Uso de agrotóxicos em lavouras ameaça abelhas

Uma das consequências geradas a partir do uso de alguns tipos de agrotóxicos foi o impacto ambiental causado nas abelhas, nas colônias e na produção de abelhas rainhas (BEE et al. GILL; RAMOS-RODRIGUEZ; RAINE, 2012; RAINE; GILL, 2015). Além da produção de mel, as abelhas são fundamentais na polinização de culturas agrícolas e de plantas selvagens, tendo papel importante na manutenção da biodiversidade do nosso planeta (RAINE; GILL, 2015). Analisando-se os ecossistemas mundiais, estima-se que as abelhas sejam responsáveis por 40% dos polinizadores existentes, em que esse inseto apresenta grande contribuição na manutenção da variedade genética e na preservação da vida vegetal (DE LIMA; SÁ, 2012). No Brasil, diferentes espécies de abelhas vêm sendo utilizadas na polinização de culturas agrícolas tendo como resultado o aumento de produtividade, eficiência e a melhora dos produtos produzidos (DE LIMA; SÁ, 2012).

Cultura agrícola Abelha polinizadora Papel do polinizador Algodoeiro Apis mellifera Aumento na produtividade Café Apis mellifera Aumento na produtividade Canola Apis mellifera Aumento na produtividade Cebola Apis mellifera Aumento na produtividade Girassol Apis mellifera Aumento na produtividade Laranja Apis mellifera Aumento na produtividade Maçã Andrena, Bombus, Halictus e Osmia Aumento na produtividade Mandioca Apis mellifera Aumento na produtividade Manga Apis mellifera Aumento na produtividade Melão Apis mellifera Aumento na produtividade Pepino Scaptotrigona aff. Depilis Aumento na produtividade Pêssego Apis mellifera Aumento na produtividade Através da Tabela 1 e da Tabela 2 é observável a importância das diferentes espécies na melhoria da efetividade, da qualidade e no aumento da produtividade das diferentes culturas agrícolas. Como consequência, a perda desses polinizadores não pode ser facilmente reversível, não se tem uma noção exata sobre o tempo ou a magnitude do prejuízo para uma comunidade biótica, nem mesmo se é possível efetuar uma recolonização natural (ALLEN-WARDELL et al.

Como visto, as abelhas apresentam grande importância mundial na manutenção da fauna e da flora e também em inúmeros fatores econômicos. A preocupação sobre os efeitos causados pelos agrotóxicos nas abelhas apresentam uma crescente relevância científica na última década, como avaliado através da compilação de dados utilizando a plataforma google acadêmico (https://scholar. br. Portanto, neste trabalho iremos abordar quais os principais agrotóxicos são responsáveis por afetar as abelhas e que tipo de metodologia vem sendo utilizada para a detecção desses materiais. Agrotóxicos Antes de começarmos a abordar os principais agrotóxicos e quais são os seus efeitos causados nas abelhas é necessário entendermos como esses agrotóxicos se propagam e chegam até as abelhas.

A Figura 2 apresenta de forma didática como isso ocorre, sendo que a região esverdeada da figura representa os setores ambientais que são visitados pelas abelhas e que podem acabar se contaminando nestes lugares. Figura 2 – Gráfico da superfície de propagação de substâncias poluentes no meio ambiente. A figura 4 apresenta a fórmula molecular da cipermetrina. Figura 4 – Estrutura molecular da cipermetrina Nas abelhas, a cipermetrina afeta a capacidade de reconhecimento do feromônio inibidor e aumenta a taxa de substituição das rainhas (BENDAHOU; BOUNIAS; FLECHE, 1999; DE LIMA; SÁ, 2012). O terceiro agrotóxico citado neste trabalho será o captan, o mesmo apresenta fórmula molecular C9H8Cl3NO2S com massa molar igual a 300,59 g. mol-1, com ponto de fusão igual a 451 K, tendo aparência de um sólido branco ou de um pó amarelo.

A estrutura molecular do captan está representada na Figura 5. Apresenta fórmula molecular igual a C14H9CIF2N2O2 com massa molar de 310,59 g. mol-1. Sua solubilidade em água é muito baixa (0,08 mg. L-1) tendo uma melhora em solventes orgânicos como a acetona e o metanol. Sua estrutura molecular está representada na Figura 7. Antes de analisarmos as principais metodologias, necessita-se observar metodologias corretas de retirada de amostra das espécies reais, para se ter o levantamento mais preciso sobre a presença desses pesticidas nesses insetos. Citando um exemplo, temos a preparação de uma amostra para se levar para a realização de testes de cromatografia. Ao se partir de uma matriz, independentemente se é a abelha, cera ou o mel e fazendo a sua dissolução, reservando-a em um compartimento frio e a filtrando (se após a filtração ocorrer predominância de cera, deve-se descartar o seu material), deve-se separar esse material através de uma extração líquido-líquido e deve se utilizar a fase orgânica, lavando esse material com sulfato de sódio (Na2SO4) anidro.

Feito isso, realiza-se uma filtração, uma evaporação e por fim esse material deve ser redissolvido fornecendo um extrato concentrado e pronto para a efetuação de testes utilizando cromatografia líquida ou gasosa (PICO; MAN, 2002). Com o avanço da tecnologia, nesta última década uma das principais técnicas utilizadas para a detecção da presença de resíduos de agrotóxicos nas abelhas vêm sendo a cromatografia líquida de alta eficiência acoplada com um espectrofotômetro de massas (LC/MS), pelo fato do somatório das duas técnicas ocasionarem melhores informações qualitativas e quantitativas. Através da propagação dos agrotóxicos as abelhas são infectadas com muita facilidade, sendo um inseto extremamente suscetível aos efeitos de tais pesticidas.

Analisando-se os diferentes tipos de agrotóxicos citados neste trabalho, é possível perceber o grande malefício que essas substâncias químicas proporcionam a esses insetos, como por exemplo temos a permetrina que interfere na capacidade de orientação das abelhas, provocando graves distúrbios de comportamento, irritabilidade, contração do abdômen, dança trêmula e excessiva autolimpeza, além de provocar redução na capacidade de detecção de odores. Outro exemplo é a cipermetrina que afeta a capacidade de reconhecimento do feromônio inibidor e aumenta a taxa de substituição das rainhas. Ainda, o agrotóxico captan que causa nas abelhas um efeito de repelência, ocasionando a diminuição da capacidade de forrageamento, além de defeitos morfogênicos. Este pesticida causa também aumento da mortalidade larval.

Society for Conservation Biology The Potential Consequences of Pollinator Declines on the Conservation of Biodiversity and Stability of Food Crop Yields Linked references are available on JSTOR for this article : The Potential Consequences of Pollinator D. Conservation Biology, v. n. May, p. BEE, B. p. BOWNAN, D. D. Georgis - Parasitología Veterinária. Saraiva. C. SÁ, A. R. DE. Efeitos dos Agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil. Uso de agrotóxicos em cana-de-açúcar na bacia do rio corumbataí e o risco de poluição hídrica. Quim. Nova, v. n. p. MAYER, D. Pollinator protection: a bee & pesticide handbook. Cheschire: Wicwas Press, 1990. KIDD, H. JAMES, D. USDA-ARS, G. D. W. Recovery of learning responses by honeybees following a sublethal exposure to permethrin. Physiological Entomology, v. Analytical Methods for Pesticide Residue Determination in Bee Products.

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