EM BUSCA DE PEGASUS - Coletânea de Contos e Crônicas

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Zootecnia

Documento 1

FICHA CATALOGRÁFICA PREPARADA POR: BORGES, XYKO. EM BUSCA DE PÉGASUS XYKO BORGES, 1966. Santa Maria / RS, 2017. Brasil 114 p. CDU: 86 Índice para Catálogo Sistemático: 08 Linguagem. “estranhos” assim); uma roda de amigos em um bar qualquer, aliás; FONTE PRESTIMOSA E INESGOTÁVEL PARA UM ESCRITOR. E é para todos eles que eu. dedico e compartilho essa minha Hipocrene! “. Aparecem de tempos em tempos, sobre a Superfície da Terra, homens raros; extraordinários. Que brilham pela sua virtude. NÃO!” AOS MEUS AMIGOS; Quem quer que sejam e onde estiverem. Pois ainda assim, eles me ensinam. A VIVER! XYKO BORGES AGRADECIMENTOS Há sempre pessoas na vida da gente. Algumas nos chegaram sorrindo; Outras nos chegaram chorando. Algumas nos deixaram cantando; Outras nos deixaram sofrendo! Há sempre pessoas na vida Da gente.

Transformado em constelação, o cavalo passou desde então ao serviço de Zeus. Pégaso vivia no Parnaso, no Hélicon, no Pindo e na Piéria, lugares freqüentados pelas Musas, filhas de Zeus e Mnemósine, e onde o cavalo alado costumava pastar. Com um de seus coices, fez nascer à fonte de Hipocrene, que se acreditava ser a fonte de inspiração dos poetas. Na literatura clássica há numerosas alusões às fontes de inspiração. A história de Pégaso tornou-se um dos temas preferidos da literatura e das artes plásticas gregas. TESTEMUNHA “FOLGADA” 33 9. O DELEGADO E O ALEMÃO 37 10. JÁ ERA. TARDE DEMAIS! 39 11. VIAGEM DE UMA VIDA. SOGRA É SOGRA! 65 22. PERFUME DE MULHER 66 23. ESCALAÇÃO. O FILHO; O PAI E O TEMPO 69 25. UMA ÚLTIMA CHANCE.

TUDO VAI MELHORAR 101 37. ALTA VELOCIDADE 103 38. LEMBRANÇAS DE GUERRA! 104 39. MAMMA ITALIANA 106 40. NIETSCHE? SAÚDE! 108 41. Todos os dias, por volta das 14 horas, os presos são retirados do xadrez para o banho. Valdário, aproveitando esta oportunidade, enlameou-se com fezes no sanitário e saiu correndo, coberto de cocô da cabeça aos pés, exalando um cheiro de matar de inveja o mais fedorento dos gambás. Os policiais chegaram a ensaiar uma perseguição mas desistiram, tal o nojo sentido e o temor de um corpo-a-corpo com o.     "MERDOLENGO FUJÃO"! QUANDO O GAÚCHO SAI DE FÉRIAS. Figura 3: "RADICCI" Criação do cartunista Carlos Henrique Iotti Todo ano é a mesma coisa! Chega o mês de janeiro ou fevereiro e lá vai o “Gaúcho” com a sua família para a praia.

Não choverá nesse período de tempo! Vamos à estrada! Óculos escuros, braço esquerdo apoiado sobre a janela (Aquela em que o cachorro insiste em ficar próximo. que está com o vidro abaixado; ao chegar ao seu destino, esse braço estará da cor de um tomate, mas o resto do corpo; branco que nem. “Mandioca descascada!” O “Gaúcho” passa apenas metade do caminho com a cabeça virada para a estrada, pois tem que passar a outra metade com a cabeça virada para o banco de trás, juntamente com um dos braços, para apartar as diversas rixas que ocorrem entre seus filhos durante a viagem e também suportar os nadas harmoniosos e eficientes gritos de sua esposa para com os rebentos: • Juliano. Fica quieto! • Anna.

Para de chorar! Bem como os comentários de sua sogra: • Vá devagar Beto! Estou cuidando o velocímetro! O Carro mal chega aos 80 Km / h • Eu acho que erramos a entrada no trevo, a uns 50 Km atrás! Diz a esposa. “Cabeça de Louça”! Ahhh. esses “ricos” cunhados!), mais encarnada que a bandeira do Internacional Sport Club, tropeçando nas próprias pernas e quase caindo naquela areia escaldante, ele carrega heroicamente duas cadeiras de praia; a barraca de praia – que nada mais é do que uma. Lona de caminhão; a caixa de isopor com toda aquela miscelânea gastronômica dentro; a câmera fotográfica e é claro; a boia da criançada cheia de ar – que nada mais é do que uma câmara de pneu do caminhão, claro.

Na sua cintura está a sua bolsa estilo “pochete - guaiaca” e entre os seus dentes, está o baldinho das crianças com alguns brinquedos dentro. Figura 7: Radicci emburrado Depois de ter armado a barraca; ter prendido o “Xiru” no cabo da barraca (Ledo engano de nosso amigo. “Carreteiro de Charque”. Nosso amigo está lá fora, tentando retirar INUTILMENTE aquele monte de areia e os restos da galinha enfarofada, tão prazerosamente devorada pelos viajantes durante a viagem. Depois de terminar todos seus afazeres e depois que todos na casa já tomaram seus devidos banhos, menos a sogra que continua roncando no quarto de casal; o “Gaúcho” vai finalmente para o banheiro tomar uma boa ducha. Entra dentro do Box que está um verdadeiro “chiqueiro”, tudo coberto de espuma, brinquedo de criança e areia espalhada por todos os cantos.

