CONTRIBUIÇÕES DO USO DE TECNOLOGIAS NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Gestão ambiental

Documento 1

Simone Hack da Silva Koch Novo Hamburgo 2012 3 SOFIA JOHANN WINTER Trabalho de Conclusão do Curso de Psicopedagogia, com o título Contribuições do Uso de Tecnologias na Intervenção Psicopedagógica, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale como requisito necessário para a obtenção do grau de Bacharel em Psicopedagogia. Aprovado por: __________________________________ Orientadora: Profª. Me. Simone Hack da Silva Koch __________________________________ Prof. Me. Mas principalmente todo o carinho e amor que me deu nessa difícil jornada. À minha orientadora que disse que tudo daria certo, mesmo quando eu estava aflita e apavorada ela me dava forças para continuar. Entre chimarrões e risadas um lindo trabalho surgiu, mas principalmente a amizade forte e verdadeira que foi conquistada. A todas as minhas amigas e colegas que fizeram parte da minha trajetória.

Dando-me força e incentivo para nunca parar de tentar. Tecnologias. ABSTRACT The use of technologies in psycho pedagogical environments, although present in some studies, has been an underexplored and under researched area regarding its contributions in the teaching-learning process during the psycho pedagogical interventions. In this paper I present a study about the use of technological resources during psycho pedagogical interventions. In a socio-historical perspective, interviews and traces encountered during the sessions mediated by technology were analyzed. The single case study took place during 2011 and 2012, and the results show evidence of growth in the process of teaching-learning in sessions mediated by technologies. Figura 7 - Produção textual sem o uso do computador. Figura 8 - Produção textual com o uso do computador. SUMÁRIO INTRODUÇÃO. PSICOPEDAGOGIA: UM PENSAR SOBRE A TRAJETÓRIA DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM.

PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM INSTITUCIONAL. Entrevistas. Observações. Anotações de Campo. ANÁLISE DOS DADOS. Realização das atividades propostas na escola com e sem o uso do computador. Idependente da forma em que ela ocorre é necessário sempre estar em contato com o outro, através da interação. Nessa interação, mediada por diferentes tipos de ferramentas e estratégias, sua relevância depende do quanto o sujeito se modifica e em que sentido ela o faz. Nesse aspecto a tecnologia vem sendo um campo de muitos estudos e o seu uso vem se apropriando de muitos espaços no nosso cotidiano, seja através de celulares, automóveis, computadores, etc. As TIC trazem novas possibilidades à educação, propondo uma nova postura e compreensão do professor de como o conhecimento é construído.

No processo de mediação com tecnologias mudanças em práticas culturais podem modificar a forma como as pessoas aprendem, colaboram, partilham e se desenvolvem: “diversas mudanças importantes nas relações sociais podem advir da interação humana que cerca o processo tecnológico, e não somente da operação dos computadores ou do uso da Internet”. Nas considerações finais realizaram-se apontamentos acerca das mudanças do paradigma sócio-interacionista, no que diz respeito às concepções da Psicopedagogia, ideias e atitudes do profissional da Psicopedagogia a partir da inserção das TIC nos consultórios. PSICOPEDAGOGIA: UM PENSAR SOBRE A TRAJETÓRIA DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM A Psicopedagogia é fruto da necessidade de se explicar os problemas de aprendizagem e contribuir para o esclarecimento da não aprendizagem (BOSSA, 2007).

Sua história teve início na Europa no século XIX, a partir da preocupação com os problemas de aprendizagem. O interesse pelo assunto envolveu educadores, filósofos e médicos. De acordo com Bossa (2007), Janine Mery, psicopedagoga francesa, apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas ideias na Europa, ao mesmo tempo, em que fala sobre os trabalhos de George Mauco que foi o fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras tentativas de articular a várias áreas de conhecimento, entre elas: Psicanálise, Psicologia, Medicina Pedagogia, com o objetivo de resolver os problemas de comportamento e de aprendizagem. A partir desse momento, a neuropsiquiatria infantil passou a se ocupar dos problemas neurológicos que dificultavam a aprendizagem.

