FRACASSO ESCOLAR

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Gestão de crédito

Documento 1

Tiradentes – MG 2018 TERMO DE APROVAÇÃO A monografia intitulada: FRACASSO ESCOLAR: FAMÍLIA, ESCOLA E A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA, apresentada por KARINA SAMPAIO DE CARVALHO, como exigência parcial para a obtenção do título de Psicopedagogia e Supervisão Escolar à Banca Examinadora da Universidade Cândido Mendes - UNICAM, obteve nota __________ , para aprovação. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Odenisia Montanha ORIENTADORA ________________________________________ ________________________________________ CONVIDADA ________________________________________ ________________________________________ CONVIDADO DEDICATÓRIA: Dedico o meu trabalho à minha família que foram pacientes quando não pude ajudar para estudar e poder concluir essa etapa, tão sonhada pela minha mãe, a maior influência do meu retorno aos estudos e complementações educacionais. RESUMO: As razões para o fracasso escolar, principalmente no ensino fundamental podem ser por diversas causas, começando pelas próprias condições físicas e psicológicas da criança, passando pelas condições da escola e dos profissionais que nela atuam e culminando com a que é, talvez, a mais fundamental de todas: as precárias condições em que vive a maioria das pessoas no país.

As comunidades sem as menores condições, aquelas que são consideradas as fundamentais para a sobrevivência, e, ultimamente abaladas ainda pela violência que tem assolado a todos, não podem pensar em termos de oferecer um preparo adequado para suas crianças, visto que estão preocupadas, em primeiro lugar, com a própria sobrevivência. Sabe-se que mesmo uma criança oriunda de carências afetivas, herdadas por uma infância difícil, pode haver ainda a capacidade de recuperação ou adaptação às más condições de vida, se observadas às necessidades e oportunizar mudanças para que ele mesmo alcance suas necessidades. O Fracasso Escolar________________________________________________________10 2. A influência da Família na vida escolar _______________________________________11 2. Família X Escola ________________________________________________________12 3. A psicopedagogia diante do Fracasso Escolar __________________________________16 4.

Analisando as razões do fracasso escolar no ensino fundamental ___________________19 4. A extinção da educação moral e cívica e organização social e política do Brasil _____34 6. A introdução do Ensino Religioso nas escolas _______________________________35 6. Espiritualidade, Religiosidade e Religião ___________________________________38 7. Reflexão sobre diferentes explicações para o fracasso escolar ______________________41 8. Elementos para o questionamento de teorias do déficit ___________________________45 9. Sociedade ___________________________________________________________57 II. Considerações finais _____________________________________________________58 III. Referências bibliográficas _________________________________________________62 Anexos __________________________________________________________________64 I- INTRODUÇÃO O presente artigo tem por intento uma discussão em torno do fracasso escolar, a participação da família e da escola, e as contribuições da Psicopedagogia, na busca por uma maior compreensão e caminhos para as questões que envolvem esse fracasso. A responsabilidade do fracasso escolar não recai só sobre o aluno, há que se pensar em toda a questão pedagógica.

Se aceitarmos que somos seres humanos e, como tais, nos construímos diferentes, faz-se necessário o uso de práticas pedagógicas que valorizem e aproveitem toda a bagagem de conhecimentos construída pelo aluno durante sua trajetória extraescolar. O fracasso escolar é uma patologia recente, só pôde surgir com a instauração da escolaridade obrigatória no fim do século XIX e tomou lugar considerável nas preocupações de nossos comportamentos, em consequência de uma mudança radical na sociedade. Não é somente a exigência da sociedade moderna que causa os distúrbios, como se pensa frequentemente, mas um sujeito que expressa seu mal-estar na linguagem de uma época em que o poder do dinheiro e o sucesso social são valores predominantes. A pressão social serve de agente de cristalização para um distúrbio que se inscreve de forma singular na história de cada um.

Diante da posição de Cordié (1996, p. buscam-se compreender as condições que possibilitam uma forma de subjetividade que produz esse sintoma culturalmente determinado de modo a repensar sobre os fatores implicados no fracasso escolar, aspecto sociocultural, conflitos familiares, sistemas pedagógicos, deficiência intelectual. Assim como a família, a escola é responsável por fazer a mediação entre o indivíduo e a sociedade. No entanto, quando as crianças recebem um bom estímulo de casa, quando os pais acompanham todo o processo de educação, ajudando no dever de casa, comparecendo às reuniões e sempre mantendo contato com os professores, essas crianças tendem a obter um melhor desempenho escolar. Já quando os pais são ausentes, ou quando a criança tem um vínculo familiar ruim, ela pode apresentar autoestima prejudicada e distúrbios na aprendizagem.