Ele também repara que o sabonete está todo coberto por aqueles grãozinhos de areia impossíveis de se tirar. Quando o gaúcho sai de férias é assim; leva a família toda, se estressa mais do que quando está trabalhando e depois precisa de outras férias para poder descansar. EM BUSCA DO SOL! Figura 8: EM BUSCA DO SOL Estamos agora, nos domínios da imaginação. Imaginemo-nos agora numa dessas utópicas máquinas do tempo. Viajaremos nele então, até a. Idade da pedra! Seremos não mais que simples observadores nessa aventura; pois jamais devemos interferir no curso da história, conforme reza a máxima! O foco de nossa câmera (Sim, por que estamos apenas observando, lembrem-se disso!), fecha-se com um zoom diretamente sobre uma formação rochosa.

Afastados da luz solar. Com o tacape em punho, esgueirando-se pelas paredes laterais, aproxima-se da origem dos sons o nosso corajoso, porém temeroso amigo. Qual não é a sua surpresa, que ao fundo da caverna, ele percebe que, após acostumar seus olhos à escuridão do local; viradas de costas para a entrada da caverna e de frente para uma parede polida como um espelho, ele percebe três lindas mulheres sentadas. Uma velha e anciã senhora, que parecia ser a avó, uma garbosa senhora que parecia ser a mãe e. Uma linda e angelical jovem mulher! Ainda com medo, mas já não tanto; o nosso amigo estufa o peito e pergunta: • O que vocês estão fazendo? • Ahhh! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.

Continua não acreditando no que vê e ouve. Mas ainda assim, quer ajuda-las: • Não! Não há deusa nenhuma! • Vocês apenas não estão acostumadas com a luz do Sol! • Não! Isso é o nosso castigo por termos acreditado em você! • Acreditem somente mais uma vez em mim! Falou Lusus. • Abram os olhos vagarosamente! • Não! Insistiam elas aos gritos e lamúrias dos quais. Já estavam cotidianamente acostumadas. Como tentaram voltar para o interior da caverna, porém não a achavam, pois ainda estavam parcialmente cegadas pela iluminação, não tiveram outra opção com o passar do tempo, de abrir lentamente os olhos no intuito de achar a entrada de seu refúgio. Presente, Passado e Futuro! Dessa vez vamos interferir: • O que vocês estão fazendo? • Ah! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.

• Estou assistindo às Novelas. Aiai, o “Sonho da Vida!” O Passado suspirando responde. • Estou assistindo ao Fantástico. O “Show da vida! ” Responde o presente. Quem salva uma vida (Nas suas mais variadas e diversas formas!), salva o mundo! ” Talmud. PANIS ET CIRCENSES Caetano Veloso e Gilberto Gil “. Eu quis cantar, Minha canção iluminada de sol Soltei os panos sobre os mastros no ar Soltei os tigres e os leões nos quintais Mas as pessoas da sala de jantar São preocupadas em nascer e morrer. ” UMA ESCOLHA MUITO SUSPEITA. Figura 9: UMA ESCOLHA MUITO SUSPEITA • Eu vou querer a da esquerda e você? • Não sei ainda, todas parecem muito iguais pra mim, será que faz alguma diferença? • Que isso! Claro que faz, faz toda a diferença do mundo! Não vem me dizer que essa é sua.

Medo de escrever qualquer coisa que não esteja à sua altura. Medo de que as minhas palavras não serem suficientes pra demonstrar o que senti essa tarde, nove anos de tristezas e saudades condensados em uma única frase que me atingiu no peito como um raio, num ônibus comum indo para o centro da cidade. Mas não foi justo a você que eu tentei ensinar que não se pode deixar paralisar pelo medo? Então, em respeito àquela minha lição que de nada te serviu há nove anos atrás; escrevo. Foi num dia como outro qualquer, depois do mesmo suco de laranja e do mesmo pão com manteiga na padaria, a mesma cara amarrada de poucos amigos da mulher da caixa ao ver que eu não tinha os vinte centavos pra facilitar o troco.

Eu nunca tenho trocados, eu nunca facilito a vida. Mais uma cara “amarrada”, agora a do cobrador; porque eu não tinha os cinqüenta centavos para facilitar o troco (Eles também nunca têm troco!). O mundo está cheio de caras amarradas, pensei, e esquadrinhei o corredor na minha frente à procura de um lugar onde eu pudesse me ajeitar até o final da viagem. Eu não procurava um banco, pois isso não haveria de jeito nenhum. Procurava tão somente um quadradinho vazio naquele tabuleiro de xadrez humano, uma “casa” onde eu pudesse me colocar como peão que era e duas alças de ferro onde eu pudesse apoiar as mãos e reduzir as probabilidades de cair sentado no colo de alguém. Atravessei o corredor sob o protesto silencioso e egoísta dos demais passageiros que, já bem instalados, se incomodavam com os milímetros de espaço que eu lhes roubava para chegar ao meu ponto escolhido.

Logo ali, tão perto. Olhando para baixo tímida como você sempre foi, em direção às mãos, as suas mãos. E as unhas então? As unhas mais bonitas que eu jamais vi. Grandes, limpas, honestas mesmo. Eram as suas mãos ali no ônibus, pousadas sobre a sua calça jeans. E foi numa dessas conjecturas sobre números e idades que cabem em idades que um dia decidimos, juntos, que faríamos a troca. Seu filho pelo meu pai, já que para eles não fazíamos tanta diferença assim. Juntos, poderíamos ser a mãe e o filho com quem sempre tínhamos sonhado. Combinamos piqueniques. Combinamos chopes, vinhos, saquês que eu nem bebia (Na época), com sushis que eu não sabia o que era e que você dizia que eu tinha que provar.

Um calo no duodeno, você me explicou alguns dias antes do dia do cimento, falando da operação que se aproximava. E me disse que estava com medo, muito medo. Que tolo, eu, lhe dizendo para não ter medo porque nada de ruim poderia acontecer. Que tolo. E que tolo eu quando naquela segunda-feira, depois da aula, na praia, combinei com dois amigos de te visitar no hospital quando chegasse o fim de semana. E eu poderia pousar minha mão no seu ombro, ali, naquele ônibus, depois de nove anos separados pelos encontros e desencontros do destino, e dizer “nossa, quanto tempo”, sorrir, reclamar que nunca fizemos nosso piquenique e contar que provei, sim, aquele tal churrasco e que até gostei. E talvez você estivesse indo para algum lugar perto do meu escritório e, também talvez - quem sabe? - a gente combinasse de tomar um chope mais tarde, depois do trabalho.

