O papel do neuropsicopedagogo no atendimento da criança com paralisia cerebral na estimulação precoce

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

O cérebro é o órgão que controla todo o funcionamento do organismo. É muito sensível e sofre logo com a falta de combustível (oxigênio) que mantém suas células vivas. A falta de oxigênio para o cérebro é uma das maiores causas de lesão cerebral e traz prejuízo para o desenvolvimento normal e pode acontecer antes, durantes ou depois do parto. O Cuidado à saúde da criança, por meio do acompanhamento do desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida é tarefa essencial para a promoção à saúde, prevenção de agravos e a identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. deve ter seu início no período que engloba desde a concepção até os três anos de idade. A paralisia cerebral é atribuída a um grupo de distúrbios não progressivos decorrentes de lesão do cérebro em maturação, e descrita como um conjunto de desordens posturais e de movimento que acabam levando à limitação funcional da criança.

O atraso motor, na maioria das vezes, pode vir acompanhado de alterações de comunicação, cognição, percepção, comportamento, funções sensoriais e crises convulsivas. A etiologia da paralisia cerebral é multifatorial e pode ser desencadeada nos períodos pré, peri ou pós-natal. Ainda segundo Dias, 2010 o quadro clínico da paralisia cerebral é caracterizado por anormalidades motoras, posturais e alterações no tônus muscular, de modo que um movimento voluntário que normalmente é complexo, coordenado e variado torna-se descoordenado, estereotipado e limitado. As crianças com essas características neuropatológicas apresentam déficit no desenvolvimento das habilidades funcionais quando comparadas às crianças normais. Após conhecermos como corre o desenvolvimento de uma criança nos primeiros três anos de vida, podemos compreender melhor o que pode ser considerado fora dos padrões, quando se fala em trauma, acredito que não basta diagnosticar e falar de sintomas, pois tudo está relacionado à forte vontade de viver que estas crianças têm em si mesmas, se não fosse esta vontade, jamais conseguiriam suportar a situação pela qual passaram, e estes comportamentos “diferentes”, foi a melhor maneira que encontraram para sobreviver.

Conforme Russo (2015) a Neuropsicopedagogia Clínica estabelece relações entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia. Tratase de um campo transdisciplinar que estuda a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana. Com objetivo de promover a reintegração pessoal, social e educacional a partir da identificação, do diagnóstico, da reabilitação e da prevenção de dificuldades e distúrbios da aprendizagem. Segundo a normas técnica de atuação profissional nº 01/2016 “o neuropsicopedagogo busca compreender e atender a uma queixa ou a um fato relatado pela família, escola entre outros que reflitam o universo social em que aquele esteja inserido” (p. O programa de estimulação precoce consiste no acompanhamento da criança e de seus pais, seguindo regularmente o desenvolvimento pisco-afetivo-social deste bebê e sua família, acreditando que este oferecerá suporte para um melhor desenvolvimento da criança.

Busca-se com isto abrir um novo campo de comunicação entre os pais e seu filho, campo este interrompido pelas dificuldades impostas pelo próprio diagnóstico. Os pais através deste trabalho irão descobrir que sabem mais do que supunham sobre seu filho. A estimulação precoce deverá ser iniciada a partir do momento em que a criança for diagnosticada como bebê de risco ou portador de atraso no desenvolvimento, onde serão estimuladas as percepções sensoriais, os movimentos normais, o rolo, o sentar, o engatinhar, a deambulação, a coordenação visual e motora, a socialização e a cognição. O acolhimento e o cuidado a essas crianças e a suas famílias são essenciais para que se conquiste o maior ganho funcional possível nos primeiros anos de vida, fase em que a formação de habilidades primordiais e a plasticidade neuronal estão fortemente presentes, proporcionando amplitude e flexibilidade para progressão do desenvolvimento nas áreas motoras, cognitiva e de linguagem (MARIAMENGEL; LINHARES, 2007).

