Revolução Mexicana

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Religião

Documento 1

Abstract The present article in question aims to analyze, mainly, two central figures for the Mexican Revolution, Emiliano Zapata and Pancho Villa, and how they become a symbol of an ideal of claiming the rights of the Mexican lower classes. Thus, we will seek to understand further how the muralist movement emerged and how it became a mechanism of social reconfiguration, having reverberations to the present day. Keywords: Peasants, Mexican Revolution, Emiliano Zapata, Mural Movement, Diego Rivera. INTRODUÇÃO Quando citamos a situação da América Latina no século XIX, dificilmente deixamos a margem toda a belicosidade que o povo mexicano, em sua maioria, adquiriu ao decorrer de sua história. Esse artigo abordará algumas nuances e alguns casos mais acentuados em que é perceptível todos os esforços desses cidadãos na busca por uma sociedade mais igualitária.

Com a entrada de Porfírio Diaz na presidência em 1876, inaugura-se o que ficou conhecido na literatura como “O Porfiriato” devido a modernização e o rápido desenvolvimento econômico em que o país se deparou. Porfírio passa a incentivar as atividades industriais, a agricultura e a mineração, favorecendo os grandes proprietários rurais em detrimento de muitos camponeses e artesãos, resultando na proletarização dos trabalhadores por conta do estabelecimento gradual do sistema capitalista. E, como resultado, inicia-se um grande aumento no processo de fragmentação das terras camponesas. O mesmo também busca em um primeiro momento investir em educação, ampliação de estradas, ferrovias e uma certa reconciliação com a Igreja, resultando na nomeação de construtor do México moderno.

Porém, concomitantemente, ocorre a desestruturação de muitas comunidades camponeses e indígenas conhecidas como “ejidos”, confiscando tais terras e entregando-as para a burguesia industrial local e americana. É visível um projeto de nação no qual ambos os grupos idealizam uma comunidade imaginada de formas opostas, onde uma única comunidade passa a ser imaginada por dois grupos distintos devido as diferenças socioeconômicas que caracterizavam cada região mexicana e, com isso, resultou em distintas posturas político-ideológicas, perpassando essa dualidade até os dias atuais. Portanto, a luz dessas concepções de nação distintas que se torna um fator primordial para o acontecimento da revolução mexicana posteriormente, devemos nos atentar para além dessa gradual mudança de visão acerca de Porfírio Diaz que passa a sofrer cada vez mais reivindicações, e dar enfoque também para o impasse perpetuado a cerca de um século baseado na ideia de que a elite criolla é vista como a detentora de grandes privilégios e, consequentemente, explora os setores da mais indefesos da sociedade (campesinos, indígenas e mestiços).

Com o fortalecimento da oposição à ditadura porfirista, figuras importantes como Francisco Madero começam a se contrapor no campo da política, a priori, contra as investidas do presidente que estava a 20 anos no poder e buscava sua oitava reeleição. Porém, após sofrer perseguições ordenada por Porfírio e ao observar a reeleição do mesmo, Madero convoca um levantamento em armas contra a ditadura vigente denominado de Plano de San Luis, em 20 de novembro de 1910 buscando eleições democráticas, restituição dos ejidos e também modificar o panorama social do México que detém todo um legado de exploração oriundo do século XVI. Culminando na deposição do presidente, no início da Revolução Mexicana e na eleição de Madero no ano seguinte.

A expropriação das grandes fazendas, a cobrança de impostos forçados das companhias mineiras estadunidenses e a pressão sobre os banqueiros que visam ao financiamento de seu exército, mas também à distribuição de bens víveres a toda uma população faminta. Para Villa, diz Paco Ignacio, é chegada a hora dos pobres, que agora a revolta terá que enfrentar, sem titubeios, os grandes fazendeiros e os militares. ”‡ Com base nos seus esforços, surge a força militar mais importante da revolução mexicana, a Divisão do Norte, o exército popular que derrotaria as tropas de Huerta e implantaria mudanças significativas nos locais onde governaria. Congregado por indígenas que já eram mais inseridos no mundo moderno, sendo de certo modo mais nômades e menos agrupados, ao contrário do que é visto no exército zapatista do Sul, no qual seus indígenas foram menos influenciados pela modernização de estradas e indústrias implantadas ao decorrer do governo porfirista.

