CLIMA ORGANIZACIONAL X SATISFAÇÃO PESSOAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Palavras-chaves: Área administrativa da saúde; satisfação pessoal; qualidade de vida. INTRODUÇÃO O trabalho é um dos fatores que norteiam a vida humana. Por meio do trabalho o homem dá significado à natureza e a transforma. Espera-se do sujeito que tenha coerência e harmonia com o seu trabalho. Portanto, por meio disso percebermos que “O trabalho é rico de sentido individual e social, é um meio de produção da vida de cada um ao prover subsistência, criar sentidos existenciais ou contribuir na estruturação da identidade e da subjetividade” (Tolfo e Piccinini, 2007). Portanto o trabalho em uma organização está ligado ao aspecto da utilidade que o individuo tem para aquela empresa. “O trabalho que faz sentido permite que o trabalhador tenha autonomia, possa exercer sua criatividade e pensar. ” (Tolfo; Piccinini, 2007) 3.

Se um trabalho não apresenta nenhuma dessas características deixa de fazer sentido para o trabalhador. É importante que o trabalhador conheça seu papel na empresa, tenha consciência das suas funções e objetivos para que possa desenvolver melhor seu trabalho. A competitividade é típica dessa área de trabalho, graças ao aumento do número de instituições privadas, e pode ser um fator tanto de união como de desunião dentro da empresa, dependendo da escolha correta do líder dentro do grupo. A organização precisa favorecer a auto realização do indivíduo, desenvolvendo satisfação pessoal e pertencimento. Trataremos no artigo sobre como a relação entre a satisfação pessoal e o clima organizacional interfere na área administrativa da saúde. FATORES PSICOSOCIAIS DO TRABALHO O trabalho satisfaz o individuo tanto no âmbito pessoal como no profissional, aumentando sua auto estima e auto realização.

Não é apenas a remuneração que liga o homem ao trabalho, mas sua função na sociedade, sua utilidade perante aos outros. A qualidade de vida no trabalho vem sendo objeto de estudo por milênios, nos últimos anos tomou força devido ás exigências do ambiente de trabalho sobre o trabalhador, entre elas as longas horas de trabalho, a concorrência cada vez maior entre as empresas e o crescimento da economia, além do desenvolvimento das novas tecnologias. Dialogando com os conceitos de motivação, saúde e segurança no trabalho e satisfação. A aplicação do termo qualidade de vida dentro da empresa acontece quando eles passam a olhar para as pessoas como um todo, como constituintes desse ambiente e participativas no processo de produção.

Olhando suas necessidades, as melhorias a serem feitas no local de trabalho tanto no enfoque biológico, como no psicológico e social. Vasconcelos apud França, 1997, p. Porém o que vemos é uma aplicação muitas vezes inadequada dos indicadores de qualidade de vida, é necessário fazer um diagnóstico antes, percebendo a necessidade dos trabalhadores, o que os faria produzir mais e melhor. A qualidade de vida precisa ser discutida num contexto mais amplo com os trabalhadores. Enquanto a rentabilidade for o fator mais importante para empresa, ela estará contribuindo para indivíduos adoecidos pelo excesso de trabalho e pelo estresse ocupacional. Motivar o trabalhador tornou-se importante fator para a produtividade da empresa. Motivação e organizações de trabalho A motivação leva as pessoas a agirem em torno do seu objetivo.

Outra teoria é a de Herzberg, um psicólogo e consultor norte americano, segundo ele a motivação é fruto de satisfação das necessidades complexas como auto estima e auto realização. Para ele o comportamento humano no trabalho é guiado por dois fatores: Fatores higiênicos os quais foram designados como extrínsecos que fogem ao controle do empregado por serem delimitados pelo contexto externo, são eles: salários e benefícios, tipo de chefia e políticas e diretrizes organizacionais. Fatores motivacionais os quais são intrínsecos, são controlados pelo individuo já que se referem ao cargo e a tarefa exercida. Quando não são suficientes eles bloqueiam a satisfação e são caracterizados como fatores satisfacientes. Bueno, 2002) 11 A motivação para Herzberg acontece quando a tarefa dá ao individuo a satisfação necessária.

