A CONCEPÇÃO DO TEMPO EM AGOSTINHO DE HIPONA A PARTIR DAS CONFISSÕES, LIVRO XI

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Serviço Social

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Rogério Miranda de Almeida CURITIBA 2016   TERMO DE APROVAÇÃO WILMAR WIEDERMANN GALLO JUNIOR A CONCEPÇÃO DO TEMPO EM AGOSTINHO DE HIPONA A PARTIR DAS CONFISSÕES, LIVRO XI Monografia aprovada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Licenciatura em Filosofia, Faculdade São Basílio Magno, pela seguinte Banca Examinadora: Curitiba, 18 de novembro de 2016 aGRADECIMENTOS Quero agradecer imensamente a todas as pessoas que, de uma forma ou de outro, deram sua contribuição para que eu pudesse desenvolver este trabalho. A Deus, pelo dom do tempo misericordioso que concede a criação e a humanidade Aos membros da comunidade religiosa dos Padres Marianos, que me apoiaram e me incentivaram para que eu concluísse esta etapa de meus estudos. Aos familiares em especial, que, mesmo á distancia, me acompanharam bem de perto e contribuem na minha caminhada.

Á faculdade São Basílio Magno, juntamente com todo o seu corpo de discentes que proporcionaram um ambiente saudável e propicio para possibilitar a construção da sabedoria terrena e humana sob a manifestação da fraternidade. A todos aos meus colegas de classe que de uma maneira ou outra me contribuíram no meu crescimento com o exemplo e o companheirismo referencial humano. A medida e as divisões do tempo. Agostinho e sua primeira análise do tempo. O conceito de memória e do espírito na filosofia do tempo em Agostinho. As divisões dos tempos no tempo presente. Agostinho e a medida dos tempos. O tempo do mundo, é o tempo do relógio onde tudo transita, tudo passa, nele não há nem passado e nem futuro, apenas existe um presente instantâneo, onde tudo se encontra em estado de passagem.

Enquanto que o tempo da alma é aquele onde existe o passado, o presente e o futuro, esse tempo não é universal e sim particular, passado, presente e futuro existem apenas para a alma, cabendo somente a ela vivenciar e medir o tempo conforme a atenção dada ao próprio espírito. Palavra-chave: Agostinho de Hipona. Tempo. Medida. Palabra clave: Agostinho de Hipona. Tiempo. Medida. Alma. Espíritu. No primeiro capítulo, será abordada a definição de tempo trazido pelo Dicionário de Filosofia, de Nicolas Abbagnano O dicionário tem como objetivo introduzir o leitor ao tema, apresentando ao leitor uma breve definição e explicação das possíveis respostas sobre o que seria o tempo. Na primeira definição, o dicionário busca vincular o conceito de tempo trazido pelos filósofos da filosofia antiga sob o aspecto de mundo e vida.

Enquanto que a segunda definição, é apresentada através do aspecto de identidade e consciência. A terceira definição introduz algumas considerações novas e conceituais do período existencialista. Contudo, o primeiro tópico tem a intenção de apresentar o problema do tempo tratado por Platão no diálogo “Timeu”. O terceiro tópico consiste em apresentar de modo breve e objetivo o pensamento de Plotino em torno do Tempo. Da mesma forma que Aristóteles, Plotino parte dos conceitos Platônicos no “Timeu” com o objetivo de construir sua teoria, porém, nesta perspectiva ele também se utiliza dos escritos e ponderações de Aristóteles. Plotino é o escritor das “Enéadas”, sendo que na obra da III Enéadas, Plotino dedica-se a escrever sobre a origem e o modo com que o tempo se revela em torno do homem.

Plotino busca indagar e refletir com maior relevância os pontos cruciais da filosofia do tempo de Platão e Aristóteles. Plotino tem o interesse de investigar com mais profundidade a hipótese de que o tempo seja alguma coisa do próprio movimento, Plotino em torno de sua obra, busca descartar a hipótese de que o tempo seja um simples movimento, pois para este pensador, o movimento é caraterizado por uma definição totalmente diferente da definição dada ao tempo. O autor das Confissões pretende em sua obra descrever com muita intensidade, investigar a origem, o porquê, a existência e sobretudo a maneira com que se mede os tempos. Agostinho tem inicialmente a preocupação em buscar entender a origem do tempo juntamente com a criação do universo realizada pelas mãos do Uno.

Agostinho congratula um questionamento sobre o que Deus fazia antes da criação do céu e da terra. Ele também indaga a questão sobre o que é pois o tempo, esse questionamento perdura em quase todo estudo feito por Agostinho. Agostinho busca questionar a existência do tempo, questiona também a possibilidade de existir um passado, um presente e um futuro. A história do tempo sempre foi e com certeza sempre será um dos assuntos mais vastos e complexos que a humanidade possa debater na busca de entender as origens de sua existência. O tempo é um assunto inesgotável, sempre haverá algo para questionar e dizer. Em Santo Agostinho, o tempo é compreendido numa panorâmica mais metafísica e filosófica. Contudo, é de grande importância para aqueles que querem aprofundar um dos principais pensamentos sobre a história e a importância do tempo.

