APRESENTAÇÃO E ANÁLISE PRELIMINAR DOS RECORTES LEXICAIS

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Linguística

Documento 1

Apresentação dos Recortes Lexicais O quadro 8 a seguir apresenta os recortes lexicais Leitura, Letramento e Formação de Leitores encontrados nos documentos pesquisados. Quadro 8 – Temas Referentes ao Recorte Lexical do Ensino de LP no Brasil ANO DOCUMENTO RECORTES LEXICAIS CITAÇÃO 1758 Art. º Diretório Do Índio LEITURA  E como esta determinação é a base fundamental da Civilidade, que se pretende, haverá em todas as Povoações duas Escolas públicas, uma para os Meninos, na qual se lhes ensine a Doutrina Cristã, a ler, escrever, e contar na forma, que se pratica em todas as Escolas das Nações civilizadas; e outra para as Meninas, na qual, além de serem instruídas na Doutrina Cristã, se lhes ensinará a ler, escrever, fiar, fazer renda, costura, e todos os mais ministérios próprios daquele sexo.

LETRAMENTO - FORMAÇÃO DE LEITORES - 1854 Art. Reforma Ferraz Couto LEITURA [. a) LDB 4024/61 LEITURA organizar a distribuição das disciplinas obrigatórias, fixadas para cada curso, dando especial relevo ao ensino de português; [. LETRAMENTO - FORMAÇÃO DE LEITORES - 1971 Art. º § 2º LDB 5692/96 LEITURA O ensino de 1º e 2º graus será ministrado obrigatoriamente na língua nacional. LETRAMENTO O cultivo de linguagens que ensejem ao aluno o contato coerente com os seus semelhantes (comunicação) e a manifestação harmônica de sua personalidade nos aspectos físico, psíquico e espiritual (expressão), sem deixar de ressaltar a importância da língua portuguesa como expressão da cultura brasileira. FORMAÇÃO DE LEITORES - 1996 Art. FORMAÇÃO DE LEITORES [. valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos [.

p. PCN LP/EF LEITURA [. utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais [. a Literatura como conteúdo curricular ganha contornos distintos conforme o nível de escolaridade dos leitores em formação (p. Art. Diretrizes Curriculares Nacionais do EF LEITURA I - Assegurar a alfabetização LETRAMENTO II - Assegurar o letramento FORMAÇÃO DE LEITORES III - Desenvolvimento das diversas formas de expressão incluindo o aprendizado da LP e Literatura. Diretrizes Curriculares Nacionais do EM LEITURA - LETRAMENTO [. língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania [. quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando sua apreciação, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes [.

BNCC/EM LEITURA Cabe ao Ensino Médio aprofundar a análise sobre as linguagens e seus funcionamentos, intensificando a perspectiva analítica e crítica da leitura, escuta e produção de textos verbais e multissemióticos, e alargar as referências estéticas, éticas e políticas que cercam a produção e recepção de discursos, ampliando as possibilidades de fruição, de construção e produção [. LETRAMENTO Do ponto de vista das práticas contemporâneas de linguagem, ganham mais destaque, no Ensino Médio, a cultura digital, as culturas juvenis, os novos letramentos e os multiletramentos, os processos colaborativos, as interações e atividades que têm lugar nas mídias e redes sociais, [. FORMAÇÃO DE LEITORES Pretende-se que os jovens incorporem em suas vidas a prática de escuta, leitura e produção de textos pertencentes a gêneros da esfera jornalística em diferentes fontes, veículos e mídias, e desenvolvam autonomia e pensamento crítico para se situar em relação a interesses e posicionamentos diversos[.