Porque sabia que eu agora tomo chope? Mas a minha mão continuaria segurando a alça da pasta que roçava no teu ombro, e dali só sairia para tocar a campainha quando o meu ponto se aproximasse. Ela não desceria até o seu ombro simplesmente porque não havia nenhuma chance de aquele ser o seu ombro. Impossível. Eu quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos seus olhos. O homem foi para o interior da loja. Colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo que tinha! O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pelas faces jovens. Enquanto suas mãos tomava o embrulho ela retornava ao lar; emocionada. Verdadeira doação é dar-se por inteiro sem restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura. única!). É parente, amigo pessoal ou inimigo de alguma das partes envolvidas no processo, frequenta ou frequentou a casa de algum deles, tem algum envolvimento emocional com alguém aqui à mesa? Repete, que eu já me esqueci de tudo, “Tchê”! Não se dirija a um Juiz desta forma. Ta “Tchê”, mas qual é mesmo a pergunta? Quem pergunta aqui sou eu! Tá, então pergunta.

É parente, amigo pessoal ou inimigo de alguém aqui? Parente? É. Parente, “peraí”. Crime de quê? Perjúrio? É, dar falso testemunho. Falso testemunho? É. Mentir! O senhor poderá ser processado e preso, entendeu? Preso por quê? Não fiz nada. Se o senhor mentir aqui, poderá ser preso. Ah, tá. Ah, bom. Trabalhou lá nessa firma? Quem? O senhor, ora essa. Trabalhou lá nessa firma? “Qualé” firma? Está com a sua C. T. P. Não quero saber de histórias. Trouxe ou não trouxe a carteira? Não. Mas, o senhor trabalhou lá nessa firma? “Qualé” firma? Essa firma desse processo aqui? “Qualé” processo? ESTE AQUI. ISSO AQUI É UM PROCESSO! O Sr. RICARDO "BOTOU" A FIRMA ONDE ELE TRABALHAVA NA JUSTIÇA. O Sr. ESTÁ DIANTE DE UM JUIZ, TERÁ QUE RESPONDER SOMENTE O QUE LHE FOR PERGUNTADO, SENTAR DIREITO E ME CHAMAR DE EXCELÊNCIA ENTENDEU? AQUELE HOMEM FOI OU NÃO FOI SEU PATRÃO ALGUM DIA? Acho que foi.

ACHA OU FOI? Acho que foi. ACHA QUE FOI, QUANDO? Quando o quê? QUANDO É QUE O Sr. ACHA QUE ELE FOI SEU PATRÃO? Deixa eu te contar a história como foi. SE NÃO RESPONDER, VAI SAIR DAQUI PRESO! CHAMA O GUARDA! Eu não fiz nada. NÃO ESTOU FALANDO COM O Sr. O QUE É QUE O Sr. FAZIA LÁ?. Silêncio total e absoluto!). SENTA DIREITO E LIMITE-SE A RESPONDER SOMENTE AQUILO QUE LHE FOR PERGUNTADO. AFINAL, COMO É QUE ERA A QUESTÃO DO HORÁRIO LÁ? Lá nessa firma? É! NESSA FIRMA! Daquele patrão ali, que o senhor disse. DAQUELE PATRÃO ALI. COMO É QUE ERA O HORÁRIO LÁ? Olha, “INSOLÊNCIA”, - esticou as pernas, acendeu calmamente um cigarro. Se eu contar Tchê, tu nem acreditas! O DELEGADO E O ALEMÃO Figura 13: O DELEGADO E O ALEMÃO Delegado jovem, recém-formado.

Ele desceu com o carro e “pateu” no “murro” “do” casa. Delegado: Morreu de acidente! E já ia rapidamente fazendo o registro. O Fritz: “Nein mein herr”. Ele “pateu” com “a” carro e ‘foou pelo chanela”. Caiu dentro “da” meu quarto e “pateu o capeça” no guarda roupa de madeira. “O CARRA TAVA DESTRUINDO O MEU CASSA!” JÁ ERA. TARDE DEMAIS! Figura 14: JÁ ERA. TARDE DEMAIS! Ela chegou abraçada à mãe, ainda se recuperando do choque; os olhos vermelhos; a mão trêmula. Estava bem vestida e, apesar dos trinta e poucos anos, mal aparentava trinta. Era jovem, loura, magra e vistosa, causava desejo nos homens, mas ao seu marido, apenas ciúme! Ou talvez ainda causasse desejo nele, mas as crises de ciúmes eram ainda maiores, tão insuportáveis, que consequentemente causaram constantes brigas, o que a tinha levado até aquele fórum.

Seu advogado saiu na porta e chamou. A mãe entrou junta. Sentou-se frente ao ex - companheiro, evitava seus olhos. Ao seu lado, o advogado e a mãe, que sempre esteve com ela em todos os momentos. A mãe, que não escondia o amor pelo genro, ainda estava abalada com a situação, e rezava, no seu mais íntimo, para que não se consolidasse o divórcio. Nada mais a fazer. O homem, arrasado, esticou-se ainda na cadeira quando a reunião deu-se por encerrada e viu quando sua ex-mulher, seu amor, se levantou meio enfraquecida pela dor e se dirigiu, juntamente com a mãe, à porta que dava ao corredor. Ele ficou então a observá-la, como se aquela fosse a última vez. Meio que lentamente, a mulher então se virou, hesitante, e olhou fixamente em seus olhos.