Nessa época, Maria Montessori, psiquiatra italiana, criou um método de aprendizagem destinado inicialmente às crianças com algum retardo. De acordo com Bossa (2007, p. “Posteriormente, o método Montessori foi estendido a todas as crianças, sendo hoje utilizado em muitas escolas”. Nesta metodologia a preocupação estava na prática do intuitivo e natural, estimulando os órgãos dos sentidos, sendo por isso conhecida como sensorial. “Alicia afirma que Buenos Aires foi a primeira cidade argentina a oferecer uma faculdade de psicopedagogia”. Conforme Bossa (2007), na década de 70 surgiu Centros de Saúde Mental onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes profissionais notavam que após o tratamento, os pacientes eliminavam seus problemas de aprendizagem, mas desenvolviam distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma.

Resolveram então, incluir o olhar e a escuta psicanalítica, que atualmente é o perfil da Psicopedagogia na Argentina. Anteriormente a este período, a atuação psicopedagógica estava ligada às duas áreas: Educação e Saúde. Aplicaram-se testes e metodologia de reeducação. Bossa (2007, p. diz que “[. embora houvesse preocupação com as questões preventivas, o curso inicialmente se caracterizava como escola de reeducação”. Com a evolução da área no país, a nova postura partiu para um conhecimento interdisciplinar, discorrendo por um campo de atuação profissional que buscava uma identidade própria, mas considerando a interdisciplinaridade, necessária para a compreensão das questões relacionadas à aprendizagem. Essa fase é fundamentada pela Psicanálise e pela Psicologia Genética, levando em conta a singularidade do sujeito, buscando o sentido particular de suas características e suas alterações, devido às circunstâncias da sua própria história e do seu mundo sociocultural.

Com todo esse breve histórico da Psicopedagogia percebe-se que a mesma surgiu há poucos anos no Brasil e ainda é considerada uma área relativamente nova de estudos, a análise de sua trajetória, de seu desenvolvimento inicialmente fora do 18 Brasil, traz contribuições importantes para compreendermos o trabalho psicopedagógico que é desenvolvido hoje e qual seu verdadeiro objeto de estudo. Atualmente, com o avanço da Psicopedagogia, o trabalho psicopedagógico se amplia no âmbito institucional, agindo como uma prática preventiva ou no âmbito clínico, atuando num trabalho terapêutico, onde já se localiza um problema de aprendizagem instalado. PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM INSTITUCIONAL Para Wolffenbüttel (2005, p. o trabalho preventivo, ou seja, institucional: [. O enfoque da Psicopedagogia Institucional está na prevenção do fracasso escolar e das dificuldades de aprendizagem, mas também ocorre na necessidade de apoio, resgate do sujeito aprendente e de uma ressignificação do aprender, buscando fundamentalmente, auxiliar no resgate da identidade da instituição com o saber e com a possibilidade de aprender.

Analisando as questões das relações da aprendizagem na escola e dos mitos subjacentes a essas relações, pode-se dizer que os educadores têm dificuldades em compreender por que seus alunos não conseguem aprender. A dificuldade de compreensão do educador pode, muitas vezes, colaborar para um mandato impedidor do desejo e das possibilidades de aprender dos alunos. ESCOTT, 2004, p. É importante considerar que a aprendizagem se dá a partir das relações entre todos os envolvidos nesse processo, o olhar do psicopedagogo na instituição não pode centrar-se apenas nas questões individuais do sujeito. É isso que a Psicopedagogia tem feito ao longo de sua trajetória: observar o sujeito que se aproxima da mesma em busca de respostas para suas nãoaprendizagens ou para suas dificuldades, e tentar entender porque elas ocorrem.

Bossa (2007) observa que nesse processo histórico, a Psicopedagogia clínica obteve várias denominações, tais como: pedagogia curativa, pedagogia terapêutica, psicopedagogia curativa, psico-pedagogia e, finalmente, passou a assumir-se como a Psicopedagogia que conhecemos hoje. De acordo com Fernandéz (2001), o termo Psicopedagogia clínica foi denominado pela psicopedagoga Blanca Tarnopolsky na década de 70. Esta área de atuação implica compreender a situação de aprendizagem do sujeito, considerando o contexto em que o mesmo está inserido. Para Bossa (2007, p. A dificuldade de aprendizagem pode se apresentar como um sintoma, mascarando a repressão de algum acontecimento onde o aprender tem um significado. A Psicopedagogia está presente diariamente, ela se volta para as questões do aprender e do não aprender do sujeito, levando em consideração o processo de construção do conhecimento e suas vivências.

