Estudantes com Deficiência Auditiva no Ensino Superior

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Tudo isso com o intuito de apresentar e considerar os limites das pessoas surdas no ensino superior e os avanços das políticas públicas educacionais de inclusão, visando questionar e sugerir melhorias para a educação dessas pessoas, mediante suas dificuldades linguísticas. Para atingirem-se os objetivos propostos foi necessário, primeiramente, realizar uma pesquisa bibliográfica fundamentada nos estudos de leis, decretos e relatórios governamentais e também documentos e projetos educacionais, além de buscar compreender a educação especial diante os estudos de QUADROS (2006); SCHIFFMAN (1996); GOLDFELD (2002); FOSTER, LONG, SNELL (1999). Cabe ressaltar que a abordagem desse estudo parte da investigação dessas leis e suas concretizações. Este trabalho compõe-se, inicialmente, de uma apresentação sobre a história da educação dos surdos, até os tempos atuais e uma breve abordagem sobre a língua de sinais.

Em seguida, abordaram-se as políticas educacionais e linguísticas para os surdos. Surgindo assim, a inclusão, nos anos de 1990, com o objetivo de integração, igualdade e equiparação de oportunidades de estudo para todas as crianças especiais. A Língua de Sinais passou a ser reconhecida e liberada novamente em 1971, após o Congresso Mundial de Surdos em Paris, mediante resultados insatisfatórios do uso exclusivo do oralismo. Capovilla (2002), afirma que a partir deste congresso foram surgindo novas discussões e apresentações de pesquisas sobre o tema, criando maiores interessem em relação à inclusão dos surdos nos ambientes escolares, havendo assim uma aproximação da sociedade para a questão dos surdos em instituições de ensino. A redenção dos sinais só começou a tornar-se realidade com as pesquisas básicas seminais de Stokoe (1960) e seu instituto de pesquisas linguísticas na Universidade Gallaudet, em Washington, e, mais tarde, com Klima e Bellugi (1979).

Desde então em todo o mundo tem ocorrido uma explosão de pesquisas acerca da estrutura linguística das línguas de sinais, que veio a tornar-se um rico objeto de estudos não apenas da linguística, como também da psicologia, neurologia, educação, sociologia e antropologia. Nos dias atuais, a educação dos alunos surdos pode ser estabelecida tanto em escolas regulares ou em escolas especiais, na qual o aluno conta com diversos dispositivos que auxiliam sua rotina, e que mesmo com todos esses avanços educacionais e tecnológicos, ainda existem problemas a serem abordados e que ao longo deste trabalho serão evidenciados visando o ingresso da vida acadêmica desses estudantes. UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE A LÍNGUA DE SINAIS Para se conhecer melhor a Língua Brasileira de Sinais, deve-se compreender o que são as Línguas de Sinais (L.

S), essas são conhecidas como sistemas linguísticos que permitem uma interação entre movimentos corporais e visuais, sendo compostas por diferentes níveis linguísticos, como a fonologia, morfologia, sintaxe e a semântica. Não se sabe ao certo quando as L. S surgiram, mas acredita-se que são criações espontâneas do ser humano e que se aprimoram do mesmo modo que as línguas orais, expandindo-se de acordo com a necessidade de seus usuários. no dia 24 de abril de 2002, sendo assim, de forma oficial considerada e incorporada diante a realidade de toda a sociedade. A partir dos anos 2000, houve um grande esforço para que a Libras fosse reconhecida e valorizada perante a sociedade, em 2005 por meio do decreto 5. a Libras foi inserida na grade curricular das escolas e universidades, e no ano de 2010 foi criada uma nova profissão, a de Tradutor e Intérprete de Libras perante a lei 12.

Em 2003, foi concretizado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com a intenção de transformar os sistemas de ensino para sistemas educacionais inclusivos, promovendo assim um amplo processo de formação de educadores nos municípios brasileiros, garantindo o direito de acesso de todos à escolarização, ofertando o atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade. Já em 2007, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, tendo como eixos a formação de professores para a educação especial, implantando salas de aula com recursos multifuncionais, a acessibilidade nos prédios escolares, acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação superior. Se nas línguas faladas existem itens lexicais, na de sinais essa característica não se altera, portanto, ambas possuem uma gramática, combinando palavras, sinais e expressões.

