A Psicologia na Educação : dos Paradigmas científico às finalidades educacionais

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Paradigmas Científicos. Psicologia Educacional. ABSTRACT This article analyses some psychologycal theories and their contributions to education. It discusses them under Thomas Kuhn’s conception of paradigm and purpose that educational aims are the only criterion to accept or refuse them. Keywords: Psychologycal Theories. Uma Apropriação Construtivista dos Paradigmas da Psicologia. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS. INTRODUÇÃO Os currículos dos cursos de formação de professores, em qualquer nível, abordam temas que dizem respeito à escola, como instituição social, e às relações mantidas pelos agentes envolvidos no processo de ensinar e aprender. Algumas de suas disciplinas respondem pelos fundamentos filosóficos, políticos, sociais e legais do ensino, com ênfase no desenvolvimento histórico da escola e no perfil sociológico e antropológico dos alunos.

Embora as ideias de Kuhn sejam bastante sugestivas, acredita-se ser possível tomá-las apenas a título de empréstimo parcial. O que caracteriza um paradigma é o fato de conter realizações científicas "reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior" (KUHN, 1990, p. o que define "implicitamente os problemas e métodos legítimos de um campo de pesquisa para as gerações posteriores de praticantes da ciência"; ao fazê-lo, tais realizações atraem um "grupo duradouro de partidários, afastando-os de outras formas de atividade científica dissimilares". Ao mesmo tempo, trata-se de realizações "suficientemente abertas para deixar toda espécie de problemas para serem resolvidos pelo grupo redefinido de praticantes da ciência" (Idem, p.

Desse modo, certas formulações originais contidas no amplo espectro das teorias psicológicas podem ser nomeadas paradigmas, ou matrizes disciplinares, conforme Kuhn (1990). É sabido que Freud dedicou pelo menos os últimos cinquenta anos de sua vida à elaboração da Psicanálise, tendo tido oportunidade de experimentar sua adequação a terrenos não diretamente vinculados à clínica psicológica. Tanto é assim que suas ideias podem ser avaliadas, hoje, muito menos como um conjunto de técnicas psicoterapêuticas do que como uma concepção a respeito das relações entre o indivíduo e a cultura. Algo semelhante pode ser dito quanto a Skinner, que buscou aplicar suas constatações, muitas delas obtidas em laboratório com animais, a uma reflexão sobre o papel da ciência no planejamento da cultura.

Piaget, que acompanhou de perto o avanço de seu projeto de investigação das estruturas cognitivas, não se furtou a expandi-lo em várias direções, discutindo o desenvolvimento moral da criança, elaborando estudos de caráter sociológico e sobre o progresso das ciências. É com base nestes aspectos que se propõem a denominação kuhniana de paradigma para as teorias psicológicas. Os Paradigmas Psicológicos e a Educação Escolar Nenhuma das matrizes disciplinares da Psicologia foram criadas com o intuito de responder à questões formuladas no terreno da educação em geral e, muito menos, no campo específico da educação escolar. A Psicanálise constitui a demonstração mais óbvia dessa afirmação, pois o paradigma freudiano foi desenvolvido para atender à demandas oriundas da clínica psicológica, sendo seu propósito inicial encontrar um meio eficiente para curar neuroses (cf.

FREUD, 1978). Quanto ao Comportamentalismo, tratou-se originalmente de uma iniciativa para construir uma teoria geral que contemplasse as leis de regularidade e uniformidade do comportamento humano, em que estivessem descritas as relações entre as respostas emitidas por um organismo e os estímulos ambientais (cf. SKINNER, 1967). Assim, se é certo que os paradigmas psicológicos não nasceram para resolver problemas educacionais em geral, ou, problemas específicos da educação escolar, é preciso reconhecer também que toda e qualquer utilização educacional dos saberes oriundos da Psicologia é passível de discussão. Além disso, quando a Pedagogia tenta apossar-se dos conhecimentos científicos da Psicologia, pode fazê-lo sob a égide de diversas orientações pedagógicas. Consequentemente, torna-se muito difícil e, em alguns casos, leviano, vincular uma vertente do pensamento educacional a conceitos extraídos de uma teoria psicológica, como se algum saber desta área fosse responsável exclusivo pelas práticas contidas naquele.

