Florence Nightingale e a enfermagem no Brasil

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Enfermagem

Documento 1

Nesta época, a prática da enfermagem não era vista como um trabalho que deveria ser remunerado, mas como algo que não tinha preço e cuja recompensa não seria dada neste mundo. Portanto, para que a ordem fosse introduzida no ambiente do hospital, foi necessário que o pessoal de enfermagem fosse disciplinado e alvo do treinamento formal proposto por Florence Nightingale. Florence provocou uma revolução no conceito de enfermeira da época, vindo a formar o que hoje denominamos de Enfermagem Moderna. Nesse contexto, Florence proclamou uma identidade profissional singular e simbiótica em termos de rituais e simbologia, disciplina e poder. A administração de hospitais, a formação da enfermeira e a educação em serviço foram, para Florence, a preocupação primordial de todo o seu empreendimento na Enfermagem, de acordo com a sua mais difundida obra, o livro "Notas Sobre Enfermagem: o que é e o que não é", escrita em 1859, traduzida para o português em 1989.

o tédio era tido como causador de sofrimento. Florence acreditava era que tudo que está à volta do sujeito influencia e determina as condições de saúde e recuperação dele, sendo isto de forma a beneficiar essas condições ou prejudicá-las. Ela destaca a importância da água, do ar, da alimentação , arejamento e aquecimento e do regime geral para se alcançar a cura, atendendo ao modelo da época que entendia a doença como um fenômeno da natureza. A primeira regra de enfermagem para Florence e o primeiro e último princípio sobre o qual a atenção da enfermeira deveria fixar-se, sendo essencial para o doente, sem o que todo o restante que possa fazer por ele não terá nenhum valor e com o qual, tudo o mais pode perfeitamente ser esquecido, é este: conservar o ar que ele respira tão puro quanto o ar exterior, sem deixá-lo sentir frio.

O conceito central e mais refletido em seus escritos era a condição do ambiente. Saúde/doença - o foco recai sobre o processo reparador de melhora; 4. Sociedade/ambiente - envolve aquelas condições externas que afetam a vida e o desenvolvimento da pessoa. O foco recai sobre a ventilação, o calor, os odores, os barulhos e a iluminação. Florence Nightingale proveniente de uma abonada e aristocrática família inglesa, esta mulher nasceu em Florença, em 1820, e possuía uma formação e conhecimentos que não eram comuns nem mesmo aos homens da época vitoriana em que vivia. Interessava-se por política, pelas pessoas, mas principalmente por instituições de caridade. Desde esta época, tem o desejo de fundar uma escola de Enfermagem em "novas bases".

Em 1854, é deflagrada a guerra da Criméia. O Departamento Médico do Exército Inglês estava despreparado para organizar os serviços de transporte e abastecimento das tropas, o que ocasionou um colapso no atendimento aos soldados feridos na guerra. Em meio à indignação da opinião pública, Florence Nightingale se oferece para o Ministro da Guerra, seu amigo, e vai com mais trinta e oito voluntárias para as frentes de combate em Scutari, onde encontra um hospital com mais de quatro mil feridos. Ali, começa a colocar em prática aquilo que considerava uma "boa enfermagem", preocupando-se com a alimentação adequada dos doentes, a limpeza e ventilação do ambiente, a troca de roupas de cama, a separação entre doentes e feridos, a higiene dos pacientes, sua privacidade e lazer, enfim, com a implantação da ordem no hospital em seus mínimos detalhes.

Um dos fatores que mais contribuiu para a vitória do sistema proposto por Florence Nightingale foi a rigorosa seleção das candidatas. Para garantir que as jovens se mantivessem educadas e que, portanto, fossem preservadas estas condições, as escolas foram dotadas de internatos que garantiam a "elevação moral necessária ao exercício profissional", além de, eu acrescentaria, constituírem mais um poderoso espaço de disciplinamento, através de regras e controles que eram exercidos pelos responsáveis pela escola. As escolas de Enfermagem no Brasil mantiveram internatos em suas sedes até a década de sessenta, os mesmos cumpriram um papel regulador da conduta das enfermeiras e hoje são objeto de inúmeros estudos, pois são vistos como um dos "pilares do projeto de construção da profissão" em nosso país.

