Serviços Ecossitêmicos e Capital Natural

Para isso, o presente texto foi desenvolvido em 8 grandes seções: Introdução (onde são expostos escopo e um breve histórico sobre serviços ecossistêmicos), Definições (seção em que se estabelece o referencial teórico para os termos serviços ecossistêmicos e capital natural), Sistema de classificações, Valoração ou Não Valoração: esta não é a questão! (apresenta uma discussão sobre o que é valoração, quais as abordagens de valoração utilizadas até hoje, valores em larga escala e quais os próximos ,desafios no tema), Pesquisa, aplicações e políticas desde 1997, Evolução institucional e inovações governamentais, Aprendizados (breve reflexão sobre modelos, valoração , cálculo integrado e os suportes para decisões) e por fim a conclusão, agradecimentos e referencias, totalizando 16 páginas.

Em 1980, um novo campo transdisciplinar emerge: a Ecologia Econômica, que uniu as vertentes da Ecologia Ecossistêmica e da Economia Ambiental e de Recursos, além de abarcar outros campos de pesquisa como psicologia, ciência política, ciências da terra, conectando o trabalho acadêmico com a prática e o conhecimento tradicional, situando os SEs na agenda de pesquisa desde o início do surgimento desse novo campo. Algumas décadas depois, em 1995, um evento que reuniu diversos especialistas em New Hempshire culminou na publicação de um livro de 21 capítulos e mais de 30 colaboradores sobre SEs (DAILY, 1997), além de contribuir para uma pesquisa e um workshop, que resultou em uma técnica básica de transferência de valor constante por hectare para cada um dos 16 biomas compilados no estudo (CONSTANZA et al.

Tanto o artigo quanto o livro se tornaram marco para pesquisas relacionadas aos SEs. Os resultados apresentados neste estudo, apontou que as soma total dos biomas valorados (16 – 54 trilhões de dólares), superou o produto nacional bruto global da época. Diversos autores argumentam que existe uma cascata (funções ecossistêmicas - serviços ecossistêmicos - benefícios - valoração), porém trata-se de uma visão linear que segue o pensamento econômico convencional, no qual os valores são dados apenas aos benefícios que são notados ou percebidos pelo ser humano. Acredita-se que valorizar é um processo de pensamento humano e que ocorre a todo momento, independentemente de estar relacionado a monetização ou não. Tal processo está no cerne das decisões humanas. Neste sentido, entende-se que a valorização dos SEs garante seu reconhecimento em políticas públicas, gerando informação aos tomadores de decisão e capacitando-os na definição de faixas de atuação da atividade humana, além de informar cidadãos e sociedades sobre tais importâncias, utilizando a linguagem monetária para aproximar compreensões.

Há três tipos de valorização para SEs: escala sustentável, distribuição justa e alocação eficiente. Avaliar constantemente os impactos dos sistemas existentes dando continuidade a integração das informações, utilizando a modelagem para a projeção de novos sistemas com experimentos e a participação dos atores, é imprescindível para maior eficácia e qualidade do gerenciamento desses sistemas complexos. Ressalta-se, ainda no texto, a questão da privatização dos SEs e a necessidade de um conjunto sofisticado do regime de direitos de propriedade, e instituições robustas para gerenciar esses serviços, que são em grande parte bens públicos. A escala temporal e espacial das instituições devem ser as mesmas dos SEs garantindo um fluxo de informações através destas, além de garantir a inclusão social e um completo conhecimento e participação dos tomadores de decisão na formulação e implementação de medidas de gestão.

A complexidade dos ecossistemas é um fator limitante para a sustentabilidade do Capital Natural, sendo necessárias ações de educação, colaboração entre os setores (públicos, privados e o governo). A abordagem proposta pelos SEs pode ser benéfica para as instituições e a interação entre a ciência e a política.