Um Conto de Bruxa

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Física

Documento 1

Ninguém se atrevia a entrar no mato temendo encontrar a terrível bruxa, pois diziam os mais antigos que quem tentou desbravar o mato desconhecido nunca mais saiu de lá e se perdeu para sempre. Isso é coisa da bruxa, –dizia o ancião do povoado. Ela se zanga quando invadem seu território e faz o pobre coitado se perder. E assim, ninguém entrava na floresta. O povoado era humilde, composto apenas por trabalhadores simples que batalhavam para ter o que comer e pagar os impostos ao rei. Francisco ajudava seu pai fazendo os pães e vendendo na aldeia. Todos os dias saia com seu vira-latas, que chamava de Pulguento, a vender os pães depositados em um cesto. Pulguento e Francisco eram melhores amigos e gostavam muito de brincar juntos.

Ambos divertiam-se todos os dias quando saíam para vender os pães e imaginavam as maiores aventuras no caminho. Assim passavam o dia. –disse Francisco suspirando –Hoje não teremos aventuras. E assim permaneceu em silêncio o jovem padeiro. No entanto, ao passar pela tenebrosa floresta, Pulguento viu uma linda borboleta amarela e logo se assanhou para correr atrás dela. Percebendo a intenção do amigo, Francisco bem que tentou impedi-lo, mas o cachorro foi mais rápido e embrenhou-se mato adentro latindo atrás da borboleta. Embora estivesse com medo, Francisco também entrou na floresta na esperança de trazer seu cachorro de volta, por ém Pulguento era muito mais rápido do que o rapaz e logo sumiu da vista do jovem padeiro. Como algo tão belo por dentro, podia ser tão medonho por fora? Mesmo admirando tudo o que via, Francisco queria sair logo dali.

Já estava anoitecendo e não seria nada bom passar a noite naquele lugar. Mas como sairia da floresta? Não sabia que direção tomar e sequer prestou atenção no caminho já que corria atrás de Pulguento desesperadamente. O jovem padeiro e o cachorro andaram pela floresta até anoitecer, mas em vão. Não conseguiram achar o caminho de volta ficando perdidos no mato, restando apenas se deitarem de baixo de uma árvore para dormir. Novamente a bruxa perguntou: - quem é voc ê? - So-so-sou Francisco e esse aqui é o meu cachorro Pulguento. Então? O que fazem aqui? - Nós nos perdemos e não sabemos como voltar. Venha comigo –disse a bruxa sem dar importância ao que Francisco falou. Mais por impulso do que por vontade própria, o jovem padeiro se levantou e seguiu a bruxa e Pulguento seguia firme ao seu lado.

O rapaz sentia tanto medo que não parava de pensar no que lhe aconteceria naquela floresta. Si-si-sim. Respondeu Francisco ainda assustado. Sente-se, tome um pouco dessa sopa que irá se sentir melhor. Disse a bruxa colocando uma tigela com sopa na mesa para Francisco e outra no chão para Pulguento. A sopa pareceu apetitosa para o jovem padeiro que não comera nada, apenas um pão no entardecer quando se sentou à beira do riacho. Respondeu Francisco meio sem jeito. Como voc ês dois vieram parar aqui na floresta? - O Pulguento correu atrás de uma borboleta e eu o segui. Você é o filho do padeiro não é? Reconheço voc ê. Todos os dias o vejo passar com esse cesto e algumas vezes o vejo vendendo pães no povoado.

Sim, sou o filho do padeiro. Eu só quero entender por que ninguém nunca saiu dessa floresta. Por que não conhecem a floresta, é claro! Como não sabem o caminho da saída, se perdem para sempre. Eu mesma já tentei ajudar algumas pessoas que passaram por aqui, como o antigo verdureiro, lembra-se dele? Só que o bobão se assustou quando me viu e saiu correndo. E assim todos os outros que já encontrei por aqui. Eu sei como sair daqui, mas como nunca consigo chegar perto de ninguém, não posso ajudar. O jovem padeiro sentia se um tolo assim como os outros que julgaram mal Godofreda. Por pouco seu preconceito também não lhe custara à vida. Correra o risco de se perder para sempre naquele imenso matagal só por não conhecer direito uma criaturinha tão gentil.

