Christiane F. — Reflexões sobre a riqueza de um relato que choca gerações há décadas

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Física

Documento 1

Sua história, no entanto, serve muito mais do que como um simples alerta para os perigos de se deixar levar pela curiosidade infantil ou influência do círculo de amizades; Christiane descreve, em seu honesto e muito direto relato, uma série de situações e fatores de sua vida e que ela via refletidos na vida de outros colegas usuários de drogas: violência doméstica, abusos, negligência parental e escolar, problemas financeiros entre muitos outros. Dentro de um contexto em plena Guerra Fria, com um país que ainda tentava se recuperar de duas grandes guerras das quais saiu, ambas as vezes, derrotado, a quantidade de famílias alemãs que passavam a maior parte do dia fora de casa trabalhando para conseguir alguma dignidade por meio do dinheiro era grande e o espaço para diversão, muito limitado.

Christiane passou parte da infância no interior, em um vilarejo próximo a Hamburgo, mas se mudou para Berlim com a família aos seis anos de idade. Dali em diante, a qualidade de vida em família e individual caiu drasticamente, com seu pai desempregado e etilista, sua mãe sendo a única provedora e uma convivência dentro de um conjunto habitacional onde se tinha mais regras do que espaços para diversão. É deste ponto que partimos quando ela começa a relatar seus primeiros cigarros, o primeiro contato com haxixe e, além do divórcio de seus pais, sua nova escola e a vida com o novo marido de sua mãe. Os depoimentos colhidos além dos de Christiane, que servem como pequenos interlúdios ao longo da leitura, trazem o problema das drogas pela perspectiva de outros conhecidos de Christiane ou autoridades da época, como Jürgen Quandt, que era o pastor responsável pelo Centro de Jovens onde Christiane conheceu a maior parte de seus amigos usuários de haxixe e onde a própria foi introduzida ao mundo das drogas.

A mãe de Christiane também deu diversos depoimentos que aparecem em momentos cruciais do texto, acompanhando a linha do tempo do relato da garota, o que traça um paralelo angustiante de tentativas e falhas, ao longo de anos, de tentar retirar Christiane de um meio que fatalmente acabaria em morte por overdose, como foi o caso de vários de seus amigos. A incompetência governamental de oferecer suportes médico e terapêuticos adequados na época também contribuíram imensamente para os sucessivos fracassos de Christiane em manter-se limpa; os toxicômanos, à época, eram vistos como não mais do que delinquentes e infratores de lei comuns; não havia empatia, entendimento, boa vontade e muito menos estudos sobre o assunto que permitissem uma administração melhor da solução, ainda mais no que diz respeito ao tratamento de menores de idade.

Outro depoimento elabora melhor a questão, no que difere os menores de idade dos adultos na hora de abordar um tratamento: A afetividade desses meninos toxicômanos é ainda pouco estruturada. Eles oscilam entre sonhos e aspirações infantis de um mundo que transmita segurança e comportamentos de adultos em situação de competição. Eu, Christiane F. anos, drogada, prostituída. ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2018.

91 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download