Colchicina um fármaco utilizado no tratamento da COVID-19 uma revisão de literatura

Tipo de documento:Revisão integrativa de literatura

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Os primeiros relatos da doença foram identificados na cidade de Wuhan, na China, que envolvem sintomas como febre, dor de garganta e tosse seca, de maneira geral. Há também a manifestação de quadros graves caracterizados, sobretudo, por pneumonia grave, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), choque séptico, edema pulmonar e falência de órgãos. Além disso, foram identificados outros sintomas como anosmia e ageusia, a partir da progressão da doença. Apesar destas manifestações, cerca de 80% dos indivíduos portadores do vírus são assintomáticos, tendo um curso autolimitado da doença. Os 20% restantes, por sua vez, manifestam um quadro crítico da doença provocado pela ativação exacerbada do sistema imunológico, sendo multissistêmica (TUTA-QUINTERO, et al.

Esse processo de ativação também é capaz de estimular a formação de fibrina (ZANCANARO et al. Em suma, a COVID-19 tem a capacidade de envolver uma significativa e sistêmica resposta inflamatória, associada à hipercoagulabilidade e isquemia - ambos apresentando piora pela hipóxia -, uma vez que observa-se que, tanto a trombose, quanto lesões em outros órgãos são observadas em regiões no organismo nas quais não há a presença do vírus (ZANCANARO et al. No momento, não há evidências de que medicamentos como hidroxicloroquina, lopinavir e interferon apresentem resultados positivos relacionados à queda de mortalidade. Nesse sentido, há o remdesivir que demonstrou acelerar o período de melhora clínica em adultos hospitalizados com a forma grave da doença.

É necessário, assim, investigar drogas com mecanismos de ação alternativos, como a colchicina, que poderia desempenhar funções no controle em resposta inflamatória sem controle ou em tempestades de citocinas (TUTA-QUINTERO, et al. Quando há a diminuição, portanto, da chegada dessas células no local inflamado, há a diminuição subsequente de toda cascata inflamatória e, consequentemente, queda da liberação de citocinas pró-inflamatórias (TNF- alfa, interleucina) além da queda do ácido lático. Todo este mecanismo caracteriza, dessa forma, o efeito anti-inflamatório da colchicina (FERREIRA, et al. Além disso, a colchicina também pode se distribuir de forma intercalada irreversivelmente em dímeros α / β livres que são incorporados, bloqueando a extensão dos microtúbulos. Os microtúbulos, por sua vez, facilitam o movimento das moléculas de adesão nas superfícies celulares na inflamação, incluindo o processo de migração dos neutrófilos em direção às células inflamatórias.

É possível também a interferência da colchicina nas interações entre os neutrófilos e o endotélio provocando alteração no número e/ou na distribuição de selectinas, diminuindo a adesividade mediada pela E-selectina do endotélio vascular estimulado por citocinas a neutrófilos na nano-α-profilaxia (HARIYANTO, et al. Ainda relacionado ao efeito nos microtúbulos, a colchicina é capaz de perturbar a estrutura dos microtúbulos e diminuir a elasticidade e o relaxamento dos neutrófilos, impedindo, então, o extravasamento de neutrófilos dos vasos sanguíneos em direção à inflamação (HARIYANTO, et al. Reitera-se que o coronavírus, incluindo SARS-CoV-2, é dependente do transporte associado ao microtúbulo para concluir sua replicação. A infecção celular por coronavírus acarreta a entrada viral através da interação da cauda citoplasmática da proteína de pico com a tubulina.