Queremos, pois, deixar bem claro, desde o presente, que o tempo se apresenta para Agostinho como uma realidade metafisica. º O tempo como estrutura das possibilidades. Na primeira concepção de tempo, o dicionário refere-se à vinculação da antiguidade, bem como o conceito cíclico do mundo e da vida, assim como é visto o conceito científico de tempo na Idade Moderna. Já a segunda concepção vincula o conceito de consciência, com o qual o tempo é identificado e a terceira aborda a derivação da subsistência da filosofia existencialista, a qual possui, em sua análise de tempo, algumas inovações conceituais. A primeira concepção de tempo é a mais antiga, pois considera o movimento como parte mensurável do tempo. Os Pitagóricos concebem uma definição sobre o tempo como “a esfera que abrange tudo”2, ou seja, é a esfera celeste, na medida que vai se relacionando com o céu, o seu movimento irá proporcionar sua medida perfeita.

Conforme a narrativa de Timeu, os dias, as noites, os meses e os anos não existiam antes da criação do céu, somente logo após a criação do céu é que o Demiurgo lembrou-se de criar estes elementos. Os dias, as noites, os meses e os anos são elementos do tempo, o passado e o futuro são frutos gerados do tempo. Segundo Timeu, o passado e o futuro são circunstâncias conduzidas por nós ignorantemente para a substância eterna. Sendo assim, as expressões relacionadas à o que era, o que é e o que será,7 são empregadas por nós enquanto é, pois, esses são os únicos termos que realmente nos convém, no entanto, essas expressões são empregadas de maneiras inadequadas, pois, na medida em que elas se encontram aprisionadas no é, indicando movimento, não é possível avançar no tempo, somente as expressões era e será são expressões adequadas para aqueles que avançam no tempo, pois essas expressões indicam movimento.

Timeu vê o tempo como algo que busca imitar a eternidade na medida em que se progride em círculos segundo o número. O tempo para Platão é considerado na leitura de Rémi Brague como uma ordem comensurável em constante movimento, o tempo se encontra em um estado de alteridade permanente. Platão concebe o tempo como uma imagem, que por sua vez não deixa de ser uma cópia da eternidade, isto é, o tempo nada mais é do que uma cópia imperfeita de um modelo perfeito, cuja forma é a eternidade. Para o comentador Remi Brague, o conceito de tempo platônico é uma ilusão, o tempo é visto como uma espécie de sombra da eternidade e ele só se permite ser real na medida em que o tempo possa fazer parte da essência da eternidade.

Em suma, será mesmo o tempo uma ilusão? O tempo pode por ventura ser algo medido pelos números do cosmos? Será o tempo uma cópia da eternidade? Como é possível mensurar o tempo? É o que veremos a seguir com o conceito de tempo apresentado por Aristóteles no livro IV da Física. O TEMPO É O NÚMERO DO MOViMENTO Aristóteles, com base nos pensamentos de Platão, dedica-se em estudar com mais precisão o problema do tempo. Entretanto, o agora anterior pode corromper com o agora existente, e sendo assim, o agora não podem ter relação um com o outro. O agora não pode consecutivamente permanecer sempre o mesmo, pois não existe algo limitado que possua um único limite, sendo assim, o agora, pode ser um limite correspondente a um tempo, desde que seja determinado.

Aristóteles considera que as definições de tempo e de sua própria natureza é algo muito obscuro para o nosso entendimento, o conceito demonstrado acima e os conceitos tradicionais são insuficientes para definir o tempo. Para alguns filósofos tradicionalistas, o tempo é o movimento do todo, por outro lado, existe também outros filósofos que defendem que o tempo é a própria esfera do todo. Aristóteles em sua investigação descarta a primeira definição dada ao tempo, pois uma única parte que compõe o movimento circular está unido ao tempo mesmo que não exista o movimento circular. O movimento breve é aquele que consome pouco tempo para existir, é aquele movimento que se mobiliza de forma breve, enquanto que o movimento longo é aquele cuja mobilização é realizado dentro de um processo lento, necessitando de muito tempo para findar o seu movimento.

Mediante tal afirmação, Aristóteles apresenta a hipótese do tempo ser limitado por ele mesmo, pois se o tempo não é o movimento em virtude dele próprio limitar e medir o movimento, quem então mede o tempo? Quem poderá determinar ou limitar o tempo? Aristóteles entende que mesmo que o tempo venha a ser uma certa quantidade ou qualidade do tempo, este não pode por sua vez ser limitado por ele mesmo. Aristóteles afirma que o tempo não pode ser o movimento, mas ele entende também que o tempo não pode existir sem a presença do movimento, pois tanto o tempo como o movimento, ambos estão unidos um ao outro. O tempo depende da existência do movimento e o movimento depende da existência do tempo.