Acredita-se que quando a criança tem bons vínculos familiares, independentemente de como essa família se organiza enquanto estrutura, ela também terá uma boa relação com professores e amigos. A família desempenha um papel primordial na transmissão da cultura, se sobressaindo de todos os grupos humanos. Isso porque, assim como a família, a escola é responsável por fazer a mediação entre o indivíduo e a sociedade. Ao transmitir a cultura e, com ela, modelos sociais de comportamento e valores morais, a escola permite que a criança “humanize-se”, cultive-se, socialize-se ou, numa palavra, eduque-se. A criança vai deixando de imitar os comportamentos dos adultos e passando a apropriar-se dos modelos e valores transmitidos pela escola, aumentando, dessa forma, sua autonomia e seu pertencimento ao grupo social (MARIN, 1998).

Educar já significou, e talvez signifique ainda, em algumas regiões do terceiro mundo, apenas viver a vida cotidiana do grupo social ao qual se pertence. Assim, as crianças acompanhavam os adultos em suas atividades e, com o passar do tempo, aprendiam a “fazer igual”. Compreendidos os momentos históricos atravessados pela escola até constituir-se como a conhecemos hoje, nos deparamos com a caracterização e problemas contemporâneos. A escola tem sido crescentemente pesquisada, não só no Brasil, mas em outros países. Infelizmente, a bibliografia produzida pelos autores de tais estudos denuncia, de maneira contundente, a baixa qualidade educacional em vários países, expressa por problemas como indisciplina na sala de aula, precárias condições para o trabalho educativo, despreparo dos professores para realizar adequadamente seu trabalho, baixo status profissional e baixa remuneração, agravados no Brasil pelos alarmantes índices de evasão e repetência (MARIN, 1998).

São detectadas necessidades de reforma e melhorias físicas nos portões, nas calçadas, nos muros, nas instalações elétricas e hidráulicas dos prédios escolares, de construção de salas especiais, laboratórios, bibliotecas e quadras esportivas, fatos que caracterizam precárias condições para o trabalho educativo. Tais demandas são acrescidas de considerações sobre as reivindicações relativas a outros aspectos materiais: telefones, iluminação, higiene e limpeza dos prédios, material e equipamento escolar (MARIN, 1998). Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. A Política Nacional de Educação Especial adota, como uma de suas diretrizes gerais, o incentivo a mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno e entre seus objetivos específicos buscar o envolvimento familiar e da comunidade no processo de desenvolvimento da personalidade do educando.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), em seus artigos 2º e 6º, determina: Art. º: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. É preciso dialogar, com mediação do professor, que deve ser visto como parceiro no processo educacional. Assim, é fundamental que conheçamos os alunos e as famílias com as quais lidamos. Quais são suas dificuldades, seus planos, seus medos e anseios? Que características e particularidades marcam a trajetória de cada família e consequentemente, do educando a quem atendemos? As respostas a essas perguntas constituiriam informações preciosas para que os professores possam avaliar o êxito de suas ações enquanto educadores, identificar demandas e construir propostas educacionais compatíveis com a realidade de seus alunos.

PENTEADO, 2006). Na relação família / educadores um sujeito sempre espera algo do outro. Segundo Fernández (1990) o fracasso escolar responde a duas ordens de causas que se encontram imbicadas na história do sujeito próprios da estrutura familiar e individual daquele que fracassa em aprender e próprios do sistema escolar, sendo estes últimos determinantes. E que é preciso não confundir os fracassos escolares com problemas de aprendizagem para poder intervir antes que sejam produzidos, pois, muitas vezes, um pode derivar do outro. Bossa (2007, p. traz a seguinte contribuição: objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. É importante e necessário que se permita estar em conexão com variadas relações no intuito de entender as possibilidades de abordagem do trabalho psicopedagógico.

A contribuição acima vem reforçar, também, a ideia da prevenção na psicopedagogia e mostra como esta deve estar interligada com os olhares da psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, sociologia, antropologia, enfim possibilitando uma conexão contínua com o objetivo de entender o paciente na sua complexidade e ao mesmo tempo na sua singularidade. São várias as definições de psicopedagogia ou tentativas organizadas de se conceituá-la e essas definições foram sendo construídas também ao longo de um processo histórico. Bossa (2007) reitera esse caminho que passou pela concepção de não aprendizagem, com o foco na falta, posteriormente esse olhar sobre a não aprendizagem passa a ser identificada como cheio de significados e passa a levar em conta a singularidade do sujeito, buscando esmiuçar características de acordo com a sua relação direta com o meio sociocultural em que está inserido.

