Resumo: Teoria do discurso: um caso de múltiplas rupturas de Sírio Possenti

A ruptura, para Possenti, significa o uso de diferentes problemáticas apresentadas sobre um mesmo tema e, em AD, ocorre de duas formas: em relação a uma teoria científica e em relação a uma ideologia. Em seguida, Possenti apresenta alguns conceitos essenciais para o estudo da AD e um deles diz respeito ao campo de interpretação, no qual ele afirma que a AD é uma teoria de leitura. Afirma também que a filologia foi rompida pela AD, visto que ela constitui os procedimentos de interpretação de textos e a AD não aceita apenas palavras, expressões ou estruturas sintáticas como garantia de sentido. A AD não leva em consideração a ideia de textos sem intertextos, semanticamente transparentes. Possenti conceitua também a língua em AD e dizendo que para esse corrente de estudos a língua não é transparente e tem uma ordem própria e que o sentido, para a AD ocorre das enunciações.

O interdiscurso, base dos estudos da AD, também é abordado pelo linguista. Esse conceito, também apresentado como intertextualidade, para Pêcheux representa o universo do discurso e para Maingueneau é denominado de campo discursivo. Essas noções rompem com os conceitos de homogeneidade, segundo Possenti. O conceito de sujeito também é abordado e para a AD, ele rompe com as correntes pragmáticas, pois a AD não vê o sujeito (falante, interlocutor) como um ser livre de ideologia. Possenti finaliza seu artigo afirmando que a AD não é uma ciência, mas que ainda assim é necessário estudá-la de forma análoga, por meio de rupturas, produzindo assim, conhecimento. Aborda-se também a questão da definição do que a formação discursiva (FD), que determina o que pode ou não ser dito em determinado contexto/local social.

A autora aborda ainda as fases da AD. A AD-1 é pouco polêmica e possui uma menor abertura para a variação de sentido. A AD-2 apresenta poucas inovações e a AD-3 há a desconstrução da máquina discursiva e se leva em conta que o discurso não se estabelece independente. A exposição continua com a análise de uma crônica “um só seu filho” de Bráulio Tavares onde um papa sofre um devaneio e está em um conflito entre dois discursos: o religioso e o científico.