Assim como, pouco mais de dez anos atrás, apresentados por um amigo, seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Nem um movimento, nenhum raio de luz! O silêncio também era pleno, absoluto, total ausência de sons, de qualquer ruído. Até a minha mente parecia vazia. Não conseguia lembrar de nada, de onde eu estava, o que tinha feito antes de estar ali. Uma coisa me parecia clara: eu estava em algum lugar onde jamais estive e numa situação nada confortável. Os pensamentos começaram a fluir, ou melhor. Doeu! Doía também o meu braço esquerdo, comprimido contra algo que delimitava o espaço, ali, do meu lado. Com o corpo todo tremendo, o coração tentando sair pela boca, quase sem conseguir respirar, ergui lentamente o antebraço esquerdo e constatei o que eu mais temia: toquei com as pontas dos dedos e depois com a palma da mão, uma superfície lisa e fria, logo acima de mim e à minha esquerda.

Não havia mais dúvida. Eu estava dentro de um caixão e o que é pior. Enterrado vivo! Não sei o que é pior: descobrir-se morto, preso no além, ou saber-se ainda estava vivo, mas prestes a morrer. Afinal de contas, pelo pouco que eu sei, todo cemitério tem as suas horas de movimento intenso. Incrível como o filme da minha vida continuava passando, até enquanto eu rezava ou planejava a minha fuga dali. Talvez eu não tenha sido tão bonzinho assim! Mesmo com a minha Preta pedindo sempre pra eu maneirar, não conseguia me afastar da minha segunda paixão, a branquinha destilada, companheira de todas as horas. A princesinha sempre disse que a “cachaça” era a sua grande rival. Se eu saísse dali - prometi a mim mesmo: Figura 16: Radicci e a maior caipirinha do mundo • Deixaria de beber! Lembrei do passeio que tínhamos feito recentemente com os nossos amigos, Aldo e Michelle.

Matei a saudade da branquinha! Descontei todos os atrasados e, no final, ainda dei uma lavada com uma loirinha gelada, que não sou de ferro. Ali, no meu túmulo, não conseguia lembrar da nossa viagem de volta, por mais que me esforçasse. Será que tinha acontecido conosco algum acidente grave e todos haviam morrido? Isso explicaria o fato de eu estar ali: julgaram que eu também estivesse morto. “Não! Isso não! A minha gringa morta, eu não vou aguentar! Prefiro que seja somente eu. Fui enterrado vivo, e pronto. Nem desconfiava que meu coração ainda estava tão forte, daquele jeito! Parecia uma bateria de escola de samba completa. Prendi a respiração pra poder escutar melhor e quase tive um enfarte quando identifiquei uma voz humana, muito longe, mas que parecia se aproximar.

Naquele momento eu investi tudo o que me restava de voz, de força, de fé, medo e coragem, num grito desesperado: - SOCORRROOOO! AJUDEM-ME! AQUI EMBAIXO! EU ESTOU VIVO! PELO AMOR DE DEUS, ME TIREM DAQUI! Enquanto berrava, rasgando as cordas vocais, batia com mãos e pés no teto do meu sepulcro, com toda a força do desespero, quase quebrando os punhos, tamanha era a minha agonia. Repentinamente ouvi uma pancada forte e um clarão de luz intenso feriu os meus olhos. Então eu tive a visão mais doce, mais desejada: a minha princesinha corria para mim, para me salvar. Enquanto aguardava São Pedro, ela espiou pelas grades douradas e viu seus pais, amigos e todos que haviam partido antes dela, sorridentes, sentados à mesa apreciando um maravilhoso banquete.

Quando São Pedro chegou, ela comentou: • Que lugar lindo! Como faço para entrar? • Eu vou falar uma palavra. • Se você a soletrar corretamente na primeira vez e em apenas quinze segundos, você entra; se errar. Vai direto para o inferno. • Ok! Qual é a palavra? • AMOR, respondeu São Pedro. Sofri uma queda e cá estou eu. • E agora, como faço para entrar, querida? • Bem, aqui tem uma e somente uma regra pra entrar, é muito fácil. • Eu vou falar uma palavra. • Se você soletrá-la corretamente na primeira vez e em “LONGOS” CINCO segundos, você entra, senão. Vai para o inferno. Beijinhos! Resposta dos pais: - Querida filha. Quando sua mãe leu a sua carinhosa cartinha; ela passou muito mal e foi parar no pronto socorro.

Imediatamente você foi retirada do nosso testamento e sua parte da herança será do seu irmão. Todas as coisas do seu quarto foram doadas para o pessoal do orfanato; cancelamos o seu celular e o seu cartão de crédito. Todos os seus Cd’s do NX0; do Justin Bieber; do Restart; do Cine; do Jonas Brothers; do Fiuk e do Luan Santana, foi doado para a Karina do segundo andar, aquela mesma garota que você acha insuportável. Vil, sorrateira, sua rastejante, sua. Peçonhenta! Ora, ora, mas o que é isso? Quanta indelicadeza! Fiquem vocês sabendo que tudo que eu fiz foi para o bem de vocês dois. Vamos embora “benzinho”, que essa víbora me deixa nervosa. Fiquem! Por favor, não vão embora! Fiquem aqui! Vamos conversar.

Além do mais, pra onde vocês iriam? Não tem lugar pra morar não é verdade? Ela está certa meu bem, além do mais, não temos mesmo para onde ir. Por esse lado você está certa. Mas de qualquer forma, como é que vou poder trabalhar para você, a razão da minha exclusão do paraíso. Posso ter uma palavrinha com o senhor em particular? Não escondo segredos de minha mulher. Por favor, não é nada demais, confie em mim! Ih. A última vez que isso aconteceu. Pois então, lá no Éden você teria de ficar todos os dias, 24 h ao lado de sua esposa, acredite em mim, que se você ficasse ao lado de sua mulher com T. P. M. nas 24 h do dia, você iria preferir.