Olhe Godofreda, eu sinto muito se fui um bobo. Me desculpe se me assustei com voc ê. Não, - respondeu suspirando –hoje não foi um dia bom. Pois é! Os impostos reais estão cada vez mais pesados. E tudo por culpa da princesa. Hei! –Protestou Francisco –a princesa não tem nada a ver com isso! Ela é boa e bonita. Nunca faria nada de ruim com o povo. Não conseguia acreditar nas palavras de Godofreda que não parava de falar. Pense bem Francisco. Por que voc ê acha que o rei aumentou os impostos? Não reparou que tudo de melhor que o povoado produz vai para o castelo? - Sim. –Respondeu lembrando-se que os melhores pães de sua padaria vão para o café da manhã da princesa.

Percebe o que quero dizer? O rei aumenta os impostos por que não consegue arcar com todos os caprichos da filha. Embora não fosse bonita a bruxinha tinha bom coração e ajudava seu próximo. Tinha pouco para si, mas ainda assim dividia com quem precisasse como era seu caso e de Pulguento. Tudo isso fazia Francisco admirar cada vez mais Godofreda e sentir raiva da princesa. Pensando agora em sua nova amiga, Francisco se perguntava por que a jovem bruxa estava ali sozinha. Será que não tinha parentes? Mesmo para alguém que possivelmente tenha poderes mágicos, morar em uma floresta tão escura deveria ser perigoso. Exatamente! Aqui tenho tudo que preciso para viver. Como a lenda da bruxa é muito antiga, desde quando minha avó era criança, me aproveito dela para viver em paz.

Dificilmente alguém entra na floresta, então vivo muito tranquila. Mas você não tem medo de se perder nesse matagal? Nem imagino como Pulguento e eu sairemos daqui. Fique sossegado, conhe ço esses matos muito bem e pela manhã levo voc ês dois até a saída. O que você não pode é viver aqui sozinha. Por favor, venha comigo. Francisco, eu só vou ao povoado escondida. As pessoas tem medo de mim. Não posso aparecer assim. Você só traz azar! –disse a costureira - Volte para a floresta e nos deixe em paz! –disse mais atrás da multidão, o sapateiro. E assim cada um dizia palavras que assustavam a jovem recém-chegada. Senhores, um momento! –disse Francisco – vocês estão enganados. Essa mocinha aqui não é bruxa.

Não existe nenhuma bruxa da floresta. Muitos se arrependeram das coisas horríveis que disseram a tão doce menina. A partir deste dia o povoado deixou de temer a “ terrível bruxa da floresta”e Godofreda finalmente pôde andar pelo povoado sem se esconder. Alguns ainda sentiam receio pela aparência da garota, mas respeitavam a sua presença. Godofreda continuou morando em sua cabana na floresta, mas ia todo dia ao povoado conversar com seu amigo Francisco, brincar com Pulguento e até ajudar o velho padeiro, que para ela tornou-se como um pai. Francisco e Godofreda viraram grandes amigos e era comum encontra-los sempre juntos, acompanhados de Pulguento. Ainda assim, Francisco mantinha o vira-lata ao seu lado. Amava muito seu velho amigo e nunca se esquecera dos momentos felizes que passaram juntos.

Francisco também jamais esquecera que foi graças a Pulguento que conheceu Godofreda e isso foi a melhor coisa que aconteceu ao padeiro. Portanto, tinha muito que agradecer ao seu velho amigo vira-lata. A amizade de Francisco e Godofreda cresceu cada vez mais com o tempo e o padeiro não podia passar sequer um dia sem ver sua velha amiga. A autora confessa que nunca foi muito fã das fadas e princesas dos contos, pois as acha perfeitinhas demais o que não condiz com a realidade do leitor. Por esta razão, sempre preferiu as bruxas, embora sempre as visse como vilãs e malvadas. Haidêe também sempre gostou de inventar suas próprias histórias, misturando elementos em sua imagina ção. Foi graças a essa imagina ção e a sua preferencia pelas bruxas dos contos que surgiu a ideia para Um Conto de Bruxas.

Nesta obra a autora busca enfatizar o lado das bruxas dos contos, mostrando que elas são apenas criaturas mal compreendidas.

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