A aprendizagem está pautada ao ambiente familiar, afetivo e social do qual integra o sujeito. No trabalho psicopedagógico, muitas vezes o sujeito não está sozinho. É necessário o apoio da escola e dos familiares do mesmo para alcançar resultados efetivos com o paciente, sempre respeitando sua estrutura cognitiva, subjetividade, entre outros, lembrando que para que haja aprendizagem o processo é construído por aquele que ensina e por aquele que aprende em inter-relação social dependendo, para ambos, de um funcionamento equilibrado em quatro níveis, que segundo a Psicopedagogia são eles: organismo, corpo, inteligência e desejo. O simbólico organiza as significações que estruturam a subjetivação. Já a inteligência, para Fernández (2001), é construída em um espaço racional, ou seja, um sujeito constitui-se inteligente em um vínculo com o outro.

Para que se possa entender melhor os próximos capítulos, aprofundam-se mais sobre os quatro níveis: - O corpo participa da aprendizagem e tem como função coordenar ações que resultam em acumular experiências. Para Fernández (1991), não existe aprendizagem que não esteja registrada no corpo, por isso, ele funciona como parte da maioria das aprendizagens. Para Wolffenbüttel (2005, p. A Inteligência, para Fernández (2001, p. um trabalho de reconstrução e apropriação de conhecimentos a partir da informação trazida por outro e significadas do saber”. Para Wolffenbüttel (2005, p. “A inteligência é a estrutura lógica que se apropria do objeto conhecendo-o, generalizando-o e incluindo-o em uma classificação”. A inteligência não nasce com um sujeito, ela é criada a partir do contato com outros sujeitos e de acordo com experiências vividas.

Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sóciohistórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. O mesmo defendia a ideia de que o desenvolvimento intelectual do sujeito se dá, principalmente, em função das interações sociais e condições de vida. Vygotsky também exerceu o papel de pesquisador, nasceu e viveu na Rússia, vindo a falecer vítima da tuberculose. O pensamento de Vygotsky constitui uma bibliografia riquíssima e indispensável para a Psicopedagogia. Em seus estudos, defende que a criança já nasce inserida em uma meio social, a família, nela se estabelece os primeiros contatos com o “outro”. O conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito usado na Psicopedagogia, onde o sujeito é avaliado para saber qual seu potencial real e o que pode ser alcançado ao longo dos atendimentos.

É muito importante que se leve em consideração as dificuldades do paciente e suas reais necessidades, sempre encontrando ferramentas e meios para que seu potencial real seja ultrapassado. A partir do interesse psicopedagógico, objetiva-se averiguar a ZDP da criança e, concomitantemente, verificar em que aspectos específicos a criança apresenta dificuldades e que procedimentos se fazem necessários para a superação das mesmas. Na medida da efetividade e adequação da ação psicopedagógica, a ZDP da criança poderá ser qualitativamente ativada. BEYER, 1996, p. Com isso percebe-se que a avaliação psicológica geral sobre o desenvolvimento de pacientes na clínica tanto como estudantes na instituição escolar, sobre o nível de desenvolvimento cognitivo é de suma importância para que um bom trabalho de aprendizagem seja feito.

O USO DA TECNOLOGIA: UMA ALIADA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM De acordo com Weiss e Cruz (2001), os computadores estão chegando e invadindo nossas escolas, e diante das máquinas se encontram professores com diversos sentimentos, entre eles, o medo de não saber como lidar com toda essa tecnologia e por outro lado, descobrir tudo o que essa máquina pode fazer por nós. E com certeza, enfrentam o medo de não saber lidar com as mudanças que a informática educativa traz para todo o ambiente em que está inserida. A informática acabou se tornando uma necessidade no mundo em que vivemos e as crianças já nascem mergulhadas em toda essa tecnologia, fazendo parte desse universo. Devemos pensar então, em como utilizar todo esse desenvolvimento tecnológico a fim de acrescentar conhecimento, seja nas escolas ou nas clínicas.