Estar no inferno! É verdade? E eu já te enganei alguma vez? Desculpa, tá bom. Passados vários segundos, a mãe de Carla, já irritada, perguntou ao médico: • Doutor, o que o senhor está fazendo??? Ao que o médico de pronto respondeu: • Minha senhora, da última vez em que isto ocorreu, nasceu uma estrela no oriente e chegaram três reis magos. Desta vez eu, não vou perder o espetáculo, mas de jeito nenhum!!! UMA FOLHA. Figura 21: UMA FOLHA DE PAPEL Quando petiz face ao meu intempestivo e por consequência explosivo gênio (E confesso que por algumas vezes, “perco as estribeiras! ”), tinha constantes acessos de fúria e rancor à menor e mais singela provocação. Os juvenis arroubos - que caracteristicamente nos acometem à adolescência conduzindo-nos a um quase bélico embate com Chronos (Para tal idade, o tempo é sempre uma “eterna” eternidade!), quando na verdade, ele deveria ser nosso mais fiel aliado, cegavam-me na mais pura forma da obsessão; ofendendo indiretamente assim, tanto meu intelecto quanto perspicácia, no momento que não percebia que supostos afrontes, sequer se caracterizavam como reptos.

Na maioria das vezes, após esses incidentes, sentia me tomado de pejo e após alguns instantes, avigorava-me para mitigar a quem de fato, desagrado tinha causado. E é desde aquela época, em virtude da lembrança que em mim ainda reside, que procuro ser mais tolerante e compreensivo. Nem sempre logro êxito, mas prossigo sempre nesse intento! Alguém disse, certa vez: “Fale quando tuas palavras sejam tão suaves como o silêncio!”. IRONIAS DA VIDA! Figura 22: IRONIAS DA VIDA! Fazia alguns meses que eu residia naquele prédio e nele, havia um homem o qual eu não conhecia, que ironicamente. “Morava dentro do elevador” e se não morava; passava pelo menos uma boa parte do dia dentro dele, por que eu só o encontrava. Dentro do elevador.

Risos silenciosos e sarcásticos meus!). É, vai ser realmente chato. Chegou no meu andar, até mais! No dia seguinte tornei a encontrar com o meu vizinho que para “variar” um pouco, foi no. No elevador. Desta vez foi pela manhã, quando estava me dirigindo ao trabalho. Até já! Já estava entediado de encontrar com ele todos os dias. Suas tentativas frustradas de tentar algum assunto comigo estavam me cansando. Convencido de que estava na hora de pôr um fim naquela situação toda, resolvi tomar uma atitude drástica. Opa! Tudo Bom? Perguntou ele. Tudo ótimo. Isso foi há dez anos atrás, hoje estou aqui em pé, ao seu lado, sou o seu padrinho de casamento e estou segurando as suas alianças de casamento. A vida nem sempre é da maneira que a gente esperava que ela fosse; fazer o quê? TÁ RUIM, MAS TÁ MUITO BOM! ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS.

Figura 23: ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS. Pai e filho estão tendo aquela conversa, “a conversa”, aquela mesma que todos os pais têm quando o filho acaba de revelar um GRANDE SEGREDO! Mas meu filho, como é que isso foi acontecer? Sei lá pai, não foi minha culpa, é algo que estava dentro de mim, latente, nasceu comigo. Foi por que eu não te levei no campo quando você era pequeno, não é mesmo? Não pai, eu já te falei, que não tem nada a haver comigo, nem com o senhor. Isso é inadmissível! Mas pai, você preferiria então que eu continuasse te enganando, enganando a mãe, enganando ao mundo todo, e principalmente, enganando a mim mesmo? Sim! Pode tratar de voltar tudo como era antes.

Mas aí eu estaria vivendo uma mentira pai e isso me deixaria muito infeliz. Ah. Já não sei mais o que fazer com você meu filho, já não sei o que pensar sobre essa situação toda. Olha pai, eu sou seu único filho homem, o mesmo filho que você sempre amou e admirou. Não dizia uma só palavra, provocava apenas sons, grunhidos e ruídos. O corpo era magro, os olhos saltavam em contraste com o rosto sujo, negro. A boca sempre fechada, a alma jogada ao léu. Quando alguém se aproximava; escondia-se por entre as poucas construções e plantas, um verdadeiro “bicho-do-mato”, baixava a cabeça. Chorava num misto de raiva e pavor. O seu mundo resumia-se ao nada, cercado por fome e arame farpado.

Passaram-se 60 anos ou mais; nem tão arianos os deuses, muito embora a arrogância continue a mesma; nem tão judias as vítimas, mas ainda crianças, indígenas, negros ou mendigos. Em lugar dos campos de concentração. Pontes, favelas, mas a mesma indiferença ou ignorância social, talvez não queiramos mesmo ver ou fazer. Mas a real diferença entre o ontem e o hoje. SOGRA É SOGRA! O rapaz chega em casa; muito animado e diz para sua mãe que se apaixonou e quer se casar. A mãe inicia uma série de perguntas e ele faz a seguinte proposição: - Mãe, por brincadeira, vai trazer aqui amanhã, três mulheres e você irá tentar adivinhar com qual delas eu irei me casar.

A mãe acaba por concordar com o teste. No dia seguinte, ele traz a sua casa três mulheres lindíssimas. Elas sentam-se no sofá e ficam conversando com a mãe do rapaz durante um bom tempo. Notei que a mala era pequena; a vó não tinha quase nada. Perguntei pra minha mãe porque é que ela iria mudar, se toda a sua família estava ali e não para onde ela iria. Ela disse que mais tarde eu entenderia. Olhei para a vó, que a essa altura já estava na sala. Ela abriu seus tênues braços para mim e eu fui correndo em direção a ela. Figura 28: ESCALAÇÃO. O João e o Zé jogavam futebol todo fim de semana, além de irem juntos ao “Gigante da Beira Rio”.

