Monografia sobre dialética - Hegel e Marx

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

E aqui começo a discorrer sobre Hegel e sua utilização do conceito em questão. O autor se coloca em contraponto com a tradição filosófica iluminista: Hume acreditava que o empirismo seria a chave para a relação entre sujeito e objeto, se baseando nos cinco sentidos humanos como a ponte que liga as partes ​sujeito ​e ​objeto​. O objeto, por conseguinte, é externo ao sujeito, e este se vale de suas ​sensações ou sentidos para apreender aquilo que quer ou pode desse ser externo. Ainda para Hume, ​causa e efeito seriam uma “regra geral” na qual a mente humana funciona, e estabelecer essa relação para compreender o objeto é uma necessidade humana. Kant, por outro lado, afirmaria que o objeto pouco importa. O salto se dá quando essa autoconsciência se encontra com outra autoconsciência.

Ela também, da mesma forma, se molda a partir do outro. Se identifica com o outro por enxergar nele si própria, e enxergar ele em si própria. O outro também é fruto da consciência, e portanto sou consciente de mim mesmo. Mas o contato de duas autoconsciências, segundo Hegel, se dá de forma violenta, travando uma luta de vida ou morte. O objeto diante da sua consciência, criado por si, é prova de sua existência. Isso entra em conflito com a negação da sua própria autoconsciência causada pela relação de dominação do senhor. A sequência de fenômenos que ocorrem na consciência constitui o campo de estudo da fenomenologia. Essas sequência se dá no tempo, nas autoconsciências conscientes de si, através das relações dialéticas que se estabelecem entre elas e o seu redor.

Dessa forma, como vimos, há o exemplo da relação entre senhor e escravo e a dialética do trabalho, que modificam a consciência de ambos senhor e escravo, dialeticamente. Seria uma forma de substituir o que os filósofos iluministas chamavam de ​natureza humana​: para estes, há algo imutável no ser humano, algo eterno, que media as relações; para Hegel, o espírito, a consciência humana sempre em movimento, se põe como a “natureza” humana. Dessa forma, a única coisa que não muda no ser humano é sua constante mudança. O espírito ​é a mudança, e a mudança é o espírito. Ou, em outras palavras, é diferenciação. A autodiferenciação do espírito constitui uma prova da ​liberdade​, outro conceito chave para o autor.

A razão, nesse caso, não seria um cálculo frio para a delimitação da paixão, mas sim um instrumento de ​ordenação e ​hierarquização dos interesses individuais. Um fator interno que propõe um sentido maior aos interesses, consolidando a paixão. Por último, também contrariando os filósofos iluministas, mas conciliando-se em parte, mantendo a ideia ​progressista ​do “andar” histórico, Hegel hierarquiza a humanidade e os povos mediante a própria natureza do espírito humano, que no seu processo de constante diferenciação, constitui prova da ​liberdade​. Os diferentes níveis de ​consciência da liberdade​ são o que diferenciam os povos uns dos outros. Espírito é o movimento entre particular e universal, entre sujeito e objeto; portanto, por ser movimento, é uma constante diferenciação.

Marx, por outro lado, enxerga a dialética sob outra perspectiva, e coloca-a também sobre outro objeto. Em diferente perspectiva pois critica que Hegel tramita apenas em âmbito jurídico na sua filosofia, sem levar em conta a historicidade das leis e nem a verificação de sua teoria no mundo real, sendo este o foco para o uso da “ferramenta” da dialética. E sobre outro objeto por desviar dos indivíduos e propor as classes sociais​ como o novo objeto histórico. Fazendo parte de um grupo de estudos que se perguntava qual seria o atraso do povo alemão frente aos grandes povos de França e Inglaterra; esse grupo, que continha não só Marx (à época, um estudante de Direito) mas também pensadores como Bauer e Feuerbach, acreditava que o peso da religião luterana criava um meio de ​alienação na qual o povo alemão estava inserido.

Esse conceito não era estranho a Hegel, que argumentava que o espírito, num momento de confrontação com seu exterior, perde o sentido de si próprio: perde-se em si, exteriorizando o contraditório que se criou nessa confrontação com o externo. Ele argumenta que a terra antes era comunal, pertencente a um feudo, e portanto de usufruto de todos, sendo ​propriedade de todos​, sem direito de alienação. É mediante cercamentos que essa terra vira propriedade privada de alguém, por poder econômico e político deste. Dessa forma, categorizar como “roubo” o que fizeram os camponeses só é possível dentro de uma legislação moldada com base no direito do indivíduo com poder econômico e político, no grande proprietário. Essa legislação seria, para o autor, a ​lei burguesa​.

É necessário para Marx que a classificação de “roubo” passe por uma explicação histórica, que levaria em conta questões sociais e econômicas, e não simplesmente a definição jurídica atemporal, como supunha Hegel. A propriedade privada se relaciona diretamente com a divisão do trabalho na sociedade capitalista. Aqueles que possuem os meios de produção são os que enriquecem através do alienação da força de trabalho feita pelos proletários. Ao fazer esse ato de ​venda da sua força de trabalho, escapa ao controle humano o ​poder social​. Como vimos anteriormente, o direito de alienação da propriedade é contraditório com o direito de posse e usufruto, assim como o de exclusão, pois a partir do momento que se vende a propriedade, se perde esse segundo direito (que na verdade é o primeiro, por constituir o primeiro da relação que se dá entre o sujeito e a propriedade), criando assim uma relação dialética.

Dessa forma o homem perde a propriedade do fruto de seu trabalho por ser obrigado, na sociedade capitalista, a vender sua força de trabalho a um proprietário.

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