A desconfiguração linguística no contexto fronteiriço do Brasil e Argentina

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Linguística

Documento 1

Os autores estudados mostraram que há uma mescla de estruturas e vocabulário entre o português e o espanhol na linguagem dos indivíduos da região fronteiriça que conferem a produção de interferências linguísticas que podem ser consideradas variação linguística relacionada ao contexto geográfico fronteiriço nas nos atos enunciativos, marcados por um discurso linguístico advindo do país vizinho este não recebe o reconhecimento oficial, de uma vez que não fazem parte das gramáticas ou dicionários brasileiros, sendo alvo de preconceito ainda que a variedade tenha o mesmo espaço enunciativo em uma cenário geográfico e cultural de compartilhamento. A pesquisa é bibliográfica, tendo o aporte teórico de autores que abordam o assunto como Sturza (2006, 2010), Orlandi (2001), Benveniste (1989), Raddatz (2009), entre outros.

INTRODUÇÃO Este artigo discorre o contato linguístico entre a língua portuguesa e a língua espanhola na fronteira entre Brasil e Argentina. Esse contexto exerce influência linguística e cultural nos moradores das fronteiras brasileiras que interagem com uma diversidade cultural e linguística, devido aos contatos linguísticos, resultando em uma descaracterização da língua nativa de cada lado. A língua portuguesa, idioma materno do Brasil possui características peculiares, no entanto quando a cidade brasileira é costeira com outros países, no caso a Argentina que tem como língua nacional o Espanhol, esta sofre uma descristalização da linguística original. Entretanto, há fronteira social, linguística, moral, militar, numérica, entre o bem e o mal, entre outras. Geralmente, fronteira mostra realidades diferentes e opostas (FERRARI, 2011).

Nesse sentido, pode-se compreender que a fronteira se constitui um lugar de passagem, de não pertencimento, por ser um espaço apenas para contato, uma vez que existe uma identidade própria que se volta mais para a nacionalidade na qual o falante nasceu. a Fronteira não significa apenas pela sua relação espacial, como o lugar que marca o limite entre territórios. Os limites cartográficos são referências simbólicas que significam a fronteira através de um marco físico, embora a vida da fronteira, o habitar a fronteira signifique, para quem nela vive muito mais, porque ela já se define em si mesma como um espaço de contato, um espaço em que se tocam culturas, etnias, línguas, nações (STURZA, 2006, p.

Em determinadas circunstâncias, o que o sujeito diz pode ser aceito ou não pelo seu interlocutor. A Enunciação em Contexto de Fronteira As línguas enunciadas em lugar específico apresentam sentidos não repetidos repetem em outros espaços de enunciação, se são usadas em seus domínios enunciativos, como ocorre com as línguas nacionais. No que se refere à fronteira linguística, existe um espaço de enunciação marcado por interferências na oralidade das comunidades, no caso da fronteira Brasil-Argentina, há um uso da língua portuguesa marcada pelo contato linguístico nesse espaço de enunciação Fronteiriço. Esse contexto remete a Benveniste (1989, p. por afirmar que “uma língua sem expressão de pessoa é inconcebível. Enchufar. “Ah sim.

tens de enchufar na tomada” 3. Qué sei eu. ele ia lá e aí conversava, brincava. Esses sujeitos possuem modos de falar que indicam variados modos de vida que favorecem o surgimento das variedades linguísticas, que significam dialetos regionais, socioculturais, em resumo, os dialetos sociais (SÁ, 2007). Desse modo, pode-se analisar a língua falada sob o ponto de vista diatópico, que observa o espaço geográfico, relacionando-o aos falantes localizados em lugares opostos geograficamente, em um modo diastrática, que abarca fatores de identificação social do falante, associados à comunidade onde ele vive (SÁ, 2007). De acordo com Raddatz (2009), o local e o regional recebem e assumem características nas fronteiras culturais, evidenciando que na fronteira existem traços de manifestações entre as nações que podem ser identificadas nas interações comunicativas culturais.

A cultura reflete a natureza dos lugares, das pessoas, de seus feitos e de suas histórias e transforma-se com o movimento da sociedade e da tecnologia. As mais variadas áreas do conhecimento se debruçam sobre a difícil tarefa de conceituar a cultura, tal a abrangência do seu significado (RADDATZ, 2009, p. Segundo o autor, trata-se de trabalhar a forma padrão sem excluir o jeito de falar, mas da inclusão da escrita nas normas do português padrão e ainda acrescenta que as discussões que tratam desse assunto causam muita polêmica e os debatedores reagem com emoção, dizendo que os estudantes estão autorizados a falar ou escrever “errado”. Os fenômenos advindos dos contatos linguísticos e culturais são alvos de discussões.