Sendo assim, ambos os exércitos se tornam o epicentro da luta campesina além do fato de que ao longo da revolução, Villa e Zapata em tese, passam a governar o Norte e o Sul de forma paralela ao poder central, influenciando cada vez mais camponeses a unirem-se as suas lutas. Propiciando, paralelamente, em manifestações populares tendo em vista o Movimento Muralista. Movimento Muralista Diante da Revolução Mexicana que possuía propósitos sociais e políticos bem evidentes em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, se opondo a velha política aristocrática que perdurava a séculos no poder. Ao transcorrer desse acontecimento vemos a elaboração e a construção de nova ordem política e social que exaltava figuras tradicionais mexicanas em oposição a todos aqueles que de certo modo oprimiam as camadas mais populares na cidade do México.

E para a concretização dessa nova ordem que se instaurava, seria necessário que a cultural se renovasse em prol do objetivo de assumir uma postura condizente com as novas convicções que o país buscava para si, como também a sua nova realidade, utilizando as pinturas murais como o principal alicerce para a realização dessa tarefa revolucionaria. Mesmo possuindo influencias europeias como o cubismo, fauvismo e expressionismo, a arte latino-americana e o muralismo mexicano em particular tiveram uma recriação própria a partir da realidade presenciada no momento. Os seus ideais comunistas e a forte comunicação com o povo mexicano refletiam diretamente em todas as produções artísticas, sempre dialogando sobre as questões que assolavam não só o México, mas todo o mundo, sendo elas a desigualdade, a opressão das elites e, consequentemente, as mazelas dos pobres e dos oprimidos.

Logo, é necessário não dissociar os seus trabalhos artísticos a sua realidade cotidiana pois os acontecimentos históricos são os responsáveis pela sua criação. Por conseguinte, preocupado em questões já destacadas, Rivera inicia os esboços para pintar “A epopeia do Povo Mexicano” (1929-1935). O projeto é realizado no centro máximo de poder do México, o Palácio Nacional, se consolidando como a pintura mais representativa para a legitimação do Estado Nacional Revolucionário. Ela constitui-se em três murais que traçam um panorama sobre a história do México desde o período colonial com a chegada dos espanhóis até uma visão do país durante o século XX, vislumbrando um México do futuro. Camponeses, pessoas que lutaram na guerra civil e o operariado situado no topo da pintura.

Portanto, resume grande parte da história mexicana, evidenciando suas lutas contra toda a opressão vivenciada por décadas. Figura 2 - Visão Geral da Parte Central “Da Conquista Espanhola a Revolução Mexicana” no Palácio Nacional - 1935 (Cidade do México, México). Fonte: Flickr. Disponível em:<https://www. com>. Como podemos observar, as pinturas realizadas por Rivera e diversos outros muralistas não são meros trabalhos artísticos, muito menos artes compradas com aval governamental para propagandear e disseminar um ideal político. Segundo Kettenmann (2006, p. “Em nenhuma outra obra a percepção da História pelo artista é expressada de forma tão clara como neste ciclo monumental”. Decorrendo do reflexo das situações vivenciadas pelos artistas, essas ideias iam de encontro dos projetos educacionais de Jose Vasconcelos, secretário de educação pública durante o governo de Alvaro Obregón (19201924), cujas propostas eram de vincular a arte mural a um eficaz trabalho semelhante ao dos missionários espanhóis do século XVI: educar pela imagem, procurando atingir, por meio delas, uma população de 85% de analfabetos.

Além disso, devemos destacar essas pinturas como documentos visuais que remetem a um determinado contexto político em que foram realizadas, carregadas de simbologias intrínsecas a elas. E até hoje possuem uma importância na formação do imaginário mexicano, não só a respeito das lutas em que os cidadãos mexicanos se depararam, mas também diferentes visões e projetos que esses pintores são porta-vozes, estabelecendo uma ligação direta entre o imaginário e o poder central. A função desses espaços públicos, sobretudo os nacionais, articula-se com os conceitos de nação e de identidade nacional, pois eles são produtores de sentidos para a sociedade, porque refletem modelos políticos. Trazem para dentro deles representações de mundo. Portanto, estudar as atividades de pintores muralistas, como Diego Rivera se fez necessário, porque esse movimento interpretou e disseminou os ideais da Revolução Mexicana, promovendo a ideia de uma arte para o povo e ajudando na concretização de um nacionalismo cultural.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Vitória, 2014. Disponível em: <http://portais4. ufes. br/posgrad/teses/tese_5859_jorcy%20disserta%E7%E3o. pdf>. KETTENMANN, Andrea. Rivera. Lisboa: Taschen, 2006. MELLO, Camillo. As representações das lutas de independência no México na ótica do muralismo: Diego Rivera e Juan O'Gorman. p.

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