Certo dia chegou a hora do Zé partir para o outro lado da vida. O Zé nas últimas; o João disse: • Vou sentir muito a sua falta. Mas quero seu último favor. O tenro garoto, por sua vez, não via nada além do infinito. Pobre pai! Acostumou-se a resolver problemas, mas perdeu o hábito de olhar além do visível. Mesmo assim, o menino não é tão paciente. Aprendeu com as pessoas a não esperar. “Talvez” um dia se cure desta doença chamada ansiedade. Duas faces necessárias para que possamos tanto aproveitar as oportunidades quanto para assumir responsabilidades. Não se apresse a culpá-lo por nada. Ainda há no coração do pai uma chama de esperança, de fé. Fé na aurora que cresce e que trará muito mais do que um novo dia ou um novo ano.

É um tipo de alvorada que transcende tudo o que ele já viveu. Crescem sem pedir qualquer licença ou permissão, num misto de espontânea alegria e leveza aliada a uma arrogância juvenil – esta, que de certa forma; faz o mundo girar. No início, parecem custar a crescer; depois irrompem em tamanha e voraz velocidade, a qual parece não nos permitir perceber ou reparar. Num certo dia, sentam-se ao seu lado à mesa e dizem uma frase sem qualquer aviso prévio e com tamanha reflexão e profundidade, da qual você chega a sentir que não poderá mais proteger aquela criatura por muito mais tempo e é nesse exato momento que você pensa: • Com quem eles andaram aprendendo isso? Na escola? Com os amigos (as)? • Quando é que ele (a) cresceu que eu não percebi? • Onde está aquele rosto lambuzado de mingau? • Cadê os ursinhos de pelúcia dela? • Quando poderei jogar bola com ele de novo? • Quando irei acompanhá-los à escola sem que eles.

“Paguem mico” na frente dos colegas? Éééé. Pai! Passaram-se os anos e você está ali agora, na porta da boate ou ao volante do carro, com olhares de um leão ciumento, rugindo – mais provavelmente. Ou seja, você tem razão. Ele realmente está nos braços dela! Pra piorar, o seu sermão tão meticulosamente preparado, enfaticamente declamado com os exemplos de seus sofrimentos maternais, terá um prazo de validade até a próxima ligação dela, que será. Daqui um pouquinho! Eles aprendem com nossos acertos e erros (Que sejam os nossos e não os de estranhos), principalmente com nossos erros que esperamos que não se repitam. Há uma época em que os pais vão ficando um pouco órfãos e dependentes de seus filhos. Passou o tempo do “ballet clássico” de sua eterna princesinha, do “futebol” de excelente e indiscutível qualidade de seu craque.

A saída é esperar os netos. O neto é a hora do carinho guardado, não exercido nos seus próprios filhos e que não pode morrer com vocês. Por isso os avós são “pais com mel e açúcar” e distribuem imensurável ternura. Os netos são a sua última chance de reeditar seu afeto! NÃO AO ROUBO. Figura 31: NÃO AO ROUBO. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um sequestro. Pra saber de juro é melhor tu ligar pra Brasília!!! – Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia… Mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.

– Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto “manooo”!!! – Longe de mim. Tá acertado! – Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa… – Ih, sujou! (Tiros, gritos) A polícia…!!! – Polícia? Que polícia? Alô? Alô? (Sinal de ligação telefônica ocupada!) – Alô? … Droga! P… Maldito Estado! Sempre intervindo nas relações entre homens de bem! EXTRA, EXTRA; NOTÍCIA EXTRAORDINÁRIA. Figura 32: EXTRA, EXTRA; NOTÍCIA EXTRAORDINÁRIA. Oxford, England (A. P. P, XYKO! VOCÊ É UM IMPRESTÁVEL, MESMO! QUANDO OS SONHOS ENVELHECEM. Figura 33: QUANDO OS SONHOS ENVELHECEM. Os sonhos. Essas ideias dominantes perseguidas de interesse e paixão, por alguns; conceitualmente definidos como produto da imaginação; fantasia; ilusão; quimera e que em qualquer circunstância, colocam nossas vidas em dinâmica; que se ligam umbilicalmente à existência de nosso ser! Sonhos que se realizam; sonhos possíveis; impossíveis; sonhos fáceis e difíceis.

Alavanca de cada dia. Cultura, ou um similar!); faz as ópticas e consequentemente seus princípios mudarem também. Na maioria dos atos, paramos no eixo espaço em função do tempo e continuamos a trilhar em uma alameda circular, como se as árvores que as enfeitam em ambos os lados; fossem outras à medida que “supostamente” evoluímos. Como se as horas não passassem pela metamorfose do dia e noite; chuva e sol; inverno e verão. Importante se faz encontrar a causa e consequência de nossa velhice, interromper o conformismo; arrancar o véu que cobre e sufoca a jovialidade de nossos sonhos, ou seja. Tornarmos a renascer sempre! A ORIGEM DO SOFRIMENTO MASCULINO Figura 34: A ORIGEM DO SOFRIMENTO MASCULINO Irado, o Senhor dirige-se a Eva: • Você quebrou a minha confiança e induziu o seu marido a comer do fruto proibido da árvore do bem e do mal.

Bem-vindo a minha vida! Tudo começou quando conheci Rosaldina. Moça de típica beleza interiorana. Estilo. “Presença de Anita”, um misto de anjo e sensualidade distribuídos num corpo escultural, cabelos doirados e soltos ao vento; olhos azuis celestes; sardas clarinhas; lábios rubros, carnudos, um sorriso aberto e. Com dois dentes (Um devia ser para abrir garrafa, o outro para doer!)! Viu-me parado na estrada, perto de sua fazenda, veio ajudar: “Pobrema cô carro, dotô? ” Encantei-me. Não sei se já disse isso, mas odeio gatos. Conversa vai, conversa vem, pinta um clima, rola um sentimento. Parti logo para os finalmentes. Tasquei lhe um beijo de sossegar leão e mandei ver. A coisa tava boa oigalê, ficando quente mesmo. Quando ele abriu a porta com força, juro; o fogo da moça apagou! Agora você pense bem, eu estava no meio da cozinha, o gato grudado em minha perna, assustado; a menina com meio vestido e o pai dela com um facão 03 listras numa mão e a garrucha na outra.