Como vimos anteriormente à motivação vem da satisfação das necessidades, sendo assim, um clima organizacional favorável será aquele que permite a satisfação das necessidades individuais dos trabalhadores o que acarreta em aumento do potencial interno. O clima organizacional é desfavorável quando a empresa leva os trabalhadores á frustração. Para manter os trabalhadores motivados é necessária uma série de medidas que começam a partir da gerência, passando pela relação dos empregados e permeando pela higiene e segurança no ambiente de trabalho. Respeitar as diferenças e as características individuais de cada empregado é fundamental para o desenvolvimento saudável da empresa. De fato, acontecimentos internos e externos influenciam em como a pessoa fará e verá seu trabalho, portanto se vê fundamentalmente o acompanhamento e á devida atenção aos trabalhadores.

” A pessoa traz para a organização seus sonhos, desejos, pensamentos, preconceitos, experiências vivenciadas anteriormente, afetando assim a organização. O clima em geral é influenciado pela cultura da organização, ou seja, as crenças, valores, costumes e tradições de uma organização. Dentro dessa definição, o gestor tem que lidar com as variáveis do clima, por isso é importante avaliar como está o clima dentro da empresa. As pesquisas sobre clima organizacional podem levar a um melhor resultado, á partir da execução de melhorias, avaliando os pontos negativos e positivos. A análise do tipo de gestão está dentro da avaliação de clima, desse modo vemos que a avaliação pode servir de norte para as ações da empresa no futuro, para a diminuição da rotatividade e dos conflitos existentes dentro da empresa, além de melhorar os aspectos psicológicos do trabalhador.

Para que a pesquisa aconteça é necessário haver condições ideais como o apoio da administração, o envolvimento dos empregados e a disposição para assumir um plano de ação de acordo com os resultados obtidos. Pestana, 2001) 16 Dentre as vantagens de uma avaliação de clima organizacional vemos: satisfação global no trabalho, melhora na comunicação dos diferentes níveis e setores da empresa, melhora nas atitudes, chance de desabafar sobre os problemas encarados, podem determinar a necessidade de um treinamento, aperfeiçoamento e planejamento para que haja respostas as mudanças. Pestana, 2001) 17 Geralmente as pesquisas de clima são feitas por meio de questionários ou entrevistas, ou os dois. Elas têm como objetivo obter a opinião dos empregados sobre diversos itens acerca do seu trabalho e da empresa.

Há etapas da pesquisa de clima organizacional interno segundo Vieira apud Oliveira (1995, p. Para que o cliente procure esse serviço, há uma queixa dessa queixa nasce a interação cliente-atendente, dessa interação surgem expectativas e necessidades a serem supridas. Dentre as expectativas claras do cliente, estão a agilidade do serviço oferecido, o baixo custo e a qualidade do atendimento. Como o hospital tornou-se uma grande empresa moderna, ele deve aderir aos requisitos de uma organização, ou seja, é um setor de grande complexidade. Diante disso é grande a responsabilidade do administrador hospitalar que tem como maior responsabilidade a homeostase financeira da instituição proporcionando o crescimento. A esses profissionais fica a responsabilidade de analisar as estatísticas das mortalidades, complicações cirúrgicas, o número de pacientes que obtiveram melhoras e os custos dos tratamentos.

O trabalho do administrador não depende apenas dos seus trabalhos burocráticos, como também da sua relação com médicos, enfermeiras e outros profissionais para os quais precisa consultar para tomar as devidas decisões. Seixas e Melo apud Zoboli (2000) 23 discute a questão ética ligada a esse profissional, pois muitas vezes confronta-se com situações onde não sabe se prioriza a parte financeira ou o paciente em si. Ele responde que se há possibilidade da cura, ela deve vir antes das questões financeiras. Outro conflito do administrador, ele fica entre representar o hospital e os interesses do médico, prezando pelo bem estar de ambos para que não haja atritos. Portanto vemos que o trabalho do administrador de saúde é cheio de percalços e conflitos, configurando-se assim é um trabalho árduo, cheio de funções e cobranças.