A existência do tempo consiste em torno da mudança, o tempo não é uma mudança, porém ele só existe na medida em que exista o movimento. Aristóteles não dá esperança do tempo ser compreendido sem uni-lo com o movimento, todavia, ele entende o tempo como algo que só pode ser percebido a partir da alma, pois, a alma é vista como o princípio que enumera o tempo, tornando-se a condição necessária para que possibilite a enumeração do tempo. Aristóteles ao longo de seu estudo sobre o tempo, chega à conclusão de que o movimento não depende diretamente da alma, mas que o tempo tem sua dependência contida nela, se não houvesse a alma na terra, ligada a uma memória e a recordação do passado a espera do futuro, não existiria o tempo e sim um eterno presente, desta maneira o tempo não existiria.

Mas será que isso é correto afirmar? Será mesmo o tempo dependente da alma? Será mesmo a alma que enumera os tempos? Essas e outras questões é o que veremos a seguir em Plotino. O TEMPO E O MOVIMENTO DA ALMA EM PLOTINO Embora tenhamos visto a explicação da teoria do tempo em torno do pensamento grego, o tempo ainda continua sendo obscuro para a sua compreensão na Idade Antiga, pois existem muitas lacunas em que tanto Platão como Aristóteles deixaram em suspense. A filosofia de Plotino também tem a preocupação de tentar resolver o problema do tempo, preenchendo as indagações, as quais Platão e Aristóteles não conseguiram concluir. Plotino de forma sucinta, busca também analisar a segunda concepção de tempo apresentada pelos filósofos antigos.

Ele deixa claro que o movimento dos astros33 não pode ser o tempo, e que o astro tampouco pode ser o tempo, pois nele também existe movimento e o tempo não possui a mesma identidade do movimento. Com efeito, depois de ter analisado as duas concepções de tempo, Plotino delimita a terceira concepção como prioridade de análise para melhor desenvolver sua teoria do tempo. Nesta terceira visão, Plotino debate-se com a hipótese de que o movimento seja por ventura alguma coisa do tempo, pois tudo indica que o movimento é algo que está sempre presente no tempo, mesmo descartando a hipótese de que o tempo seja o movimento, o movimento está presente no tempo, Plotino também investiga as propriedades do movimento para fins de aceitar ou rejeitar a terceira concepção.

A terceira opinião apresentada para a definição de tempo, tem como autor o filósofo Aristóteles, ele concebe o tempo como número para medir o movimento, o número seria na visão aristotélica o “parentesco” daquilo que está ligado ao movimento. De acordo com Daniel Schiochett, Plotino, continua examinando o tempo na perspectiva de ele ser a medida do movimento, porém, descarta a ideia de que o tempo seja o número numerante, ele começa questionar a hipótese de que o tempo seja o numerado, isto é, o número que pode medir o movimento. Neste pensamento, o tempo seria uma linha que tem a condição de acompanhar e de medir o movimento, em todo caso, Plotino indaga outro problema, com esta investigação, ele suspeita de que o movimento seja algo que tenha a condição de transladar o tempo para frente, e com isso é derrubada a ideia de que o tempo seja o movimento, pois neste caso o tempo seria um “meio de transporte” que o tempo utiliza para caminhar para frente, se o tempo fosse o movimento, o tempo deveria parar caso o movimento tivesse uma pausa.

Contudo, Plotino com este pensamento desconsidera a hipótese de que o tempo seja o número que mede, para ele, o tempo não pode ser o número numerado e tampouco o numerante 38. Plotino também examina a ideia de que o tempo é a medida do passado e do futuro, e consequentemente, abre o caminho para que seja possível analisar o tempo como atemporal. Plotino também discorre sobre a divisão do tempo, para ele o agora é o divisor do tempo em passado e futuro. A contrapartida desse movimento é de estar imóvel, sem existência de vida, o repouso e o movimento neste caso não são vistos como algo contraditório, pois o Uno tem o seu movimento, porém, este movimento não percorre para fora de si, e sim percorre numa espécie de vida plena que sempre está puramente vigilando, e como nada ousa tirar algo de si, o Uno acaba se mantendo e com isso temos o repouso.

A inteligência, para Plotino, é adjacente ao Uno, é uma vida que existe de modo verdadeiro na medida em que este esteja em contemplação ao Uno44, e com isso, a inteligência acaba sendo o movimento, porém, na medida em que este esteja em contémplação ao Uno, a inteligência neste exercício conservar-se-á em si mesmo e para si mesmo para fins de se conservar em estado de repouso. Com efeito, Plotino quer dizer que a Alma possui em si o movimento mais perfeito, só a Alma pode medir o tempo em vista de ela possuir um movimento perfeito, o movimento da alma é o próprio tempo45. Contudo, Plotino não se contenta apenas com essa resposta, ele começa a procurar entender outras respostas em torno do tempo, e por esta razão, Plotino começa investigar o tempo para fora do primeiro movimento que consiste a alma.

Segundo Plotino, a Alma possui uma inteligência em vista de ela ter tido contato com as imagens no mundo inteligível, e sendo assim, percebe que as imagens que são movidas são imagens que foram anteriormente concebidas no mundo inteligível, e que estas imagens estão sempre em estado presente, logo, Plotino descobre que a Eternidade é um atributo da inteligência e dos inteligíveis46. Neste sentido, Plotino define o tempo como o movimento da alma, capaz de desejar contemplar a plenitude. O tempo foi uma discussão muito vasta e cara para a filosofia antiga, essa discussão tende ir mais além na Filosofia Medieval. Agostinho de Hipona, no livro XI das Confissões, mergulha em uma profunda reflexão com o objetivo de explicar a finalidade da existência do tempo para o homem.

