Precisamos Falar Sobre Kevin

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Além do foco na relação mãe e filho, o filme foca os personagens de forma separada, em suas emoções e perspectivas. De um lado a mãe Eva, uma mulher que conheceu o amor, se casou, conquistou uma vida profissional de sucesso, que acaba engravidando contra sua vontade para agradar o marido que queria muito ter um filho e que se vê completamente infeliz antes e depois do nascimento desse filho. E de outro lado, o filho indesejado, Kevin, que desde o momento de seu parto foi rejeitado e desprovido do amor e da proteção de sua mãe fato que o faz a todo momento expulsar sua agressividade interna sobre Eva. Posteriormente, o filho assassina diversos estudantes de sua escola um dia antes do seu aniversário de 16 anos.

Deste modo, é possível citar e analisar a primeira cena destacada nesse trabalho como crucial para compreender essa dinâmica mãe e filho. Segundo Figueiredo e Cintra (2004, p. ao entrar na posição depressiva, o bebê "começa a sentir culpa pela sua agressividade contra o objeto, tendo o ímpeto de repará-lo por amor", o que claramente é possível ver no filme que Kevin não sente, mesmo na adolescência ele insiste em direcionar somente pura agressividade a mãe. A cena em que Kevin atira uma flecha de brinquedo em direção a sua mãe, é um claro exemplo desse transbordar de raiva/agressividade conduzido a Eva. Outra cena que traduz essa violência, é a que Eva personaliza as paredes de seu escritório em sua casa e Kevin enquanto ela não vê, suja todas as paredes de tinta com uma arma de brinquedo, sendo nitidamente possível visualizar essa explosão de agressividade, direcionada ao objeto mau (mãe).

Kevin possui evidentemente uma relação sádico-anal com a mãe, pois mesmo ele sabendo controlar os esfíncteres, ele utiliza fraldas e faz suas necessidades muitas vezes para controlá-la e agredi-la. Apesar de acreditar que o filho tinha alguma espécie de transtorno ou deficiência quando era criança, ao longo do tempo Eva passa a analisar as ações de Kevin como características de sua personalidade, normalizando a falta de empatia e carisma do filho. Em determinado momento Kevin diz: “A mamãe está gorda”, referindo-se à gravidez de Eva, que não havia sido percebida pelo pai até então. Deste momento em diante fica claro que o menino não gosta da irmã e a trata com desprezo e antipatia desde o seu nascimento, é possível perceber que Kevin sente ciúmes da irmã e a vê como alguém que atrapalha seu relacionamento com o pai e a mãe.

A relação de Eva e Celia é completamente diferente da relação que existe entre Kevin e a mãe, visto que, a irmã não resiste ao carinho e proximidade que é oferecido a ela. Tal fato fica evidente quando Celia sofre um acidente em casa sob os cuidados de Kevin deixando Eva com certeza de que ele fora o responsável pelo ato. Analisando as teorias de Melanie Klein como base para interpretar o filme, fica evidente o quanto o início da vida é fundamental para a construção de um psiquismo saudável e fortalecido. A relação que o bebê tem com a mãe desde a gravidez é fundamental para que seus impulsos e emoções possibilitem a coexistência de forças integradoras(pulsão de vida) e desintegradoras(pulsão de morte), de maneira que, a posição esquizo-paranóide possa ser transformada em posição depressiva o que não ocorreu no caso de Kevin.

REFERÊNCIA: CINTRA, E. M. U.

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