A autora ainda fala sobre as pesquisas feitas sobre a utilização pedagógica de tecnologias digitais de informação e comunicação, e, que estas vêm produzindo melhores resultados na Educação Especial, se comparada à Educação de modo geral. Entrelaçar tecnologias digitais de informação e comunicação com um qualificado plano pedagógico impulsiona um ajuste às especificidades e à variedade de histórias de vida de sujeitos em processo educativo, um respeito que valoriza a diversidade humana e permite que a heterogeneidade seja lida com vantagem, e não com prejuízo. SANTAROSA, 2010, p. Santarosa (2010) diz que nos princípios desenvolvidos por Vygostky, o homem não tem seu potencial de capacidade determinado geneticamente, o homem se constitui como tal progressivamente, na medida em que se amplia a sua maturação cognitiva desenvolvida nas relações e inter-relações constantes com os objetos e os indivíduos.

Por esta e outras questões, é sempre bom relembrar que para Vygotsky é necessário que ocorra a interação com o meio e com o outro para que a aprendizagem aconteça. a informática educativa “ajudará a fazer desaparecer o analfabeto no letramento e na tecnologia. Se for bem conduzida, ela é um meio, um instrumento, e não um fim em si mesma. ” Pode-se ver que a informática educativa e a utilização de softwares, vem para auxiliar na intermediação entre terapeuta e paciente dentro do consultório psicopedagógico, não somente na inclusão do sujeito com alguma deficiência, mas sim daquele sujeito que tem dificuldades no seu processo de aprendizagem. De acordo com Weiss e Cruz (2001, p. sobre a mediação que o professor ou terapeuta deve fazer: “Cabe a ele “facilitar” o processo de ensino-aprendizagem, fornecendo recursos para que o aluno desenvolva, ao máximo, seu processo de aprender”.

WOLFFENBÜTTEL, 2005, p. Weiss e Cruz (2001) contribui com essas ideias apontando que ao longo dos anos as tecnologias vem sendo usadas a nosso favor. A criação de softwares educacionais pode não só ajudar, como também diminuir possíveis problemas que possam surgir e até prevenir os mesmos no consultório psicopedagógico e nas salas de aula. A utilização desse tipo de ferramenta é o fato de ele assinalar os erros com antecedência imediata e viabilizar a reorganização da ação dos alunos e pacientes. Ele permite que as informações sejam comparadas e organizadas, favorecendo a capacidade de concentração e atenção; a interpretação das ordens e regras; o raciocínio lógico e a percepção visual e auditiva por meio de som, imagem e animação, resultando assim em uma aprendizagem mais prazerosa e lúdica, valorizando a informática como mediador de tais aprendizagens.

Fagundes (1996, p. complementa que o mesmo se caracteriza como “[. num ambiente de 34 aprendizagem definido como construtivista”2. É importante que o psicopedagogo conheça esses programas e todos os recursos que a tecnologia traz aos consultórios, para que saiba qual software usar e a hora certa para o mesmo, servindo-lhe para os propósitos práticos e teóricos do profissional e do paciente. no ambiente de aprendizagem enriquecido com a tecnologia informática, os procedimentos são simbólica e imediatamente representados como procedimentos programados intencionalmente pelos próprios sujeitos. Prodanov e Freitas (2009, p. consideram que na pesquisa qualitativa: [. há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo da pesquisa qualitativa. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. No presente estudo de caso, a Figura 3 ilustra como se dão a triangulação e convergência dos dados. Observações Direta Intervenção Psicopedagógica Entrevistas Diário de Campo Figura 3 - Convergência de evidências Fonte: Elaborado pela autora Para Yin (2010, p. destacam-se três princípios que não podem ser esquecidos na coleta de dados, são eles: o uso de múltiplas fontes de evidência, a criação de um banco de dados, e a manutenção de um encadeamento de evidências. Por isso os dados dessa pesquisa neste estudo de caso se darão em um contexto fluente de relações.