Tentei o diálogo, sou um diplomata: ¡Buenas tardes, Tchê! Não sei se ele achou que era uma provocação, se não entendeu ou se simplesmente não era praticante da arte do diálogo. Só sei que apontou a arma pra mim e eu pulei janela afora anabolizado pelo café da minha deusa. A qualquer momento ele vai me achar aqui nesse galinheiro fedido. Ironicamente, estou molhado como um pinto, tremendo que nem vara verde ao vento; quase ouço a respiração do sogrão pertinho. O tempo era nosso aliado e fazia parecer com que crescêssemos de modo lento e gradual. Primeiro; vivíamos a plenitude “dinâmica” de nossas infâncias, para depois e somente depois; curtirmos as “supostas” agruras e os reais deleites da puberdade.

Ahhh. As espinhas! Talvez o maior dilema da adolescência. Intermináveis horas a fio frente a um espelho. O filme em cartaz! Serenam-se os ânimos, silêncio pleno e absoluto. Das sonoras e agitadas matinês; passávamos ao noturno glamour de Lumière. Sim, houve época em que os cinemas exalavam charmoso encanto; tanto quanto ou até mais que os pomposos casamentos e bailes de formatura de hoje em dia. Colocávamos nossa melhor roupa, encharcávamo-nos de perfume. Lembro da angustiante espera na fila de entrada, cuja censura obstruía o acesso aos menores de 18 anos. Figura 46: Cantor RAUL SEIXAS Os anos 80 transbordaram ainda mais essa fonte: Roupa Nova; Blitz; Kid Abelha; Paralamas do Sucesso; Lulu Santos; Barão Vermelho; o sempre poeta Cazuza; a inesquecível Legião Urbana! Dourada época de um romantismo puro.

Figura 47: Grupo "BARÃO VERMELHO" (anos 80) A noite corria em lânguido torpor das horas, mas animada em espírito; porém sempre voltávamos no tácito horário pré-estipulado. Era como um pré-requisito para obtermos nosso certificado “moral” de maturidade e responsabilidade; outorgado pelos nossos pais. Tal confiança era representada na forma do uso e posse das. Chaves de nossas casas! E dentro de cada uma daquelas casas idênticas, com rendadas cortinas alvas em suas janelas e seus carros nas garagens, emanava o inconfundível aroma familiar do pão de fôrma que revigorava o ambiente. “Irmãos Coragem”; “Estúpido Cupido”; “Beto Rockfeller”; “Os Imigrantes”; “Escrava Isaura”; “Dª Xepa”; “Dancin’ Days”. Os seriados. “Rintintim”; “Perdidos no Espaço (Perigo. Perigo!) ”; “Viagem ao Fundo do Mar”; “Terra de Gigantes”; “Jornada nas Estrelas”; “Os Waltons”.

Os clássicos desenhos animados “Scooby Doo”; “Zé Colméia”; a psicodélica “Pantera Cor de Rosa”. Naquela noite; cheguei a seguinte conclusão: “. Num mundo que muda em feroz, avassaladora e crescente velocidade de princípios e interesses; o melhor que podemos fazer é demonstrar afeto; respeito e desejar boa sorte aos nossos semelhantes! ” Mas Deus criou o tempo, o homem inventou o relógio e esse último. Cobrou o seu valor! Hoje os dias são curtos, cobranças; pressões; estresse. Nossos filhos não conseguem mais andar um quarteirão sem colocar em risco, suas vidas por um simples par de calçados e acabar num terreno baldio qualquer. Crescem rapidamente; muito além de sua idade e época. Talentos esgotados. Ouvintes debilitados! Conformismo barato e conveniente. Nossos rebentos já não se interessam mais pelas chaves.

Ganham logo um automóvel; um imóvel, quiçá uma viagem ao exterior. Teriam os ventos da liberdade e democracia varridos para longe os princípios da objetividade; determinação; força de vontade e trazido os entulhos do ócio; apatia e conformismo? Ou então seria um latente e íntimo desejo dos pais ou responsáveis de menos tempo e atenção dispensarem aos seus herdeiros? Para ambas as questões uma única e provável consequência: O afã das novas gerações em buscar através de meios, nem sempre recomendados, respostas as suas dúvidas e temores. E o que é ainda pior; acham isso à 8ª maravilha do mundo! Aonde foi parar o sempre fraterno abraço e o louvável cumprimento? Todos falam sobre os direitos humanos, mas poucos comentam ou sabem dos “DIREITOS DE HUMANIDADE”.

Estaríamos distantes da concepção e separação virtuais? Pchhh. Melhor não lançar inconsequentes ideias! Solidão, solidão. Mas hoje, olhando para trás e fazendo um exame sincero de consciência, talvez as causas disso sejam falhas de minha geração ou pelo menos temos parcela de culpa. Fome; miséria; armas; drogas; furtos. Restam bem poucos como eu. Ansiamos por uma nova e melhor aurora. Não parei no tempo; o tempo é que parou em mim, afinal sou a testemunha viva do que passou, sou o. Crepúsculo de uma era! ARCA DE NOÉ - MADE IN BRAZIL Figura 48: ARCA DE NOÉ - MADE IN BRAZIL Certo dia, o Senhor chamou Noé da Silva Santos e ordenou-lhe: • “Dentro de seis meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o mundo seja coberto pelas águas.

Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal”. • Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. • Eu disse que eram ordens suas, mas eles só queriam saber se eu tinha “PROJETO DE REFLORESTAMENTO” e um tal de “PLANO DE MANEJO”. • Nesse meio tempo, o IBAMA descobriu também uns casais de animais guardados em meu quintal. • Além da pesada multa, o fiscal falou em “CRIME INAFIANÇÁVEL” e eu acabei tendo que matar o fiscal, pois para este crime a lei é mais branda e eu seria réu primário, respondendo em liberdade. • Quando resolvi começar a obra na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um engenheiro naval responsável pela construção.

