KAYSEL, André - Marxismo e Populismo na América Latina: Notas sobre um desentendimento

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Estatística

Documento 1

Quanto ao caráter dos regimes populistas, Ianni sustenta que poderiam ser democráticos ou autoritários, embora em geral o autoritarismo tenderia a prevalecer (Idem, p. O sociólogo uspiano também distingue entre um “populismo das elites” – de militares e industriais, por exemplo – e um “populismo das massas”, de operários, estudantes ou intelectuais de esquerda (Idem, p. As condições para o convívio de ambos se encerraria com a passagem da luta de massas para a luta de classe, o que conduziria a uma ruptura dos pactos populistas. Assim, seja nas interpretações funcionalistas, seja nas marxistas-dependentistas, o populismo aparece como uma forma desviante da política: no primeiro caso, em relação ao paradigma liberal-democrático e, no segundo, em relação aos partidos operários e ideologias socialistas.

As classes trabalhadoras ou subalternas aparecem, de modo geral, sob o signo da ausência de auto-organização ou “consciência de classe”, o que as tornaria heterônomas e disponíveis à incorporação “pelo alto”. Seguindo a sugestão de Alberto Aggio, creio que o conceito de populismo é inadequado como teoria explicativa dos processos de modernização do sub-continente, na medida em que conduz a uma leitura do percurso histórico da região que aponta na presença do Estado na vida social e econômica o seu maior problema, perdendo-se de vista a complexidade de tal processo (Aggio, 2003, pp. Assim, ao contrário de categorias como “sub-desenvolvimento”, “dependência”, “via prussiana” ou “revolução passiva”, o conceito de populismo, como formulado pela abordagem histórico-estrutural me parece inadequado para compreender as contradições das formações sociais latino-americanas.

Nesse sentido, expressões como “Estado populista” – presente no título do livro de Ianni – ou “democracia populista”, amplamente empregada pela bibliografia sobre o regime democrático que vigorou no Brasil entre 1945 e 1964, fazem pouco ou nenhum sentido. Isso não significa, todavia, que o conceito não tenha qualquer utilidade, devendo, portanto, ser abandonado. Se o populismo for pensado como uma forma de articular uma série de interpelações discursivas – como são “povo” e “nação” - que aglutinam um campo político antagônico ao bloco dominante, creio que o conceito pode dar uma importante contribuição para entender as modalidades de inserção das classes subalternas na vida política da América Latina de ontem e de hoje.

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