No que tange ao trabalho, é necessário perceber o motivo da rotatividade dos profissionais de saúde. Para Stancato e Zilli apud Chiavenato (2006) 25, acredita que numa empresa saudável, normalmente ocorre um número menor de rotatividade de profissionais. Dentre as conseqüências da alta rotatividade no setor de saúde, segundo Stancato e Ziili apud Consterano (1987) 26encontra-se: “Impossibilidade de manutenção de uma equipe integrada; perda de produção, pois como o processo de seleção e treinamento é moroso, não contratação imediata, quando do surgimento de vagas. Sendo assim, há uma diminuição na dinâmica do trabalho e quebra no padrão de assistência prestada ao paciente; o servidor recém-admitido não possui o conhecimento e as habilidades necessárias ao desempenho seguro do trabalho; insegurança refletida pelo paciente quando assistido por elementos novos e inexperientes.

” É importante lembrar que o motivo da rotatividade é variável e complexo. A prestação dos serviços de saúde deve se basear nos princípios da equidade, qualidade, eficiência, efetividade e aceitabilidade. Organização Pan Americana de Saúde, 2004). Porém o que encontramos em algumas organizações de saúde é o planejamento inadequado fruto da ineficiência em alguns setores. O que não se entende é que a administração em saúde não envolve apenas aspectos administrativos e burocráticos envolvem-se também questões de ética, política, sociologia e direito. O administrador em saúde necessita ter características que subsidiem suas decisões e funções de trabalho, dentre elas se destaca nos artigos estudados a liderança. O excesso de trabalho e o acúmulo de funções podem levar esses profissionais a lidar com situações estressantes no dia a dia.

Nesse caso vimos que o estresse no trabalho pode vir de fatores intrínsecos como, condições de trabalho, carga de trabalho, salários. Além desses fatores, a empresa também contribui para o estresse do seu empregado, no setor administrativo, encontramos muito a questão das relações de trabalho, como se relacionam com os seus subordinados, com os funcionários e os clientes, além da cultura da empresa, da comunicação, o estilo de gerenciamento. Todos esses fatores podem contribuir com o estresse conseqüentemente levando ao absenteísmo e a alta rotatividade. Devido à alta complexidade do hospital como organização, o que vemos é a dificuldade em conceituar o hospital como produto, o que pode levar o profissional a frustrar-se. Através de pesquisas de clima, a empresa pode ouvir o administrador de saúde, tão acostumado a ouvir as queixas alheias, colaborando para que sejam motivados e identifiquem-se com a empresa melhorando a qualidade do seu serviço.

SATISFAÇÃO PESSOAL DOS ADMINISTRADORES DE SAÚDE: EXPECTATIVAS E MELHORIAS Através das pesquisas de clima são notáveis as demandas dos profissionais, portanto, depois de feita a pesquisa, a necessidade de um plano de ação se faz presente para atenuar os problemas apresentados, a fim de um melhor clima organizacional e maior produtividade na empresa. Para Coda (1997) o principal objetivo da pesquisa de clima organizacional é, “O mapeamento das percepções sobre o ambiente interno da organização, como um ponto de partida igualmente válido para a mudança e o desenvolvimento organizacional. Configura, portanto, um diagnóstico sobre a situação atual da empresa, tomando por base as opiniões de seus integrantes, quase em caráter clínico, ou seja, visando levantar disfunções ou problemas que mereçam correção”.

No caso dos administradores de saúde vemos que problemas como absenteísmo, alta rotatividade, despreparo, acúmulo de funções, estresse, falta de clareza quanto ao seu papel na empresa. Deixar mais claras as funções dos funcionários: propor reuniões que haja uma melhor distribuição das funções. Nas quais profissionais de cada setor apresentaria o seu trabalho, a função e o que espera dele. Deixando claro para os profissionais quais suas funções, além de conhecer os outros profissionais da empresa. Propor uma melhor utilização do tempo de trabalho: Apesar de estar dentro da ergonomia em si, é importante ressaltar pois a partir dele a empresa pode melhorar sua produtividade e otimizar a eficiência. É necessário ver se há sobrecarga de trabalho e porque essa sobrecarga acontece, se há necessidade de contratação de novos profissionais, indicadores de insatisfação e improdutividade também são importantes para serem analisados.

