DE JOÃO GOULART A COMISSÃO DA VERDADE: MARCOS PRESENTES NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Estatística

Documento 1

O termo “golpe” não é utilizado por muitos brasileiros, porque tal expressão pressupõe algo ruim, por isso muitos se referem a esse marco histórico como “revolução”, já que os militares estavam ali para nos proteger de uma “ameaça eminente do comunismo”. Não é à toa que esse discurso tenha tido muito peso durante o ano do impeachment da presidenta eleita democraticamente Dilma Rousseff. A esquerda representada pelo PT sendo demonizada e identificada como um mal para a sociedade, sendo ela o motivo da corrupção no país e com um plano de tornar o Brasil em Cuba (mesmo discurso utilizado em passeatas pró-golpe de 1964 pelo setor conservador católico). Tais discursos já eram pronunciados nas manifestações de 2013 encabeçados por uma juventude que não era acostumada a se manifestar, mas quando estavam nas ruas, apareciam nos jornais.

Essa juventude é descrita por Marina Amaral no seguinte trecho: "Os novos integrantes, logo apelidados de “coxinhas” pela juventude de esquerda, repudiavam as bandeiras vermelhas a pretexto de impedir a “partidarização” do movimento, e assumiam o verde-amarelo “de todos os brasileiros”. Uma das lutas de Jango foi pelo retorno do presidencialismo, já que a adoção do parlamentarismo apressado lhe tirou alguns poderes. Quando finalmente conseguiu a vitória e assumiu seu cargo de presidente no início de 1963, Jango quis implantar as reformas de base, dentre elas a reforma agrária, que para ele, eram consideradas indispensáveis para o Brasil. Tais reformas alteravam estruturas sociais, econômicas e políticas no país, dessa forma desagradando principalmente os setores conservadores. Nos dias atuais a história de Jango não é vista como algo positivo e nem sua memória cultivada como esclarece Carlos Fico no seguinte trecho: “Certamente podemos afirmar que, entre os analistas em geral, prevalece uma leitura negativa sobre a atuação de Goulart, pois os pronunciamentos condenatórios são abundantes, encontráveis em memórias, biografias de contemporâneos, entrevistas, etc.

Mas talvez seja ainda mais acertado falarmos de um personagem esquecido, porque, embora João Goulart tenha vivido um dos episódios mais dramáticos da história recente do país, sua memória não é muito cultivada (positiva ou negativamente), ao contrário do que acontece com outros presidentes brasileiros como Vargas, Jânio ou JK. Durante 1969 e 1974 o país passou por um momento chamado de Milagre econômico Brasileiro, ou seja, um considerável crescimento econômico. “Uma inabalável fé no progresso do país contagiou segmentos expressivos da sociedade. ” (CORDEIRO, 2009, pg. Neste período houve fortes investimentos em propagandas e manipulação por parte do Estado na tentativa de criar uma identidade nacional entre diversos setores da sociedade e o regime. Não obstante, o regime já havia implantado o Ato Institucional nº 5 e cada vez mais o governo reprimia e censurava quem fosse contrário ao governo.

Como consequência dessa articulação político/social, acarretaram alterações no âmbito nacional desarticulando as bases de apoio do governo militar. Apesar de mobilizações no âmbito político e social a transição política para a democracia foi desenvolvida através de pactos e alianças que criaram, sem dúvida, um espaço político novo, mas que passou por cima dos abusos perpetrados durante a ditadura (ARAUJO, 2009). Esses fatores são explícitos no seguinte trecho: "Além de materializar o enorme descontentamento de amplas camadas sociais em relação à situação econômica e política, a intensificação dos protestos sociais funcionou como um mecanismo de pressão sobre os políticos profissionais em todos os partidos, que se tornavam mais sensíveis diante das pressões da opinião pública, e mais autônomos diante das orientações do núcleo do regime no contexto da abertura política.

KUGELMAS e SALLUM, apud BERTONCELO, 2009, pg. Antes da criação da Comissão da Verdade no Brasil em 2012, “os países da América Latina, saindo de ditaduras, tinham experimentados outras formas de apuração de verdade: os relatórios que ficaram conhecidos como “Nunca Mais” “. In: AARÃO REIS, Daniel; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A ditadura que mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964. p. AMARAL, Marina “Jabuti não sobe em árvore: como o MBL se tornou líder das manifestações pelo impeachment”, em Ivana Jinkings, Kim Doria e Murilo Cleto (orgs. Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil. ‘“Eu quero votar para presidente”: uma análise sobre a campanha das diretas” In Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n.

p. CORDEIRO, Janaina Martins. “Anos de chumbo ou anos de ouro? A memória social sobre o governo Médici”. In Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. O populismo e sua história. Debate e crítica. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 2013, pp.

100 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download