Herland, a terra das mulheres: como Charlotte Perkins Gilman construiu a narrativa progressista feminina em um mundo essencialmente masculino

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Letras

Documento 1

Obra imprescindível e assim o seu entendimento para quem busca entender desde colonialismo até as questões atuais a respeito de gênero, sociedade e políticas sociais. Palavras-chave: Herland. Literatura Americana. Charlotte Perkins Gilman. introdução Este trabalho, busca no início do século XX, entender como a escritora Charlotte Perkins Gilman, dentre suas várias obras, construir a questão do feminismo, de sociedades possíveis e o gênero feminino como protagonista de uma sociedade. Charlotte PERKINS Gilman Charlotte Perkins Gilman nasceu em Hartford, no estado de Connecticut, Estados Unidos em 3 de julho de 1860 e morreu em 1935, após ser diagnosticada com câncer de mama, em estado avançado, suicidando-se. Entre suas últimas ações, finalizou sua autobiografia The Living of Charlotte Perkins Gilman (A Vida de Charlotte Perkins Gilman), deixou documentado que os direitos deveriam ser transferido para a filha, despediu-se de todos com quem convivia e usou clorofórmio para colocar fim ao seu sofrimento, “Eu preferi o clorofórmio ao câncer” (KESSLER, 1995, p.

Charlotte formou-se aos 15 anos no ensino médio, possuía inteligência destacada o que despertou interesse dos professores, que desviaram atenção sobre menina, por esta ser de origem pobre. Aos 18 anos, com suporte financeiro do pai, até então ausente, ingressou na Rhode Island School of Design, onde finalmente encontrou reconhecimento e apoio por parte dos professores (GAGNON, 2018). Sua mudança para Pasadena, na Califórnia foi o início de sua trajetória como defensora dos direitos das mulheres e dos movimentos das reformas sociais. Considerada por muitos como uma utopista feminina, Charlotte Perkins Gilman viveu em uma época que não aceitava suas ideias porque vinham de uma mulher, mesmo assim, publicou contos, novelas, poemas e textos além da ficção, especialmente de cunho político.

Proferiu palestras que abordavam causas sociais porque também empreendia luta por elas, como reforma social em que reivindicava a igualdade de classes e os direitos das mulheres (KESSLER, 1995). Gilman usou suas palestras e publicações deliberadamente para ensinar as gerações presentes e futuras sobre as possibilidades que lhes são abertas. Seus esforços educacionais eram duplos: ela escreveu sobre educação, e ela escreveu para educar. Todas as suas obras focadas nas mulheres; Alguns trabalhos comentaram sobre a escolaridade das mulheres, mas quase todos incluíram sua crítica à educação informal recebida no lar e na comunidade. p. TRADUÇÃO NOSSA). Gilman, através de sua obra, transcende sua época, conhecida por ser vanguardista e sobre Herland, Terra de Mulheres atesta-se que a obra estava muito além da realidade da época, já que pode este livro ser transportado para a atualidade sem perder sua contemporaneidade, já que ainda, existem demanda a respeito das suposições de gênero e relações entre personalidades masculinas e femininas.

HERLAND, 2013). HERLAND, A TERRA DE MULHERES Obra de Gilman, publicada em 1915, traz uma comunidade regida pelo matriarcado absoluto em que todos os aspectos são os ideais para que se viver uma aventura jamais imaginada, principalmente aos olhos masculinos dos três aventureiros que conseguem chegar até ela, porque já sabiam de sua existência, mas não de sua localização e por isso, a terra praticamente inacessível e habitada há séculos somente por mulheres, vislumbram um lugar os amigos Terry O. Com autorização de todas, acontece a cerimônia, onde se mostrou que as mulheres podiam sim, ter ideias divergentes sobre o que seria o amor e a união em matrimônio. Herland tem como características ser uma nação em que vínculos são formados pela sororidade, o amor e a compreensão mútuos, porque sentimentos individuais são os mesmos que são destinados ao grupo todo, a nação de forma geral.

Acultura patriarcal ou machismo, não existe, porque não existem homens em sua nação e por consequência, não existe a possibilidade de se compor um ideário de amor romântico, conceito que sempre foi explorado na teoria feminista, considerado uma das formas de controle ou dominação masculina sobre as mulheres (sendo superado apenas pela dominação econômica)6 e nenhum aspecto que se leva à dependência em relação à imagem masculina. Na questão de família, para as habitantes de Herland, lar era um termo sem significado, porque o casamento não anularia a individualidade das mulheres, o que trouxe muito estranhamento para os três amigos e aventureiros. Vandyck é quem melhor expressa sentimento a respeito: “os desacordos mais evidentes se fixavam em torno da palavra lar, com os deveres e as alegrias domésticas que nós, por instinto e longa educação, supúnhamos inerentemente apropriados às mulheres” (Gilman, 1981, p.

Como solução, haviam mulheres que se especializaram em educar as crianças em conjunto com mãe, também participante ativa do desenvolvimento de suas filhas. Tal situação assustou aos três aventureiros, esta dissociação entre maternidade/cuidar/educar era mandatória para eles como responsabilidade da mãe, mas em Herland “a criança nascia [. na companhia de um número incrível de professoras, orientadoras natas e treinadas, cuja função era seguir a criança ao longo daquela — impossível para nós — estrada real para o aprendizado” (Gilman, 1981, p. ESTILO, REALIDADE E INFLUÊNCIAS EM HERLAND Charlotte Perkins Gilman escreve, mesmo com forte tendência a quebrar paradigmas, de acordo com a realidade que vive e conhece e em Herland percebe-se muito do que se apresentava na época, como por exemplo, o espírito imperialista, onde os colonizados deveriam, por sua ingenuidade (e muitas vezes considerados infantis) serem tutelados por um processo complexo de colonização e que afeta não apenas os colonizados, mas a todos que de alguma maneira tem contato com esta realidade (HOBSBAWM, 1989: SAID, 1995) e com a autora não foi diferente quando “exploradores descobrem o reino perdido e que até comentam sobre as selvagens que mora nesta Terra de Mulheres muito longe de tudo aqui civilizado” (GILMAN, 1981).