Neste estudo, Agostinho enfrenta inúmeras problemáticas, tal como; que é, pois, o tempo? Por que, por quem e para quem o tempo foi criado? Como medimos os tempos? O tempo é o número ou é o movimento? Essas e outras questões é que serão analisadas e respondidas no capitulo a seguir. Antes, porém, para melhor entender essas questões, vejamos em que consiste a filosofia de Agostinho, em que consiste de modo geral a filosofia de Agostinho e a sua relação com a alma. O pensamento agostiniano foi também fortemente marcado por sua referência primordial e radical á doutrina do maniqueísmo, dedicando-se no primeiro momento de sua vida a defendê-la, e posteriormente após sua conversão, dedicou-se a criticá-la fortemente com argumentos sólidos, teóricos e radicais.

Agostinho contudo, passa a sua vida a lutar contra as heresias dos Donatistas e dos Pelagianos, a sua maior preocupação era de solucionar o problema do Mal e de buscar uma reformulação teórica racional para o problema do pecado original. A filosofia agostiniana é estritamente identificada como uma filosofia do homem. O filosofar é antes de mais nada um verdadeiro encontro consigo mesmo, em outras palavras, o filosofar em Agostinho é retroceder ao antigo “gnomai seauton” (que é traduzido por “Conhece a ti mesmo”). A filosofia Agostiniana é marcada por sua constante busca da Verdade e do conhecimento na própria interioridade do homem. Para este filósofo, a existência da alma é uma evidência e sobre ela não cabe nenhum questionamento. Agostinho, em sua obra “De quantitate animae, ” procura construir uma longa abordagem explicativa sobre a capacidade da alma em apreender os objetos que são completamente incorpóreos e extensos.

Para Santo Agostinho, a alma é criada por Deus e contém substância própria, contudo, essa substância não se encontra no quadro dos quatros elementos, pois todavia, caso fosse uma substância elementar, certamente a alma seria uma extensão muito mais extensa que ela mesma. Agostinho procura afirmar na mesma obra, que a alma jamais poder por ventura ser imaginada como algo quantitativo, seja no que se refere a localização ou na corporeidade. A alma tem a potência admirável da inteligência e da memória, todavia, não é corpo e por não ser corpo, a alma é superior ao corpo e por esta razão tem poder sobre o mesmo, isto é, a alma pode contudo, mover todos os órgãos e membros do corpo igual um eixo-motor, que frisa sempre determinar todas as ações corporais.

Para Santo Agostinho, Deus criou o Universo sem a necessidade da existência da matéria prima, pois Deus, pode criar qualquer coisa por intermédio do nada, isto é, Deus não fazia nada antes da criação do céu e da terra para fins de criá-los por meio do nada. Em outras palavras a criação em Agostinho é realizada por Deus por intermédio do nada. Deus criou o Céu e a Terra do nada. Em Santo Agostinho, o homem foi criado por Deus, porém, Deus ao criar o homem não o quis criá-lo na eternidade para não igualá-lo nas mesmas condições atribuídas a Ele, somente Deus é perfeito e somente ele é eterno, o homem contudo, foi criado por Deus no tempo.

Agostinho de Hipona, todavia, entende que não há possibilidade de existir o tempo sem a criação do universo, porque para o bispo de Hipona, Deus é o criador de todas as coisas, incluindo o tempo. Contudo, Agostinho fica inquieto ao refletir sobre a criação do céu e da terra, e tenta então abordar a necessidade da presença da vontade de Deus para que fosse possível existir qualquer tipo de criação. Segundo ele, a vontade de Deus não é uma criatura, e que Deus já existia antes de qualquer existência de criação, mas tudo o que já existe, primeiramente antes de existir, passou pela vontade do Criador. Esta vontade divina, pertence a própria substância de Deus. Porém, em se tratando de substância de Deus, surge um pequeno problema: caso queiramos admitir que algo surgiu na substância de Deus sem que antes tenha existido, estaremos, no entanto, nos implicando a chamar a esta substância de Eterna.

No entanto, se é verdade de que toda criação feita por Deus é eterna, então por qual razão o tempo e o mundo não são obras eternas? É com esta indagação que o tópico seguinte pretende desenvolver uma análise sobre as medidas e as divisões do tempo. Aceitar que o tempo é uma criação de Deus é também aceitar que o tempo não existia antes de ser criado, e que Deus não é o tempo em que se precede os tempos, caso contrário o ser Supremo não poderia ser anterior a todos os tempos passados e presentes. Para o Santo, Deus é o Ser que precede todo passado, sabe do futuro e ainda vive a eternidade no presente. Os anos para Deus não morrem em virtude de sempre Ele viver no eterno presente; todos os anos na eternidade são parados em virtude de estarem fixos e, com isso, para a chegada de um ano não se necessita expulsar outro ano para passar a existir, enquanto que para as criaturas da terra que estão no tempo, a existência de um ano só pode acontecer com a morte de outro ano, portanto, só podemos dizer que todos os anos existem a partir do momento em que todos os anos passem a existir.