Serão acolhidos interativamente em um processo de ida e vinda e na interação dos sujeitos. Os atendimentos ocorreram duas vezes por semana, com a duração de uma hora durante o ano de 2011 e o primeiro semestre de 2012. No ambiente dos atendimentos estavam à disposição vários jogos envolvendo diferentes áreas do conhecimento, um computador com acesso à Internet, leitor de DVD e caixas de som, três poltronas e uma mesa. O SUJEITO DO ESTUDO A condução do estudo de caso necessita de proteção e cuidados éticos com os sujeitos envolvidos no processo da pesquisa. Yin (2010) destaca que a necessidade específica de proteção dos sujeitos humanos vem do fato de que aproximadamente todos os estudos de caso, são sobre temas pessoais contemporâneos. Sendo assim, proteger a privacidade e a confidencialidade dos que participam do estudo de caso é primordial para o desenvolvimento do trabalho.

Com o passar do tempo e dos atendimentos psicopedagógicos, fui percebendo que V. desempenhava os exercícios propostos muito melhor através de um computador. Ele se encantava pelo mesmo e a cada dia que passava desenvolvia um melhor conhecimento por essa ferramenta. PLANO DE COLETA DE DADOS A coleta de dados foi feita desde o segundo semestre de 2011, que foi quando os atendimentos com o paciente V. se iniciaram, dando continuidade a elas até o presente momento para a realização deste estudo de caso. Ser um bom ouvinte significa ser capaz de assimilar grandes quantidades de novas informações imparcialmente. À medida que um entrevistado relata um incidente, o bom ouvinte ouve as palavras exatas usadas por ele (algumas vezes, a terminologia representa uma orientação importante), capta os componentes do humor e afetivos e entende o contexto a partir do qual o entrevistado percebe o mundo.

YIN, 2010, p. Yin (2010) aponta que a coleta de dados no estudo de caso obedece a um protocolo formal, mas a informação específica, que pode se tornar relevante ao estudo de caso. É importante ressaltar que todos os dados colhidos foram autorizados pelos responsáveis do paciente em questão neste estudo de caso. As observações estão descritas na sua integra no Anexo 1 com o consentimento da família através do termo de consentimento que encontra-se no Anexo 8. Anotações de campo As anotações de campo são um instrumento muito importante da coleta de dados, pois é através das informações contidas nas anotações que haverá possibilidades de análise e interpetração destes dados. O diário de campo é um dos instrumentos utilizados na coleta de dados deste estudo de caso.

Este tem como característica de poder fazer parte da rotina realizada nas mais diversas situações da pesquisa. Minayo (2011) refere-se ao diário de campo como “um amigo silencioso”, já que o mesmo possibilita o registro de percepções, angústias, questionamentos e informações que algumas vezes não são obtidas por outros instrumentos. Para este processo de investigação foi selecionado um paciente como sujeito do estudo, identificado como V. conforme já referido anteriormente, com a assinatura de termo de livre consentimento e esclarecido, no qual o responsável concorda com a utilização de suas falas para fins de pesquisa acadêmica. A entrevista, juntamente com a análise das observações e os registros feitos no diário de campo, constituíram fontes de evidências durante todo processo de coleta de dados.

A partir das entrevistas foram analisadas as falas, na qual emergiram as seguintes categorias: desempenho do paciente em suas tarefas, com e sem o uso da tecnologia em diversos ambientes. As entrevistas foram aplicadas no referido paciente e com a família do mesmo (Apêndices B e C). Na escola, V. não tem disponível um computador para usar, por isso não foi possível realizar a comparação do paciente com e sem o uso de tecnologias na escola. Mas, de acordo com a professora do mesmo, ela relata que durante as aulas: “Ele é muito disperso, nunca está prestando a atenção e não realiza nenhuma tarefa que é pedida. Ele adora brincar, mas é muito fraco para aprender”. Realização das atividades propostas em casa com e sem o uso do computador Para a análise dessa categoria a forma de coleta de dados foi a entrevista que se apresenta no Apêndice C.