Bossa (2007, p. Pode ser pelo aspecto pedagógico, apropriado ou não à criança, pelas políticas educacionais que nem sempre tem a educação como meta principal, ou ainda pela situação geral pela qual passa a economia do país, e como resultado, o ambiente onde vivem milhares de crianças, inadequados para o seu desenvolvimento e crescimento. A escola conta com uma equipe que poderá estar atenta a problemas sociais dos alunos. O supervisor pedagógico tem a função de auxiliar o professor orientando-o em práticas pedagógicas que poderão superar o problema do fracasso escolar, e uma ação que pode ser significativa é manter contato com a família do ‘aluno-problema’ na busca de entender o porquê do ‘não aprender’. É fundamental no processo aprendizagem conhecer o aluno e sua origem para escolher a melhor forma de trabalhar com ele, neste sentido, o educador propiciará excelentes oportunidades para elevar o rendimento escolar dos educando, elevando também o auto conceito deste, tornando a aprendizagem mais agradável.

Existem várias razões para o fracasso escolar, assim como existem várias razões para se desenvolver um trabalho neste sentido. Segundo Gabriel Chalita “a família é a célula-mãe da sociedade”. p. Pais autoritários, conflitos familiares, divórcios, fazem parte de um extenso rol de causas que podem levar o aluno a se sentir rejeitado e começar a se desinteressar pelo estudo. A origem social dos alunos tem sido a causa mais usada para justificar os piores resultados na escola, sobretudo quando são obtidos por alunos originários de famílias de baixos recursos econômicos, onde, aliás, se encontra a maior porcentagem de insucessos escolares. As reflexões anteriores sobre o efeito do contexto socioeconômico no progresso escolar dos alunos podem ser aplicadas igualmente ao contexto familiar, uma vez, que cada família tem seu nível econômico e social.

Em uma sala de aula, existem 30 ou 40 singularidades, das quais o professor espera uma resposta única. Se há muitas maneiras de aprender, também deve haver muitas formas de ensinar. Como diz Perrenoud ao tratar todas as crianças como “iguais em direitos e deveres” a escola transforma diversas diferenças e desigualdades em fracassos e sucessos escolares. p. Cabe a escola a capacidade de saber lidar com as várias facetas e com os vários ritmos da aprendizagem. Como seres imaturos, os alunos estão numa fase de experimentação, sendo muito provável que cometam contínuos e inumeráveis erros em suas relações com o professor e com os companheiros. Para nós professores devem caber suficiente margem de erro para que os alunos sintam clima de liberdade em seu esforço de crescimento.

“Os professores mais eficientes são aqueles que compreendem os alunos e o processo da aprendizagem, mas tal compreensão não é adquirida nem rápida, nem facilmente”. PILLETI, 1993, p. Deste modo o professor num processo lento vai conhecendo seus alunos e conhecendo também o grau de aprendizagem que cada um adquire e pode adquirir. Em seu ambiente familiar, não vivenciaram usos da escrita nem um ambiente que as valorizasse e motivasse seu aprendizado. A queda das taxas de analfabetismo nas faixas jovens da população ¾. O que pode estar indicando que temos cada vez menos "fracassados". As taxas de analfabetismo entre a população com até 29 anos de idade vêm regredindo anualmente. Na faixa de 15 a 19 anos, o recuo foi de 12,2%, em 1991, para 6%, em 1997. Em um país em que a educação não é priorizada, percebe que uma fatia menor da população que possui um diploma de nível superior acredita, equivocadamente, estar numa condição confortável, que signifique um privilégio por ter uma maior e melhor condição de competitividade.

Triste engano! É somente a ratificação daquela velha máxima de quem em terra de cego, quem tem somente um olho é rei. Ler é bem diferente de decodificar. O brasileiro alfabetizado, na sua maioria, sabe somente decodificar letras, palavras e períodos curtos. Quando os períodos se tornam mais longos, as dificuldades começam a aumentar. São chamados de analfabetos funcionais os indivíduos que, embora saibam reconhecer letras e números, são incapazes de compreender textos simples, bem como realizar operações matemáticas mais elaboradas. No Brasil, conforme pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro, 50% dos entrevistados declararam não ler livros por não conseguirem compreender seu conteúdo, embora sejam tecnicamente alfabetizados. Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa, revelou dados da oitava edição do Indicador de Analfabetismo Funcional, o Inaf, cujos resultados são alarmantes.