Com toda esta abordagem do tempo e da eternidade como obra criada por Deus, Agostinho procura então se questionar sobre o que seria o tempo? O filósofo, então, responde esta questão da seguinte maneira; “Se ninguém me perguntar, eu sei o que é o tempo, mas se alguém me perguntar, então já não sei mais o que poderia ser este tal tempo. ”80 Esta resposta é uma resposta que causa muita polêmica na tentativa de dar um significado ao tempo por meio de fórmulas de pensamento racional e tradicional, pois o que se percebe é que o tempo não deixa ser explicado por meio de palavras. Do mesmo modo dizemos que o tempo futuro é “longo”, se é posterior ao presente também cem anos. Chamamos “breve” ao passado, se dizemos por exemplo, “há dez dias”; e ao futuro, se dizemos “ daqui dez dias.

Conforme citação acima, Agostinho entende que o tempo só poder ser dado como breve ou longo por intermédio do passado e do futuro. Portanto, Agostinho indaga: como pode ser possível medir algo por meio de uma coisa que ainda não existe ou que deixou de existir? Como pode o passado ou o futuro ser breve ou longo se ambos não existem? Em Santo Agostinho o passado já não pode existir em virtude de ele não ser, e o futuro não pode existir em virtude de ele ainda não ter chegado, e desta maneira o passado e o futuro não podem ser ditos como longo ou breve e sim deve ser considerado como um tempo que foi breve ou longo ou que será longo ou breve.

No entanto, Agostinho não esclarece essa afirmação de forma concisa, pois afinal o tempo longo passado, poderá ser longo caso já tenha sido todo passado ou que tenha sido longo a partir do momento em que era presente. Se estamos no segundo ano, temos, portanto, um ano que se encontra no passado, um ano presente e 98 anos pelo futuro, e sendo assim não temos 100 anos presentes, pois para que exista todos os 100 anos, um ano sempre terá que deixar de existir para dar espaço ao outro vindouro, e como o passado já não existe e o futuro tampouco ainda existe, logo 100 anos não podem ser medido pois eles não podem existir todos em um único momento presente. Com efeito, Agostinho procura também examinar a hipótese de que um ano seja todo presente para que possa então medi-lo e afirmar que o ano foi longo.

Entretanto, se o primeiro mês está percorrendo, os outros ainda não existem, pois são futuros. Se percorremos o segundo mês, temos, portanto, um mês que já passou, um mês em decorrência e o restante no futuro e sendo assim o ano em decorrência também não pode ser medido pois nem ele existe de maneira presente em seu todo. Em Santo Agostinho, nem sequer um dia, uma hora, um minuto ou um segundo sequer pode existir inteiramente todo presente, pois caso exista, este se dividiria em passado e futuro. Entretanto, Agostinho fica angustiado em não conseguir compreender como é possível medir os intervalos e não ser possível medir o tempo em que já se passou no mesmo método da sensibilidade.

Agostinho então se questiona; como poderia medir os tempos que já se passaram e que, no entanto, já não existe? Como medir um tempo que não se permite estar todo presente? Como medir aquele que ainda não existe? Será que seria possível medir algo em que não existe?93 O tempo ao percorrer, torna possível a sua percepção e a sua medição, mas quando este se encontrar em estado já decorrido, não poderá mais nem medi-lo e nem ter sua percepção, pois todavia este tempo já deixou de existir. O tempo não pode ser compreendido como uma simples sucessão de instantes separados, é, todavia, um contínuo e indivisível. Talvez o tempo não se permita ser analisado e compreendido por intermédio do antes e do depois e sim pode ser entendido por intermédio de sua contínua síntese.

Todavia, a investigação sobre o tempo em Agostinho acaba sendo cada vez mais um importante problema em função de sua definição como tal. O pretérito e o futuro só podem existir no presente, pois mesmo que a memória tenha a capacidade de revelar os fatos verdadeiros já ocorridos, estes são trazidos pela linguagem que anteriormente foram instigadas por uma ou mais imagens instaladas na memória. Segundo Santo Agostinho, os acontecimentos que percorrem no tempo presente, automaticamente passam pela linguagem, pelas imagens, pelos sentidos e são gravados no espírito em forma de vestígios. Como exemplo, Agostinho introduz em seu estudo o exemplo da infância, para ele, a infância de um homem adulto já não existe de modo presente e sim existe no pretérito que por sua vez este já não existe, todavia, a imagem da infância existe na medida em que é invocada, ao invocar a imagem, esta torna-se um objeto descritivo e permite sua visualização no tempo presente, pois a imagem ainda se encontra viva na memória.