Avaliação da lecto-escrita: Convido “V”. para passear para a Feevale, vamos até a biblioteca, olhamos os livros, revistas, ele fica bem interessado, diz que adora ler “historinhas”. Voltamos para a sala e peço para que escreva um texto sobre o que fizemos hoje. Ele escreve em 10 minutos e diz que está pronto (Anexo A). Na próxima sessão, lemos um livro sobre pessoas diferentes, depois peço que me descreva o que ele entendeu da história, “V”. Ele demora alguns minutos e começa a escrever, criando sua própria história. Assim continuamos durante algumas sessões, em cada uma ele escolhe um esporte e escreve sobre este, como consta no Apêndice A. O texto escrito pelo paciente fala sobre futebol, nas palavras do paciente uma parte do texto produzido: “O futebol começou em 1863, é jogado com dois times de 11 pessoas, tem um juiz que cuido da partida dos jogadores”, “[.

eu gosto do futebol porque ele é um exercício para mim”. Nota-se diferenças na produção textual do paciente, da sua primeira lecto- 48 escrita até suas produções de hoje. Outra forma de evidenciar essa categoria foi através de dados coletados numa entrevista feita ao paciente (Apêndice B). Nessa entrevista podemos ver nas respostas positivas que o paciente percebe sua melhora quando faz uso da informática, percebendo que a tecnologia o auxilia e desperta desejo e prazer ao realizar suas tarefas, atuando como um facilitador do conhecimento. Nessa análise percebemos que a ZDP na construção de histórias de “V” foi fundamental, pois a mediação entre o psicopedagogo, o computador e o paciente contribuíram no desenvolvimento da construção textual de “V”. Quando as crianças entram na escola, o professor, por meio de tarefas da atividade escolar, a fim de 51 guiar seus progressos em direção a diferentes estágios de aprendizagem, promovem momentos para auxiliar na aquisição de motivos e métodos para o domínio do mundo adulto.

Na medida em que a mediação do professor ou profissional de Psicopedagogia vai acontecendo, revelando o verdadeiro potencial do paciente através do auxilio de um companheiro mais capaz novas estruturas surgem no curso do desenvolvimento da criança e passam a relacionar-se a demandas de transformação exercidas sobre o sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS As reflexões não terminam neste dado momento, pois o tema abordado, sobre como se dão as relações existentes entre as concepções psicopedagógicas na utilização das TIC, não se esgota devido a sua complexidade. Contudo, a partir dos estudos realizados constatou-se que as tecnologias da informação e comunicação oferecem inúmeras informações aos sujeitos aprendentes, mas que são oportunizadas pouco aos nossos pacientes na clínica psicopedagógica.

Da mesma forma, que ao optar por determinada estratégia de intervenção poderá ou não possibilitar a transformação da clínica em um espaço de construção do conhecimento, desenvolvendo as habilidades do paciente e promover a autonomia na busca da informação. A questão central do presente estudo de caso foi respondida ao longo do semestre, onde comprovamos a eficácia dos recursos tecnológicos que podem ser usados a favor da intervenção psicopedagógica no desenvolvimento do sujeito com dificuldades de aprendizagem. Através dos dados coletados e comparações entre resultados podemos perceber que a tecnologia auxilia como mediadora da aprendizagem no contexto psicopedagógico. Não se trata apenas de disponibilizar softwares ou computadores modernos, mas a forma com que estes são utilizados na construção do conhecimento.

Portanto, as TIC não promoverão sozinhas as mudanças educacionais almejadas pela sociedade. O movimento ocasionado, a partir das reflexões a cerca de um novo referencial exige que aconteçam mudanças de concepções, ideias e atitudes. Por essa razão, é importante a preparação e orientação do profissional de Psicopedagogia no uso das TIC, e a constante reflexão deste profissional sobre como concebe o processo de ensino-aprendizagem, e como as tecnologias da informação podem auxiliar e contribuir para um diagnóstico e uma intervenção efetiva, pois estes são aspectos determinantes para a construção do conhecimento. O presente estudo apontou formas de se fazer uma intervenção psicopedagógica se utilizando da tecnologia presente em um consultório de Psicopedagogia, e na forma como ela pode auxiliar no tratamento de pacientes com alguma dificuldade de aprendizagem.