De acordo com o Inaf, a alfabetização pode ser classificada em quatro níveis: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar (ambos considerados analfabetos funcionais), alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno (esses dois últimos considerados indivíduos alfabetizados funcionalmente). Conforme a pesquisa, que aplica um teste avaliando as habilidades de leitura, escrita e Matemática, o domínio pleno da leitura vem sofrendo queda entre todos os entrevistados, tendo eles concluído o Ensino Fundamental ou o Ensino Superior. Confesso que já sabia, só não o definia desse modo, e assistimos muitas palestras sobre esse assunto. Simplificando tudo o que ouvi e assisti resumo que esse novo modelo educacional aplicado pelo modelo governamental, desde meados de 1996, diminuiu a taxa de reprovação no ensino médio e fundamental, facilitou a entrada dos alunos ao nível superior com programas e incentivos financeiros, mas não deu base nenhuma para que ao chegarem à faculdade e lhe foram solicitado redações, textos científicos e avaliações com longos textos introdutórios para a questão, se verifica o número de alunos que abandonam ou reprovam, pois não foram acostumados com exigências intelectuais para seu próprio aprimoramento nos modelos de ensino aplicados nas escolas.

E no momento que o grupo docente teve de refletir e trocar com seus colegas, escutei frases que me deixaram triste por pensarem assim (e que hoje vejo que eles conseguiram me provar que se seguiu daquele jeito, que suas frases foram previsões do futuro), frases do tipo: “Isso tudo que ouvi, você acha que vou aplicar com os meus alunos?”. E percebi que a resistência começa conosco, os professores, pois conhecemos de fato nossos alunos, sabemos que eles nos dão de ombros quando pedimos um exercício feito por eles, eles sabem que vão passar de qualquer jeito, enfim, apenas começa, pois a população não está acreditando que a educação a levou a algum lugar, e não se motiva. O fim dessa turma Telessala foi que todos passaram (exceto os que abandonaram por muito tempo – reprovado por faltas), mesmo os alunos que apareciam uma vez a cada 15 dias, e o que é pior, eles estavam fazendo todas as matérias do 6º ao 9º ano do ensino fundamental (seguiram para o ensino médio sem saber nada), e irão seguir para o superior (os que tiverem coragem) e lá eles sentirão a sua ineficiência, a qual lhe foi mascarada por esse ensino que se aplica no Brasil.

No primeiro caso, a pessoa não teve nenhum ou pouco acesso à educação. No segundo caso, a pessoa é capaz de identificar letras e números, mas não consegue interpretar textos e realizar operações matemáticas mais complexas. As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo. De acordo com o diretor de relações com o mercado do Instituto Monitor, Eduardo Alves, mais do que limitar a inclusão da pessoa enquanto cidadão, o analfabetismo restringe o desenvolvimento profissional. “Isso reflete no país como um todo. Auxiliando, respeitando, humanizando e projetando ótimas referências e esperanças. Atendendo e compreendendo a todos – sem exceção. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DO BRASIL Talvez muitos não se lembrem, mas OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e Educação Moral e Cívica eram matérias obrigatórias no ensino público e particular, em todos os níveis, na época em que os nossos dirigentes políticos e os nossos presidentes eram verdadeiramente patriotas, cujo objetivo era dar ensino e subsídio para a formação de pessoas voltadas para o crescimento, e assim era redigido pelo Decreto-lei Nº 869 de 12 de setembro de 1969: Art.

º É instituída, em caráter obrigatório, como disciplina e, também, como prática educativa, a Educação Moral e Cívica, nas escolas de todos os graus e modalidades, dos sistemas de ensino no País. Art. Ambas, EMC e OSPB foram adotadas em substituição às matérias de Filosofia e Sociologia, e ficaram caracterizadas pela transmissão da ideologia do regime autoritário ao exaltar o nacionalismo e o civismo dos alunos e privilegiar o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise. O contexto da época incluía a decretação do AI5 {AI-5 (Ato Institucional número 5) foi o quinto decreto emitido pelo governo militar brasileiro (1964-1985)}. É considerado o mais duro golpe na democracia e deu poderes quase absolutos ao regime militar.

desde 1968, e o início dos “anos de chumbo” – a fase mais repressiva do regime militar cujo “slogan” mais conhecido era “Brasil, ame-o ou deixe-o”. As matérias deveriam constar em todas as grades curriculares brasileiras durante o primário, que hoje equivaleria ao ensino fundamental, e era uma forma de exaltar o nacionalismo presente na época da ditadura militar (1964 - 1985). Assim como não existe nas escolas uma matéria sobre o amor, também não deve existir sobre a religião. Existem coisas que se aprende com a vida, dentro da família e da comunidade. E, principalmente, se vive. O debate sobre a necessidade de se criar em um Estado laico uma disciplina chamada religião junto com a física e a matemática é uma verdadeira aberração.