De acordo com o Ministério da Educação: “O conceito de estimulação precoce referese às ações que proporcionam as crianças experiência que favoreçam seu desenvolvimento integral de modo de agir o máximo de seu potencial” (BRASIL, 1997, p. Para Honora e Frizanco (2008) a estimulação é necessária a toda criança pequena, quando falamos de criança com alguma deficiência se torna essencial na vida da criança, quando mais cedo à estimulação for feita mais resultados positivos a criança terá. Para as autoras a estimulação precoce tem o objetivo de evitar ou amenizar os distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor e possibilitando à criança desenvolver-se. Para possibilitar a intervenção precoce nos atrasos de uma criança é fundamental a identificação no seu desenvolvimento no seu primeiro ano de vida.

Conforme Perez-Ramos (1996), o conhecimento sobre a estimulação precoce tem obtido muitos progressos na vida das crianças, principalmente quando diagnosticado precocemente. Neste nível os programas educativos deveriam estar voltados para a saúde e desenvolvimento humano, considerando a qualidade do meio ambiente (NUNES apud PERIN 2010). A identificação precoce deve ser periódica e planificada, adotando a observação nas idades críticas. Um ano e meio, dois anos, para a motricidade e início da linguagem, de quatro anos e meio para o domínio sintático e as aquisições psicomotoras elementares (FONSECA, 1995, p. O benefício que a estimulação precoce vem trazendo principalmente para crianças com deficiência intelectual de extrema importância se tornou um programa fundamental para educação infantil desde o nascimento até os eis anos de idade.

Este programa tem por objetivo cuidar das habilidades do desenvolvimento, da autonomia da criança, da aprendizagem, etc. Os planos e desejos que a família tinha terão que ser modificados, para receber este novo filho, com novos planos. Ainda segundo o mesmo autor a família deve ser trabalhada desde a notícia até o nascimento para que possam ver que mesmo com um filho especial, a criança terá uma vida e irá precisar de seus pais. Pais e mães são os primeiros, os principais e mais duradouros educadores de suas crianças. Quando pais e profissionais trabalham juntos durante a infância, os resultados têm um impacto positivo no desenvolvimento da criança e na sua aprendizagem. Então, cada etapa do desenvolvimento deve buscar uma parceria efetiva com os pais (MITTLER, 2003, p.

O trabalho de orientação familiar vem ao encontro com as dificuldades e necessidades encontradas pela deficiência da criança, a família participando junto à equipe de profissionais que atendem a criança é de extrema importância no desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social, buscando um acompanhamento para dar continuidade no seu cotidiano. O apoio, e a participação da família como filho, os professores e equipe técnica amenizará a deficiência, pois a técnica desenvolvida em sala de aula ajudará no aprendizado da criança. BRASIL, 2004). Segundo Fonseca (1995), os pais devem ser envolvidos no processo de integração, visto que são os primeiros agentes de intervenção educacional, é recomendável que eles sejam vistos como pré-terapeutas, como primeiros educadores por excelência. É necessário haver o envolvimento da família com os profissionais que desenvolvem atividades e técnicas para que a criança desenvolva sua capacidade facilitando a continuidade do trabalho desenvolvido em sala de aula e no âmbito familiar, promovendo benfeitores para criança e toda família.

Caracterização do paciente 1: Aluna S. T. I de 2 anos 3 anos e 7 meses de idade, do sexo feminino é diagnosticada com paralisia cerebral, possui limitação nas áreas de desenvolvimento motor, linguagem, cognição, sendo assim o estudo foi realizado a partir de suas dificuldades. A aluna possui limitação na fala apenas aponta e reproduz algumas palavras, faz uso de meio auxiliar de locomoção, seus membros são rígidos. Para a aplicação do Portage foi utilizada uma adaptação do instrumento feita por GROSSI (2003), folhas de sulfite, lápis grafite e colorido e os próprios brinquedos do participante. Na área de socialização, na faixa etária de 0 a 1 ano, a criança apresenta 85% dos 12 comportamentos. Já nos comportamentos listados de 1 a 2 anos, apresentou um total de 66% dos comportamentos, sendo uma das áreas mais desenvolvidas pela criança.