Além do preparo para as situações adversas encontradas. Segundo Borba (1991, p. “é preciso desconfiar seriamente da capacidade do Administrador que muito trabalha e pouco estuda, pois seu trabalho converter-se-á na sua única ciência e esta não o orientará no seu trabalho. Treinamento de gestores e da chefia para melhorar a comunicação com os profissionais: a importância da comunicação organizacional tem sido muito estudada. A comunicação envolve todos as hierarquias e cargos funcionais, envolvem também a estrutura da organização e como se ela possui papéis definidos ou não. Vemos assim que um bom plano de ação, possibilita o desenvolvimento da empresa, o trabalhador sente-se ouvido, colaborando para a diminuição do absenteísmo e para a lucratividade da organização.

Diante da complexidade da administração em saúde, espera-se que o administrador em saúde preencha todas as expectativas. Exige-se da instituição uma postura que privilegie o cliente, para que ele seja ouvido e suas necessidades sejam atendidas. Contudo, o trabalho do administrador não é somente esse, ele envolve uma série de fatores incluindo a lucratividade da organização e a satisfação dos funcionários em relação ao serviço prestado. Frente a esses desafios não basta que o profissional tenha todos os conhecimentos técnicos, mas que ele também esteja preparado para encarar as adversidades. O foco no lucro leva a empresa a esquecer-se do profissional inserido na instituição. O administrador em saúde é um profissional que deve estar sempre atualizado, deve ser motivado pois sempre está entre a lucratividade da empresa e o manejo dos pacientes, além de lidar com todo o corpo médico.

Por isso as pesquisas de clima organizacional são tão importantes, elas nos levam a entender os relacionamentos na empresa, como eles se estabelecem, a produtividade e conhecer o sentimento do profissional sobre a empresa que trabalha. Diversos fatores devem ser levados em consideração quando se faz uma pesquisa de clima, desde comunicação entre os membros da equipe e os seus superiores até a ergonomia. A pesquisa é mais do que uma simples coleta de dados, ela é um norteador das necessidades do indivíduo dentro da organização. A possibilidade de se pensar em um ambiente de trabalho democrático e igualitário foi pensado atualmente, devido às mudanças ocorridas durante o século nos modelos de trabalho vigentes. Pensar em conceitos como qualidade de vida, satisfação profissional e motivação, representam um grande progresso.

Porém ainda tem muito que se progredir quando falamos de clima organizacional e satisfação do trabalhador, as empresas precisam ter consciência da responsabilidade que é cuidar de seus funcionários. REFERÊNCIAS As melhores empresas para você trabalhar Revista Exame – 2013 http://exame. abril. A clínica psicodinâmica do trabalho: de Dejours às pesquisas brasileiras. ECOS, Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 2 (2): 307-318 BUENO, Marcos. As teorias da motivação humana e sua contribuição para a empresa humanizada: um tributo á Abraham Maslow. Revista do Centro Superior de Ensino Catalão, CESUC, Ano IV, n° 6, 1° semestre, 2002. CAMPOS, Alessandri. Pesquisa de Clima Organizacional e Gestão Estratégica de Recursos Humanos. In: BERGAMINI, Cecília W. CODA, Roberto, Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Atlas, 1997 DEJOURS, Chistopher.

A banalização da injustiça social. MELO, Hermes Teixeira de. Desafios do administrador hospitalar, 2004, p. VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Qualidade de vida no trabalho:origem, evolução e perspectivas. Caderno de pesquisas em Administração, São Paulo, v. Curso de especialização em gestão estratégica de recursos humanos, Instituto Catarinense de Pós Graduação, ICPG. PESTANA, Simery Conceição Constancio. Pesquisa de Clima Organizacional. Universidade Cândido Mendes. Pró Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.