Fonte: Dados da pesquisa É importante explicar que nem todos os recortes estão presentes nos documentos, por isso há lacunas no quadro. O Diretório veio para formar uma cultura nacional, criar uma alfabetização universal, com vistas a concretizar uma única língua, a do dominador que exigiu o uso de um mesmo idioma, buscando criar uma homogeneidade linguística entre os colonizados. Desse modo, criou-se um sistema educacional nacional. No que tange ao processo de leitura, Kleiman (2005) afirma que ela é um processo de interação entre o falante e o mundo no sentido de compreender a realidade, atribuindo-lhe um sentido. Nesse particular, os índios ao adquirirem uma nova língua, passaram por uma alteridade, no mínimo, de se sentirem ameaçados culturalmente, ao serem obrigados a usarem uma língua que não lhes pertencia.

Provavelmente eles atribuíam um sentido de desconforto ao serem proibidos de usarem a própria língua nos espaços públicos. Votando ao tempo em que a reforma foi realizada, vejo que existe uma preocupação com a formação de leitores, embasados em uma literatura reconhecida no mundo acadêmicos daquela época para formar leitores com a qualidade almejada pelas políticas públicas da época. Ao consultar o decreto-lei 4244 de 1942 não encontrei nenhuma menção à língua portuguesa, a não ser ver no documento que a disciplina aparece em todas as séries de todos os níveis de ensino. Portanto, não há nenhum recorte lexical nesse documento. No entanto, penso que ao expandir a escolarização a língua está incluída como um dos quesitos para a formação escolar dos educandos da época, principalmente em se tratando da formação de uma elite para atuar na política nacional.

Esse decreto está contido na Reforma Capanema. Nesse documento a língua passou a ser chamada de Comunicação e Expressão. No que se refere à leitura, Koch e Elias (2013) afirma que o leitor tem a responsabilidade de apreender as ideias e intenções do autor explicitamente ou necessita inferir no texto lido. Segundo Soares (1998), o documento prima pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento no uso dos códigos verbais e não-verbais que prioriza o uso da língua, respaldado pelas contribuições da linguística em suas várias abordagens como sociolinguística, psicolinguística, linguística textual, pragmática, análise do discurso, são práticas sociais da leitura e da escrita resultado do letramento. Entretanto, as abordagens linguísticas começaram a serem usadas apenas nos anos 80 do século XX.

Na LDB de 1996, foram encontrados dois recortes lexicais, leitura e formação de leitores. Conforme consta nos PCNs na formação de leitores, a leitura é uma via de acesso à literatura com diferentes objetivos. Para Lajolo (2011), a formação de leitores implica desenvolver na sala de aula a percepção leitora dos estudantes, pois eles não nascem sabendo ler, mas vão aprendendo ao longo de suas vivências com os textos na vida acadêmica. Já os PCNs de 1998, para o EF de 5ª a 8ª séries apresentam os recortes lexicais leitura e letramento. O trecho coletado sobre leitura mostra a preocupação com a linguagem de escuta, produção de textos orais e de leitura e produção de textos escritos, com vistas a atender a uma variedade de demandas da sociedade, pautados na necessidade de conhecer e valorizar as variedades do português e combater o preconceito linguístico.

Trata-se da busca de fortalecer o caráter linguístico da língua portuguesa em detrimento da gramática normativa que estigmatizam variações linguísticas ao criar uma norma universal compreendida como correta. Nas Orientações Curriculares de 2006 foram encontrados os recortes lexicais pesquisados, leitura, letramento e formação de leitores. Para leitura esse documento orienta que a LP no EM deve refinar habilidades de leitura, escrita, fala e escuta dos estudantes. Para Manguel (2006), a leitura é uma interpretação do leitor em conformidade com seu contexto e especificidades subjetivas. No que diz respeito ao letramento, há defesa de ensinar a língua com a abordagem do letramento, considerando as práticas de linguagem da escrita com ou sem o uso de diferentes sistemas semióticos em contextos escolares ou não, com previsão de níveis e tipos de habilidades e formas de interação, o que pode implicar em ideologias decorrentes destes.