É um debate político, não educacional. O filósofo agnóstico Fernando Savater, que nos convenceu de que todos (inclusive os não religiosos) deveriam estudar como nasceram, se forjaram e atuaram no mundo as diferentes formas de religiosidade, desde as monoteístas às panteístas, assim como as infinitas formas de se manifestar do sentimento religioso através da história nos diferentes continentes. Esse filósofo estava convencido de que, assim como se estuda História da Arte e História da Filosofia, se deveria ensinar nas escolas a História das Religiões, justamente para poder entender de um ponto de vista puramente cultural a influência que as religiões tiveram e têm na criação das diferentes artes, da pintura à arquitetura. E até mesmo da própria filosofia.

Como explicar, por exemplo, a criação de templos, igrejas e catedrais, as infinitas obras pictóricas ou de guerras criadas em nome das religiões sem estudar a evolução e a história das mesmas através dos séculos, vistas do ponto de vista histórico e político? Se para qualquer aluno seria uma grave lacuna deixar de estudar, por exemplo, a História da Arte e sua evolução desde as pinturas rupestres até hoje, também o seria ignorar a existência das diferentes religiões e o que elas criaram de positivo e de negativo ao longo dos tempos. Desse estudo, que deve ser apenas acadêmico, à educação — como pretendem algumas correntes religiosas — de uma religião concreta e apresentada geralmente como melhor do que as outras e, às vezes, em antagonismo a elas, existe, no entanto, um abismo.

É um patrimônio nacional. É uma forma de amar. E isso não se ensina nem se impõe, se vive e se respira. E precisa poder ocorrer em absoluta liberdade. ESPIRITUALIDADE, RELIGIOSIDADE E RELIGIÃO: Ao escutar uma entrevista de rádio no Youtube, ouço Karnal um professor, historiador e filósofo descrever sobre esse tema, o que me fez refletir sobre as mudanças da sociedade após o golpe militar. Eles se justificam que, por não poderem bater, seus filhos não lhe obedecem. Reflitam comigo: a sociedade mudou (nem sempre a família é presente, são diferentes das de antes), os pais trabalham não exigem nada de seus filhos (tem alunos meus que não arrumam a cama que dormem), a tecnologia rouba horas dos alunos em bobagens não vigiadas, não se preocupam com nada pois as leis lhe protegem de tudo, veja bem, não sou a favor de bater ou de trabalho infantil, mas nem nos países desenvolvidos a educação é tão frouxa como a do nosso país.

Ao invés de pressionarem o aluno nos estudos com o objetivo de apreender de verdade, já que a tecnologia nos facilitou tanto a vida, nós passamos o aluno porque o governo não quer taxa de reprovação. Particularmente eu fui chamada na Diretoria de Ensino em que morava para responder o porquê minha caderneta tinha tanta nota vermelha (isso no segundo bimestre da matéria de inglês no ensino fundamental). Ora, deu vontade de responder: porque ninguém tira nota nessa matéria! Mas não assim respondi, e sim afirmei que eles não se empenham na minha matéria, não acham importante, haja vista o modelo apostilado que o MEC queria que eu trabalhasse em sala. A questão do ensino religioso, para um país Laico é uma afronta, mas o governo acha bom.

O que se deve ensinar nessa matéria não é religião, essa ou aquela, e sim a história dela no decorrer da nossa história (quase todos os movimentos teve motivação religiosa) e somente para se saber como nossa sociedade viveu e vive com essa mistura de crenças. Existem diversas religiões, todas são de escolha e interpretação individual, mas hoje estamos customizando a religião às minhas necessidades (sou católica, mas gosto de centro espírita). Leandro Karnal responde qual a diferença entre religião, espiritualidade e religiosidade dessa forma: “religião pressupõe uma organização reconhecida e estruturada em hierarquia, proporciona uma identidade ao seu seguidor (modelo conservador e em pirâmide); a religiosidade diz respeito do sentimento que eu tenho dentro desse religião (trata-se mais da personalidade da pessoa, sua fé), do que se considera sagrado para essa pessoa; e afirma que todos temos uma espiritualidade numa perspectiva profundamente prática e colada ao cotidiano (convivência com as transformações da sociedade em que vive).