O conceito de memória e do espírito na filosofia do tempo em Agostinho. O conceito de memória é uma das reflexões mais importantes na filosofia agostiniana. Com efeito, Agostinho, no entanto, procura descobrir se por acaso o espírito pode ser concebido por memória, pois tanto o espírito como a memória se identificam e se equivalem na medida em que ambos têm como função de conservar as imagens, informações e fatos ocorridos no tempo em que já se passou. Com efeito, Agostinho fica inquieto perante a ideia de que no espírito haja alegria e na memória o sentimento de tristeza. Será por ventura que a memória não se entristece pelo fato de guardar lembranças deprimidas ocorridas no passado? Esta incógnita se torna difícil de ser resolvida em vista da hipótese de que a memória faz parte da essência da alma.

Contudo, aqui existe uma dicotomia entre o sentimento que o espírito degusta no presente ou no passado e a memória que procura fazer o mesmo sentimento ressurgir e repetir na mesma densidade vivida sem ao menos respeitar o estado de ânimo do homem. Agostinho neste sentido, introduz a famosa metáfora do estômago ou ventre, para ele, a memória é definida até um certo ponto, como o ventre ou o estômago do espírito, sendo que a tristeza e a alegria são consideradas por ele como alimentos que ora degustados como um alimento doce e ora degustados como um alimento amargo. As divisões dos tempos no tempo presente. Vejamos primeiramente o que fala Agostinho sobre as profecias, o autor das Confissões continua sua investigação sobre o tempo, interrogando desta vez as profecias feitas pelos profetas em relação ao futuro.

Segundo seu pensamento, como poderia ser possível adivinhar coisas que, todavia, ainda não existem? Que causa ou método é usado pelos profetas para prever as coisas futuras não existentes? Como apresentar ao espírito e a memória imagens de coisas que ainda não existem? Agostinho, no entanto, admite a possibilidade de premeditar as ações futuras e que esta premeditação é realizada no tempo presente, e que esta ação que é premeditada ainda não existe por se encontrar no futuro. Para o filósofo, esta ação premeditada já aconteceu em tempos presentes. O tempo futuro para Agostinho não é possível ser premeditado, pois os acontecimentos ainda não existem, por outro lado, algumas ações do tempo futuro podem serem premeditadas em virtude destas ações já terem ocorrido em tempo presente, portanto estas ações já não são mais ações futuras e sim são ações já presentes.

As imagens gravadas nas cavernas da memória tornam-se presentes na medida em que são invocadas pelo próprio homem, essas imagens não existem por morarem no passado que já não é, porém elas passam a existir na medida em que são invocadas por meio da memória e do espírito no tempo presente. Na medida em que vamos percebendo o presente de forma aqui e agora, podemos dizer que estamos vivendo um presente do presente, é um presente que apenas existe no aqui e agora, enquanto que o futuro existe em virtude da expectação que existe na alma, é a esperança que o indivíduo tem de que o amanhã possa vir, é o que Agostinho afirma existir um futuro-presente, e não apenas um futuro.

O presente futuro existe, em virtude das imagens já terem acontecidos no presente e de passarem a morar no passado que já não é mais. Agostinho e a medida dos tempos. Assim, como já foi abordado anteriormente, neste estudo, Agostinho compreende que o tempo e suas divisões são medidos no ponto que torna possível dizer que tal tempo é o dobro ou o triplo daquele outro tempo. Para Étiene Gilson, o indivisível não pode ser mais breve ou mais longo do que já é, e desta maneira é muito difícil falar de um tempo que seja mais breve ou mais longo, pois o que é longo é longo e o que é breve é breve. No entanto, para Santo Agostinho o tempo é medido, mas ele não consegue entender como é medido a duração de um tempo passado, de um tempo futuro que ainda não existe e de um presente que é sempre instantâneo.

Para tentar resolver este enigma, Agostinho procura examinar o tempo como identidade do movimento. Primeiramente Agostinho questiona e rejeita a hipótese dada pelos filósofos antigos, que o tempo é concebido como o movimento do sol. Segundo ele, o movimento do sol não pode afetar a existência do tempo em vista que seria absurdo pensar que o tempo pudesse ser medido apenas pelo movimento solar, deixando de ser medido por outros astros que por sua vez, existe neles o movimento. Agostinho também descarta a hipótese de que a duração seja a condição de que haja dia na Terra, pois o dia poderia não existir caso o intervalo de um nascimento ao outro do sol durasse somente uma hora. Neste caso, o sol teria que completar vinte e quatro voltas para conceder um dia a Terra.

Agostinho Também não aceita a ideia de que o dia seja composto pela junção de duração e movimento da rotação do Sol, pois neste caso, o dia não poderá ser chamado de dia nem se o Sol completasse seu movimento em uma hora e nem que o Sol permaneça parado por um tempo para que o presente possa percorrer o percurso de um amanhã ao outro. Com esta análise, Agostinho deixa de lado a busca da consistência daquilo que forma o dia para fins de buscar a definição de tempo, pois para Agostinho, somente a definição sobre o que é o tempo é que poderá explicar a maneira com que se mede os tempos. Agostinho chega a conclusão, de que o tempo não pode ser definido ou medido pelo movimento, pois o movimento depende do tempo para ser medido, para Agostinho, não é possível medir o movimento fora do tempo.

