Antônio Cândido e o impacto social na análise do texto literário Belo Horizonte 2019

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Física

Documento 1

O livro ‘Literatura e Sociedade’ foi publicado em 1965. O enfoque de seu estudo é a as relações entre a arte e o meio social. Desse modo, o autor esclarece nessa obra o sentido da crítica dialética (texto e contexto), que analisa como o elemento externo, social, ao lado do psicológico e do linguístico, dialeticamente, integram-se como forma artística, constituindo a estrutura dos diversos textos literários. O livro é composto por duas partes: a primeira possui três ensaios. Já a segunda, possui cinco. O que importa é que tal abordagem encare a obra literária como um conjunto de fatores sociais que vão atuar na construção da mesma. O fator social irá disponibilizar não só as matérias, mas também demonstrará aquilo que há de essencial na obra enquanto obra de arte.

Deve-se perceber a literatura como um todo que é fruto de um tecido formado por características sociais e históricas distintas e complementares. Entretanto, apontar as dimensões sociais de um livro (referências a lugares, datas, manifestações de determinados grupos sociais presentes na estória, etc. é tarefa de rotina, ou seja, não há uma formação de um caráter sociológico de estudo. Estudo da relação entre a obra e o público (sociologia); 4. Estuda a posição e a função social do escritor, procurando relacionar a sua posição com a natureza da sua produção e ambas com a organização da sociedade; 5. Investiga a função política das obras e dos autores, em geral com intuito ideológico marcado; 6. Investigação hipotética das origens, seja da literatura em geral, seja de determinados gêneros.

Cada tipo de abordagem, como pode-se observar tem um ângulo específico. A arte pode então, ser uma expressão da sociedade, não deixando de se considerar o teor de seu aspecto social, ou seja, o quanto ela está interessada nos problemas sociais. A partir do século XVIII, a literatura passa a ser também um produto social, já que expressa condições de cada civilização em que se forma. Chegou-se até a pensar até que medida a arte expressa a realidade, já que descreve modos de vida e interesses de determinadas classes, não satisfazendo assim uma interpretação plena da sociedade. A análise do conteúdo social de uma obra segue mais como uma afirmação de princípios do que uma hipótese de investigação, já que um desenrolar negativo desta perspectiva de pesquisa sugere a uma condenação destas obras que não corresponderiam aos valores de suas respectivas ideologias.

No geral, a arte é social nos dois sentidos: tanto receptiva quanto expressiva (isto não ocorrendo de maneira tão ativa, muito menos ainda passiva). O autor considera assim, obra, autor e público como os principais elementos que vão possibilitar a comunicação artística. Antônio Cândido analisa de que modo a sociedade vai definir a posição e o papel do artista, como a obra depende de recursos técnicos para expor os valores propostos e, de que maneira se configuram os públicos. O link entre sociedade e arte não ocorre de maneira tão simples, há uma via de mão dupla. “A atividade do artista estimula a diferenciação de grupos; a criação de obras modifica os recursos de comunicação expressiva; as obras delimitam e organizam o público.

Vendo os problemas sob esta dupla perspectiva, percebe-se o movimento dialético que engloba a arte e a sociedade num vasto sistema solidário de influências recíprocas” (CANDIDO, página 34). Os fatores sociais vão condicionar a produção, e “os elementos individuais adquirem significado social na medida em que as pessoas correspondem a necessidades coletivas. As relações entre o artista e o grupo resumem-se a um esquema simples para o autor: “em primeiro lugar, há necessidade de um agente individual que tome a si a tarefa de criar ou apresentar a obra; em segundo lugar, ele é ou não reconhecido como criador ou intérprete pela sociedade, e o destino da obra está ligada a esta circunstância; em terceiro lugar, ele utiliza a obra, assim marcada pela sociedade, como veículo de suas aspirações individuais mais profundas” (CANDIDO, página 35).

A obra será um produto da iniciativa individual com as condições sociais. Logo, levanta-se uma questão: quais são os limites da autonomia criadora do artista? E quando se analisa toda essa questão, é difícil conhecer e delimitar até onde é criação, até onde é influência social. Por isso, todas as análises também devem extrapolar o nível histórico/social. Em sociedades primitivas era menos nítida essa separação: “O pequeno número de componentes da comunidade e o entrosamento íntimo das manifestações artísticas com os demais aspectos da vida social dão lugar seja a uma participação de todos na execução de um canto ou dança, seja à intervenção dum número maior de artistas, seja a uma tal conformidade do artista aos padrões e expectativas, que mal chega a se distinguir” (CANDIDO, página 44).

Com o desenvolvimento das sociedades, artistas se distanciam de seu público, formando assim categorias diferentes, mas não menos conectadas quanto antes (só então pode-se falar em um público diferenciado, no sentido moderno). O artista direciona sua produção a um público, ao qual ele não conhece, mas que imagina. Tal grupo vai exercer uma influência enorme sobre a produção que se vai originar por via do artista. Um exemplo são os autores que se ajustam às normas do romance comercial por conta de desejos e da influência da indústria literária. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia. itaucultural. org. pdf> CANDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. ed.

Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010a. SUTTANA, R.

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