Na escola, a maior parte dos educandos se apropriam da leitura por meio de motivações várias que levam em conta práticas de letramento que envolvem textos dos mais diversos tipos orais, escritos, multimodais, multissemióticos que são construídos fora da escola, em outras esferas sociais, como na família, na igreja, no trabalho, entre outros contextos. Nesse sentido, Silva (2018) afirma que o indivíduo que possui letramento possui uma consciência crítica com senso de cidadania, dando-lhe o poder de ser ativo em seu processo de aprendizagem. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica de 2013 possui os recortes leitura, letramento e formação de leitores. Essas diretrizes surgiram pela necessidade de atualizar as políticas públicas educacionais, voltando-a para a formação humana, cidadã e profissional, valorizando a interação no ambiente escolar.

A leitura é valorizada juntamente com a produção escrita em todas as áreas do saber. O que faz inferir que a LP tem importância em todas as disciplinas curriculares. O recorte letramento garante uma amplitude de oportunidades de apropriação de outras habilidades que envolvem práticas diversas de letramento. Segundo Bakhtin (2003), as práticas culturais da sociedade e reconhecidas estão presentes na sociedade. Por isso, pode-se dizer que quando o sujeito compreende as práticas sociais discursivas dentro e fora da escola, considerando a multiculturalidade do meio onde está inserido, fazendo uso dos vários gêneros textuais, infere-se que ele possui o letramento. Quanto à formação de leitores, ela acontece com o compartilhamento e recepção de leitura literária ou não, manifestações artísticas, participação em rodas de leitura, de contação de histórias, dramatizações, musicais, entre outros, tendo condições de tecer comentários, resenhas etc.

Para Teixeira (2017), a formação de leitores autônomos requer estímulo à interação, infere e levanta hipóteses, antecipando fatos e reformula uma série de reformula uma série de processos cognitivos. O primeiro documento que menciona o letramento é a LDB de 1971 e a partir desse documento seu uso é frequente. Foram pesquisados 18 documentos desde os tempos do Brasil-império até os dias atuais. Desse quadro, foram extraídas as quantidades referentes a cada recorte lexical para confeccionar o gráfico a seguir. Gráfico 1 – Recortes Lexicais Fonte: Dados da Pesquisa Os dados contidos no gráfico mostram que a leitura foi o recorte lexical mais usado nos documentos pesquisados em porcentagem, aparecendo 47% nos documentos, sendo o letramento 29% e a formação de leitores 24%. No entanto, esses recortes apareceram em vários documentos simultaneamente, pois eles possuem uma relação entre si a partir de 1971 as políticas linguísticas para o ensino da LP, passaram a incorporar os três recortes lexicais.

M. Gêneros discursivos. In: Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes. Brasília: MEC, 1997. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1998. BRASIL. Brasília: MEC, 2012. BRASIL. diretrizes curriculares nacionais gerais da educação básica. Brasília: MEC/SEB, 2013 BRASIL. Plano nacional de educação. Barcelona: Gedisa Editorial, 1996. DALLABRIDA, Norberto; TREVIZOLI, Dayane Mezuram; VIEIRA, Letícia. As mudanças experimentadas pela cultura escolar do ensino secundário devido a implementação da reforma Capanema de 1942 e da lei de diretrizes e bases da educação de 1961. Anais do colóquio ensino médio, história e cidadania. V. Anais Endipe, 2017.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. ed. São Paulo: Autores associados, 1989. org/10. S1413-77042007000200003. Acesso em 10 de abril de 2020. GLASSER, Adriane Elisa; SANTOS, Maria Elena Pires. Gincana da leitura: a formação de leitores em ambientes multilíngues / multiculturais. São Paulo: Contexto, 2013. LAJOLO, M. Meus alunos não gostam de ler. O que eu faço? MEC/CEFIEL, 2005. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: FTD, 1996. PECEGUEIRO, Cláudia Maria Pinho de. et al. Curso de extensão em leitura e formação de leitores: relato de experiência. Academia. São Paulo: Parábola, 2012. SCHOFFEN, J. R. MARTINS, A. F. n. SOARES, M. B. Letramento: Um tema em três gêneros. ed.

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