Contudo, Agostinho entende que mesmo que seja possível medir um poema, a duração dos pés e as sílabas, isso não permite chegar à medida certa para o tempo, pois um verso pode tanto ser ressoado em um espaço de tempo maior como em um espaço de tempo menor que o outro, mesmo que um verso seja de tamanho menor, ao ser ressoado, este pode sofrer variações de espaços de tempo ao ser pronunciado, a pronúncia pode ser de modo lento ou de modo longo. Essa observação de Agostinho também é válida aos poemas, aos pés e as sílabas. Através das investigações com o objetivo de descobrir a maneira com que se medem os tempos, Agostinho infere no capitulo 26, parágrafo 33, que o tempo não pode ser outra coisa senão uma distensão da própria alma.

Portanto, é com o espírito (Animus) que se mede o tempo. Segundo Étienne Gilson, em vista de Agostinho querer buscar uma compreensão sobre a relação do permanente com o transitório, quis ele diante deste enigma, recorrer a uma metáfora e propôs definir o tempo como uma espécie de distensão da alma. Deve-se, portanto, calcular a duração e medir a vibração da voz de maneira imediata, Contudo, Agostinho demonstra através de sua análise, que só é permitido medir algo em que possua começo e fim, logo, só será possível medir o som da voz ressoada se começar a medir desde a vibração inicial até a vibração final determinada, pois segundo ele, todos os intervalos também devem ser medidos, desde seu início até seu fim.

Por esta razão, a voz que não teve ainda seu fenecimento, não possui ainda espaço para ser suscetível de ser medido de maneira que possa ser balizado sua longa ou curta duração. Deste modo, também não pode ter a confirmação de que uma voz é igual a outra, ou que sua relação é composta ou singular, nem se pode atribuir uma diferença de proporção. Ao cessar a vibração da voz, esta perde sua total existência, o que implica a não comensuração da voz vibrada. Contudo, Agostinho continua investigando a medida do tempo, ele compreende que o tempo pode ser medido, mas também entende que não existe maneira que se possa medir algo em que não tenha ainda sua existência ou que de repente deixou de existir, também não é possível tirar a comensuração de algo em que não possua durabilidade em si, assim como, também não há como medir algo em que não tenha um limite traçado entre o princípio, o meio e o fim.

Portanto, conforme já avançamos mais acima, o tempo é medido pelo espírito. Animus). Somente no espírito é que existe possibilidade de medir os tempos, é na memória que podem mensurar a impressão das coisas gravadas, mas é no espírito que podem comensurar as coisas em que se passara. Com efeito, a impressão possui em si um poder grande de persuasão em sua permanência, mesmo que a coisas tenham sido passadas, a impressão tem o poder de conservar as coisas vivas em algum lugar do campo memorial do homem. No espírito é possível medir a impressão no tempo presente. Este tópico terá como ponto de partida pensadores como o próprio Santo Agostinho e alguns comentadores de grande importância para o estudo da filosofia agostiniana.

O ESPÍRITO E O TEMPO 2. A origem do tempo segundo Plotino e Agostinho Segundo Rogério Miranda de Almeida, Agostinho quer pela intenção dar significado sobre a unificação ou concentração da alma em si mesma com o objetivo de concentrar sua atenção ou de aprofundar seu pensamento em Deus. Neste propósito, Agostinho se coloca a distensão, que é afastar-se desta dimensão, na medida em que o pensamento venha a flanar, divagar, na dispersão do campo diverso das possibilidades da imaginação. O conceito de extensão que remete ao processo, no qual a alma se estende, busca desmembrar-se a marcha sob o foco de direção a Deus ou ao Uno. E desta maneira formou-se o futuro como algo novo, o futuro nunca poderá ser velho igual o passado, assim como o passado não poderá nunca ser novo ou mais novo do que o futuro.

E através da movimentação desses pontos, é que então foi gerado o tempo no conceito de Plotino. Segundo Plotino, na interpretação de Rogério Miranda de Almeida, o mundo sensível foi gerado e produzido pela alma. A alma também é responsável por revelar as coisas do mundo inteligível ao mundo sensível. Nesta perspectiva, a alma possui e sempre possuirá em si duas oportunidades de escolha, a alma sempre será livre para decidir perante as possibilidades de escolha, sempre haverá no mínimo duas oportunidades em que a alma terá que decidir e escolher por ato voluntário. Esta visão guardara mais de uma coincidência com o que desenvolveram Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. A lembrança, a atenção e a expectação.

Todavia, a questão do tempo em Agostinho ainda não foi totalmente resolvida, mesmo que o tempo seja interpretado como uma extensão do espírito, ainda permanece no ar a seguinte questão abordada pelo próprio escritor das Confissões: “ Mas como diminui ou se consome o futuro, se ainda não existe? Ou como cresce o pretérito, que já não existe, a não ser pelo motivo de três coisas se nos depararem no espírito onde isto se realiza; expectação, atenção e memória? ”169 Segundo Agostinho, na interpretação de Étienne Gilson, as coexistências das três dimensões temporais tornam possível sua existência em virtude da existência da alma, em outras palavras, passado, presente e futuro só podem existir para a alma.