No entanto, é preciso admitir que alguns paradigmas contêm formulações que implicam reflexões problematizadoras e soluções de interesse inegável para os educadores. As sugestões de Skinner quanto ao modo de organizar a educação escolar não são as únicas possíveis, ou as únicas que devem ser consideradas pelos adeptos de seu paradigma. p. Mauco admite, entretanto, que a Psicanálise pode ser útil aos educadores, se não enquanto método de interpretação, cuja utilidade é evidentemente limitada aos domínios do consultório, ao menos como fonte para a compreensão do desenvolvimento psíquico e afetivo do ser humano; ao elucidar as relações da criança com a família, do educando com o educador e a economia psíquica do profissional da educação, a Psicanálise pode fornecer ao professor condições para lidar com indivíduos em situação de aprendizagem, capacitando-o para o melhor desempenho de suas funções próprias.

Impossibilitada de inspirar métodos pedagógicos, mas apta a sustentar uma nova visão dos processos educacionais, a Psicanálise pode ser útil ao questionamento dos vínculos de autoridade na sala de aula em abordagens pedagógicas avessas aos moldes tradicionalistas. À imagem do psicoterapeuta, o educador inspirado na Psicanálise deve renunciar ao controle intensivo sobre seus educandos; no processo de avaliação da aprendizagem, por exemplo, tem apenas uma vaga imagem do que pode estar ocorrendo com o aluno, pois não tem acesso direto à repercussão dos conteúdos escolares no inconsciente do aprendiz. Mais ainda, não tem como saber em que medida a relação transferencial estabelecida entre ele e o educando está interferindo no trabalho pedagógico. As formulações paradigmáticas de Piaget não foram transpostas, por ele mesmo, para a sala de aula; suas ideias permitiram-lhe distinguir entre diversas abordagens educacionais já existentes, tornando-se crítico dos métodos tradicionais de ensino e defensor da renovação educacional.

Além disso, autorizou certos esforços destinados a essa transposição, como é o caso da obra de Hans Aebli, datada dos anos 1950 e publicada no Brasil com o título Didática Psicológica: Aplicação à Didática da Psicologia de Jean Piaget (AEBLI, 1971). Das teses piagetianas, entretanto, têm surgido diversas possibilidades de ação, que variam quanto ao modo de situar o valor dos conteúdos das matérias escolares, o papel do professor na sala de aula, os instrumentos de avaliação, enfim, sobre todos os componentes da situação de ensino e aprendizagem. Ao analisar algumas dessas vertentes, Coll (1987) considera a existência de duas grandes interpretações. A primeira valoriza os aspectos endógenos do processo de construção do conhecimento e enfatiza a atividade livre e espontânea do aluno, o que impõe à escola criar ambientes estimulantes que permitam ao aprendiz desenvolver seu potencial, à sua maneira e em seu próprio ritmo.

São Paulo: Perspectiva, 1992. COLL, C. As Contribuições da Epistemologia para a Educação: Teoria Genética e Aprendizagem Escolar. In: LEITE, L. B. Org. Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Cortez, 1987. SOLÉ, I. Os Professores e a Concepção Construtivista. A Individualidade para Si: Contribuição a Uma Teoria Histórico-Social da Formação do Indivíduo. Campinas, SP: Autores Associados, 1993. DUARTE, N. Educação Escolar, Teoria do Cotidiano e a Escola de Vigotski. Campinas, SP: Autores Associados, 1996. A. R. L. Educação Escolar: Finalidades e Objetivos. São Paulo: Saraiva, 1979. C. Freud e a Educação: O Mestre do Impossível. ª Ed. São Paulo: Scipione, 1992. MAUCO, G. ª Ed. Belo Horizonte, MG: Interlivros, 1975. SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. A Difusão das Ideias de Piaget no Brasil.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 1.

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