E ele afirma que nós só temos religião de fato quando adultos, antes disso temos apenas religiosidade, pois as mensagens religiosas são complexas, e que de qualquer forma que você interpretar perceberá que estará sempre a seu favor (exemplo disso é o homem bomba, que se mata junto com milhares por uma religião, e assim se justifica para o caminho do paraíso, e seus pecados foram perdoados por sua missão de morte por sua própria morte). Com a institucionalização do ensino obrigatório, surgem, tanto histórias de sucesso de alguns, como história de fracasso de muitos outros. Segundo Griffo (1996): Débil, deficiente mental educável, anti-intelectual, criança com desvio de conduta, criança lenta, criança com repertório comportamental limitado, criança com distúrbios de aprendizagem, carente linguístico, carente cultural, criança com pobreza vocabular, com atraso de maturação, com distúrbio psicomotor, com problemas de socialização, hiperatividade, disléxica, portadora de necessidades especiais (p.

Esses são alguns nomes criados ao longo dos anos, segundo o autor acima, para identificar aqueles que fracassam na escola. É evidente que tais nomeações não surgem do acaso. Elas expressam diferentes perspectivas de entendimento das causas do fracasso escolar ao longo da história. Ao se empregar termos como dislexia, hiperatividade e disfunção cerebral mínima, tende-se a ver o aluno como o único responsável pelo seu próprio fracasso. Segundo Vidal (1990; CYPEL, 1993): A facilidade com que esse diagnostico é utilizado nas escola cria um quadro de encaminhamento para atendimento médico e prescrição de medicamentos, levando à biologização de um fenômeno da esfera escolar, produzindo gerações que acabam por se tornar conhecidas como “geração gardenal” (p. Como consequência, limita-se, assim, o campo de investigações do fracasso escolar, uma vez que outros fatores intervenientes na produção desse fenômeno são desconsiderados.

A segunda abordagem do fenômeno do fracasso escolar surgiu do desenvolvimento de pesquisas no campo da psicologia cognitiva. Trata-se de uma abordagem instrumental cognitiva, assim designada por buscar as causa das dificuldades de aprendizagem em possíveis disfunções relativas a um dos quatro processos psicológicos fundamentais: a percepção, a memória, a linguagem e o pensamento. Entre esses se destacam, por exemplo, a inadequação dos métodos pedagógicos, as dificuldades na relação professor-aluno, a precária formação do professor, a falta de infraestrutura das escolas da rede pública de ensino. Segundo Sena (1999: p. “deslocando a questão do aluno que não aprende para a escola que não ensina”, seguidores dessa abordagem propõem modificações na estrutura e organização da escola, afim de que essa instituição cumpra seu papel social.

A abordagem denominado Handicap sociocultural identifica no meio sociofamiliar a origem do fracasso das crianças na escola. Adeptos dessa abordagem consideram a bagagem sociocultural dos alunos e de seus familiares um fator decisivo, tendo em vista que a maioria dos alunos que fracassam na escola é oriunda das camadas populares. Diversas pesquisas, desenvolvidas a partir dos anos 70 do século passado, fornecem elementos para se refutar a hipótese do déficit como causal do fracasso escolar. O trabalho de Labov (SOARES, 1987), por exemplo, forneceu elementos para que o questionamento das situações de teste a crianças negras, moradores de guetos em grandes cidades americanas eram submetidas. Segundo ele, a artificialidade, diferença de classes do entrevistador e dos entrevistados comprometeria o desempenho dessas crianças, levando-as a se mostrarem desarticuladas e monossilábicas nas situações de entrevista.

A análise da produção linguística dessas crianças em interação com seus pares ou em entrevistas feitas por pessoas do seu próprio grupo social revelou que essas crianças possuíam uma gramática sistemática, coerente e lógica. Segundo Soares, Labov adotaria uma posição contrária às dos partidários da teoria do déficit linguístico. Observa-se que em alguns casos a intervenção familiar, embora positiva, tem efeito limitado sobre a aprendizagem do aluno, como, por exemplo, quando se garante a posse de livros de referência, mas esses não são efetivamente utilizados pelos adultos da família. Além disso, demonstrou-se que as diferentes atitudes tomadas pelas famílias não são valorizadas da mesma forma nas diversas escolas onde esses alunos são atendidos.

ANALISANDO O FRACASSO ESCOLAR Este trabalho busca fundamentação teórica que mostra e justifica muitas razões para o fracasso escolar, mas fica ressalvado que, muitas das constatações citadas foram feitas numa localidade, embora não sejam necessariamente demonstráveis através de números e dados estatísticos. É nas tramas do fazer e do viver o pedagógico quotidianamente nas escolas, que se pode perceber as reais razões do fracasso escolar das crianças advindas dos meios socioculturais mais pobres. No desenrolar de nossa pesquisa de campo, o que temos ouvido e observado nas escolas visitadas reforça a afirmação (…) de que se imputa o fracasso dessas crianças, oriundas das classes trabalhadoras, à desnutrição, às verminoses, enfim, a uma condição adversa de saúde.