Para conceber a existência do presente na alma, há a necessidade de que se possa representar em uma atenção, o presente da alma. Esta atenção prestada no presente da alma, deve, portanto, direcioná-la à recordação, tudo aquilo que deixou de ser, deve direcionar concomitantemente ao campo memorial de lembranças. Todas as coisas em que se passaram, encontram-se registradas e guardadas na alma. Na alma existe a memória das coisas em que já se passaram, nela habita todas as recordações vividas em tempos presentes. No entanto, existe uma duração perdurante que por meio dela torna-se acessível a retirada das coisas em que era presente. O passado não pode ser dado como um tempo curto ou longo em virtude de não ter ele a existência, o que é medido é a extensão do cumprimento da lembrança.

Como afirma Agostinho: “ Nem é longo o tempo passado porque não existe, mas o pretérito longo outra coisa não é senão a longa lembrança do passado”. Com efeito, a atenção ao estar em estado presente, busca abrir uma porta para fins de que aquilo que era futuro possa se tornar passado. Na medida em que o fim do hino se aproxima, começa a se alongar a memória e abreviar a expectação do futuro. Ao terminar de recitar o hino, este já não possui mais o futuro, nem presente, a ação prestada ao hino é consumida e passa a habitar sob o domínio da memória. O conceito de tempo elaborado por Santo Agostinho é um conceito de cunho metafísico e psicológico, mesmo que ele não tenha desprezado o conceito de tempo como algo físico, a sua maior atenção é voltada ao sentido psicológico e filosófico.

No sentido psicológico, Agostinho enfatiza o mérito em suas descobertas. O escritor das Confissões inicia uma investigação em torno do tempo e da eternidade, ele chega à conclusão de que o Uno é aquele que vive a saborear as coisas eternas, afirma que a eternidade em que mora o Ser transcendente, é uma eternidade incorruptível com o mundo temporal. A eternidade é entendida como algo em que nada passa por se tratar de algo todo presente. Na eternidade não podem existir passado e futuro, pois esses elementos pertencem apenas ao tempo, a eternidade é composta apenas pelo presente, ao contrário do tempo que existe um constante movimento em que tudo se encontra em estado de passagem. Em virtude desta questão, Agostinho salienta que não há como existir um tempo todo presente, se o tempo é um todo presente, perdemos a existência do tempo e passamos para a eternidade, mas se há a passagem das coisas futuras ao passado, logo não temos a eternidade e sim temos o tempo.

Tanto a eternidade como o tempo, Agostinho considera que ambos foram criados por Deus, para ele o tempo é uma irrupção da eternidade. Agostinho também não concorda com a ideia de que exista um todo presente em vista de que o tempo para ser tempo precisa ter o presente que permaneça sempre virando passado. Agostinho articula a teoria de que existe um passado presente, um presente do presente e um futuro presente. Segundo ele, o passado presente existe em virtude de sempre recordar os fatos passados por intermédio da memória em tempo presente. O presente do presente existe na medida em que existe a extensão, o presente sempre é estendido e é este estendido que torna a ser um presente no presente, enquanto que o futuro presente, existe na medida em que é colocado no presente a expectativa de que os fatos do futuro vão ocorrer.

Agostinho afirma que o futuro não pode ser previsto em vista de ele não ter chegado, mas ele acredita que é possível prever algo que ainda não chegou, mas que por sua vez de alguma maneira já ocorreu em tempo presente. Ao querer medir o tempo, o sujeito se depara no espírito em três coisas fundamentais que se realiza em si: expectação, atenção e memória. Tudo o que o espírito espera, deve passar pelo domínio da atenção para depois passar para o domínio memorial. Agostinho em torno de sua longa abordagem em relação ao tempo, quer distinguir o tempo em duas distensões: tempo do mundo e tempo da alma. O tempo do mundo, é o tempo do relógio onde tudo transita, tudo passa, nele não há nem passado e nem futuro, apenas existe um presente instantâneo, onde tudo se encontra em estado de passagem.

Enquanto que o tempo da alma é aquele onde existe o passado, o presente e o futuro, esse tempo não é universal e sim particular, passado, presente e futuro existem apenas para a alma, cabe a cada um vivenciar e medir o tempo conforme a atenção dada ao próprio espírito. São Paulo: Nova Cultura, 1999. Col. Os Pensadores) AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus, 1997. GILSON, Étienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. ª ed. São Paulo: Paulus, 2007. LIMA VAZ, Henrique Claudio de. San Agustín: assombro ante el enigma de la propia existência, in: Pensamiento, 200, vol. nº 214, pp. PLATÃO, Diálogos, 2ª ed. Portugal: Europa América, 1999. PLATÃO, Timeu e Crítias, 1ª ed. REIS, José. O tempo em Plotino. Revista filosófica de Coimbra, Editora Universidade de Coimbra, vol.

N° 12. Outubro de 1997. saavedrafajardo. org/Archivos/Coimbra/14/Coimbra14-04. pdf> Acesso em 09/04/2016.

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