Para os comportamentos da área de cognição de 0 a 1 ano, a criança apresentou 92% dos pré-requisitos, sendo que para a faixa etária de 1 à 2 anos, apresentou 60% dos comportamentos, apresentando um bom desenvolvimento, se comparada as outras áreas. Na área de linguagem, a mais afetada, atingiu apenas 50% dos comportamentos esperados na faixa etária de 0 a 1 ano e para 1 a 2 anos, emitiu apenas 16% dos comportamentos. Nota-se que a criança atinge o pré-requisito de 75% na maioria das áreas avaliadas na faixa etária de 0 à 1 ano, ficando abaixo apenas na área da linguagem. O. S. anos e 6 meses de idade, sexo feminino e atualmente frequenta o centro de educação infantil público perto da sua residência. Mora com a mãe, pai e duas irmãs mais velhas.

A participante apresenta dificuldades no desenvolvimento neuropsicomotor. Na última faixa etária citada ela não alcançou o esperado que seria 75%, porém foi uma das suas melhores pontuações nesta faixa. Não foram realizados 3 de 17 atividades por falta de material na situação natural da criança, da faixa etária de 2 a 3 anos, nas duas faixas etárias a paciente ,não alcançou a porcentagem esperada na área de autocuidados, sendo que na de 2 a 3 anos chegou a 74,04% e na faixa entre 3 e 4 anos teve apenas 40% de sucesso nas atividades apresentadas. Na faixa etária de 2 a 3 anos esta parte do instrumento foi realizado através de perguntas para a mãe e para a professora e a faixa etária de 3 a 4 anos foi feita a partir de observações realizadas pelas avaliadoras.

A cognição foi uma das áreas mais comprometidas da paciente, uma vez que na faixa etária de 2 a 3 anos obteve a porcentagem de 31,25% e na faixa etária de 3 a 4 anos o resultado foi 33,3%. Na faixa etária de 2–3 anos quando as avaliadoras davam alguma instrução costumava repetir verbalmente o que tinha sido dito e quando as avaliadoras exemplificavam a atividade ela repetia de maneira automática os mesmos movimentos. Na intervenção precoce é essencial intervir junto das crianças o mais cedo possível, tendo em conta as suas dificuldades e suas competências, garantindo a sua segurança e bemestar nas actividades propostas por forma a promover o seu desenvolvimento global e a sua inclusão junto das outras crianças. A necessidade de estabelecer uma planificação, com objetivos e estratégias específicas e adequadas ao desenvolvimento de cada criança, garantindo sempre o envolvimento de todos os que participam na intervenção.

A atenção em ouvir as famílias, quanto as suas necessidades e preocupações, envolvendo-as sempre em todo o processo, consolidando uma colaboração com a família, ajudando-a a encontrar respostas para os problemas com que se deparam tendo sempre no horizonte o desenvolvimento harmonioso da criança. Necessidade em se reflectir permanentemente sobre a acção de modo a se avaliar o trabalho que vai sendo desenvolvido e os resultados que daí advêm planificando novas acções. Nos dois casos nota-se claramente a evolução no quadro que apresentavam um déficit /atraso em algumas áreas especificas do desenvolvimento. planalto. gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296. htm>. Acesso em: 23 fev. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas da Educação básica.

Brasília:MEC/SEB, 2009. de 2 de outubro de 2009a. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2009a. Disponível em: <http://portal. mec. a. Disponível em : <http://pepsic. bvsalud. org/pdf/tp/v11n2/v11n2a08. pdf>. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. FONSECA, Vitor da. Educação Especial: Programa de estimulação precoce - uma introdução as ideias de Feuerstein. RUSSO, R. Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015 SÁ, M. R. C. O. Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção. Revista Neurociências, v. n. p.

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