O Príncipe, capítulo XVI – De liberalitate et parsimonia

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Se de fato for liberal não deve incomodar-se com a fama de miserável ao qual lhe é imposta, pois se o além de liberal também for prudente, à medida que todos virem que, graças à parcimônia (ato de economizar), aquilo que lhe arrecada de maneira justa o bastará, com sorte isso fará com que pareça liberal aqueles que acham que não está cobrando impostos mais do que devia, que serão muitos, e miserável aqueles poucos, que acham que está cobrando muitos impostos. Mas além, se gastar o que é dele e/ou do povo, deve ser econômico e caso consumir os bens de outros, não deve poupar-se de nenhuma liberalidade. Ademais, o que conduz exércitos, que se nutre de saques e de recompensas, que lida com o bem alheio, precisa ser liberal: do contrário não seria seguido pelos soldados, pois despender o que é de outros aumenta sua reputação: somente o dispêndio do que é próprio o prejudica.

Mas não há nada que mais se gaste quanto a liberalidade, pois o pródigo perde a faculdade de usá-la e se torna pobre e desprezado ou, para escapar à pobreza, passa ao roubo e depois a ser odiado. Dentre todas as coisas, um líder deve acima de tudo evitar ser desprezado ou odiado. Ademais, o príncipe que conduz exércitos, que se nutre de butins, de saques e de recompensas, que lida com o bem alheio, precisa ser liberal: do contrário, não seria seguido pelos soldados. Com aquilo que não é dele nem de seus súditos o príncipe pode ser mais pródigo, como foram Ciro, César e Alexandre, pois despender o que é de outrem não diminui, mas aumenta sua reputação: somente o dispêndio do que é próprio o prejudica.

Mas não há nada que mais se gaste quanto a liberalidade, pois o príncipe pródigo perde a faculdade de usá-la e se torna pobre e desprezado ou, para escapar à pobreza, rapace e odiado. Dentre todas as coisas, um príncipe deve acima de tudo evitar ser desprezado ou odiado — e a liberalidade o conduz a ambas. Portanto é mais prudente conservar o nome de miserável, do qual nasce uma infâmia sem ódio, que, por perseguir a fama de liberal, precisar incorrer na pecha de rapace, que produz uma infâmia com ódio.

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