Porto Alegre, RS: Mediação, 1996. BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagodia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2007. CAGLIARI, Luiz Carlos. FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1991. O Saber em Jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, RS: Artmed, 2001. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. Coleção Temas Sociais). MOLL, Luis C. Vygotsky e a Educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1996. SANTAROSA, Lucila M. C. Org. Tecnologias Digitais e Acessibilidade. Porto Alegre: JSM Comunicação, 2010 SANTOS, Selma Ferro. Aprender Escrever: uma proposta constritivista. Porto Alegre, RS: Artmed, 2003. a Ler e WARSCHAUER, Mark. Tecnologia e Inclusão Social: a exclusão digital em debate.

São Paulo: SENAC, 2006. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. ZENICOLA, Ana Maria; BARBOSA, Laura Monte Serrat; CARLBERG, Simone. escolheu o jogo de quebracabeça, disse que tinha um em casa, mas as peças eram maiores e o jogo era mais fácil. Percebi que ele não visualizava a imagem em um todo, mas sim, só uma parte dela. Ia encaixando com dificuldade e vagarosidade, mas, quando a peça estava no local errado, ele percebia logo e tirava de lá, dizendo: “parecia que era aqui, mas não é porque não cabe”. Enquanto íamos jogando íamos também conversando, ele me falou que gostava de ir para escola, mas do que mais gostava era do recreio, pois, adorava jogar futebol com seus amigos.

Comentou também que jogava basquete muito bem, já que havia um machucado no seu braço (por conta do acidente que sofreu) e ele não conseguia movimentar como os outros meninos, isso dava a ele uma jogada diferenciada. Anexo A). Avaliação da lecto-escrita Lemos um livro, eu lia uma página e ele a outra. A história falava sobre pessoas diferentes, com alguma deficiência. Peço para que V. me escreva um pouco da história e ele escreve um textinho de duas linhas dizendo que gostou do livro. começou pesquisando sobre o futebol. Ensinei o mesmo a copiar a figura escolhida, colar no Word e imprimir. Assim fizemos com todos os esportes e depois disso peço à ele que inicie um texto abaixo da figura, que conte a historia do esporte em questão, que diga o ano que começou e tudo que for relevante para nós.

O texto é escrito a mão, V. pesquisa na internet um pouco sobre a 58 Conclusão historia do futebol, nós lemos os dois juntos e a partir daí se inicia o texto do livro. Terminamos o livro dos esportes depois de algumas sessões e percebi V. muito feliz e orgulhoso com o mesmo, mas, notei principalmente que ele está conseguindo ser mais autônomo e seguro (Anexos C e D). Escrever um texto se Ofereço ao paciente muitas revistas sobre diversos assuntos, cola e tesoura. Proponho a V. baseando em uma figura que escolha uma figura que interesse a ele, ele olha a revista sem muito interesse. Você gosta de usar o computador no consultório psicopedagógico? 2. E no seu dia a dia? 3. Você sente que é mais fácil fazer as suas tarefas utilizando o computador? 4.

O que mais gosta de fazer quando tem um tempo livre? 60 APÊNDICE C - Questionário dirigido à professora e família do paciente 1. Vocês tem um computador à disposição que pode ser usado pelo V. Os dados coletados para o trabalho em questão serão utilizados no decorrer da pesquisa podendo ocorrer sua publicação em forma de produção cientifica. Em respeito aos sujeitos envolvidos a pesquisadora coloca-se a disposição para eventuais dúvidas através do telefone (51)8446. Sofia Johann Winter Novo Hamburgo, 30 de maio de 2012. Nome legível do entrevistado Assinatura do responsável _______________________________ ____________________________ Pesquisadora - Sofia Johann Winter Orientadora - Prof. Simone Hack da Silva 66 ANEXO F - Imagem escolhida pelo paciente para produção textual 67 ANEXO G - Produção textual a partir da imagem escolhida pelo paciente 68 ANEXO H - Produção textual do paciente a partir da imagem escolhida (macaco) 69 ANEXO I - Imagem escolhida pelo paciente para escrever o texto.

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