Ética - Breves considerações e relações

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

O Renascimento da Ética – A Idade Moderna. A Ética como Ciência – Contemporaneidade. CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. INTRODUÇÃO Embora os preceitos éticos fossem praticados desde os primórdios da humanidade, a Ética como objecto de estudo e discussão nasceu na Grécia Antiga, da Filosofia e contemporaneamente à Política. A eudaimonia só poderia ser alcançada através da virtuosidade, da conduta recta, da bondade. Todos estes elementos plasmam-se no conceito de ética, que é a base da doutrina socrática, definida como a disposição para praticar o bem, eliminar os desejos hedonistas e racionalização das acções em prol da colectividade. Depreende-se daqui que o indivíduo virtuoso é aquele que age em benefício da comunidade, é o cidadão perfeito. Ou seja, a ética é a busca pela felicidade colectiva, desprezando os sentimentos individuais.

Um pouco diferente da visão socrática é a visão dos sofistas. Sendo todas as formas de governo origens de vícios, o que impede a existência ética do indivíduo e da Pólis, Platão prevê na sua República Ideal uma divisão em três classes: os filósofos, os guerreiros e os artesãos. Os primeiros seriam os governantes, tendo sido educados na ciência do bom governo, pautado pelo consenso e pela legalidade. Os guerreiros ou soldados, seleccionados entre os mais corajosos e obedientes, seriam os guardiões deste sistema. Por fim, os artesãos deveriam prover meios económicos para o sustento do Estado. Os escravos não estavam incluídos nas preocupações da ética platónica, uma vez que eram considerados apenas animais vocais, incapazes de interiorizar as virtudes e a razão.

Para Aristóteles, a convivência racionalizada entre os cidadãos baseia-se na assimilação de três tipos de conhecimentos, componentes da sabedoria voltada para o bem, o belo e o honesto: os conhecimentos teóricos, ou seja, a sistematização em ciência (ética) dos usos e costumes; os conhecimentos produzidos ou normas de orientação necessárias à efectivação da prática, plasmadas nas leis e no Direito; e os conhecimentos práticos, que surgem da observação das orientações do cotidiano que conduzem à maneira justa e saudável da convivência em harmonia com a natureza e com o outro. Ao confrontar as visões platónia e aristotélica, os filósofos romanos criaram a distinção entre a ética, o Direito e a justiça.

Desta forma, convencionou-se que a existência colectiva necessita de regras para efectivar-se. Estas devem ser pautadas na ética e devem respeitar as esferas individuais e colectivas a fim de garantir a harmonia necessária. O Ocaso da Ética – A Idade Média Durante a Idade Média, houve uma alteração da ética, subordinando-a à moral. Os actos dos indivíduos estariam condicionados à natureza humana, que fundamentavase na essência divina e era inclinada à bondade. A isonomia clássica também foi ignorada durante esta época, pois aceitava-se as diferenças sociais e económicas e a desigualdade entre os indivíduos como vontade de Deus. Os menos favorecidos receberiam sua recompensa no paraíso, após a morte. Portanto, quanto maior o sofrimento, maior a felicidade a ser recebida no além.

A ética, portanto, foi relativizada, sendo aplicada somente a um estrato da população, o mais favorecido. Um dos principais filósofos desta época, René Descartes, tem sua concepção filosófica como uma transição entre a Idade Média e a Moderna, pois continua valorizando o papel de Deus como garantia de existência do eu físico e, assim, estabelece a dúvida sobre o “cogito”. A ética racionalista baseou-se na sua “moral provisória”, que prescrevia a obediência às leis e costumes do país e ao mesmo tempo a observância da religião e da fé em Deus. Baruch Spinoza, em sua obra Ethica, publicada em 1677, tratou com mais profundidade as questões éticas. Para ele, a definição do que é bom ou mau tem a ver com as necessidades e interesses humanos e a razão é o elemento capaz de eliminar as paixões, o que permitiria o alcance do prazer e da felicidade.

Este autor também não elimina a ideia do divino, afirmando que o amor a Deus é garantia de virtude, que é a própria felicidade resultante da contemplação da totalidade do universo mental e físico, através da natureza divina, inata. A Revolução Francesa, pautada nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, resgatou as ideias antigas de felicidade em função da isonomia social, além do estabelecimento de um pacto social, desta vez tendo o Estado como garantia da igualdade através da restrição parcial da liberdade individual. Immanuel Kant, representante do iluminismo alemão, afirmou que a ética não deve ser normativa, mas sim guiada pelos preceitos da boa vontade e fixada pela lei moral. Também deve ser racional, isenta da vontade emotiva, dos gostos e desejos particulares.

Desta maneira, a ética selecciona os parâmetros da moral que julga correctos e em concordância com a razão. Desta maneira, a ética torna-se autónoma da moral, tendo esta seus preceitos fixados pela heteronomia. Ao contrário da ética kantiana, nesta corrente de pensamento a intenção não importa, e sim os resultados. Desta maneira, contraria-se os imperativos e os comportamentos são condicionados à sua utilidade aparente, vinculada ao Direito. Friederich Hegel, apesar de considerar a ética como sinónimo de moral, vinculou a vivência ética à política, à sociedade e à história. Para este pensador, o Estado deveria garantir a convivência ética e a felicidade colectiva. Por sua vez, Friedrich Nietzsche, foi quem finalmente tornou a ética em Ciência, completamente independente da religião.

De qualquer maneira, a ética segue como a luz que aponta o caminho da convivência justa, contrapondo-se ao egoísmo surgido dos ambientes competitivos modernos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. ed. Filosofia Política. Para os cursos de Teoria do Estado e Ciência Política, Filosofia e Ciências Sociais. São Paulo: Saraiva, 2012. SOUZA, Francisco Martins. Introdução à Filosofia Política.

648 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download