HISTÓRICO DA RELAÇÃO BILATERAL BRASIL E CHINA

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Ciências Políticas

Documento 1

No que tange às relações comerciais entre Brasil e China, cabe ressaltar que as mesmas são muito mais antigas do que o período a ser analisado (2008-2017). Ademais, é notório que essas relações se intensificaram nos últimos anos, motivadas, principalmente, pelo processo de abertura econômica brasileira e pelas reformas econômicas adotadas pela China e a sua inserção no sistema multilateral de comércio. Segundo Pires e Paulino (2011), após a eleição de Getúlio Vargas para a presidência da República, em 1951, o Brasil inaugurou um novo período marcado, no plano interno, por políticas de forte cunho nacional-desenvolvimentista e, no plano externo, por uma maior independência econômica dos Estados Unidos. Tal fato teve seu auge em 1961, quando o então vice-presidente João Goulart, visitou o território chinês, foi recebido pelo governo como “grande amigo da China”.

Contudo, o processo de reaproximação sofreu um forte revés em 1964, com a derrubada do presidente João Goulart, quando uma missão comercial chinesa que se estava aqui no Brasil foi presa. Destacando-se os acordos sobre ciência e tecnologia, utilização pacífica de energia nuclear, cooperação cultural e educacional e acordos para criação de consulados e órgãos militares (BECARD, 2008). Pode-se destacar que, na década de 1990, a assinatura de acordos de cooperação científicos e tecnológicos, com ênfase para as tecnologias espaciais, como o Projeto China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS) garantiu a ambos os Estados o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto, estratégica para monitorar desmatamentos, áreas agrícolas e o desenvolvimento urbano. O Programa CBERS é um exemplo que deu certo na cooperação Sul-Sul1, ao se tratar de questões que envolvam tecnologia de ponta.

Nos anos 2000, a cooperação científica e tecnológica foi expandida para os domínios das tecnologias da informação, biotecnologia e recursos genéticos (FUJITA, 2003). No setor de planejamento e infraestrutura, foram realizados acordos em diversas áreas, conforme “Memorando de entendimento sobre cooperação entre o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão da República Federativa do Brasil e o Ministério do Comércio da República Popular da China”, de 2004. Segundo Pires e Paulino (2011), o fluxo comercial entre o Brasil e a China ocorreu de forma cautelosa, até a década de 1990. Em parte, este resultado pode ser fruto das dificuldades encontradas pela economia brasileira neste período, haja vista a crise energética com os dois choques do petróleo na década de 1970, a crise da dívida externa e a crise fiscal.

O comércio exterior foi afetado de forma mais acentuada, dado que o modelo de desenvolvimento econômico baseado na substituição das importações, adotado pelo Brasil, tornava o índice de comércio internacional muito baixo se comparado à economia mundial. Ademais, os reflexos das reformas econômicas da China não foram sentidos de forma tão expressiva, como ocorrido após o seu ingresso na Organização Mundial do Comércio (OMC)4, em 2001. Somente após 2001 a China teve a obrigação de cumprir todos os requisitos impostos pela OMC e, assim, a sua inserção representou um marco nas negociações multilaterais. Para promover a execução do Plano de Ação Conjunta, os governos assinaram o Plano Decenal de Cooperação Brasil-China (2012-2021). Na ocasião, foi anunciada a elevação das relações bilaterais à condição de Parceria Estratégica Global.

Cabe, assim, destacar que esse plano tem por objetivo estabelecer prioridades e projetos chave para os dois Estados. Entre as ações prioritárias do Plano Decenal, destacam-se as de caráter econômico-comercial, de forma que as partes envidarão esforços para aumentar e diversificar os fluxos bilaterais de investimentos e aprimorar e elevar a cooperação econômica e comercial sino-brasileira. O Plano Decenal reitera o objetivo de diversificar as exportações brasileiras para a China em setores de maior valor agregado e o estabelecimento de metas de crescimento do comércio bilateral. REFERÊNCIAS BARBOSA, Rubens. Parceria estratégica global com a China. Instituto Millenium, 2012. Disponível em: <www. institutomillenium. Presidência da República. Disponível em: <www2. camara. leg. br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-83282-13-marco-1979-432522- norma-pe.

Economia brasileira contemporânea. ed. São Paulo: Atlas, 2004. LUZ, Arnaldo José da. As relações comerciais sino-brasileiras no século XXI. MEDEIROS, Carlos. China: desenvolvimento econômico e ascensão internacional. Excedente (Grupo de Economia Política IE-UFRJ), 2008. Disponível em: <http://www. excedente. ROSITO, Tatiana. Evolução das relações econômicas Brasil-China e perspectivas futuras. In: LIMA, Sérgio Eduardo Moreira (Org. Brasil e China 40 anos de relações diplomáticas: análises e documentos. Brasília: FUNAG, 2016. php/reh/article/view/1965>. Acesso em: 27 maio 2018. THE COMMUNIST party of China (CPC, CCP). China Today. com: China information base.

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