OS CONFLITOS CIVILIZACIONAIS NA NOVA ORDEM MUNDIAL

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Ciências Políticas

Documento 1

Este artigo teve como objetivos identificar e descrever os principais conceitos sobre civilização, cultura e política mundial, abordados por Samuel P. Huntington em sua obra “O choque das civilizações”, com enfoque na relação entre cultura e civilização e de que forma estas contribuem para o acirramento de conflitos entre os povos e na formação de uma nova “era” na política mundial. Palavras-chave: Civilizações. Cultura. Política mundial. É importante que possamos entender de que forma as diferenças culturais entre as civilizações influenciam mudanças no cenário internacional, segundo Huntington (1997, p. Os aspectos comuns e as diferenças moldam os interesses, os antagonismos e as associações dos Estados. Os países mais importantes do mundo provêm, em sua maioria, de civilizações diferentes.

Os conflitos locais que têm maior probabilidade de se transformarem em guerras mais amplas são os que existem entre grupos e Estados de civilizações diferentes. Os padrões predominantes de desenvolvimento político e econômico diferem de uma civilização para outra. Os europeus, portanto, começaram a utilizar o conceito de civilização para julgar se outras sociedades eram dignas ou não de serem aceitas no sistema internacional da época (HUNTINGTON, 1997). No entanto, a obra de Huntington (1997) se preocupa com as civilizações, no plural, em objeção a ideia de civilização, no singular, que remete a existência de uma civilização universal. É possível encontrar também o conceito de civilização criado pelos franceses, e como ele difere de país para país, de nação para nação, na obra de Norbert Elias “O processo civilizador”.

Em conformidade com Elias (1994, p. O conceito de "civilização" refere-se a uma grande variedade de fatos: ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às idéias religiosas e aos costumes. Para Huntington (1997, p. “sangue, língua, religião e estilo de vida” são os principais elementos culturais formadores de uma civilização. Para o autor, as civilizações são abrangentes, são entidades culturais amplas, uma civilização, portanto, é o maior agrupamento cultural de pessoas, a civilização de qual determinado indivíduo pertence é o seu maior nível de identificação (HUNTINGTON, 1997). Ele enfatiza que civilização e cultura assemelham-se de modo a que as duas pretendem representar o modo de agir, os costumes e o estilo de vida em geral de um povo.

As comunidades europeias, por exemplo, compartilham de semelhanças culturais que a vão distinguir de comunidades chinesas ou hindus. AS CIVILIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS E SUAS RELAÇÕES Huntington (1997) afirma que há divergência entre os historiadores e estudiosos em geral em relação a quantidade de civilizações que existiram ao longo da história e das que existem no mundo atualmente. Porém, apesar destas diferenças, as identidades culturais das civilizações consideradas principais, não são postas a objeção. Segundo ele, as principais civilizações contemporâneas existentes são as seguintes: Sínica, Japonesa, Hindu, Islâmica, Ortodoxa, Ocidental, Latino-Americana e Africana. O autor nos fornece em sua obra, um mapa com a localização geográfica destas principais civilizações no globo (Figura 1).

Figura 1. Durante as aventuras ultramarinas europeias, as civilizações chamadas andina e mesoamericana foram dizimadas, a indiana, islâmica e conjuntamente a África foram encabrestadas; a China fora invadida e subjugada à influência ocidental. Apenas algumas civilizações, governadas por poderes fortemente centralizados foram capazes de resistir às ambições do Ocidente. Por um período de 400 anos as relações intercivilizacionais basearam-se na subjugação de outras sociedades à civilização ocidental (HUNTINGTON, 1997). No entanto, a partir do século XX as relações intercivilizacionais irão superar um período histórico que caracterizava estas como puramente exploratórias, de forma a que o Ocidente subjugava o restante das sociedades e passam a assumir um caráter de sistema multicivilizacional. E o que isto significa? Significa dizer que o sistema internacional se espalhou para as sociedades não-ocidentais, de forma à que o antigo sistema westfaliano (que englobava apenas os países europeus) sofre modificações intrínsecas, fazendo com que as relações intercivilizacionais aconteçam com maior frequência e que tornem-se uma via de mão dupla, ao invés de uma relação direta de subjugação com o Ocidente (HUNTINGTON, 1997).

Apesar das críticas, a teoria de Huntington é válida, desde que analisada no contexto histórico e geográfico do seu surgimento, pois de acordo com Fernandes (2012), ao invés de pensar a nova ordem mundial como um fim da história, como fez Fukuyama por exemplo, ou no contraste bipolar existente durante a Guerra Fria, Huntington propusera um novo significado para a ordem internacional instalada, tida como ‘multipolar e multicivilizacional’, como já citado anteriormente, leitura que contribuíra como base para intervenção em conflitos potencialmente perigosos e para definir a política externa de países como os Estados Unidos. CIVILIZAÇÃO UNIVERSAL E A OCIDENTALIZAÇÃO Na concepção de Huntington (1997), a humanidade, em um grande número de sociedades compartilham valores básicos, por exemplo, a forma como enxergam um crime.

Em grande parte do mundo as pessoas consideram o assassinato algo perverso, assim como compartilham de instituições parecidas, como alguma forma de família, uma moral e a concepção do que é certo e o que é errado. Para o autor, o termo ‘civilização universal’ faz referência aquilo que as sociedades civilizadas possuem em comum, englobando também os valores e doutrinas que mantêm-se até os dias de hoje por muitos povos da civilização ocidental e por povos de outras civilizações (HUNTINGTON, 1997). E ele não está sozinho em suas explanações, importantes pensadores como Voltaire também explanaram uma conceituação sobre uma civilização universal, segundo Melo (2010, p. Desta forma, a difusão dos “padrões ocidentais” para outras sociedades não a tornam “ocidentalizadas”, pois cada civilização incorpora estes padrões de forma ímpar.

Conforme Marconi e Presotto (2010, p. Difusão "é um processo, na dinâmica cultural, em que os elementos ou complexos culturais se difundem de uma sociedade a outra", afirmam Hoebe e Frost (1981:445). As culturas, quando vigorosas, tendem a se estender a outras regiões, sob a forma de empréstimo mais ou menos consistente. A difusão de um elemento da cultura pode realizar-se por imitação ou por estimulo, dependendo das condições sociais, favoráveis ou não, à difusão. REFERÊNCIAS ELIAS, Norbert. O processo civilizador. ed. São Paulo: Jorge Hazar Ed. v. KISSINGER, Henry. Ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: Uma introdução. WOLKMER, Antonio Carlos. Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico. ed. São Paulo: Acadêmica, 1995.

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