Gilman explora com detalhes as questões de gênero, numa época que lutar por igualdade era muito difícil, e em Herland, por ser a Terra das Mulheres, os personagens masculinos consideravam ainda abaixo do nível de outras sociedades patriarcais a serem colonizadas, de acordo com McClintock (2010), não existe a possibilidade de estudar qualquer tipo de imperialismo sem buscar embasamento nas questões de gênero, raça e classe, parte integrante e usada para opressão no sistema em questão e não podem ser vistos isoladamente, já que possuem uma estreita relação entre si. E, dentre os questionamentos não conseguem entender sobre a desigualdade entre os gêneros. E, aproveitando o tema, Gilman (1981) descreve a realidade da época, sobre público e privado, principalmente pelo fatos das mulheres deverem sempre ficar aparte, no privado, alvo de críticas, agora na voz, das habitantes de Herland e se assustam de que no mundo exterior, os homens tudo podem, as mulheres são consideradas posses, não lhes sendo permitido trabalhar, mas justificam que mesmo assim as amam, honram e por isso são mantidas em casa para cuidarem também das crianças (GILMAN, 1981).

A personagem Alima questiona se todas as mulheres são proibidas de trabalhar, no que lhe é respondido que não, as mais pobres têm que sobreviver, e quando lhe perguntam quantas são, a resposta é de sete a oito milhões aproximadamente. Para registro, eram todas mulheres da classe operária, trabalhando por longas jornadas e recebiam menos que os homens (BLAY, 2002). E também deve ficar o registro de que na época, as condições de trabalho eram péssimas e muitas vezes eram vítimas de violência sexual, tornando-as como mercadorias a serem utilizadas pelos homens. PROGRESSISMO NO DISCURSO DE HERLAND Herland é um modelo em que a maternidade é o foco para que a estrutura da sociedade se mantenha equilibrada, buscando oferecer meios para que as futuras gerações possam implantar melhorias.

Elas imprimem uma visão progressista de duração permanente em que traduz o pensamento da própria autora, baseada na filosofia e história da época, mesmo em concepção linear, o mais importante ali era que se evoluísse sempre (FONTANA, 2004). Gilman pode ter sido influenciada pelo conhecimento de que o desenvolvimento das mulheres deve acontecer enquanto espécie e não como indivíduo, e que no caso dos viajantes, acreditam que as mulheres precisam de senhores e a história só se move se houver paixões, contradições e embates (KANT, 2004: HARTMAN, 2001). E, a visão progressista da autora vinha sendo criticada no século XIX, ou seja, “A humanidade do presente seria considerada apenas um meio para a instauração de um estado melhor que surgiria na posteridade” (BITTENCOURT, 2001, p.

E em conjunto de que o progresso deve ser constante, a autora também destaca a necessidade do aperfeiçoamento de outros setores que envolvam técnicas e tecnologia, e no livro, com o longo período de tempo sem a presença masculina, as mulheres puderem buscar conhecimento e aperfeiçoamento em todas as áreas sem serem proibidas de qualquer ação ou decisão. Incluído nestes livros que possuem apresentações escritas por essas feministas que desejavam apresentar Gilman, e suas ideias, tão importantes para o contínuo movimento de direitos das mulheres. Essas apresentações aos textos podem ter dado um colorido a leitura de Gilman e pode ser a razão pela qual muitos de seus textos foram tidos como obras feministas. TRADUÇÃO NOSSA) Gilman deixou um legado que transcende o tempo, com possível evolução política e social, sendo que suas obras tornaram-se objeto de estudo, ponto de referência e base para um projeto de construir uma nova Herland dos tempos atuais.

Conclusão Charlotte Perkins Gilman (1860-1935) pode ser considerada como uma das maiores escritoras do século XX a relatar as situações de desigualdade das mulheres entre o final do século XIX e início dos anos de 1900. Porque além de escrever, Gilman também participava ativamente das lutas, não apenas pelos direitos das mulheres, mas também pela igualdade de condições relativas ao trabalho, exposição social, incluindo o direito ao voto e principalmente pelo desenvolvimento dos seres humanos, independente de sua origem. com/category/charlotte-perkins-gilman/>. Acesso em: 02 set. BLAY, Eva Alterman. de março: conquistas e controvérsias. Estudos Femininstas, Florianópolis, p. vt. edu/ejournals/old-WILLA/fall95/DeSimone. html>. Acesso em: 30 set 2020. FIRESTONE, Shulamith. Acesso em: 30 set. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa, São Paulo: Atlas, 2002.

GOLDMAN, Emma. HALL, Catherine. Sweet home. In: História da Vida Privada, São Paulo: Companhia das Letras, 1991, v. HARTMAN, Robert Schirokauer. Introdução. Acesso em: 02 set. INFOPÉDIA. Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2003-2020. Disponível em: <Internet:https://www. Introdução in GILMAN, Charlotte Perkins. Herland, A Terra das Mulheres. Tradução de L. Ibañez. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1981. SIMONE, Alina. A 1915 novel is now the blueprint for a real-life feminist utopia. Disponível em: <https://www. pri. org/stories/2016-04-14/1915-novel-now-blueprint-real-life-feminist-utopia>.

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