Apesar de a língua gestual possuir em sua gramática, combinações de palavras, sinais e expressões, ela não é uma representação da realidade, ou seja, muitos sinais e palavras, não podem ser considerados semelhantes com a imagem ou objetos a que se referem. Desse modo, podemos reparar que apesar do grande avanço e evolução conquistado por toda a comunidade surda, a sociedade brasileira ainda deve despertar para o respeito à diferença e a conscientização sobre esse modo de comunicação. Fazendo com que a história da LIBRAS ainda tenha muito que caminhar e evoluir. POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA OS SURDOS A Política Educacional faz parte das Políticas Públicas do país, sendo instrumento de criação de movimentos e referencias educacionais presentes através da Legislação Educacional.

Art. o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. BRASIL, 2002). A lei de número 12. foi regulamentada no dia 1 de setembro de 2010, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criando a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais, dando assim aos profissionais da área a competência para realizar a interpretação de duas ou mais línguas de maneira simultânea ou consecutiva e a proficiência em tradução e interpretação da Língua Portuguesa e da Libras.

A formação desse profissional deve ser realizada por meio de cursos de extensão universitária; profissionalizantes ou cursos de formação continuada. Lei 13. de 25 de junho de 2014 aprova o Plano Nacional de Educação – PNE, tendo vigência por dez anos, foi sancionada pela ex-presidenta Dilma Rousseff e tem a intenção o cumprimento do art. MEC/SECADI, 2008) Através da concepção de direitos humanos, é tratada no Relatório a igualdade e as diferenças como elementos inseparáveis na formação do ser humano. A educação inclusa vem de encontro com as práticas de exclusão que ocorrem dentro e fora da escola, e procura a justiça e igualdade no ambiente educacional. A escola, de modo histórico, poder ser considerada um privilégio para aqueles que têm acesso e por sua permanência na mesma até sua conclusão educacional.

Esse é um lugar de inclusão e exclusão, que opera na produção de desigualdades, pois para aqueles que foram excluídos da escola, criam-se escolas de educação especial onde são definidas práticas educacionais para alunos com deficiência. Essa educação está presente da Constituição Federal de 1988, apontando que a necessidade de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art. Quanto à distribuição dessas matrículas nas esferas pública e privada, em 1998 registra-se 179. estudantes na rede pública e 157. nas escolas privadas, principalmente em instituições especializadas filantrópicas. Com o desenvolvimento das ações e políticas de educação inclusiva nesse período, evidencia-se um crescimento de 270% das matrículas nas escolas públicas, que alcançam 664.

estudantes em 2013. Existem dois tipos de planejamentos linguísticos: planejamento de corpus e planejamento de status. O planejamento de corpus é referente a intervenções no modo da língua, como a criação e a modificação de escritas, criação de neologismos, padronização de palavras, entre outros. Por outro lado, o planejamento de status é referente às intervenções sociais da língua e na sua relação com outras línguas, como o uso linguístico na educação e seu uso nas mídias. Diante disso, podemos perceber que através do Decreto 5. que regulamenta a Lei 10. Porém, essa proposta bilinguista não é caracterizada somente pela existência de duas línguas no mesmo espaço. Ela requer um espaço maior à língua natural do surdo, reconhecendo sua identidade social e cultural, formando assim sua forma de ver e conhecer o mundo, promovendo mudanças na visão e na postura entre aluno, professor e sociedade.

Mas para que existam ambas as línguas durante a escolarização do surdo, destaca-se a necessidade de se prestigiar a língua de sinais como língua de formação e criadora da subjetividade da pessoa. A política linguística, ainda pode ser compreendida no campo científico, tendo seu início na década de 1960, destaca-se as atividades de pesquisadores ao resolver problemas relacionados ao desenvolvimento de gramáticas, sistemas de escritas e dicionários para as línguas nativas. Sendo importante preparar uma ortografia normativa, gramatical, dicionários e estilos apropriados para a orientação de falantes e não falantes em uma comunidade em que a fala não é homogênea. O AEE, como um lócus epistemológico da educação inclusiva, constitui esta proposta voltada aos alunos com surdez que visa a preparar para a individualidade e a coletividade, provocando um processo dialógico, de superação da imanência e a busca de mudanças sociais, culturais e filosóficas.

