Resenha Crítica do livro Dom Casmurro, Machado de Assis

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Zootecnia

Documento 1

I, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1994. Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no morro do Livramento, Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839. Seus pais faleceram cedo e Machado passou por dificuldades econômicas, contribuindo para que, não fizesse estudos regulares e começasse a trabalhar cedo. Aos 16 anos, era tipógrafo na editora de Paula Brito e por esse intermédio, conheceu vários escritores e publicou seu primeiro poema em 1855. Logo, tornou-se revisor, até ser admitido na redação do Correio Mercantil. Seguindo essa urdidura, até os anos 50 as análises críticas no que diz respeito à obra, eram unânimes com relação a conduta de Capitu e o desfecho da história: Capitu traiu Bentinho. Ora, existiam muitos indícios que comprovassem essa afirmação feita pelo narrador-personagem.

Na virada dos anos 60, essa perspectiva hegemônica da traição, tomam outras vertentes, visto que, o narrador sendo Bentinho, poderia “falsear” os acontecimentos, dizendo apenas aquilo que lhe fosse pertinente. Ele propõe uma abordagem dos fatos que, beneficia a sua posição, silenciando todas as outras. A partir daí, o foco e os questionamentos centrais referentes a obra, deixam de ser com relação ao ciúmes, mas sobre como Machado foi genial em deixar o leitor fazer sua análise, perante a leitura. Era nítido que, Capitu tinha mais esperteza que Bentinho e arquitetava todos os planos referentes à sua saída do seminário, com isso, ela não estava na conjuntura de mulher daquela sociedade, porém quando se casou, ficou à margem do que era esperado, principalmente, por não ter o mesmo nível socioeconômico de Bentinho.

A questão não era só casar por amor, mas casar com alguém que tinha posses e assim ter uma ascensão. Isso, fez com que ela ficasse do jeito que era mais confortável de acordo com os padrões do século XIX. As condições de recepção serem diferentes, principalmente nos âmbitos do: Inter textos, Inter artes ou Inter media, mas, a obra machadiana não muda o sentido. Ao falar, escrever ou ler, atualizamos o passado e trazemos elementos que não constavam na tradição de quando a obra foi escrita, porém ela nunca é suturada completamente. Esse linguajar, se encaixou perfeitamente no cenário teatral usado na adaptação Capitu, visto que, enfatizou elementos da dramatização já contidos na obra escrita, com mais evidência na minissérie.

Outro aspecto interessante a ser lembrado, é como elementos do gênero dramático são introduzidos na minissérie Capitu, visto que, o cenário usado na construção televisiva foi completamente teatral, onde as cenas ocorriam praticamente em um único cenário, com trocas de roupas e móveis que complementavam as ações dos personagens. Assim como o livro, a minissérie mantém a ordem cronológica dos acontecimentos e as falas rebuscadas em um contexto aristocrático, que são algumas das características do gênero dramático. Esses elementos provocam no telespectador, emoções e sensações diversas no decorrer da trama. No teatro dramático, é conhecido como Catarse, que tinham em suas peças, finais trágicos e infelizes, como em Dom Casmurro livro e minissérie Capitu.

Depois de envenenar o irmão, Cláudio assumiu o trono e casou-se com sua mulher. A peça retrata traição, vingança, loucura, valores sociais, papel da mulher e questões filosóficas: ser ou não ser? Mostrando a primeira vez, a importância do eu. Hamlet não é um homem romântico e sim moderno. É uma peça densa, com pouca ação, deixando o público que ler e assisti na expectativa do desfecho da história. Assim, como o enredo literário, a adaptação fílmica, 2009 com direção de Gregory Doran, é uma das versões mais bem interpretadas e textualizadas das muitas feitas. Ao ler a peça e assistir ao filme, fica evidente que, ela sabia que Cláudio era o assassino ou pelo menos suspeitava, mas sua dependência como mulher, não permitia interferir ou questionar o marido acerca disso.

Ambas as personagens, agiam de acordo com os papéis esperados para a mulher da idade média, principalmente nessa obra, que pouca relevância tinham Existem muitas análises feitas por teóricos, em diferentes países, no que se refere aos estudos interartes ou intermidialidade, principalmente por Claus Clüver, precursor desses estudos. Percebe-se uma grande dificuldade, para definir, qual termo mais correto a ser utilizado, na comparação entre o artístico e midiático, onde não ficam claramente delineados, mesmo estando interligados. No conceito, a diferença existe, porque o artístico está mais voltado para tradição literária, enquanto o midiático para adaptação, as mídias. Clüver, inclusive, cita os diferentes termos quem podem ser utilizados, e que depende do ponto de vista de cada teórico e lugares onde vivem: Minha área de interesse foi denominada nos EUA, por muito tempo, “Artes Comparada”.

Essa nova configuração, fez com que, o conceito de Intermidialidade, tomasse outras proporções além das artes em geral, como também para mídias, sendo aceitas e valorizadas pelos estudiosos. Claus Clüver, ainda afirma que, existem um leque de produções textuais e que os termos usados, como Intermidialidade ou Inter Artes, pouco influenciam na comparação ou relação entre os elementos de estudo. A ideia que se tinha das mídias na época Renascentista, era de acordo com a ordem social da época, em que a sociedade era separada por classes. Com o tempo, essa limitação foi se difundindo e ficando entendido que, existem diversos tipos de mídias e que elas se intercalam umas com as outras. Com o tempo, essa limitação foi se difundindo e ficando entendido que, existem diversos tipos de mídias e que elas se intercalam umas com as outras.

Um exemplo: quando assistimos um filme baseado em uma obra escrita, sem que tenhamos lido, nossa avaliação será de acordo o que assistimos, dando mérito a produção atual, é assim, que devemos analisar. A obra e as adaptações tem como objetivo contextualizar a transição do modo de vida feudal/escravocrata para a capitalista, onde os bens eram concentrados nas mãos de poucos; em que a Igreja detinha uma supremacia na construção da sociedade do século XIX; e, principalmente, a fim de fomentar debates acerca do modo de recepção, referente a intenção por trás do discurso de Bento Santigo, em sua posição de homem branco ocidental sobre a possível traição de Capitu, visto que a mesma estava limitada ás “armadilhas” e a condição de gênero.

A questão deixada por Machado sobre a traição, durante muito tempo, tinha uma resposta única: Capitu traiu e ponto, porém as análises que mudaram, ao longo do tempo já que, como se sabe, atrás de todo discurso existe uma intenção e se a obra fosse narrada por Capitu, possivelmente outras questões seriam levantadas, como, por exemplo: teria Bentinho criado um quadro de loucura e obsessão? O que se tem certeza é a importância que essa obra tem para percebermos as nuances e mudanças que tivemos na sociedade brasileira e como uma obra escrita no século XIX, ainda se encaixa perfeitamente na conjuntura social do século XXI. O gênero dramático, traz consigo, elementos da aristocracia e o papel inferior da mulher, nessa sociedade, além das falas rebuscadas dos personagens obras literárias e peças teatrais, salientando o conceito de literatura comparada, fazendo com que, exista uma intertextualidade harmônica entre Machado de Assis e William Shakespeare.

Referências: CAPITU. Direção: Gregory Doran. Estados Unidos: BBC Two, 2009. MACHADO DE ASSIS. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. Duas meninas. São Paulo: Companhia das letras, 1997. Pp. SHAKESPEARE WILLIAM. Hamlet.

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