O que era atribuído até então ao foro individual, tornou-se subitamente um problema insuportável sob o ponto de vista social. A preguiça, a falta de capacidade ou interesse, deixou de ser aceitas como explicação para o abandono todos os anos de milhares e milhares de crianças e jovens do sistema educativo. A culpa do seu insucesso escolar passou a ser assumida como um fracasso de toda a comunidade escolar. O sistema não fora a capaz de motivá-los, reter, fazer com que tivessem êxito. O desafio tornou-se tremendo, já que todos os casos individuais se transformaram em problemas sociais. A grande dificuldade destas análises, como veremos, reside na impossibilidade de se isolar as causas que são determinantes em todo o processo. ALUNOS -Atrasos do desenvolvimento cognitivo.

As escalas psicométricas de inteligência têm sido apontadas como um bom indicador para identificar estas causas individuais de insucesso escolar. O problema é que a grande maioria dos alunos que falham nos resultados escolares tem um desenvolvimento normal. Há que não abusar desta explicação… -A instabilidade característica na adolescência, consta entre as muitas causas individuais do insucesso. d) Os valores culturais destas famílias são, segundo alguns sociólogos, opostos aos que a escola propõe e supõe (mérito individual, espírito de competição, etc. Perante este confronto de valores, os alunos que são oriundos destas famílias estão por assim, pior preparados para os partilharem. O resultado é não se identificarem com a escola. Nesta linha de ideias, Holligshead, afirmou que os mais desfavorecidos norteiam-se por objetivos em curto prazo (o presente), o que estaria em contradição com os objetivos visados pela educação (em longo prazo).

Esta diferença de objetivos (e valores) acaba por conduzi-los a um menor investimento escolar. Os alunos mais baixamente espectador são em geral mais mal tratados pelos professores. – Existe na cabeça da maioria dos professores, um padrão de avaliação que tende a coincidir com uma curva normal. Assim, na avaliação que produzem, partem em geral do pressuposto que apenas alguns são bons, a maioria são medianos, e proporcionalmente ao número dos primeiros, existem uns quantos que são mesmo maus e tem que ser eliminados. – A avaliação, conforme demonstram inúmeros estudos nunca é absoluta, pelo contrário varia em função de uma multiplicidade de fatores. As modas pedagógicas, o contexto escolar, os métodos de avaliação, as disciplinas, os professores, os critérios utilizados, o modo como estes são interpretados, etc.

– Expectativas baixas dos professores e dos alunos em relação à escola. Nas escolas onde isto acontece os resultados tenderão a confirmar o que todos afinal estão à espera. – Clima de irresponsabilidade e de falta de trabalho. Os exemplos abundam para que esta afirmação careça de grandes justificações. – Objetivos não partilhados. O problema é que o clima escolar resulta de uma enorme variedade de fatores, sobretudo dos que são de natureza imaterial como as atitudes, esperanças, valores, preconceitos dos professores e alunos, o tipo de gestão etc. e não tanto do ambiente físico (instalações, localização da escola, etc. O problema é identificar quais são as causas determinantes para um mau clima escolar. Uma coisa é certa, os alunos que trabalham num bom clima tendem a obter melhores resultados que os restantes.

– As culturas organizacionais, sucedâneas no plano teórico do conceito de clima escolar, têm obviamente as suas cotas parte no insucesso escolar. c) Na Escola Industrial e de Mercado levam-se a sério os grandes desafios da atual sociedade, privilegiando-se valores como “competência”, “especialização” e “capacidade de inovação”. Estamos perante uma escola tecnocrática, apostada em responder de forma adequada às crescentes exigências do mercado. Os menos aptos, ou os que possuem ritmos de aprendizagem mais lentos são naturalmente sacrificados em nome das exigências impostas pela competitividade. d) A Escola Narcísica está, sobretudo interessada na imagem de si a partir do reflexo que nos produz outros. Trata-se de uma escola construída a partir da produção de uma imagem de marca (“fachada”), onde tudo é feito em função deste objetivo mobilizador.