• Alguém já se encarregou de fazer isso. ” DESTROÇANDO CORAÇÕES. Figura 49: Caricatura do cantor Vando Tom Cruise morre e vai para o céu. Chegando lá, é recebido, num guichê, por um anjo que lhe toma os sapatos e diz: - Seu endereço, na eternidade, é rua C, número 13. É só ir a pé por essa estrada que você chega lá! - Diz o anjo, apontando uma trilha forrada de pedras. Wando embarca no carro e segue por uma estrada novinha até chegar a uma mansão maravilhosa.   Abre a porta e dá de cara com a Sharon Stone, nuazinha, deitada em um tapete persa. Meu Deus, o que é isso? - Indaga o cantor maravilhado. Ouve-se, então, novamente, a voz do Todo-Poderoso: • SHAAAAAARON, durante a vida toda você destroçou milhões de corações.

AO FIM DE UM. Mesmo com o advento das teclas, substituindo o disco, isso havia continuado. Mas agora, não. Agora, as pessoas apertam uma tecla só e a memória do telefone faz o resto. Os gestos estão mudando rapidamente. Pensou o velho senhor com um olhar distante e perdido no horizonte. Agora, as pessoas ficam olhando a máquina de longe, com o braço esticado, como se tivessem nojo ou medo daquele aparelhinho (Que em hipótese alguma pode ser preto - deve agora ser sempre prateado). Sim, os gestos estão mudando, concluiu. Sentiu uma ponta de tristeza e saudosismo. Há uma perda no desaparecimento dos gestos antigos. Talvez não, pensou dando de ombros; talvez fosse apenas o outono, que estava começando. Vou pará-lo e lhe darei uma multa daquelas bem salgadas.

O engraçadinho não perde por esperar. No dia seguinte o policial fez o sinal para que o motorista infrator parasse. O motorista atendeu prontamente e parou o veículo. Sem perder tempo o policial foi logo dizendo: - Bonito hein! Até que enfim nos encontramos. • Mas vocês não perceberam nada, vô? “. Não meu neto; achávamos que éramos invencíveis. Que estávamos acima do bem e do mal; que jamais iriam nos atacar. O tempo iria nos demonstrar que a nossa arrogância foi à origem de nosso fracasso!!” • Vô, quando, como e por quê aconteceu? “. Acho que foi em março, no dia oito. Por maior e mais aguerrida que fosse nossa resistência, bastava um simples sorriso e um cruzar de pernas do inimigo para sucumbirmos diante de tal.

E foi assim que assumimos nosso novo lugar na sociedade, ao perder a guerra para elas meu neto! Agora, enquanto eu termino de lavar a louça, vá lá ver se o seu pai terminou de passar o aspirador de pó nos quartos e embaixo das camas antes que a sua avó e a sua mãe cheguem do futebol. Rápido, rápido! ” MAMMA ITALIANA. Figura 55: MAMMA ITALIANA. Toca o telefone: • Alô? Mamma? Posso deixar os meninos contigo hoje à noite? • Va sair? • Vou. con una mamma così. • Assim como? • Irresponsabile! Inconsegüente! Por isso il tuo marito te deixou! • Cheeegaaa. • Ancora grita con me! Però con il vagabondo que tu tá saindo tu non grita, davvero? • Agora tá preocupada com o vagabundo? • Io non disse que era vagabondo? • Tchau!! • Aspetta.

non desliga! A que horas tu vai portare i bambini? • Não vou. Não vou levar os meninos, também não vou mais sair! • Non vai sair? • Vai restare a casa? • E tu acha o que, que un príncipe encantado va bater na tua porta? • Una donna na tua idade, con due bambini, pensa que è fácile trovare un nuovo marito? • Se deixa passar mais due anni, aí sim que vai restare sola tutta la vita! • Dopo non va dire que io non ho avisatto a lei! Che assurdo, na tua idade tu bisogna che io te empurre para sair! NIETZSCHE? SAÚDE! Figura 56: NIETZSCHE (Caricatura)? SAÚDE! Ela corre à beira mar toda manhã. Ele não lava atrás da orelha. Ela estudou psicologia. Ele odeia, abomina todo e qualquer tipo de conselho, chega a firmar que: • Se conselho fosse bom, não se dava.

Vendia! Ela usa creme hidratante. Ele acha que escorrega. Ela acorda de mau humor. Ele acorda alegre até demais. Ela acha a mãe dele uma pessoa difícil. Ele acha a mãe dela uma chata. Ela lê Nietzsche, Camões, Shakespeare, Saramago. Ela acha importante discutir o relacionamento. Ele acha que ela complica muito as coisas. Ela só terá filhos quando estiver estabilizada. Ele quer ter pelo menos 06 filhos. Ela diz que ele precisa crescer. Ele só toma Antarctica. Ela gosta de experimentar coisas novas. Ela conhece a Europa. Ele quer conhecer Beto Carrero. Ela pulou de semestre acadêmico. Saí então à procura de alguma inspiração, fui em busca de Pégasus! Não havia uma leve brisa, sequer uma folha balançava nas árvores. Sequer havia folhas.

Alguns poucos metros depois, sentia me em pleno deserto do Saara. Procurava desesperadamente um “oásis” e, no meu caso, era o mais próximo bar que eu pudesse encontrar uma cerveja gelada. Encontrei. A mãe vestia um justo, porém bem-comportado vestido da mesma cor e uma menininha que não devia ter mais que cinco seis anos usando um típico vestidinho branco para a idade e é claro, sapatinhos e meias de idêntica cor e charme. Sua imagem remetia-me à lembrança de um inocente anjo. Em outras palavras, pareciam estar trajando aquela característica roupa de. “Domingo na Missa”. Sempre cabisbaixos; reparo que são muito humildes. PÉGASUS! COLOFÃO GRÁFICA:.

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