Uma ruptura de fronteiras para as infinitas possibilidades humanas. ALVEZ at al, 2010, p. Através da criação desta proposta educacional, surgiu um documento intitulado de Relatório sobre a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusa (Brasil, 2014), informando que a educação de surdos e a sua inclusão social deve ocorrer, por meio da inserção comum de ensino. Sendo oferecido a esse estudante, em um turno oposto aos da sala de aula, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), visando por meio desse atendimento o Ensino de Libras; Ensino em Libras e o Ensino da Língua Portuguesa escrita. estudantes em período universitário, em instituições públicas e privadas, havendo um crescimento de mais de 200% nas matrículas. Segundo estatísticas da Educação Superior no país, em 2016, 36.

alunos se declararam deficientes ao tentar ingressar na educação superior, desse total, 1. reconhecem-se como surdos e 5. deficientes auditivos. Apesar dos dados diversificados e suas variações com o passar dos anos, percebe-se que as pessoas com deficiência auditiva totalizam um número bastante significativo, sendo a segunda maior entre as cinco categorias apresentadas. A educação tem sido considerada, em todas as nações do mundo e durante toda a história da humanidade, como um fim e um meio para o desenvolvimento do indivíduo e da própria humanidade. Todo homem, mulher, jovem e criança têm direito à educação, treinamento e informação durante todas as fases de suas vidas, não havendo limites de idade para suas reivindicações. O direito à educação é inalienável e universal, sendo também considerado um direito que viabiliza a realização de outros direitos, pois ele prepara as pessoas com deficiência para o trabalho e para a obtenção de renda que lhes garantam viver com independência e dignidade.

CARTILHA DO CENSO 2010, 2012 p. Para que o intérprete atue eficazmente no Ensino Superior é necessário que o interprete tenha uma formação de qualidade, compreendendo antecipadamente a disciplina que será traduzida e que tenha uma relação adequada com o professor da disciplina. Ao se ingressar no Ensino Superior e ser incluído de modo igualitário, é necessário respeitar sua diferença linguística, levando-o a aprender e adquirir conhecimentos para o seu desenvolvimento acadêmico e profissional, proporcionando também oportunidades de aprendizagem como os ouvintes, pois todos possuem direitos iguais ao receberem um ensino de qualidade. Para que aconteça a inclusão desses jovens no ensino superior é necessário que as universidades estejam preparadas para receber tais alunos, fornecendo subsídios necessários para atender as prioridades desse aluno e capacitando os educadores, para que o estudante surdo posse se sentir realmente incluso e não se sinta rejeitado ou constrangido em sala de aula devido suas necessidades especiais.

É necessário, para que ocorra uma boa inclusão e socialização dos jovens, que as Instituições de Ensino Superior sigam algumas especificações básicas, para que assim ocorra um atendimento educacional especializado e ajude na eliminação de barreiras arquitetônicas, ambientais e orais e, ainda, ajuda com recursos didáticos e pedagógicos; tempo adicional e flexibilidade de atividades e avaliações, de modo a atender todas as necessidades do aluno com deficiência. Durante os processos seletivos oferecidos pelas instituições de ensino superior, serão garantidas cotas para candidatos com deficiência mediante o preenchimento de vagas para os cursos, programas de pesquisa e extensão oferecidos pela instituição educacional; adaptação de provas; avaliação diferenciada nas provas escritas, discursivas ou redações realizadas pelos candidatos cuja deficiência acarreta dificuldades gramaticais.

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pdf> Acesso em: 10 jun. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez. Acesso em 02 jun. Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência – SDH/PR; Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência – SNPD. Brasília: SDH-PR/SNPD, 2012. CECHINEL, Lenita Ceccone. p. Summer, 1999. FRANCELIN, Madalena Aparecida Silva; MOTTI, Telma Flores Genaro; MORITA, Ione. As Implicações Sociais da Deficiência Auditiva Adquirida em Adultos. Saúde Soc.  Brasília: Inep, 2017. Disponível  em:  <http://portal. inep. gov. br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse>. ISSN 2175-1773 – JUNHO DE 2013. MOREIRA, Laura Ceretta; FERNANDES, Sueli. Ingresso e Permanência dos Estudantes Surdos nas IES, em I SIES: Trajetória do Estudante Surdo, em 26 e 27 de maio de 2008 / Londrina – PR.

MOURA, Adelso Fidelis. Acesso ao ensino superior: a expectativa do aluno surdo do ensino médio. F. Linguistic culture and language policy. London/New York: Routledge, 1996. THOMA, Adriana da Silva. Educação Bilíngue nas Políticas Educacionais e Linguísticas para Surdos: discursos e estratégias de governamento.

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