de sangue no hemocentro da cidade de Macapá De acordo com os dados analisados em 2016 a prevalência foi de 1,75% e em 2017 foi de 1,3%, além disso, o traço falciforme foi mais frequente em homens mestiços. Considerações Finais Ao final da análise dos dados, conclui-se que o maior índice de traço falciforme entre os brasileiros doadores de sangue está localizado no Nordeste chegando a 5,6%, onde há maior número de descendentes africanos, ao todo a porcentagem presente no Brasil gira em torno de 2,17% de acordo com os dados apresentados no trabalho.

A anemia falciforme é atualmente um grande problema de saúde pública e social, sua prevalência elevada principalmente entre os nordestinos pardos e negros gera mais um motivo injustificável de preconceito, o que leva ao agravamento da vulnerabilidade social vivida por essa população, para solucionar esse impasse deve-se realizar o aprimoramento e desenvolvimento de medidas de saúde públicas a fim de distribuir subsídios suficientes para a realização de exames genéticos e melhora da gestão em bancos de sangue. O presente artigo é uma contribuição para a comunidade acadêmica no desenvolvimento de melhores medidas de saúde pública, pois traz consigo dados relevantes para a construção de “mapas” sociais de cunho genético, suas limitações estão relacionadas com o déficit de pesquisas sobre o tema e o pouco levantamento de dados epidemiológicos para discussão de novas ações.

Referências ANVISA. Resolução-RDC nº 153, de 14 de junho de 2004. gov. br/bvs/publicacoes/traco_falciforme_consenso_brasileiro_atividades. pdf Acesso em: 25 de julho de 2020. CAMPOS, Ivna Cardoso et al. Prevalência de traço falciforme em doadores de sangue no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí – Hemopi.  Relação entre a prevalência de hemoglobina S e a etnia dos doadores de sangue no Paraná.  J. Bras.  Patol.  Med. LEITE, débora cristina fontes et al. Distribuição espacial de recém-nascidos com características de células folíficas em Sergipe, Brasil. rev. paul.  pediatr. Prevalence of sickle cell trait in blood donors: A systematic review. BJHBS. Rio de Janeiro, v. n. jul-dez/2019.   jun.   Disponível em: http://scielo. sld. cu/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0864-02892018000200003&lng=es&nrm=iso.

Acesso em: 25 de julho de 2020. PEREIRA, Yasmim Rabelo; PORCY, Claude; MENEZES, Rubens Alex de Oliveira. Prevalência de traço falciforme em doadores de sangue no hemocentro da cidade de Macapá. Revista Eletrônica Acervo Científico (ISSN 2595-7899), volume 9, 2020. Disponível em: https://acervomais. pdf Acesso em: 23 de julho de 2020. REZENDE, Lídia Maria Silva Lopes. Caracterização do traço falciforme, antígenos CDE e kell em doadores de sangue da Fundação Hemocentro de Brasília. págs, (Graduação de Biomedicina) - Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Brasília – DF, 2017. Disponível em: https://repositorio. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1679-45082018000200203&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 24 de julho de 2020.   ROSENFELD, Luiz Gastão et al. Prevalência de hemoglobinopatias na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2019000300411&lng=en&nrm=iso. Acesso em:  24 de julho de 2020.   SILVA, Rodrigo Andrade da et al. Avaliação genético-populacional da doença falciforme a partir de doadores de sangue em Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil. Biodiversidade, V. Disponível em: https://monografias. ufrn. br/jspui/bitstream/123456789/7675/3/DeteccaoHemoglobinasAlteradas_Souza_2018. pdf Acesso em: 23 de julho de 2020. SOARES, Leonardo Ferreira et al. Acesso em:  24 de julho de  2020 SOUSA, Alex Monteiro de; SILVA, Francisco Ranilson Alves. Traço falciforme no Brasil: revisão da literatura e proposta de tecnologia de informação para orientação de profissionais da atenção primária. São Paulo, Rev. Med. UFC. pdf Acesso em: 23 de Julho de 2020.

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