Isso corrobora o fato de que a inibição da entrada e consequente replicação viral, através da administração de colchicina, pode contribuir para redução do risco de doença grave e mortalidade (HARIYANTO, et al. No entanto, há de se ponderar a aplicação deste fármaco ao analisar seus efeitos adversos. Estudos também indicam a capacidade do medicamento de modular a resposta inflamatória, a tempestade de citocinas e a ativação do inflamassoma, fatores significativos na fisiopatologia, curso clínico e resultados clínicos dos indivíduos infectados com o novo coronavírus (TUTA-QUINTERO, et al. A COVID-19 possui como fatores de risco significativos a obesidade e o diabetes mellitus. Nesse sentido, há a análise de um estudo clínico randomizado controlado recente sobre os efeitos da colchicina um grupo que apresentava obesidade (IMC ≥ 30 kg /m2) e síndrome metabólica no qual encontrou-se regulação de moléculas inflamatórias ou mediadores do sistema imune inato (alfa 1-antiquimotripsina, mieloperoxidase, C5a e ciclooxigenase-2) (TUTA-QUINTERO, et al.

Um ensaio clínico utilizando a colchicina foi realizado por pesquisadores da USP com apoio da FAPESP em abril de 2020. Consistia num ensaio controlado, randomizado e duplo-cego (método considerado duplo-cego), lançando mão de 35 participantes, sendo 18 pertencentes ao grupo placebo e 17 com administração de colchicina. Os tratamentos associados com diminuição da mortalidade na análise bruta foram aqueles que lançaram mão da colchicina e tocilizumab. Dentre os fatores de risco relacionados ao maior impacto na mortalidade há idade maior que 65 anos, saturação de oxigênio menor que 90% e desidrogenase láctica elevada. A administração de colchicina, por sua vez, apresentou menor risco de mortalidade. Ainda que com a avaliação de 351 participantes, o tratamento com colchicina evidenciou-se um fator associado à maior sobrevida e foi observada melhora do prognóstico neste grupo (ZAVALETA, 2021).

Outra revisão de literatura, cujo objetivo foi identificar a capacidade da administração de colchicina em atingir níveis plasmáticos conhecidos por serem geralmente seguros e eficazes, observou que um esquema envolvendo 0,5 mg duas vezes ao dia pareceu manter níveis terapêuticos mais eficazes, com pouca probabilidade de atingir concentrações plasmáticas tóxicas. Dentre estas complicações clínicas, é possível encontrar a pericardite aguda a qual, embora seja autolimitada na maioria dos casos, pode evoluir para um tamponamento cardíaco ou para formas que são recorrentes e constritivas. No estudo supracitado envolvendo pacientes com manifestações cardíacas, todos os pacientes do estudo foram submetidos a terapia com colchicina utilizando seu protocolo terapêutico usual, que consiste na administração de 0,5 mg duas vezes ao dia, durante três meses.

A colchicina vem recebendo destaque no tratamento da pericardite aguda e da pericardite recorrente devendo, portanto, ser considerada como opção de terapia na pericardite associada ao Sars-CoV-2 (BENTES, 2021). A literatura atual atribui o risco de desenvolver insuficiência respiratória após tratamento com colchicina à administração de doses supra terapêuticas, sendo improvável que desenvolva SDRA com doses terapêuticas ideais e ajustando-as em pacientes com insuficiência renal. Sua toxicidade é rara e, de maneira geral, está associada a doses elevadas. Referências: Tuta-Quintero E, et al. Colchicina, perspectivas de un viejo amigo para la reumatología en la COVID-19: una revisión exploratoria. Rev Colomb Reumatol. PRADO, Eduardo de Melo et al. Repercussões hematológicas, cardiovasculares e pulmonares no prognóstico de pacientes infectados por COVID-19: uma revisão integrativa.

nih. gov/pmc/articles/PMC7604095/pdf/main. pdf ZANCANARO, Vilmair et al. Alterações nos parâmetros hematológicos e imunológicos Observadas na infecção pelo sars-cov-2: uma revisão sistemática de literatura. Brazilian Journal Of Development. HARIYANTO, T. I. et al. Colchicine treatment can improve outcomes of coronavirus disease 2019 (COVID-19): A systematic review and meta-analysis. Clin Exp Pharmacol Physiol.

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