– As elevadas cargas horárias semanais ocupadas pelos alunos em atividades letivas, mais tradicionais, são desde há muito consideradas excessivas. Os alunos tem pouco tempo para outras atividades de afirmação da sua individualidade, desenvolvimento de hábitos de convivência, participação em ações coletivas em prol da comunidade, etc. O resultado é sentirem-se num escola-prisão, sem qualquer relação com os seus interesses. SISTEMA EDUCATIVO: – Neste nível as causas apontadas são igualmente inúmeras, a começar pela pouca diversidade das ofertas formativas nos níveis terminais do sistema, em particular no secundário. Outras vezes, quando existem, estão desarticuladas, por exemplo, das necessidades do mercado de trabalho. E, na sequência, os pais colaboram com essa autodestruição do filho, através de críticas ou mesmo pela falta de incentivo ao estudo.

Portanto, sabemos que quando se busca algo mais sólido para se apoiar e para entender as causas de tanto fracasso escolar, o aluno começa a deixar de ser o ‘vilão’ da história, para se tornar uma vítima. Quando se busca entender as razões do fracasso escolar analisando as condições em que vive o aluno, e também as condições em que ele frequenta a escola (sem contar as próprias condições da escola), realmente entenderemos que precisamos mudar nossa opinião. Mas não só da escola depende essa carga. Houvesse uma escola de padrão ideal, e ainda assim nos depararíamos com essa grave situação de fracasso escolar, numa das fases mais importantes da educação do individuo, sendo exatamente por isso denominada de ensino fundamental.

Dentro da escola quem pode mais tem menos fracasso escolar. Mesmo uma criança oriunda de carências afetivas, herdadas por uma infância difícil pode haver ainda a capacidade de recuperação ou adaptação às más condições de vida, se observadas às necessidades e oportunizar mudanças para que ele mesmo alcance suas necessidades. O conceito de família sofreu alterações desde as últimas décadas. Tradicionalmente a palavra família era automaticamente associada à ideia do grupo constituído por pai, mãe e filhos. Atualmente, porém, esse conceito foi ampliado, e podemos entender por família um grupo de pessoas que moram em uma mesma casa, mantendo-se ligados por um relacionamento afetivo ou pelo grau de parentesco. Busca-se sempre desenvolver e expandir a personalidade do indivíduo, favorecendo as suas iniciativas pessoais, suscitando os seus interesses, respeitando os seus gostos, propondo e não impondo atividades, procurando sugerir pelo menos duas vias para a escolha do rumo a ser tomado, permitindo a opção.

E nesse caminho inserido sempre num processo de ação e reflexão sobre a prática, desenvolvendo o espírito crítico em relação à sociedade em que vivemos. Que podemos acenar novos caminhos para a educação e ressaltar que as questões do vínculo ganhas especiais relevância, à medida que denota a importância da natureza, das relações que o indivíduo estabelece conseguem mesmo, e com o meio no qual se insere e com o conhecimento. Tais relações parecem ter influência significativa na determinação do sucesso ou do fracasso escolar. III. Política Nacional de Educação Especial: livro 1. Brasília, MEC/SEESP, 1994. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9424, de dezembro de 1996. Revista Leitura: Teoria e Prática, 20.

Campinas: ABL, 1991. CORDIÉ, Anny (1996). Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas. São Paulo: Ática, 1985. FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre, Artes Médicas, 1991 MARIN, A. J. KARNAL, Leandro. youtube. com/watch?v=c-H-evC6X0I – Espiritualidade, Religiosidade e Religião. NUNES, T ; BUARQUE, L; BRYANT. Dificuldades na aprendizagem da leitura. Acesso em: 18/02/2018 SCOZ, Beatriz, Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Ed. Petrópolis: Vozes, 1994. SOARES, Magda B. Linguagem e escola – uma perspectiva social. Como estes alunos se relacionam com os colegas de sala de aula. Demonstram interesse por atividades extraclasse. Fazem atividades em tarefas de casa. ANEXO II ROTEIRO DE ENTREVISTA ÀS PROFESSORAS Como é sua relação com os alunos que tem dificuldade de aprendizagem? O que você planeja para ajudar alunos que fracassam? Qual é a sua relação com os familiares de seus alunos? Em sua opinião, qual é o fator principal, para o fracasso escolar do aluno? Em sua opinião quem /o quê, é o culpado pelo fracasso escolar? Em sua opinião, o fracasso escolar tem raízes na situação socioeconômica do aluno? ANEXO III ROTEIRO DE ENTREVISTA À SUPERVISORA Em sua opinião existe um culpado para o fracasso escolar do aluno? A equipe docente recorre a você pedindo ajuda para sanar o problema do fracasso escolar? Qual é a sua atuação para superar o problema do fracasso escolar?.

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