Nesse contexto, as línguas envolvidas acabam por receber entre si, influências linguísticas descristalizando palavras das línguas. Com relação à variedade falada na fronteira Brasil-Argentina, o espanhol prevalece na Argentina e o português no Brasil. Ambos os idiomas entram em contato linguístico, causando uma interação entre o português e o espanhol, mesclando as línguas em termos de estruturas linguísticas e vocabulário, em um contato linguístico favorecido pela semelhança entre estes idiomas fronteiriços, favorecendo o uso do portunhol e do espanhês que são exemplos de contato linguístico, o portunhol tornou-se “um falar de solidariedade e de intercâmbio comercial” (RIBEIRO, 2015, p. As práticas discursivas na escola são essenciais para garantir a conscientização da preservação da identidade da língua, pois as escolas são espaços apropriados que os falantes da fronteira falem a variedade da fronteira, mas não percam o próprio idioma (MOITA LOPES, 2002).

O exposto remete às situações plurilíngues postas por Calvet (2007) em que a correlação de línguas podem ser vernacular, padrão, clássica, pidgin e crioula, oficial, veicular, internacional, de religião de ensino, etc. porém aparentemente não há interferência nas escolhas que se fazem a respeito das línguas em contato. A fronteira geográfica enunciativa traz situações que se desenvolvem por meio da comunicação nos dois lados das fronteiras físicas que são espaços de trânsito, com: [. relações de convergência e divergência. Há, então, um cenário peculiar no qual se tem o português e o espanhol, duas línguas majoritárias, mas uma delas é tomada por minoritária: o espanhol do lado brasileiro, uma vez que a região é marcada por conflitos históricos presentes na memória de ambos os locais, além de apresentar desigualdades econômicas e sociais que, a partir de diferentes relações de poder, são reforçadas nas relações dos falantes com as línguas que estão em contato (MARTINY, 2019, p.

O exposto demonstra que esses falantes tenham conhecimentos linguísticos nas duas línguas, isso é considerado um problema e não uma qualidade, por considerarem consideram a mescla de línguas um portunhol a ser evitado. Evidencia-se que a língua do grupo dominante, a língua de prestígio, é considerada, pela sociedade em geral, mais bonita, mais expressiva, mais lógica e mais capaz de exprimir pensamentos abstratos, enquanto a língua minoritária tende a ser considerada agramatical, empobrecida, inculta, tornando-se objeto de ataque. O próprio fato de a língua ser chamada dialeto a coloca em uma posição menor de valor, ao contrapô-la à língua oficial (MARTINY, 2019, p. Os usuários da língua portuguesa fora da fronteira poderiam considerar esse modo de falar, uma vez que os brasileiros da fronteira usam uma variedade que não é a deles que também usam outras variedades e que as aceitam em lugar de usar uma língua padrão utilizada na escrita e no contexto acadêmico.

As pessoas também escrevem bilhetes, cartas, anotações, redação de atas, preenchimento de formulários e muitas outras atividades escritas (MARCUSHI; DIONÍSIO, 2007). a língua é um dos bens sociais mais preciosos e mais valorizados por todos os seres humanos em qualquer época, povo e cultura. Mais do que um simples instrumento, a língua é uma prática social que produz e organiza as formas de vida, as formas de ação e as formas de conhecimento (MARCUSHI; DIONÍSIO, 2007, p. A língua contribui para a formação da identidade sociais e individuais, valorizando o ser humano em várias dimensões comunicativas. A língua não insere as pessoas de modo natural em uma cultura, mas o produto de uma história construída através da linguagem, uma vez que as variações linguísticas se associam à história de vida dos falantes e do local onde a língua é usada, configurando os traços de identidade (BRITTO, 2007).

REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Português brasileiro? um convite à pesquisa. Paulo: Parábola, 2003. BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. GARCÍA CANCLINI, N. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2001. MARCUSCHI, Luiz Antônio; DIONÍSIO, Angela Paiva. Orgs. Políticas linguísticas: uma entrevista com Gilvan Müller de Oliveira. ReVEL, v. n. ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e leitura. Cascavel, 2015. SÁ, Edmilson José de. Língua e sociedade. In: Conhecimento prático língua portuguesa. São Paulo: Escala Educacional, 2007. p. set. dez. a. STURZA, Eliana R.

145 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download