Podemos pensar, fazendo uma analogia com o que foi afirmado em relação à educação das crianças, que nestes lugares estariam sendo fabricadas as "almas das enfermeiras". Florence Nightingale destacou-se, sobretudo, pela habilidade em dissecar problemas e desenvolver uma extensa documentação sobre os mesmos, o que marcou o início de sua influência nas reformas da administração médica militar. Penso, também, que o fato de estar vinculada ao trabalho médico permitiu que a enfermeira usufruisse seu prestígio, já que, naquela época, havia no hospital muitos cuidadores que não tinham um reconhecimento profissional. Florence Nightingale, preocupada em organizar uma profissão, vinculou-a a um saber que tinha status, um saber próximo da ciência. O desenvolvimento profissional posterior da enfermagem, representado principalmente pelo ingresso na Universidade e pela preocupação em construir um saber próprio, fazem circular um outro discurso sobre a profissão, a saber, a enfermagem como profissão autônoma e participante, em igualdade de condições, com os demais profissionais da saúde.

Naquela época pouca coisa foi introduzida no saber da enfermagem, já que, no hospital não havia muito espaço para desenvolver qualquer saber, pois o cuidado de enfermagem não era a maior preocupação e sim a disciplina daqueles que prestavam os cuidados. A disciplina tinha a função de legitimar o poder, através da hierarquia hospitalar, para que fosse possível tornar o hospital um espaço de cura. A oposição ao trabalho desta fundação manifestava-se das mais variadas formas, uma vez que as famílias queixavam-se de que as moças deveriam se manter em casa, os intelectuais nacionalistas achavam uma impertinência a sua intromissão, e os políticos de oposição questionavam o modelo de saúde pública que estava sendo implementado.

Sua ação traduzia, na prática, a visão da superioridade anglo-saxônica, pois adotava o modelo americano como paradigma da civilização, que tinha o princípio da eugenia, muito em uso na época, como um de seus pilares. Este refletia um racismo disfarçado, que era evidente nos próprios documentos da época que não cessavam de negar este fato. A Fundação Rockfeller teve papel decisivo na implantação da enfermagem moderna no Brasil, o que se concretizaria através da Missão de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento da Enfermagem no Brasil, também conhecida como "missão Parsons", chefiada pela enfermeira norte-americana Ethel Parsons, composta por enfermeiras que eram símbolos da mulher americana. O marco histórico desta missão foi a criação de um Serviço de Enfermeiras no Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), com a conseqiente criação de uma Escola de Enfermeiras (a escola denominou-se inicialmente Escola de Enfermeiras do DNSP.

A enfermagem brasileira, mesmo tendo sido organizada para atender às necessidades da saúde pública, de acordo com as versões históricas que hoje circulam, foi profundamente influenciada pelo modelo anglo-americano, caracterizado pelo estudo sistemático das doenças e o consequente cuidado ao doente, e, portanto, centrada no ambiente hospitalar. Assim, a enfermeira brasileira foi preparada para "ser coadjuvante da prática médica hospitalar que privilegiava uma ação curativa. O que pode ser argumentado é que a enfermagem, como profissão, se instala no Brasil atrelada às políticas públicas, as quais seguia sem muitos questionamentos, e naquele momento, apesar dos discursos em contrário, essas políticas privilegiavam a assistência hospitalar. Este caráter colaborativo e um tanto acrítico esteve presente também nos Estatutos da ABEn, ali permanecendo por longo tempo, até os anos sessenta, e definia que a Associação tinha como uma das suas finalidades a colaboração na execução dos programas de governo.

Após implementar seus planos, em 1931, a missão norte-americana de enfermeiras terminou e a direção da então Escola Ana Néri passou ao comando de uma enfermeira brasileira, Rachel Haddock Lobo. Isso porque uma missão de enfermeiras americanas, patrocinada pela Fundação Rockfeller, foi trazida ao Brasil, com o objetivo de promover as inovações requeridas pelo Departamento Nacional de Saúde Pública, consideradas necessárias à efetivação da reforma sanitária, liderada por Carlos Chagas, sanitarista renomado, então diretor do departamento. Por isso mesmo, o modelo de ensino de enfermagem implantado no Brasil foi denominado modelo anglo-americano de enfermagem. Quanto à Disciplina Fundamentos de Enfermagem, a qual fazia parte do primeiro período do ciclo de formação do curso - o período preliminar -, esta era considerada base para o ensino das demais disciplinas do currículo.

Seu conteúdo envolvia o ensino de técnicas relativas ao bem-estar do paciente, como banho no leito, o preparo de drogas e soluções, economia hospitalar, entre outros. Referencias Artigo da SciElo da revista brasileira de emfermagem que tem como título Enfermagem moderna: a ordem do cuidado-2006 Artigo da SciElo Escola Anna Nery com título de A teoria ambientalista de florence nightingale no ensino da escola de enfermagem Anna Nery de 2011 Artigo da revista de enfermagem da escola anna nery , com o título 85 ANOS NO ENSINO DA ENFERMAGEM BRASILEIRA.

133 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download